A Fiocruz Pernambuco deu início ao seu ano letivo na sexta-feira, 14 de março, com uma aula inaugural que abordou um tema essencial para a produção científica: “Integridade e Ética em Pesquisa”. O evento contou com a palestra do diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e presidente da Comissão de Integridade na Atividade Científica, Olival Freire Junior, além da participação de gestores e representantes dos programas de pós-graduação da instituição.
A palestra de Olival Freire Junior abordou a importância da integridade na pesquisa, diferenciando-a da ética formalmente regulamentada, como os protocolos para estudos com seres humanos e animais. “Os protocolos estão bem regulamentados no Brasil, o que não significa que sejam perfeitos ou que não possam ser aprimorados. Mas a integridade vai além disso. Ela está associada ao próprio fazer da pesquisa, seja em Ciências da Saúde, Humanas ou Exatas”, afirmou.
A mesa de abertura foi composta pelo diretor da Fiocruz Pernambuco, Pedro Miguel dos Santos Neto; a vice-diretora de Ensino e Informação Científica, Sheilla Oliveira; a vice-coordenadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública Acadêmico, Islândia Carvalho; a vice-coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Pública, Michele Feitoza; o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Biotecnologia em Saúde, Christian Reis; e os representantes discentes Lucas Santos (Saúde Pública) e Raylla Santos (Biociências e Biotecnologia em Saúde).
Confira tudo que rolou no canal do Youtube da Fiocruz Pernambuco!
O Laboratório de Farmacologia do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz), especializado no controle da qualidade e produção científica de plantas medicinais fitoterápicos, submeteu três trabalhos técnicos na quarta edição do evento France-Brazil Meeting on Natural Products (4th FB2NP Meeting) e teve os três trabalhos premiados. O encontro foi realizado em novembro, na cidade de Aracaju, em Sergipe.
Os trabalhos premiados foram:
- 1° Lugar na categoria Controle de Qualidade de Matérias-Primas Vegetais e Fitoterápicos - DETERMINATION OF PESTICIDE RESIDUES, COUMARIN LEVELS, AND PHARMACOLOGICAL ACTIVITY IN MIKANIA GLOMERATA SPRENG (GUACO) TINCTURES MARKETED IN THE STATE OF RIO DE JANEIRO, de Thais Morais de Brito, do Setor de Fisiopatologia (sob orientação de Fausto Ferraris, chefe do Laboratório de Farmacologia do DFT do INCQS/ Fiocruz, e Armi Wanderley da Nobrega, assessor técnico da Diretoria do INCQS/Fiocruz).
- 1° Lugar na categoria Etnobotânica/Etnofarmacologia - IN VITRO AND IN VIVO TOXICOLOGICAL AND ANTI-INFLAMMATORY EFFECTS OF THE PHYTOCHEMICAL MARKER COUMARIN FROM MIKANIA SP (GUACO): A SYSTEMATIC REVIEW, da aluna Beatriz Scaramelo (sob orientação de Izabela Gimenes, do Laboratório de Farmacologia do INCQS/Fiocruz, e Fausto Ferraris).
- 3° lugar na categoria Etnobotânica/Etnofarmacologia - IN VIVO AND IN VITRO TOXICOLOGICAL EFFECTS OF AESCULUS HIPPOCASTANUM AND ITS DERIVATIVES (HORSE CHESTNUT): A SYSTEMATIC REVIEW, da aluna Yasmin Crelier (sob orientação de Izabela Gimenes e Fausto Ferraris).
"Congresso com 100% de aproveitamento: muito orgulho da nossa equipe. Parabenizamos todos os alunos e colaboradores envolvidos nos trabalhos. Sabemos que o mérito envolve muitas mãos!", afirma Izabela Gimenes, do Laboratório de Farmacologia do INCQS/Fiocruz.
O evento France-Brazil Meeting on Natural Products é uma plataforma de diálogo entre pesquisadores brasileiros e franceses, que tem como objetivo compartilhar avanços e novas abordagens no campo dos produtos naturais. Esse encontro destaca-se como uma oportunidade para explorar a biodiversidade do Brasil e seus potenciais usos terapêuticos, farmacêuticos e industriais
Para comemorar a Semana Internacional do Acesso Aberto, que acontece este ano de 21 a 27 de outubro, as diferentes unidades da Fiocruz que trabalham com ciência aberta organizaram eventos para debater o tema. A ideia é ampliar a discussão, para priorizar informações que ajudem a disseminar a produção científica e, com isso, servir melhor ao interesse público e da comunidade acadêmica.
Confira abaixo a programação de algumas unidades:
Ensp
O Núcleo de Ciência Aberta da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) promove o debate Publicação científica, avaliação da pós-graduação e ciência aberta: dilemas e perspectivas. A atividade contará com a participação de Bernardo Horta, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), atual coordenador da área de Saúde Coletiva da Capes; Eduarda Cesse, coordenadora-geral de Educação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC); e Luciana Dias de Lima, vice-diretora de Pesquisa e Inovação da Ensp.
Dia 22/10, às 14h, na sala 410 da Ensp.
Transmissão ao vivo pelo canal Ensp no YouTube
Saiba mais no Informe Ensp.
Icict
O Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz (Icict/Fiocruz) apresenta uma palestra no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS) que destaca o legado da Fiocruz, seu protagonismo na defesa do acesso aberto e traz novas perspectivas para os desafios contemporâneos relativos ao tema, sob o ponto de vista do Sul Global. Com Gilvan Müller de Oliveira, cátedra Unesco em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo; Arianna Becerril-García, da Rede de Revistas Científicas da América Latina e Caribe, Espanha e Portugal (Redalyc, na sigla em espanhol); e Michelli Costa, da Universidade de Brasília (UnB).
Dia 23/10, às 13h30.
Transmissão pelo canal da VideoSaúde no YouTube
Saiba mais no site do Icict.
O 18º Encontro da Rede de Bibliotecas Fiocruz: Democratização do Acesso à Informação, encontro anual dos profissionais de Bibliotecas da Fiocruz e outras áreas de informação e comunicação, vai abordar a transformação digital na era do acesso aberto e as estratégias para as bibliotecas científicas. Palestrantes: Adriana Ferrari, da Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários, Cientistas de Informação e Instituições (Febab); Adrianne Oliveira e Eliane Monteiro, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz); Adriano Silva e Glauce Oliveira, da Biblioteca de Saúde Pública (BibSP/Icict/Fiocruz); Dempsey de Lima Bragante, da Universidade Federal Fluminense (UFF); Maria Luisa de Carvalho, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj); Giovania Jesus e Mariana Velozo, da Rede de Bibliotecas Icict/Fiocruz; e Viviane Veiga, da Coordenação Rede de Bibliotecas Fiocruz.
Dias 29/10, às 14h; e 30/10, às 9h
Transmissão pelo canal da VideoSaúde no YouTube
Para participar, inscreva-se pelo link bit.ly/RedeBibliotecas-2024.
Saiba mais no site do Icict.
Unindo agendas de pesquisa da comunicação, da informação e da preservação da memória, o encontro internacional Colóquio Internacional Memória e Patrimônio Audiovisual reúne pesquisadores sobre esses temas a partir da experiência de instituições brasileiras e francesas. Palestrantes: Evelyne Cohen, da Escola Nacional Superior de Ciências da Informação e Bibliotecas e integrante do Laboratório de Pesquisa Histórica Rhône-Alpes (LARHRA); Simele Rodrigues, da Universidade Jean-Moulin - Lyon 3; Véronique Ginouvès, arquivista, dirigiu a fonoteca da Casa Mediterrânea de Ciências Humanas (MMSH, na sigla em francês).
Dia 29/10, às 13h30.
Transmissão pelo canal da VideoSaúde no YouTube.
Mais informações no site do Icict.
Editora Fiocruz
A Editora Fiocruz participa da 2ª Feira do Livro de Acesso Aberto, promovida pela Editora Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG), com o objetivo de divulgar a produção editorial acadêmica em formato democrático. Participam da feira mais de 40 editoras de todas as regiões do Brasil. Entre 21/10 e 8/11, mais de 900 títulos de acesso gratuito estão disponíveis no hotsite do evento.
Já no 48º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), a editora faz atendimento virtual e presencial, oferecendo descontos a partir de 20%, até o dia 25 de outubro. A Feira de Livros online está no ar desde o dia 16 de outubro; já o atendimento presencial, no campus da Unicamp, acontece entre 23 e 25 de outubro. Acesse: https://abre.ai/liLD.
O livro Epidemiologia e saúde dos povos indígenas no Brasil pode ser baixado gratuitamente no portal SciElo Livros. Aproveite a promoção da Livraria Virtual na página da Editora no Portal.
#ParaTodosVerem Banner com fundo claro, no centro do banner está escrito: Acesso Aberto; ao lado, a figura ilustrativa da torre do castelo Mourisco, na Fiocruz, há vários quadrados coloridos saindo da torre como se estivessem voando, e ao lado está escrito Fiocruz.
A Rede de Bibliotecas Fiocruz promove, entre os dias 24 e 26 de outubro, o seu 17º Encontro, que terá como tema Bibliotecas inteligentes: IA e acesso à produção científica, que será realizado no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos, no formato híbrido – palestras presenciais e on-line. Com acessibilidade em libras, o Encontro contará com inscrições para cada dia, para as pessoas que só puderem participar de um ou dois dias de atividades.
O evento traz informações que podem ajudar os bibliotecários das instituições públicas a gerir melhor seu acervo e a usar a inteligência artificial no dia a dia. A abertura terá a presença da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic), Cristiani Machado, do diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), Rodrigo Murtinho, e da coordenadora da Rede de Bibliotecas Fiocruz, Viviane Veiga. As inscrições podem ser feitas clicando nos links abaixo e a transmissão pelo Canal da VideoSaúde no Youtube, também será feita em links separados.
Aula aberta
Na terça-feira (24/10) haverá o lançamento do livro Repositório, visão e experiências, de Claudete Queiroz, coordenadora do Repositório Institucional Arca, da Fiocruz. Já na quarta-feira (25/10), a partir das 9h, haverá o IX Fórum de Competência e Informação, com uma aula aberta que terá como tema Literacias e práticas informacionais em Saúde: diálogos e saberes, ministrada por Dandara Baça, da Defensoria Pública da União (DPU/DF). A mesa de abertura contará com Rodrigo Murtinho, diretor do Icict, e Marianna Zattar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O evento se dividirá em mesas de pesquisas na parte da manhã e, à tarde, haverá uma aula aberta do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), com Mesas Práticas. Esta aula faz parte da disciplina Fundamentos da Informação e Comunicação 2. O encerramento terá uma homenagem especial a Gilda Olinto, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e referência nos estudos de informação, cultura e sociedade.
Na próxima quarta-feira, 20 de setembro, o Centro de Estudos Miguel Murat de Vasconcelos da Escola Nacional de Saúde Pública (Ceensp/Ensp) debaterá os 'Obstáculos epistemológicos no desenvolvimento e no ensino-aprendizagem de ciências: uma visão Bachelardiana'. Na ocasião, haverá o lançamento do livro 'Bachelard e as Ciências', seguido do debate. A atividade é organizada pelo Grupo Interinstitucional e Interdisciplinar de Estudos em Epistemologia (GI2E2) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que problematiza os obstáculos epistemológicos, noção criada por Gaston Bachelard. Segundo o autor, "o conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras. Nunca é imediato e pleno". O Ceensp está marcado para às 14 horas, na sala 410 da Ensp. Os interessados podem assistir, ao vivo, pelo canal da Ensp no Youtube.
A pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp), Ariane Leites Larentis, que é membro do GI2E2 e coordenará o Ceensp, explica que o Grupo tem se dedicado ao estudo dos processos de construção do conhecimento científico, sustentando que a prática científica é atravessada pelas relações de produção, não sendo neutra. "A conjuntura atual, onde as ciências estão no centro dos debates, nos impõe ainda mais a problematização das condições sociais da produção científica, suas desigualdades e as ideologias presentes, muitas vezes, no seio da própria comunidade científica. Desta forma, teremos um debate em defesa do pensamento científico, fundamental nestes tristes tempos de negacionismo científico e de tão grandes retrocessos nas relações sociais", destacou a coordenadora da atividade.
O Ceensp contará com a participação de Manuel Gustavo Leitão Ribeiro, do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense (UFF); Rodrigo Volcan Almeida, do Instituto de Química da UFRJ; Tomás Garcia Coelho, do Instituto Federal do Rio de Janeiro; além de Pedro Farias Cazes, do Departamento de Sociologia do Colégio Pedro II. Todos os integrantes da mesa fazem parte do Grupo Interinstitucional e Interdisciplinar de Estudos em Epistemologia (GI2E2).
Se você inscreveu seu pôster no 7º International Symposium on Immunobiologicals (ISI) ou é pesquisador e tem interesse em dar visibilidade da sua produção científica em livros ou artigos, participe do seminário "Como Publicar - Visão do Editor", no dia 23 de junho, ds 9h às 12h. O seminário é gratuito, aberto a todos os interessados e realizado em parceria com a Springer Nature e o The Lancet, duas das editoras científicas com maior reconhecimento e visibilidade no meio científico nacional e internacional. As palestras serão apresentadas em português e em espanhol (não haverá tradução simultânea). O seminário acontecerá presencialmente no auditório de Bio-Manguinhos, no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, mas você poderá acompanhar online através do aplicativo do ISI.
O evento faz parte do ISI Seminar Series, atividade complementar ao International Symposium on Immunobiologicals, seja para aprofundamento em algum tema específico, para apresentação e discussão de assuntos urgentes e relevantes, ou para o estímulo à gestão e a produção do conhecimento científico entre um simpósio e outro. No seminário "Como Publicar - Visão do Editor", os editores das revistas oferecerão dicas valiosas para facilitar a publicação e aumentar a visibilidade do seu trabalho para os públicos adequados para a sua área de atuação. Aqueles que tiverem seus trabalhos selecionados, participarão de conversas individualizadas com os editores das revistas para discussão de estratégias de publicação sobre os projetos e iniciativas com os pesquisadores ou grupos de pesquisa.
Caso já esteja inscrito no 7th ISI, acesse a Área do Participante e atualize sua inscrição.
O evento será expositivo, de forma híbrida, e contará com as seguintes palestras:
Estratégia de busca em bases de dados para construção de bibliografia e referencial teórico
Priscila do Nascimento Silva, Fiocruz/Bio- Manguinhos, Gestão do Conhecimento;
Springer Nature – Como publicar em livro?
Gonzalo Cordova, Springer Nature, Editor de Biomedicina
The Lancet – Como publicar artigos em revistas científicas?
Taissa Vila e Elisa Pucu, The Lancet Regional Health – Americas, Editoras
Decisão estratégica: Quando manter sigilo e quando publicar?
Lívia Rubatino de Faria, Fiocruz/Bio- Manguinhos, NITBio
Para mais informações, acesse o site do ISI Seminar Series.
#ParaTodosVerem Banner com uma foto ao fundo desfocada, na foto há uma pessoa utilizando o notebook, sobre a mesa há uma xícara, papel com anotações e uma caneta. A imagem contém as informações do seminário.
No dia 27 de julho, às 10h, aconteceu o quarto evento da série Encontros Virtuais da Educação, com o tema Editoria científica e saúde. Na abertura, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, lembrou que a atividade surgiu na Câmara Técnica de Educação, a fim de aproximar a comunidade acadêmica das iniciativas estratégicas da área.
Após falar brevemente sobre os três encontros realizados, Cristiani destacou o tema do dia. “No que concerne à editoria científica, temos orgulho de ter na Fiocruz uma área muito rica e diversificada. A Editora Fiocruz é uma das mais reconhecidas na publicação de livros no campo da saúde, na América Latina. Além disso, temos sete periódicos científicos, a maioria de caráter interdisciplinar, que abrangem várias áreas do conhecimento e desenvolvem um trabalho regular e seríssimo”, comentou, detalhando em seguida um pouco mais sobre o perfil de cada revista. Depois, falou sobre os 5 anos do Portal de Periódicos Fiocruz, que reúne as publicações, e de seu papel na divulgação do conhecimento científico de forma ampla para toda a sociedade.
Antes de passar a palavra aos palestrantes, a vice-presidente chamou a atenção para a relevância das atividades de editoria científica na formação de professores e pesquisadores. “Esta é uma das facetas do ofício de um bom pesquisador. Certamente todos seremos autores de trabalhos científicos, e daí a importância de conhecer as especificidades que envolvem este fazer tão cuidadoso, quase artesanal”, afirmou.
A primeira apresentação foi da pesquisadora Luciana Dias de Lima, uma das editoras-chefe dos Cadernos de Saúde Pública. Ela compartilhou orientações gerais e boas práticas sobre publicações científicas, explicando como o artigo se diferencia de outras formas de publicação, alguns cuidados ao elaborar e submeter o trabalho, além de critérios na escolha da revista. Luciana destacou o fato de que a Ciência é um empreendimento coletivo. “O artigo é um exercício de diálogo com o conhecimento existente, com a sua produção e a avaliação pela comunidade”, afirmou. Além disso, comentou que os artigos têm um grande potencial de divulgação junto a um público mais amplo, e da valorização do acesso aberto para que este objetivo seja alcançado. Ela finalizou a apresentação comentando sobre todo o processo de submissão e aceitação de um artigo pelos editores.
Dialogando com estas etapas, Angélica Ferreira, editora da revista Trabalho, Educação e Saúde, fez um recorte do processo de avaliação, centrando sua apresentação nos fatores que determinam a recusa de um artigo. Ela elencou os principais motivos: textos que não se enquadram na linha editorial e nas seções da revista; que sejam pouco originais por já terem sido bastante explorados na literatura, pelo periódico ou ainda que não acrescentem novos conhecimentos sobre o objeto; além de artigos que apresentem a própria premissa como conclusão ou que tenham problemas metodológicos.
Angélica falou que os autores devem lidar com a dimensão pedagógica dos pareceres, o que inclui a recusa do artigo. “É necessário sair da defensiva ao receber um parecer negativo”. Segundo ela, é importante compreender a leitura que o parecerista fez do texto e estudar as recomendações. “Este é o ciclo básico de quem participa de comunidades científicas. É uma postura de reconstrução e aprendizado”, disse. E destacou outra dimensão: a de construção de parcerias ao longo do processo de elaboração do artigo, buscando pessoas para construir o conhecimento. “Um parecer negativo, muitas vezes te indica caminhos para a sua formação, seu aprendizado, para trabalhos futuros”, ensina.
Já o futuro das próprias revistas científicas foi o tema do editor das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, o periódico mais antigo publicado pela instituição. Adeilton Brandão projetou tendências. Para ele, o desenvolvimento de tecnologias da informação, facilitará a disseminação de artigos em preprint e o acesso a dados abertos, possibilitando que os próprios cientistas tenham um ponto focal na rede, assumindo funções típicas de um editor. Então, qual seria o papel das revistas neste novo cenário? Segundo Adeilton, caberá mais às revistas atuar como provedoras de serviços editoriais do que “certificadoras” da produção científica. Por sua vez, os pesquisadores resgatariam o controle de sua produção intelectual, como consequência natural da descentralização de processos. Ao final, ele deixou duas provocações: “Artigos científicos devem ser rejeitados ou sempre melhorados e corrigidos?” e “Em vez de publicar ou perecer, por que não publicar ou florescer?”.
Uma das premissas para florescer é ampliar o acesso aberto ao conhecimento. Principalmente, no contexto de uma crise sanitária. Esse foi o ponto central do editor executivo João Canossa, em sua apresentação Editora Fiocruz em tempos de pandemia (y otras cositas más). Ele falou sobre estratégias neste sentido, como converter títulos comerciais para acesso aberto. Atualmente, a Editora Fiocruz tem 290 títulos na plataforma SciELO Livros, sendo 209 em acesso aberto, sendo responsável por cerca de 47 milhões de downloads — o que corresponde a aproximadamente 47% dos livros baixados em toda a plataforma.
João apresentou dados mostrando significativo crescimento pelos livros da editora este ano, comportamento atribuído à pandemia, assim como ao trabalho de comunicação e marketing, com investimentos em divulgação nas redes sociais, lançamentos e participação em eventos acadêmicos virtuais, assim como parcerias estratégicas, como as realizadas com a Associação Brasileira de Editoras Universitárias (Abeu). Ele mencionou também a participação dos autores como fontes da mídia para tratar de temas relacionados à Covid-19. Por fim, falou sobre o processo de submissão pelos autores e as etapas editoriais. E concluiu citando o autor colombiano Álvaro Mutis: “Ler um livro é voltar a nascer...”, disse, refletindo sobre o papel dos editores e autores, no que tange à formação de novas gerações de leitores.
A última apresentação foi da editora de conteúdo e comunicação do Portal de Periódicos Fiocruz, Flávia Lobato. Ela explicou que o espaço foi criado há 5 anos como uma das plataformas estruturantes para a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da instituição. Além disso, comentou sobre a articulação com o Fórum de Editores Científicos. Isso permite que o Portal seja um espaço de integração das revistas, compartilhamento de experiências, reflexão e, em última análise, se projete como uma referência em editoria científica. Neste sentido, Flávia apresentou algumas possibilidades de divulgação, considerando diversos formatos e linguagens (notícias, entrevistas, vídeos e infográficos), relatando casos de sucesso, além de dados sobre o público visitante do Portal e de sua página no Facebook. Sempre com o objetivo de prover acesso e visibilidade à produção científica, destacou. Por fim, lembrou que, além do diálogo com a sociedade, o Portal é também um instrumento que contribui para o ciclo de formação de estudantes, pesquisadores e profissionais.
O encontro terminou com debates com o público, formado por cerca de 70 participantes. Assista ao vídeo das apresentações, que também está disponível no canal do Campus Virtual Fiocruz no YouTube.
Na próxima segunda-feira, dia 3 de agosto, às 9h30, será realizado o 5º Encontro Virtual da Educação. O tema será Ambientes Virtuais de Aprendizagem, com orientações sobre o uso da plataforma Moodle. E, para rever os eventos anteriores, acesse os links a seguir:
7/7: Saúde e Meio Ambiente: Olimpíada científica da Fundação inaugura encontros virtuais
13/7: Encontro virtual debate recursos educacionais e ferramentas digitais da Fiocruz
20/7: Encontro debateu comunicação pública como política de ampliação dos espaços de educação
Entre as estratégias de enfrentamento da Fiocruz à pandemia está o fortalecimento das ações de educação que podem ser realizadas mesmo em situação de isolamento social. O Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e a Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional valorizam, estimulam e encorajam pesquisadores, alunos e docentes a avançarem na produção do conhecimento em saúde. O Prêmio, que está em sua quarta edição, é voltado a teses defendidas em áreas temáticas de atuação da Fundação. A nova data de envio de trabalhos é 16 de julho. Vale lembrar ainda que as inscrições para a Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional da Fiocruz seguem abertas até 19 de agosto.
Mesmo frente aos últimos acontecimentos, a Presidência da Fundação resolveu manter essas iniciativas que integram seu calendário anual. A coordenadora-geral adjunta de Educação, da Vice-Presidência de Educação, Comunicação e Informação da Fiocruz, Eduarda Cesse, explicou também que tais ações “incentivam a participação e o envolvimento de egressos, alunos, pesquisadores e toda a nossa comunidade, que são, na verdade, peças essenciais dessa instituição”.
Prêmio Oswaldo Cruz de Teses
Podem concorrer ao prêmio autores de teses defendidas entre maio de 2019 e abril de 2020, nos cursos da Fiocruz e de cursos nos quais a Fundação participa de forma compartilhada e que sejam registrados na Coordenação Geral de Educação (CGE). Será selecionada uma tese de cada uma das áreas: ciências biológicas aplicadas e biomedicina; medicina; saúde coletiva; e ciências humanas e sociais.
Confira aqui todos os detalhes da premiação: Prêmio Oswaldo Cruz de Teses: edição 2020 está com inscrições abertas
Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional
Esse reconhecimento é voltado a pesquisadores e pesquisadoras, que sejam servidores da Fiocruz, e se distinguem por sua trajetória acadêmica e de vida no campo da educação em saúde. Em 2020, apenas serão aceitas candidaturas de profissionais com destacada atuação nas áreas da medicina e/ou ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina.
Confira aqui todos os detalhes sobre a Medalha: Concorra à Medalha Virginia Schall de Mérito Educacional
De 28 a 30 de maio, acontece o I Encontro da Rede Sudeste de Repositórios (RIAA/Sudeste), no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Ilha do Fundão. O evento é promovido e realizado pela RIAA/Sudeste, organizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnologia em Saúde (Icict/Fiocruz) e da UFRJ. Nos três dias do encontro, haverá palestras técnicas sobre temas relacionados aos repositórios institucionais, além de questões relevantes como: preservação digital e curadoria digital, direitos autorais, ciência aberta, dados de pesquisas e novas tecnologias. Conheça a programação aqui.
Em 2017, foi criada a Rede Sudeste de Repositórios Digitais (RIAA/Sudeste), que visa superar desafios relacionados a criação, otimização, sustentabilidade dos repositórios digitais, institucionais e temáticos, promovendo a cooperação entre seus participantes. Composta atualmente por 42 instituições de ensino e pesquisa, a RIAA estimula o compartilhamento de informações e experiências por meio de encontros e atua no alinhamento das políticas de acesso aberto em âmbito nacional e internacional.
A Rede Sudeste faz parte da Rede Nacional de Repositórios coordenada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), fortalecendo a colaboração entre profissionais da área de informação em instituições de ensino e pesquisa. Assim, promove parcerias, trabalhos em equipe e uma maior percepção sobre a qualidade e a quantidade da produção científica produzida pelas instituições da Região Sudeste.
Inscreva-se aqui!
Serviço
Evento: I Encontro da Rede Sudeste de Repositórios (RIAA/Sudeste)
Data: 28 a 30 de maio
Horário: 9h às 16h
Local: Av. Athos da Silveira Ramos, 274 - Auditório Roxinho (Prédio do CCMN) - Cidade Universitária - Rio de Janeiro (RJ)
Apesar de serem cerca de metade da população, as mulheres ainda são minoria na ciência. Elas são apenas 30% das cientistas do mundo e receberam somente 3% das indicações do Nobel nas áreas científicas. No Brasil, apenas 14% dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas estabeleceu, em 2015, o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
O dia foi celebrado pela primeira vez na Fiocruz, com uma roda de conversa com pesquisadoras da Fundação sobre suas trajetórias científicas, no auditório do Museu da Vida. Eventos paralelos em outras unidades também foram realizados para marcar a data. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima, primeira mulher a ocupar a posição, contou sobre sua emoção. “Esse dia me deu um sentimento de 8 de março, mas com o foco na atividade científica”, disse, lembrando de outras mulheres que foram pioneiras na instituição, como Maria Deane e Sylvia Hasselmann. Nísia pediu que as convidadas falassem não só sobre suas conquistas nas carreiras, mas também das dificuldades e desafios que enfrentaram.
Márcia Chame, Maria do Carmo Leal, Maria Elisabeth Lopes Moreira, Patrícia Brasil e Yara Traub-Cseko são hoje cientistas premiadas e referências em suas áreas de atuação. Mas percorreram um longo caminho para serem reconhecidas na carreira. A importância de exemplos, de bolsas de iniciação científica e do encontro com pessoas que acreditem e apoiem suas carreiras foram alguns dos componentes citados pelas cientistas como determinantes em seu sucesso profissional.
As dificuldades, no entanto, estão ainda presentes. A doutoranda e representante da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz Helena d'Anunciação de Oliveira lembrou alguns comentários que ouviu em seu ambiente profissional como enfermeira. Por ser uma área majoritariamente feminina e relacionada ao cuidado, a profissão é muitas vezes estigmatizada. “Já ouvi de um colega que, por ser enfermeira, já tinha fantasia pronta para o Carnaval. Diariamente somos diminuídas em nosso espaço de trabalho e em nossa capacidade tecnocientíficas”, contou Helena.
A relação da carreira acadêmica com a maternidade foi um ponto tocado em diversas falas. A exigência por produtividade muitas vezes ignora fases e processos naturais da vida, como a gestação e o tempo para o cuidado dos filhos, que ainda recai desproporcionalmente sobre as mulheres. Iniciativas recentes da Fiocruz buscam reduzir essa desigualdade. Uma delas é a inclusão de uma cláusula no Edital de Geração do Conhecimento do Inova Fiocruz que considera o tempo de gestação e os filhos no currículo lattes das mulheres cientistas e a criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.
Para as pesquisadoras também é necessária uma mudança cultural. “Os homens precisam participar e desempenhar mais ativamente a paternidade”, destacou a pesquisadora sênior do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Yara Traub-Cseko. “Essa é uma discussão de toda a sociedade, não apenas de mulheres e meninas”, concordou a presidente da Fiocruz. “Eu venho de um feminismo que defendia uma sociedade mais feminina, no sentido de que as características tidas como femininas, como o diálogo e o cuidado, sejam mais valorizadas pela sociedade como um todo. A ciência também precisa se adaptar a isso”.
O racismo e a questão de classe também foram levantados como temas importantes e que afetam a trajetória de muitas mulheres. Ser a primeira da família a ter uma graduação ou uma pós-graduação é uma conquista celebrada por algumas das componentes da mesa, que tiveram que abrir caminhos. “Precisamos falar de racismo. Na minha infância, eu não tinha muitas referências negras com graduação. Hoje eu quero poder ser esta referência para outras meninas”, afirmou a pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) Mychelle Alves, que integra o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.
Após o relato das pesquisadoras convidadas, o microfone ficou aberto para perguntas e intervenções. Uma das participações mais marcantes foi a de Ariela Couto Correia, ex-aluna do Programa de Vocação Científica (Provocc), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). “Quando resolvi que queria ser cientista, meu exemplo era a química Marie Curie. Mas com o tempo descobri que há pesquisadoras próximas a mim que são inspiradoras, como essas que estão aqui hoje”, disse. A menina contou a história de como encontrou a sua orientadora, mulher que a ajudou a crescer como cientista. “Agradeço muito à Fiocruz por me ensinar tudo o que sei hoje. A instituição nos prepara para o mundo, entramos aqui estudantes e ela fala: ‘vai, agora é a sua vez de brilhar’”, finalizou ao som de palmas calorosas da plateia.
Outra fala inspiradora foi a de Priscila Moura, aluna de doutorando da Fiocruz. “Quando passei no mestrado, um professor me disse que a Fiocruz não era o meu lugar. Naquele mesmo dia, passei caminhando pelo Castelo Mourisco e me prometi que só sairia daqui com o meu diploma”, contou. Ela lembrou, ainda, da importância de ser solidária com as estudantes mais jovens, que estão no início da jornada: “Eu pego na mão e levanto várias meninas, alunas, diariamente. Até porque eu entrei aqui uma menina... E hoje saio uma mulher negra cientista”, concluiu.
O debate sobre acesso à educação e maternidade também voltou à cena com a participação das moradoras da comunidade de Manguinhos, Simone Quintela e Norma de Souza. Simone, que se especializou em promoção da saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), disse que é preciso levar este debate para dentro das favelas. “Onde eu moro são muitas as mulheres sem oportunidade de estudo, por diversos motivos, dentre eles a maternidade”, apontou. Já Norma enfatizou, em sua fala, a importância da atenção básica e da orientação em saúde às meninas moradoras da comunidade.