Em que medida a desinformação científica em saúde tem afetado os povos indígenas e as comunidades quilombolas no Brasil? A pergunta é o ponto de partida para a mesa-redonda online que discutirá o tema Desinformação em saúde e povos indígenas e quilombolas em 30 de abril, às 14h, com transmissão pelo canal da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) no YouTube. O evento terá como convidados Dzoodzo Baniwa, indígena do povo Baniwa, do Alto Rio Negro, no Noroeste do Amazonas; Vladmir Rodiporo Canela, do povo Memortumré Canela, vereador do município de Fernando Falcão (MA); Marta Paixão, do Quilombo Mimbó, no Piauí; e Mateus Brito, membro do Coletivo Nacional de Saúde Quilombola (Conaq).
A conversa será mediada pela pesquisadora da COC/Fiocruz Luisa Massarani, coordenadora do Instituto Nacional de Comunicação da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT), e pelo pesquisador Fabio Henrique Pereira, da Universidade de Laval (Canadá). O encontro abordará, entre outras questões, o papel das mídias digitais na disseminação de desinformação científica em saúde.
“Se queremos entender o impacto da desinformação científica em saúde nos povos indígenas e nas comunidades quilombolas, obviamente o primeiro passo é ouvir lideranças indígenas e quilombolas”, afirma Massarani. Segundo a pesquisadora, o evento busca sensibilizar a sociedade para o cenário crítico da desinformação, que afeta o Brasil e outros países.
Uma realização do INCT-CPCT, sediado na Casa de Oswaldo Cruz, o evento é uma atividade de projeto de pesquisa apoiado pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Chamada CNPq/Decit/Sectics/MS – Nº 30/2024).
Serviço:
Desinformação em saúde & povos indígenas e quilombolas
Data: 30/4/2025
Horário: 14h
Transmissão: youtube.com/casadeoswaldocruz
Campus Virtual Fiocruz - Conheça os cursos desenvolvidos especialmente aos povos que vivem em territórios indígenas
Ao longo dos últimos anos, o CVF desenvolveu cursos especificamente voltados à temática dos povos que vivem em territórios indígenas e profissionais de saúde: Participação e controle social em saúde indígena; Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais; e Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas. Além disso, o curso "Vacinação: protocolos e procedimentos técnicos", que está em sua segunda edição, também traz conteúdos voltados às populações vulnerabilizadas, com questões específicas que abordam a saúde indígena. Todos são online e gratuitos. Inscreva-se já!
Curso Participação e controle social em saúde indígena
O curso Participação e controle social em saúde indígena tem o objetivo de fortalecer a participação social das lideranças e dos conselheiros indígenas nas instâncias formais do controle social do Subsistema de Saúde Indígena (SasiSUS) e do Sistema Único de Saúde (SUS). A formação é aberta a todos, mas foi elaborada especialmente para apoiar os Povos Indígenas em sua atuação no controle social e no movimento indígena em defesa ao direito à saúde, ou seja, é voltado a indígenas interessados na temática da participação social em saúde, lideranças comunitárias, professores e outros profissionais que trabalham com a temática.
O curso foi organizado em quatro módulos que apresentam conceitos, marcos legais e experiências que contribuíram para formar o campo das políticas públicas de saúde e da saúde indígena no Brasil, bem como conteúdos fundamentais para fortalecer a participação social dos povos indígenas nas estratégias de controle social e na definição de ações e de políticas de saúde voltadas à melhoria das condições de vida e de saúde dos Povos Indígenas no Brasil. Ele também conta com diversos textos de apoio, links de vídeos, podcasts e cards que poderão ser compartilhados nas redes sociais para fácil e rápida difusão de informações e conhecimento.
A formação é resultado de um trabalho coletivo, e foi construído em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) a partir do diálogo constante entre pesquisadores, professores indígenas e não indígenas de diferentes instituições de pesquisa e de ensino das cinco macrorregiões do país que defendem os direitos à saúde e ao aprimoramento da atenção à saúde, oferecida em seus respectivos territórios, como integrantes do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Brasil Plural (INCT Brasil Plural), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), do Campus Virtual Fiocruz (VPEIC/Fiocruz), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Conheça o curso e inscreva-se!
Curso Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais
O curso Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais foi desenvolvido no contexto da emergência sanitária causada pelo coronavírus e está alinhado aos princípios do CVF no que se refere à disseminação de informações qualificadas e capacitação de profissionais de saúde no contexto da pandemia. Evidências científicas indicam maior chance de desfecho materno e neonatal desfavorável na presença da Covid-19 moderada e grave. Entre toda a população, grávidas e puérperas correm maior risco de desenvolver a forma grave da doença. Consequentemente, mulheres indígenas são ainda mais vulneráveis. Portanto, esse curso busca aprimorar os protocolos específicos para esses grupos, com vistas à detecção precoce de infecção e redução da razão de mortalidade materna.
Nesse contexto, o Campus Virtual Fiocruz e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lançaram esse curso, que é voltado prioritariamente a profissionais e gestores de saúde que atuam na região da Amazônia Legal Brasileira, em especial voltados à saúde dos povos indígenas e tradicionais ribeirinhos e quilombolas.
Conheça o curso e inscreva-se!
Curso Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas
Extremamente impactada pela Covid-19, a população indígena – que tradicionalmente é mais suscetível a novas doenças em função de suas condições socioculturais, econômicas e de saúde – precisa de múltiplos esforços para o enfrentamento desta pandemia. Ciente dessas especificidades e suas necessidades, o curso Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas visa capacitar, técnica e operacionalmente, gestores e equipes multidisciplinares de saúde indígena para a prevenção, vigilância e assistência à Covid-19, respeitando os aspectos socioculturais dessa população. A iniciativa vai ao encontro de dois eixos de atuação da Fiocruz para o enfrentamento da pandemia: educação e apoio a populações vulnerabilizadas.
A formação buscou adequar e refletir sobre a resposta à pandemia no contexto dos povos indígenas. Ela foi elaborada pelo Campus Virtual Fiocruz, e teve a participação de pesquisadores de diversas unidades da Fiocruz, além de outras universidades e instituições parceiras. Assim como o curso de Atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais, essa formação está alinhada aos esforços e iniciativas do Campus Virtual e da Fiocruz como um todo de formação em larga escala de profissionais de saúde na temática da Covid-19.
Conheça o curso e inscreva-se!
Curso Vacinação: protocolos e procedimentos técnicos - 2ª edição
Lançamos a segunda edição do curso Vacinação para Covid-19: protocolos e procedimentos técnicos, que foi revisto e ampliado. A formação, elaborada pela CVF, o Núcleo de Educação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Minas Gerais (Nescon/UFMG) e o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde traz como novidades, entre outras coisas, atualizações sobre a declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o fim da Emergência Sanitária, e a inserção da vacina bivalente no Calendário Nacional.
Seu objetivo é atualizar e capacitar, técnica e operacionalmente, as equipes profissionais envolvidas na cadeia de vacinação da Covid-19, bem como outros profissionais de saúde, da comunicação e demais interessados no tema. O curso é composto de cinco módulos distribuídos em uma carga horária de 50h. As inscrições estão abertas e o curso emite certificado aos participantes!
Esta semana o Sextas de Poesia traz o poema "Silêncio Guerreiro", de autoria de Márcia Wayna Kambeba, da etnia Omágua Kambeba, do Amazonas. Geógrafa por formação, ela também é poeta, cantora e compositora. Em sua luta na literatura e na música, aborda, sobretudo, a identidade dos povos indígenas, territorialidade e a questão da mulher nas aldeias. Em 2013, lançou o livro Ay Kakyri Tama, que reúne textos poéticos e fotografias das vivências do seu povo.
No poema, a autora é transparente e adota uma linguagem referencial, direta, com tom testemunhal e de denúncia sobre as agressões à terra, a floresta e aos povos indígenas: "É preciso silenciar
Para pensar na solução
De frear o homem branco
E defender o nosso lar".
Mais atual, impossível! Assistimos à destruição das florestas, queimada a perplexidade com olhos de fumaça!
#ParaTodosVerem Foto de um indígena com cocar e um arco na mão, ele está de costas e na sua frente uma flecha está no ar, o céu está em tons avermelhados com um pôr do sol. Na foto está um trecho do poema "Silêncio Guerreiro", de Márcia Kambeba:
No silêncio da minha flecha
Resisti, não fui vencido
Fiz do silêncio a minha arma
Pra lutar contra o inimigo.
Silêncio é preciso,
Para ouvir o coração,
A voz da natureza
o choro do nosso chão.
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) divulga a programação da edição 2024 do projeto “Sankofa: ensinamentos africanos, afro-brasileiros e indígenas na escola”, que traz como temática central a questão das corporeidades afro-diaspóricas e pindorâmicas. Dos dias 18 a 20 de junho, a Escola promove oficinas, palestras e mesas de debate abertas ao público, finalizando com um sarau de apresentações de trabalho dos estudantes do Curso Técnico de Nível Médio em Saúde. Todas as atividades serão realizadas no Auditório Joaquim Alberto Cardoso de Melo.
O Sankofa busca proporcionar a reflexão não só das formas de ser e de pensar, mas também dos modos de agir e de sentir produzidos nas resistências aos processos de desumanização global às populações negras e indígenas, efetuados desde o colonialismo e, posteriormente, legitimados pela razão moderna eurocêntrica, constituindo-se, dessa forma, como estruturante do modo de produção da existência social capitalista - via interseccionalidade entre raça, classe, gênero e sexualidade - e como estratégia fundamental para justificar e para naturalizar atrocidades, barbáries e violências cometidas contra os referidos povos até os dias atuais.
Confira a programação do evento
1º dia - 18/06 - Terça-feira
Manhã - 9h30
RODA DE DIÁLOGOS
Mesa: “Corporeidades afrodiaspóricas e pindorâmicas”
Palestrantes: Profª. Drª Corato Costa - UERJ
Prof.ª Drª Ivy Guedes - UEFS
Prof.ª. Drª Tulani Pereira - UERJ
Local: Auditório – EPSJV
Tarde - 14h às 17h
OFICINAS
Breakdance
Corpo encruzilhada
Pinturas indígenas
Arte e cultura urbana negra
Instapoemas em papel: corpos, imagens, colagens
Funk carioca e a saúde da população negra
Jornalismo negro
Fotografias negras
Arte e cultura urbana negra
Passinho: patrimônio cultural do Rio de Janeiro
Musicalidade afro-caribenha
Artes negras nos muros
Noite – 19h
Mesa: “Corporeidade da resistência” - Exibição do documentário: Corpos invisíveis
Palestrantes: Profª. Drª Ivy Guedes - UEFS
Quézia Lopes - Diretora e roteirista
Danielle Anatólio - Atriz e terapêuta
Thaís Ayomide - Atriz e bailarina
Local: Auditório – EPSJV
2º dia - 19/06 - Quarta-feira
Tarde - 14h
Palestra: O racismo à brasileira em perspectiva interseccional: raça e classe em debate.
Palestrante: Profª Drª Magali Almeida (UFBA)
Público alvo: docentes, pesquisadores e pós-graduandos
Local: Auditório – EPSJV
3º dia - 20/06 – Quinta-feira
Tarde - 14h
SARAU
Apresentações dos trabalhos dos estudantes do CTNMS
Local: Auditório – EPSJV
*Com informações da EPSJV/Fiocruz
*Lucas Leal é estagiário sob supervisão de Isabela Schincariol
Desde 2021, a instituição reserva vagas para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas, permitindo o acesso à qualificação em alto nível e produção de conhecimento com representatividade
A enfermeira colombiana Yuri Consuelo Rodrígues Rodrígues nasceu em Mitú, cidade do estado de Vaupés, que faz fronteira com o Amazonas, no Brasil. É a segunda filha de uma mulher indígena analfabeta que se desdobrou atuando em casas de família para pagar os estudos dos filhos. Em 2005, ela concluiu o ensino médio. Foi bolsista na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, onde realizou sua graduação de 2006 a 2010. Recentemente, Yuri foi a primeira indígena a concluir o curso de mestrado do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), oferecido pela Fiocruz, apresentando a dissertação “Vigilancia Comunitaria en Salud y Resistencia Decolonial en la Comunidad Indígena Yararaca de Vaupés-Colombia Frontera con Brasil”.
A produção científica de Yuri irá se somar, em breve, aos conhecimentos produzidos por Hamyla Elizabeth da Silva Trindade e Luiz Carlos Ferreira Penha, doutorandos do mesmo programa. Juntos, eles formam o trio de alunos indígenas selecionados por meio da política institucional de ações afirmativas e inclusivas da Fundação Oswaldo Cruz. Em 20 de setembro de 2021, em um movimento pioneiro na pós-graduação, a Fundação instituiu a Portaria 491, que orienta a reserva de 30% da totalidade de suas vagas nos processos seletivos lato e stricto sensu para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas. Um passo importante rumo à equidade e fortalecimento da saúde dos povos originários brasileiros.
A política de reserva de vagas para indígenas tem como objetivo promover a inclusão e a representatividade na saúde pública brasileira, especialmente em áreas como a saúde coletiva, a vigilância em saúde e a saúde indígena. “Acho que é uma ação positiva e que é preciso ter esse percentual e representatividade acadêmica que nos permite continuar com as nossas lutas e reivindicações, ajudar-nos mutuamente no território e contribuir para a melhoria da saúde local e fronteiriça”, declarou Yuri.
A ação afirmativa tem o potencial de promover a inclusão, a representatividade e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, contribuindo para a redução das desigualdades e o fortalecimento da saúde indígena no país. “O impacto dessa política é significativo, pois permite que os indígenas tenham acesso a oportunidades de formação, o que contribui para a diversificação e a qualificação dos profissionais que trabalham com saúde indígena. A presença de profissionais indígenas nesses setores pode facilitar a comunicação e a compreensão das necessidades e demandas específicas das comunidades indígenas, promovendo uma abordagem mais adequada e culturalmente sensível”, explicou Andréa Sobral, coordenadora Acadêmica do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz.
É exatamente o que pensa a enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA) e doutoranda do VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Para ela, é fundamental poder contar com a política afirmativa, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências históricas de séculos de injustiça social. “É um meio que o próprio Estado tem de reparar as injustiças sofridas pelos Povos Indígenas, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ainda ocorrem diariamente. Enquanto aluna do doutorado, também quero apresentar essas iniquidades que vivemos e lutar a favor dos meus que ainda se encontram no território, para que eles possam ter a mesma oportunidade que eu tive de fazer uma graduação, um curso de mestrado e doutorado. A educação ofertada em uma comunidade indígena, se comparada à de uma escola numa capital, é diferente. Então é preciso que o acesso dessas pessoas à educação e qualificação em outros níveis também seja diferenciada”, declarou.
Segundo Luiz Penha, biólogo, doutorando do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e também egresso PPGVIDA da Fiocruz Amazônia, o incentivo à participação de indígenas nos programas de pós-graduação também contribui para a ampliação do conhecimento institucional relativo às complexidades e especificidades da saúde indígena. “Com a nossa participação e a política afirmativa, a instituição consegue ampliar a visão e buscar compreender temáticas sob o olhar do indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que há. Todos ganham. É importante que os programas tenham esse tipo de diversidade para contribuir para a construção de políticas públicas de atenção à saúde específicas", comentou.
Com a qualificação em nível de pós-graduação, os profissionais indígenas podem atuar como mediadores entre as comunidades e os serviços de saúde, facilitando o diálogo e a construção de políticas e práticas mais adequadas às necessidades locais. Essa participação pode contribuir para a redução das desigualdades de acesso e qualidade dos serviços de saúde enfrentados por essas populações, especialmente os não aldeados. A formação em alto nível também os capacita para serem formadores de novos profissionais, assim como para atuar na produção de conhecimentos científicos com representatividade.
Na vigilância em saúde, foco do Programa VigiFronteiras-Brasil, a presença de profissionais indígenas vai fortalecer a capacidade de monitoramento e controle de doenças e agravos específicos das populações indígenas, como malária, tuberculose, doenças respiratórias e outras enfermidades endêmicas. Essa participação pode contribuir, ainda, para uma melhor organização do sistema de atenção à saúde da população indígena brasileira, com implementação de estratégias de prevenção mais efetivas que levem em consideração as particularidades culturais, sociais e ambientais de cada nação indígena, além de fortalecer a autonomia e a autogestão das comunidades indígenas na gestão e promover a valorização dos conhecimentos tradicionais e a interculturalidade na atenção à saúde.
O Programa VigiFronteiras-Brasil é uma iniciativa da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério das Saúde e com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
MESTRADO INÉDITO
Em agosto de 2023, a Fiocruz Amazônia, que participa do consórcio para oferta do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz com o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), lançou o primeiro curso de mestrado em Saúde Coletiva voltado exclusivamente para formação de profissionais, docentes e pesquisadores indígenas do Alto Solimões, como forma de diminuir a desigualdade nas regiões mais remotas do país. Foram 52 candidatos de diferentes etnias e municípios da região que se submeteram ao processo seletivo do curso, resultando no preenchimento das 15 vagas oferecidas para sanitaristas indígenas. As vagas foram preenchidas por tikunas, kambebas, kaikanas, marubos, kokamas e kanamaris, dos municipios de Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Amaturá e Santo Antônio do Içá. A iniciativa da Fiocruz Amazônia conta com apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de projeto aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Confira, a seguir, entrevistas com Yuri Rodrígues, Hamyla Trindade e Luiz Penha. Eles compartilharam conosco um pouco de trajetórias profissionais e acadêmicas.
Fiocruz oferece opções de cursos livres a distância com foco na saúde indígena
O Campus Virtual Fiocruz (CVF) é uma rede de conhecimento e aprendizagem voltada à educação em saúde. Além de reunir informações sobre os 50 programas de pós-graduação stricto sensu, cursos de especialização, programas de residência e educação de nível técnica oferecidos pela Fiocruz, o CVF também oferece cursos próprios – remotos e presenciais – e de várias unidades da instituição sobre temas diversos, incluindo a saúde indígena. Confira:
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ENTREVISTA
Formato do VigiFronteiras-Brasil permitiu participação de indígena da Amazônia Colombiana
A enfermeira colombiana Yuri Rodrígues foi a primeira indígena do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz a concluir o curso. Nascida em Mitú, um dos municípios do estado de Vaupés na Amazônia Colombiana, que faz fronteira com o Brasil, tem 35 anos e é indígena do povo Cubeo. O seu trabalho do mestrado foi focado na comunidade indígena Yararaca, de Vaupés, na Colômbia. Entrevistamos a ex-aluna para saber um pouco da sua experiência com a qualificação e os desafios que precisou superar para concluí-la, como a falta de infraestrutura para assistir as aulas e a adaptação ao idioma.
- ¿Dónde vives actualmente y dónde trabaja o trabajó?
Yuri Rodrígues - Actualmente vivo en mi tierra natal, en Mitú. En mi amado terruño me he desempeñado en apoyar, o en algunos casos en la coordinación de diferentes programas de salud pública tanto de la secretaria de salud municipal como departamental, en programas como: vida saludable y condiciones no transmisibles, en el Programa Ampliado de Inmunizaciones, en el Plan de Intervenciones Colectivas y en Vigilancia Basada en Comunidad.
Mi función en los diferentes programas en los que me han contratado ha sido la de liderar localmente la implementación de las políticas, programas o estrategias definidas por el Ministerio de salud y protección Social de Colombia.
- ¿Cómo se enteró del proceso de selección del programa y por qué decidiste hacer tu maestría?
YR - Fue a través de un gran amigo (William Iván López Cárdenas), quien también realizó su maestría en la Fiocruz en Río de Janeiro, y fue quien me compartió el video de la convocatoria, recuerdo que fue en febrero de 2021. Mi pregrado es en enfermería y lo desarrolle con la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá.
Por el poder de convencimiento de mi amigo que me envío la convocatoria; por ser una maestría gratuita; por ser semipresencial y por la bondad que tiene estudiar, la de ampliar el pensamiento, el conocimiento y nuevas formas de reproducir el cuidado de la vida en lugares vulnerabilizados por el mismo estado.
- ¿Puedes describir tu carrera académica? ¿A qué edad empezaste a estudiar y a qué edad empezaste la carrera?
YR - Iniciaré por contar que soy la segunda hija de una mujer indígena analfabeta, por las pocas oportunidades que tuvo, sin embargo mi madre realizó todos los esfuerzos que estuvieron a su alcance para que estudiáramos, inclusive salirse de su comunidad en el caño Cuduyarí para trabajar en casas de familia en el casco urbano y poder pagar nuestros estudios. Inicié mi vida académica a los 5 años de edad en la Escuela Inayá, que luego paso a ser colegio, y allí terminé el bachillerato a los 17 años de edad en el año 2005.
Por mi madrina pude presentarme a la convocatoria de admisión a la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá, donde inicié mi pregrado en enfermería en el año 2006 hasta el 2010, por ser indígena estudie con beca para el sostenimiento, mi trabajo de grado fue en la modalidad pasantía, la cual desarrollé en la Universidad Nacional Autónoma de México, durante el primer semestre del año 2010. En el año 2021, supe de la convocatoria del Programa Vigifronteiras y tuve la oportunidad de presentarme y ser admitida, e iniciar clases en noviembre de ese mismo año.
- ¿Cómo te ayudará la participación en el curso en tu vida profesional? ¿Cuáles son tus expectativas?
YR - Los aportes y aprendizajes de la maestría en mi vida son incalculables. En lo que respecta a la vida profesional, creería que puedo aportar en el desarrollo de investigaciones de salud de tipo social y étnicos acá en el territorio, y continuar trabajando por la dignificación de la vida y de la salud del indígena de la selva amazónica y fronteriza con Brasil.
- ¿Qué importancia, en su opinión, tienen programas como VigiFronteiras-Brasil para la vigilancia sanitaria en las fronteras?
YR - VigiFronteiras es un programa muy importante para territorios fronterizos y vulnerabilizados como el Vaupés, al ser de las pocas o la única oportunidad que tienen los profesionales tanto locales como foráneos de formarse en posgraduación en salud de manera gratuita y con gran calidad humana, académica y científica. VigiFronteiras ha sido un programa muy generoso con sus países vecinos y muy estratégico al fortalecer la vigilancia fronteriza como una necesidad apremiante y actual reto que enfrentan los países.
- ¿Cuál es su opinión sobre los cursos que reservan plazas específicas para los pueblos indígenas? ¿Qué impacto tiene esto en la vida de los indígenas y, en este caso, en la Salud Pública (brasileña y colombiana)?
Pienso que es una acción afirmativa con los pueblos indígenas y que es necesario contar con este porcentaje y representatividad académica, sin embargo podría ser mayor, pues tenemos derecho a formarnos como cualquier otro ciudadano del mundo. El impacto es que nos permite seguir con nuestras luchas y reivindicaciones, ayudarnos en territorio y aportar en mejorar la salud local y de frontera.
- ¿Hay muchas personas de su etnia con la misma formación académica que usted?
En Vaupés pocos logramos formarnos como profesionales debido a que las Universidades se encuentran por fuera y en ciudades grandes, y eso implica altos costos económicos, que pocas familias con grandes esfuerzos lo logran, además la educación superior no es gratuita en su totalidad, entonces estudiar por fuera implica gastos de desplazamientos aéreos ( un solo trayecto puede estar costando alrededor de 500 reales), gastos de hospedaje y manutención, así como gastos de la universidad: pago del semestre acadêmico, fotocopias, compra de libros y elementos que solicita la misma carrera. En todo el departamento contamos con alrededor de 10 indígenas enfermeros.
- ¿Qué le diría a otros candidatos indígenas que deseen realizar un curso como el que ofrece el programa?
Que se presenten, que es una oportunidad única y muy buena, que están en la capacidad de desarrollar y concluir estudios de posgraduación con dedicación y disciplina, que soy un testimonio y que los voy apoyar en la medida de mis posibilidades en las etapas de postulación y en el desarrollo de la maestría, que la forma en que concibe y se vive la vida va a transformarse de manera positiva.
ENTREVISTA
Ações afirmativas: um caminho para a justiça social
A enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), da Fiocruz Amazônia, nasceu e estudou até os 17 anos no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira com a Venezuela e a Colômbia, considerado um dos município mais indígenas do Brasil. Doutoranda do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e colaboradora da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, ela conta como descobriu o processo seletivo para o doutorado e enfatiza que as ações afirmativas são fundamentais para reparar as injustiças sofridas pelos povos indígenas e oferecer oportunidades de acesso à educação de qualidade.
Como ficou sabendo do processo seletivo do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz?
Hamyla Trindade - Eu já estava tentando ingressar no doutorado. Por ser egressa do mestrado da Fiocruz Amazônia, recebemos comunicados sobre editais em aberto. Também tenho o hábito de olhar o site da Fiocruz em busca de informações. Assim eu vi o edital do programa e a oportunidade de me inscrever. O edital também trazia vagas por cota. Vi que haveria mais facilidade de acessar o doutorado pelas duas vagas que estavam sendo ofertadas para indígenas. Não pude perder a oportunidade.
O que achou de o processo seletivo ter um quantitativo de vagas para destinada a pessoas de origem indígena?
HT - É fundamental ter vagas afirmativas, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências da histórica injustiça social. É um meio que o próprio Estado tem de reparar, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ocorre diariamente. Eu não posso dizer que um indígena tem a mesma capacidade de acesso a uma universidade do que uma pessoa que estudou a vida inteira em um colégio de boa qualidade.
O processo de ingresso em um curso superior ou numa pós-graduação não é diferente para o indígena e para o não indígena. Se eu vou disputar com alguém que teve um melhor ensino durante a vida, com certeza eu vou ficar para trás porque, com o ensino da população indígena, a depender de onde se vive e quais condições de acesso a políticas públicas de educação, não é possível ter o mesmo acesso à universidade como alguém que teve o acesso a um ensino melhor durante a sua vida inteira. Então eu preciso que o acesso dessas pessoas seja diferenciado. Considero que as cotas são fundamentais. Elas não diminuem a nossa vulnerabilidade e nem a justiça social será feita, mas ela dá a oportunidade para que a gente consiga ter um mínimo de acesso a esses outros meios e níveis de educação e qualificação.
- Você pode nos contar um pouco sobre a sua trajetória e relação com a sua comunidade?
HT - A minha trajetória profissional não foi por acaso. A minha mãe é técnica de enfermagem. Pelo fato dela trabalhar com a saúde – ela também é indígena assim como meu pai, ambos da etnia Baré, do Alto Rio Negro - fomos orientados a querer nos formar na área. Quando eu terminei o ensino médio aos 17 anos, em São Gabriel da Cachoeira, minha mãe viu uma oportunidade de a gente estudar mais para melhorarmos de vida. Fui para Manaus com 18 anos, para fazer cursinho, uma vez que eu não consegui passar no primeiro vestibular devido ao ensino, no município, ter muitas diferenças em relação à capital.
Eu fiz cursinho um ano e meio e, aos 19 anos, eu consegui passar com vaga de cota na Universidade do Estado do Amazonas. Eu comecei a minha graduação em Enfermagem. Foram cinco anos difíceis. Foi um processo difícil e disputado. Eu me formei em 2012 e voltei para São José da Cachoeira. Fiquei trabalhando no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) com povos indígenas até 2016, quando eu senti a necessidade e vi a oportunidade de continuar me qualificando profissionalmente para que a gente pudesse melhorar o serviço de saúde na minha região.
Em 2016, fui aprovada na seleção do PPGVida na Fiocruz Amazônia. Estudei o período teórico de um ano e retornei para São Gabriel da Cachoeira em 2018 e fiquei lá até o ano de 2021, quando passei na seleção do Programa VigiFronteiras-Brasil. Pelo fato de ser um doutorado híbrido, que precisava de acesso à internet e na minha região o sinal era precário, tive que sair de São Gabriel e vim para o DSEI-Manaus, ainda trabalhando com saúde dos povos indígenas. Atuei no setor de novembro de 2021 até janeiro de 2023, quando já no doutorado, fui convidada para atuar na Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, em Brasília.
Hoje eu moro na capital Federal e atuo na secretaria levando a experiência que tive nesses 10 anos, tanto de formação quanto de atuação na saúde indígena para que a gente consiga realizar planejamentos que sejam exequíveis, que garantam a equidade, que de fato façam uma atenção diferenciada aos povos indígenas.
ENTREVISTA
Indígenas e academia: diversidade e inclusão em políticas públicas e produção científica
O biólogo e mestre em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia, Luiz Penha, é natural de São Gabriel da Cachoeira (AM), município amazonense que concentra o segundo maior número de indígenas do país, segundo o Censo de 2022. Desde 2021, ele é um dos três alunos indígenas do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Em conversa conosco, ele compartilhou um pouco de sua história e da contribuição que pretende levar para o serviço de saúde onde atua.
- Pode nos contar um pouco sobre sua trajetória? Onde você nasceu e estudou?
Luiz Penha - Sou da etnia Tucano, natural de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, onde resido. Iniciei meus estudos no próprio município. Tive a oportunidade de me formar em biologia na Universidade de Brasília (UNB), onde fui aprovado por meio da política de cotas para indígenas. Ao concluir, voltei para trabalhar no município, com saúde indígena. Em 2015, participei do processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDa) da Fiocruz Amazônia, também pela política de cotas. Desde então, temos seguido há mais de 10 anos trabalhando com a saúde indígena, com epidemiologia de malária e da dengue.
- Como ficou sabendo da seleção para o programa e o que você acha dele ter ofertado vagas específicas para pessoas de origem indígena?
LP - O certame foi público. Ficamos sabendo por outros colegas que trabalham na saúde indígena, que compartilharam a divulgação do edital e a gente acabou tendo acesso. Acreditamos que incentivos como esse da própria Fiocruz, de trabalhar essa questão de equidade e diversidade dentro dos seus programas, têm dois lados positivos: do próprio aluno indígena ter a oportunidade de ingressar, e da própria instituição, que consegue ampliar os conhecimentos e buscar compreender temáticas sob o olhar indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que existe. Todos ganham. É importante esse programa ter diversidade e esse incentivo.
- Qual a sua expectativa com o doutorado e com o desenvolvimento da tua tese?
LP - Nossa expectativa como aluno indígena, não só deste programa, mas de outros no Brasil, é tentar contribuir ao máximo, o melhor possível, para as políticas públicas de saúde indígena e para os direitos dos povos indígenas. Nós vimos isso no mestrado, quanto no caminho agora do doutorado, da oportunidade de conversar com outros doutores, com pessoas que são importantes dentro da construção do SUS. Neste caso, que é um programa voltado também à saúde indígena, acreditamos que a formação de doutores indígenas também possa contribuir para o aperfeiçoamento do SUS. Entendemos que é preciso discutir a saúde indígena, que há uma necessidade de ampliar a visão da necessidade de acesso dos povos indígenas ao SUS, mas não apenas dentro do subsistema de saúde indígena, mas do SUS universal, das populações indígenas de contexto urbano, dos aldeados. A ideia é que a gente possa contribuir também na formação de novos alunos. Tem também um lado mais coletivo, de poder ser uma pessoa que pode incentivar outros indígenas a ingressarem na graduação, na pós-graduação.
- Na sua família e na sua etnia você é o primeiro a chegar a esse nível de formação acadêmica?
LP - Dentro da família eu serei o primeiro a estar como um doutorado. Sou o primeiro doutorando. Mas eu vejo que, depois que me graduei e fiz o mestrado, outros primos também se propuseram nesse caminhar também. Alguns estão na pós-graduação, outros se graduaram na saúde. Vemos hoje outros colegas de São Gabriel estudando em outros municípios. A gente brinca que alguns aonde você for no Brasil, vai ter um indígena Gabrielense porque ele está procurando se graduar, não só na área da saúde hoje em dia. Em São Gabriel hoje nós temos uma peculiaridade: temos doutores indígenas em linguística e mestres em outras áreas da educação.
Por isso as políticas de quotas para o acesso as universidades são importantes. E também discutir políticas para apoiar os estudantes dentro desses níveis, tanto na graduação quanto na pós-graduação, porque há um espelhamento de parentes e de outros povos de também buscar o conhecimento. Entendemos que vai ser e tem um retorno de estar contribuindo na forma de construção de políticas públicas, de uma luta e construção dos direitos dos povos indígenas.
- Na sua opinião, que diferença faz ter outro indígena construindo essa política pública, tendo esse olhar diferenciado sobre a saúde?
LP - A importância de vários indígenas estarem atuando dentro dos programas é pela diversidade e representatividade. Nós temos mais de 180 povos, línguas diferentes e realidades diferentes. Entendemos que quanto mais acessibilidade tivermos, vamos poder estar discutindo de fato o que cada povo entende, o que é o sistema de saúde indígena na concepção de cada um deles. Ainda estamos muito distantes de entender a realidade do que é a concepção de saúde no povo Tucano, no povo Munduruku, no Caiapó, do Yanomami. A gente tem a concepção de saúde da OMS. E os anciões? Há um grande universo ainda que não está contemplado. Pode ser eu ou outro indígena que vai entrar em colaboração com um não indígena dentro da academia. A diversidade tem que estar dentro dessas fundações, dentro dos programas, para que isso seja visto e essa diversidade precisa ser contemplada, precisa ter essas peças fazendo parte dessa construção do conhecimento.
O novo mestrado em Saúde Coletiva voltado exclusivamente a indígenas do Alto Solimões da Fiocruz foi tema do programa Em Pauta na Saúde, do Canal Saúde. A formação, coordenada pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) é inédita e visa diminuir as desigualdades na formação educacional com a oferta de disciplinas de relevância para essas populações, além de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) da Amazônia. Durante o programa, a diretora do ILMD, Adele Benzaken, falou sobre a importância da presença da instituição na região e o processo de interiorização da Fiocruz. Assista, na íntegra, ao programa, disponível no canal do YouTube do Canal Saúde.
Lançado no Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, o mestrado contou com 52 candidatos de diferentes etnias e municípios da região que se submeteram ao processo seletivo do curso, resultando no preenchimento das 15 vagas oferecidas para sanitaristas indígenas.
Adele, em sua participação, ressaltou o orgulho que representa a interiorização da instituição. "A Fiocruz Amazônia está presente nessa região do meso ao Alto Solimões, na qual, pela sua diversidade cultural e pelo fato de ser uma tríplice fronteira, necessita de uma abordagem e de uma atenção especial", afirmou. Também participaram da reportagem o Pró-Reitor de Graduação e Pós-Graduação da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Roberto Mubarac, o pedagogo e discente do curso Taffarel Nogueira de Carvalho e Alciney Marubo, também discente do mestrado e da etnia marubo.
O curso é o primeiro mestrado em Saúde Coletiva com formação strictu sensu a ser realizado na modalidade Sala Estendida, ou seja, fora da sede do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA). A Fiocruz Amazônia espera consolidar o projeto de interiorização das ações de pós-graduação na área de saúde coletiva, em áreas de difícil acesso e regiões remotas de fronteira. A expectativa é que os estudantes consigam se qualificar para desenvolver atividades de saúde coletiva e atuar nas instituições da região.
Sobre o PPGVIDA
O Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA) tem como objetivo capacitar profissionais para desenvolver modelos analíticos capazes de subsidiar pesquisas em saúde, apoiar o planejamento, execução e gerenciamento de serviços e ações de controle e o monitoramento de doenças e agravos de interesse coletivo e do Sistema Único de Saúde na Amazônia.
O programa também visa planejar, propor e utilizar métodos e técnicas para executar investigações na área de saúde, mediante o uso integrado de conceitos e recursos teórico-metodológicos advindos da saúde coletiva, biologia parasitária, epidemiologia, ciências sociais e humanas aplicadas à saúde, comunicação e informação em saúde e de outras áreas de interesse acadêmico, na construção de desenhos complexos de pesquisa sobre a realidade amazônica.
*Com informações da Agência Fiocruz de Notícias (AFN) e de Eduardo Gomes (ILMD/Fiocruz Amazônia)
*Lucas Leal é estagiário sob supervisão de Isabela Schincariol
A Fiocruz, por meio de sua Coordenação de Cooperação Social, lançou a segunda Chamada Pública: Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde no Estado do Rio de Janeiro. As inscrições vão até às 23h59 (horário de Brasília) do dia 27 de setembro de 2023 e podem ser realizadas através do formulário de inscrições. A convocatória é voltada para lideranças comunitárias e defensores de direitos que atuem em grupos, movimentos, organizações, coletivos ou instituições em territórios populares de áreas urbanas ou rurais do Estado do Rio de Janeiro. A primeira edição da Chamada Pública aconteceu entre 16 e 27 de maio de 2022.
A segunda chamada pública irá selecionar 20 lideranças para fortalecer a rede e participar de um ciclo de 22 oficinas temáticas em Direitos Humanos e Promoção de Saúde, previstas para serem realizadas entre outubro deste ano a julho de 2024. O objetivo do projeto é formar e capacitar Defensores de Direitos Humanos e lideranças comunitárias, desenvolvendo uma rede de articuladores no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, também está prevista a realização de um mapeamento das violações em Direitos Humanos nos territórios de favelas e periferias, pensando nas possibilidades de trabalho em parceria entre defensores que vão compor a rede.
As oficinas irão abordar os seguintes temas: Educação; Direitos das Mulheres; Etnia/Raça; Reforma Agrária e Segurança Alimentar; Direito à Moradia Urbana; LGBTQIA+; Justiça Socioambiental; Povos Tradicionais, Indígenas e Quilombolas; Saúde integrada; Acesso à Cultura; Sistema Prisional; Sistema Socioeducativo; Direito da Criança e Adolescente/Juventudes; Familiares de vítimas de violência; Mobilidade Urbana; Pessoas com Deficiência; Refugiados e migrantes; Trabalho Digno; e Comunicação popular.
Após a seleção, a equipe multidisciplinar do projeto fará um acompanhamento sistemático, a partir de visitas e encontros no território do/a selecionado/a para identificar e fortalecer as iniciativas já realizadas de cada liderança, além de realizar atendimento e acompanhamento em saúde mental dos/as membros da rede.
O projeto prevê um aporte financeiro aos/às selecionados/as mediante pagamento de até 10 meses de bolsa, no valor de R$1.320,00 para participação das oficinas e encontros.
O projeto considera como defensoras e defensores de direitos as pessoas, grupos, organizações, povos e movimentos sociais que atuam contra todas as violações de direitos e liberdades fundamentais de povos e de indivíduos, bem como pela conquista de novos direitos individuais e coletivos (políticos, sociais, econômicos, culturais e ambientais).
Podem se candidatar pessoas que sejam maiores de 18 anos e possuam atuação comprovada em movimentos e organizações populares. A seleção será realizada pela coordenação colegiada do Projeto Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção de Saúde no Estado do Rio de Janeiro. Durante o processo seletivo a coordenação estará disponível para tirar dúvidas através do endereço de e-mail: defensorxspopulares@gmail.com.
O resultado final com a lista de selecionados será divulgado publicamente na página da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz.
Acesse aqui o Edital e o Formulário das inscrições.
Relatório da primeira fase do projeto
A Rede de Defensores de Direitos Humanos e Promoção da Saúde no Estado do Rio de Janeiro atualmente é composta por 20 defensores, representantes de distintos movimentos sociais que atuam em diferentes municípios do Estado. No processo de formação desses defensores foi realizado um ciclo de encontros/oficinas temáticas (com carga horária de 120 horas) que deram origem a um relatório que pode ser acessado aqui.
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) vai realizar, na próxima sexta-feira, 28 de abril, o Centro de Estudos com o tema ‘Emergência sanitária na área Yanomami’. O evento será online, a partir das 10h, com transmissão pelo canal do IOC no Youtube.
Mediado pela pesquisadora do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, Martha Mutis, a sessão terá uma mesa-redonda onde serão apresentadas as palestras:
Não perca!
*Com informações do IOC/Fiocruz.
#ParaTodosVerem Banner com fundo branco, no topo está escrito Centro de Estudos Instituto Oswaldo Cruz, abaixo o dia do evento 28 de abril, sexta-feira, o tema da mesa-redonda Emergência sanitária na área Yanomami, no centro do banner está a programação do evento.
Com o tema "Por que a Amazônia é o centro do mundo", o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) realiza a sua aula inaugural no dia 5 de abril (quarta-feira), às 10h, no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos, falando sobre a iniciativa Sumaúma: jornalismo do centro do mundo. A plataforma trilíngue estreou em setembro do ano passado, com reportagens de fôlego sobre o garimpo ilegal, a contaminação das águas, a devastação de aldeias e florestas, a disseminação de doenças e as muitas violências contra mulheres indígenas. Essa e outras iniciativas trouxeram grandes repercussões à grave crise humanitária que atinge os povos do território Yanomami e que causa grande mobilização em todo o Brasil desde o início do ano. A aula será aberta e contará com intérprete de libras e transmissão ao vivo pelo canal da VideoSaúde Distribuidora no YouTube.
A jornalista, escritora e documentarista Eliane Brum é a convidada para ministrar a aula inaugural do Icict em 2023 e falar sobre a iniciativa e a importância da luta pela Amazônia e pelos povos originários. Brum é diretora de redação e uma das idealizadoras da plataforma Sumaúma. Radicada em Altamira, no Pará, ela afirma que o projeto pretende fazer jornalismo com um olhar a partir da natureza e, mais especificamente, da maior floresta tropical do planeta. "Sumaúma cobre a Amazônia, mas também cobre o planeta a partir da Amazônia. Mais do que cobrir a Amazônia, é um olhar a partir dela, a partir do centro do mundo, a partir dessa visão de deslocamento dos centros do mundo", afirmou, em entrevista à revista digital LatAm Journalism Review.
A palestra de Eliane Brum no Icict encerra o calendário de aulas inaugurais da Fiocruz em 2023, trazendo ao debate público temas de profunda relevância da agenda nacional. O calendário de atividades foi iniciado em 2 de março, com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) recebendo o rapper, escritor e ativista MV Bill. No dia 16 de março, a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) recebeu a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco, que falou sobre o legado das mulheres negras no país. No dia 31 de março, às 9h30, a ministra da Saúde Nísia Trindade ministrará a aula inaugural da Fiocruz.
Acompanhe no canal da VideoSaúde no Youtube:
*Com informações da Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz.
A situação de Emergência em Saúde Pública, declarada pelo Ministério da Saúde (MS), em que se encontra a população Yanomami, causada devido à desassistência sanitária e nutricional que os atinge, levantou inúmeros e importantes debates em relação aos cuidados e atenção à saúde dos povos indígenas, voltando a eles a atenção de todo o país em busca de apoio e soluções humanitárias na luta contra essa situação de extrema vulnerabilidade.
Em face disso, a Fiocruz reuniu diversos trabalhos e obras que abordam temas ligados aos povos indígenas, como: vigilância alimentar e nutricional; direito sanitário; vulnerabilidade; cenários epidemiológicos; medicinas e tradições indígenas, entre outros assuntos.
Os títulos foram disponibilizados pelo portal de livros em acesso aberto Porto Livre, pelo Repositório Institucional da Fiocruz (Arca), pela Editora Fiocruz e pela VideoSaúde.
Confira abaixo as obras:
A plataforma de livros em acesso aberto é coordenada pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz). Ao todo, estão disponíveis 15 obras para download gratuito sobre o tema. São livros que transitam sobre as mais diversas questões de saúde relacionadas aos povos originários.
Confira:
Vozes indígenas na saúde: trajetórias, memórias e protagonismos
Os autores Ana Lúcia de Moura Pontes, Vanessa Hacon, Luiz Eloy Terena e Ricardo Ventura Santos basearam-se nos relatos de diversas lideranças indígenas acerca de suas trajetórias de vida e de atuação no movimento social indígena, com ênfase no campo da saúde. O livro evidencia o protagonismo indígena na elaboração, estruturação e implementação da política de saúde indígena no Brasil. Vozes indígenas na saúde apresenta um panorama diversificado de narrativas individuais que percorrem experiências pessoais e memórias coletivas sobre a construção da política de saúde indígena no Brasil, ressituando o lugar desses atores no processo, ao explicitar suas múltiplas lutas, debates e embates, diante das distintas realidades culturais, regionais e, ainda, reflexões sobre questões de gênero.
Primeira edição: 2022
Editora: Editora Fiocruz
Covid-19 no Brasil: cenários epidemiológicos e vigilância em saúde
Organizado por Carlos Machado de Freitas, Christovam Barcellos e Daniel Antunes Maciel Villela, o livro apresenta um diagnóstico e constitui uma memória sobre a evolução da pandemia no Brasil, a partir de registros e análises de dados, sistemas de monitoramento e vigilância em saúde. Apesar de não ser uma publicação exclusivamente dedicada à saúde indígena, o volume apresenta um importante capítulo intitulado Vulnerabilidade das populações indígenas à pandemia de Covid19 no Brasil e os desafios para o seu monitoramento.
Historicamente, há inúmeros registros do expressivo e devastador impacto de doenças infecciosas e parasitárias como gripe, sarampo, varíola e malária nos povos indígenas (Walker, Sattenspiel & Hill, 2015). Recentemente, colaboradores demonstraram que a introdução de vírus respiratórios em comunidades indígenas suscetíveis tem elevado potencial de disseminação, resultando em altas taxas de ataque e de internações, podendo causar óbitos. Diante desse preocupante cenário, pesquisadores do campo da saúde dos povos indígenas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), com técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com diversas organizações indígenas e entidades da sociedade civil que apoiam a causa indígena, se mobilizaram para alertar sobre a emergência da nova pandemia em povos indígenas, monitorar a sua disseminação e apoiar o desenvolvimento de estratégias para seu enfrentamento a fim de minimizar seus impactos.
Primeira edição: 2021
Editora: Observatório Covid-19 Fiocruz; Editora Fiocruz
Atenção diferenciada: a formação técnica de agentes indígenas de saúde do Alto Rio Negro
Dos autores Luiza Garnelo, Sully de Souza Sampaio e Ana Lúcia Pontes, o livro, da coleção Fazer Saúde, apresenta as contribuições do curso técnico de Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (Ctacis) na região do Alto Rio Negro do Brasil. A obra analisa etapas como o trabalho e a formação dos agentes comunitários e indígenas de saúde, as concepções político-pedagógicas e a organização curricular do Ctacis, os cuidados da saúde de crianças e mulheres indígenas, vigilância alimentar e nutricional em terra indígena, além de temas transversais, como território, cultura e política.
Primeira edição: 2019
Editora: Editora Fiocruz
Vigilância alimentar e nutricional para a saúde Indígena, Vol. 1 e Vol. 2
As publicações levantam relevantes contribuições para a consolidação da vigilância alimentar e nutricional no âmbito da saúde indígena, com destaque para a importância e os desafios da diversidade étnica brasileira.
O primeiro volume aborda a importância da diversidade étnica brasileira e seus desafios, aspectos fundamentais para os profissionais que atuam no campo da saúde indígena. Trata-se de contribuição relevante e inédita ao debate e à consolidação da vigilância alimentar e nutricional no âmbito da saúde indígena. A primeira edição aborda temas como: povos indígenas e o processo saúde-doença; situações e determinantes de saúde e nutrição da população brasileira; sociodiversidade, alimentação e nutrição indígena; políticas públicas e intervenções nutricionais.
Primeira edição: 2007
Acesse aqui o e-book do Vol. 1.
O segundo volume discute a avaliação nutricional de comunidades e indivíduos, em todas as faixas etárias e mesmo na gestação, e destaca as duas faces de um problema: os déficits de crescimento ou subnutrição, de um lado, e o sobrepeso e a obesidade, de outro. Oferece ao leitor as bases para a realização do diagnóstico nutricional na atenção básica; aprofunda o estudo de técnicas e procedimentos usados nas medições antropométricas; destaca como a informação pode orientar ações, reorganizar serviços e melhorar a assistência; e explica as etapas de organização do fluxo de dados, desde a construção até o uso para o planejamento de intervenções, passando pela análise e divulgação de resultados.
Primeira edição: 2008
Acesse aqui o e-book do Vol. 2.
Editora: Editora Fiocruz
Pohã Ñana: nãnombarete, tekoha, guarani ha kaiowá arandu rehegua = Plantas medicinais: fortalecimento, território e memória guarani e kaiowá
Organizado por Paulo Basta, Islândia Sousa, Ananda Bevacqua e Aparecida Benites, o livro é resultado de um amplo processo de diálogo entre o grupo de pesquisa Ambiente, Diversidade e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o povo Guarani e Kaiowá das aldeias Guapo'y (Amambai), Jaguapiré, Guasuty, Kurusu Amba, Tapyi Kora (Limão Verde) e Takuapery, localizadas na região conhecida como cone Sul, no estado de Mato Grosso do Sul. Este livro foi elaborado como produto da pesquisa "Práticas tradicionais de cura e plantas medicinais mais prevalentes entre os indígenas da etnia Guarani e Kaiowá, na região Centro-Oeste" e teve como objetivo identificar e descrever as práticas tradicionais de cura e as plantas medicinais mais prevalentes entre os Guarani e Kaiowá. A ideia é proporcionar aos leitores uma aproximação do conhecimento tradicional Guarani e Kaiowá, a partir dos relatos de experiências ancestrais de ñanderu e ñandesy com o uso de plantas medicinais.
Primeira edição: 2020
Editora: Fiocruz - PE
Equidade Étnicorracial no SUS: pesquisas, reflexões e ações em saúde da população negra e dos povos indígenas
O livro foi organizado por Daniel Canavese, Elaine Oliveira Soares, Fernanda Bairros, Maurício Polidoro e Rosa Maris Rosado com o objetivo de criar subsídios para trabalhadores da saúde que lidam cotidianamente com a questão da equidade étnicorracial no Sistema Único de Saúde (SUS). É divido em tópicos que abordam as ações desenvolvidas para a implementação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra em Porto Alegre e sobre o panorama dos Povos Indígenas no Brasil no contexto da política de atenção à saúde dos Povos Indígenas na capital gaúcha.
Primeira edição: 2018
Editora: Rede UNIDA
O direito sanitário na sociedade de risco: a política nacional de atenção à saúde dos Povos Indígenas
De autoria de Abel Gabriel Gonçalves Junior, a publicação é fruto de pesquisas realizadas durante o curso de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Direito e Justiça Social da Universidade Federal do Rio Grande (PPGD/Furg), e tem como objetivo demonstrar o tratamento dado ao direto à saúde para os povos indígenas na sociedade de risco.
Primeira edição: 2017
Editora: Editora Fi
Além destas obras, a Editora Fiocruz disponibiliza, também em acesso aberto para download gratuito, nove títulos da coleção Saúde dos Povos Indígenas. Confira a matéria completa no link abaixo e acesse aqui a coleção completa.
+Editora Fiocruz disponibiliza em acesso aberto coleção Saúde dos Povos Indígenas
Arca - Repositório Institucional da Fiocruz
A Arca, plataforma vinculada ao Icict, também apresenta uma série de obras em acesso aberto relacionadas à saúde indígena. São centenas de trabalhos desenvolvidos pela comunidade Fiocruz, que incluem livros, teses, manuais, dissertações e artigos.
Confira: Arca - Povos indígenas.
A VideoSaúde, responsável por produzir, distribuir e preservar material audiovisual sobre saúde, ciência e tecnologia, também disponibilizou uma área temática com sete documentários sobre saúde indígena, produzidos no período de 2005 a 2020. As obras podem ser assistidas gratuitamente na plataforma da VideoSaúde e os vídeos podem ser baixados no Arca.
Confira a lista completa:
Amazônia Sem Garimpo
A animação é parte integrante do projeto de pesquisa “Impactos do Mercúrio em Áreas Protegidas e Povos da Floresta na Amazônia: Uma Abordagem Integrada de Saúde e Meio Ambiente”.
Produção: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Direção: Tiago Carvalho, Julia Bernstein
Ano: 2022
MBORAIHU – O Espírito que nos Une
Por meio de um olhar sensível e por intermédio de uma abordagem etnográfica, o filme retrata a realidade dos povos Guarani e Kaiowá que vivem na região conhecida como Cone Sul, no Estado de Mato Grosso do Sul. São tratados diversos temas relacionados à saúde e ao bem-viver dessas populações, incluindo a apresentação de uma ampla variedade de plantas medicinais, além de práticas tradicionais de cuidados realizadas por rezadores e rezadoras (conhecidos como Ñanderu e Ñandesy) nas comunidades. A película explora o papel dos detentores de conhecimento tradicional na luta pela manutenção de sua cultura e na preservação/retomada de territórios considerados sagrados.
Produção: Baseum Produções
Direção: Davilson Brasileiro
Ano: 2020
Médico Indígena
O documentário conta a história de vida do médico indígena, Sildo Gonzaga e da Lei Arouca, que diz que essa mesma Constituição define a saúde como direito de todos e dever do Estado, consolidando os princípios para a criação do Sistema Único de Saúde/SUS (CF/88 art. … O Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas foi criado em 1999, por meio da Lei no 9.836/99.
Produção: Canal Saúde
Direção: Rodrigo Ponichi
Ano: 2020
Ehcimakî Kirwañhe: um debate na saúde indígena
Traz para a tela a discussão sobre a estruturação e o funcionamento da rede de saúde indígena no oeste do Pará, na região do Mapuera. Participam do documentário diferentes interlocutores, agentes indígenas de saúde, profissionais da Casa de Apoio à Saúde Indígena, sanitaristas e outros profissionais do Sistema Único de Saúde. A partir do olhar proposto pela Política Nacional de Humanização da Assistência em Saúde, apresenta reflexões e diálogos sobre o uso da medicina tradicional, a produção da demanda pelo serviço de saúde indígena e a relação com a diferença.
produção: Fundação Oswaldo Cruz
direção: Giuliano Jorge, Marcus Leopoldino, Paula Saules, Pedro Perazzo, Tunico Amâncio
Ano: 2008
O índio cor de rosa contra a fera invisível: a peleja de Noel Nutels
O sanitarista Noel Nutels percorreu o Brasil tratando da saúde de indígenas, ribeirinhos e sertanejos e filmou muitas de suas expedições. Em 1968, foi convidado a falar sobre a questão indígena à CPI do índio. Imagens inéditas do seu acervo e o único registro de sua voz se unem para denunciar o que ele chamou de massacre histórico contra as populações indígenas.
produção: Banda Filmes
direção: Tiago Carvalho
Ano: 2019
Baniwa: Uma história de plantas e curas
As práticas tradicionais de cura estão no cerne da cultura Baniwa, povo indígena do Alto Rio Negro (AM). São os saberes míticos dos Baniwa que orientam suas concepções de saúde e doença e que direcionam as ações de cura dos conhecedores de plantas, dos pajés e dos benzedores. Qual é o espaço de reconhecimento destes saberes hoje? O documentário busca o sentido de permanência dessas práticas no atual contexto do contato.
Produção: Casa de Oswaldo Cruz
Ano: 2005
Diálogos entre saberes e sistema de curas
O Projeto Xingu tornou-se referência na produção de conhecimento e práticas voltadas para o campo da saúde indígena, junto com outros esforços da universidade como a Cátedra Kaapora onde busca a troca de conhecimentos com grupos sociais não hegemônicos. O documentário é um trabalho de extensão universitária da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Produção: Peripécia Filmes
Direção: Caio Polesi
Ano: 2019
Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil) | Arte: Vera L. F. de Pinho (Ascom/Icict)
Com a chegada das festas de fim do ano, aumentam as expectativas para encontros e reencontros familiares e com amigos, especialmente por estarmos todos há quase dois anos vivendo a pandemia de Covid-19. Em 2021, as esperanças aumentaram, pois grande parte da população já está vacinada contra a doença. No entanto, ainda é importante nos preservarmos, evitarmos grandes aglomerações e lançarmos mão de medidas individuais de segurança, como uso de máscaras e lavagem das mãos, pois a pandemia não acabou. Para começar o novo ano com mais conhecimentos acerca dessa temática, o Campus Virtual Fiocruz lembra que desenvolveu uma séria de cursos sobre a Covid-19. Todos estão com inscrições abertas, são online e gratuitos. Aproveite o período de recesso e férias para descansar, mas também para se qualificar. Confira todas as oportunidades e inscreva-se!
Os cursos são voltados a profissionais e gestores de saúde, mas abertos a todos os interessados no tema. Acesse a lista de formações do CVF sobre Covid-19 e conheça cada curso lançado durante a pandemia de coronavírus:
Veja mais detalhes sobre cada curso:
Covid-19: manejo da infecção causada pelo novo coronavírus - 2° edição
Para responder à demanda dos profissionais que estão na linha de frente do atendimento, a Fiocruz lançou o curso Covid-19: manejo da infecção causada pelo novo coronavírus. A qualificação é dirigida especialmente a trabalhadores de Unidades Básicas de Saúde (UBS), redes hospitalares, clínicas e consultórios, mas pode ser cursado por todos os interessados. Ele é composto de três módulos, que são independentes e podem ser cursados conforme necessidade do aluno, conferindo autonomia ao processo de formação. Já são 60 mil participantes!
Vacinação: protocolos e procedimentos técnicos
O curso é composto de 19 aulas, distribuídas em 5 módulos, com 50h de carga horária. Além das aulas, o aluno tem acesso à bibliografia utilizada no curso, materiais complementares e a um conjunto de perguntas e respostas frequentes (FAQ). Seu objetivo é contextualizar a importância das vacinas; apresentar a cadeia de desenvolvimento, produção e distribuição e seus conceitos básicos; as necessidades específicas de cadeia de frio para transporte, armazenamento e conservação; as especificidades da organização e dos procedimentos da sala de vacinação para Covid-19; e ainda orientar a implantação de uma sala de vacina para Covid-19 no contexto dos povos indígenas, população privada de liberdade, residentes em Instituições de Longa Permanência e população de rua.
Curso Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais
A vulnerabilidade social em determinadas populações é um fato e, sabidamente, um fator de risco a novas doenças. Grávidas e puérperas correm maior risco de desenvolver a forma grave da doença. Consequentemente, mulheres indígenas são ainda mais vulneráveis. Nesse contexto, o curso oferece informações qualificadas para o cuidado de populações que demandam uma atenção mais específica e especializada. A formação de 15h é composta de 3 módulos e um total de 7 aulas.
Curso InfoDengue e InfoGripe: Vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis
O curso busca disseminar conceitos teóricos do monitoramento de doenças transmissíveis, assim como instrumentalizar profissionais para a tomada de decisão em salas de situação dedicadas à vigilância de arboviroses urbanas e de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). A formação é organizada em 2 módulos, 6 unidade e 40h de carga horária. Para melhor aproveitamento do curso, é recomendado que o aluno tenha tido experiência prévia com a vigilância dos agravos citados, participando da coleta, registro ou análise dos dados do Sistema de Informação de Agravo de Notificações (Sinan) ou do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep/MS).
Curso Gestão de risco de emergências em saúde pública no contexto da Covid-19
O objetivo do curso é contribuir para fortalecer as capacidades de preparação e resposta e ir além, produzindo uma mudança qualitativa na forma de enfrentar as emergências em saúde pública, trazendo uma visão prospectiva, tendo como base e apoio o programa Vigiar SUS, do Ministério da Saúde, para estimular as capacidades de vigilância e respostas às emergências em saúde pública. além da participação do Observatório Covid-19 da Fiocruz, que vem realizando análises e proposições para o enfrentamento da pandemia. Ele é especialmente dirigido aos interessados na temática da gestão de risco de emergências em saúde pública para Covid-19 no âmbito do SUS. A formação é composta de três módulos, divididos em uma carga horária de 70h.
O curso Cuidado de Saúde e Segurança nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) no contexto da Covid-19 é voltado a cuidadores, familiares e profissionais que atuam com a saúde da pessoa idosa e segurança do paciente. Entre os temas abordados nas aulas estão: medidas de prevenção e controle da disseminação de doenças; cuidados em áreas comuns; fragilidade e violência; vacinação para proteção da Covid-19 nas ILPIs; contatos sociais em tempos de isolamento; estratégias de comunicação para garantir o contato da pessoa idosa com a sua família ou comunidade; recomendações para a comunicação de notícias difíceis; e outros.
Pessoa idosa e a Covid-19: prevenção e cuidados em domicílio
Com a formação, a ideia é que os participantes sejam capazes de compreender e realizar as medidas sanitárias preconizadas para a prevenção e controle da infecção por Covid-19 no contato com pessoas idosas que necessitam de apoio ou auxílio para a realização de suas atividades cotidianas. Também é objetivo do curso que os alunos conheçam os serviços de saúde no território que prestam atendimento em casos de suspeita e/ou confirmação de infecção por Covid-19. Além do conteúdo programático, os alunos terão acesso à bibliografia utilizada no curso, a materiais complementares e a um conjunto de Perguntas e Respostas sobre o tema (FAQ).
Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas
O curso Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas, que já conta com mais de três mil participantes, visa capacitar, técnica e operacionalmente, gestores e equipes multidisciplinares de saúde indígena para a prevenção, vigilância e assistência à Covid-19, respeitando os aspectos socioculturais dessa população.
Enfrentamento da Covid-19 no sistema prisional
Para atualizar profissionais e capacitá-los quanto às ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus entre a população privada de liberdade, o Campus Virtual Fiocruz e a Fiocruz Mato Grosso do Sul lançaram o curso autoinstrucional para o Enfrentamento da Covid-19 no Sistema Prisional. A formação, que tem mais de quatro mil inscritos, é oferecida na modalidade à distância e voltada a gestores, profissionais de saúde, policiais penais, trabalhadores dos estabelecimentos prisionais, membros dos conselhos penitenciários e demais interessados na área.
Educação remota para docentes e profissionais da educação
"Caminhos e conexões no ensino remoto" é o tema de um novo curso da Fiocruz voltado a docentes e profissionais da área de educação. O objetivo do curso é compartilhar um conjunto de orientações básicas, ferramentas tecnológicas e atividades que subsidiem professores e outros profissionais da área na realização de disciplinas ou ações educacionais na modalidade de educação remota emergencial. A formação, que é autoinstrucional, online e gratuita, está aberta a todos os interessados. Ela é uma iniciativa da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação e está alinhada às ações de apoio aos professores para a continuidade do ensino frente à necessidade de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.