Publicação : 08 DE SETEMBRO DE 2021
Autor(es) : Isabela Schincariol Domingues
Temos como principais desafios discutir a ampliação de prazos de bolsas dos estudantes que tiverem coletas prejudicadas; a continuidade da política de inclusão digital e flexibilização para discentes neste contexto de ensino remoto emergencial; bem como fortalecer e promover iniciativas sobre questões étnicos-raciais; de acessibilidade e inclusão; saúde mental; gênero e sexualidade
A Associação de Pós-graduandos da Fiocruz elegeu recentemente uma nova gestão para o período 2021-2022. Em meio a novas formas de manter as atividades educacionais, os representantes também se reinventaram para enfrentar os novos desafios impostos pela pandemia de Covid-19, além dos processos cotidianos inerentes à área. Para falar um pouco sobre os caminhos percorridos e os próximos passos da gestão, o Campus Virtual Fiocruz conversou com o ex-coordenador-geral, Richarlls Martins (2019-2020), e a nova representante eleita, Elizabeth Leite Barbosa, ligada à Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), que divide o cargo com Yuli Rodrigues Maia de Souza, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
A Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG-Fiocruz) foi fundada em 2012 e tem como principal objetivo representar todos os estudantes de programas Lato sensu e Stricto sensu, coletiva e individualmente.
Campus Virtual Fiocruz: Quais os principais desafios e o legado da última gestão que podem ser destacados?
Richarlls Martins: Nossa gestão começou em abril de 2019 e foi prorrogada até maio de 2021 em decorrência da pandemia de coronavírus. O maior desafio que tivemos foi o de garantir os direitos das pós-graduandas e dos pós-graduandos nesse contexto pandêmico, entendendo o momento extremamente complexo que passamos a vivenciar, que afetou todas a nossa instituições, mas especialmente a vida de cada uma e cada um de nós que produz pesquisa neste país.
Em nossas demandas e decisões, consideramos uma característica muito significativa dos pós-graduandos e das pós-graduandas da Fiocruz, que é a forma como esses profissionais estão inseridos no mercado de trabalho. Muitos deles estavam atuando diretamente no enfrentamento da pandemia ao mesmo tempo em que estavam produzindo suas pesquisas. Tal especificidade requeria de todos nós um sentido de produção que não produzisse ainda mais sofrimento, que não aumentasse os níveis de pressão que já estavam ocorrendo dadas as circunstâncias. Para tanto, construímos uma agenda que incorporou tais demandas. Nesse sentido, conseguimos diálogos muito positivos com a Fiocruz – com a Coordenação-Geral de Educação (CGE) e a Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic) como um todo – no que tange ao reconhecimento dessas especificidades.
O segundo maior desafio que tivemos, que no meu entendimento foi o ponto mais positivo desses dois anos de gestão, foi a ampliação da representação discentes nas unidades da Fiocruz, além de um aumento do diálogo da instituição, no contexto da pós-graduação, com as suas unidades regionais, seja no fortalecimento do fórum de APGs da Fiocruz em âmbito nacional, seja na periodicidade de encontros e articulação desse fórum. Nós, estudantes, sabemos da importância que tem uma representação discente junto às instituições, no sentido de levar as demandas dos pós-graduandos para o conjunto da instituição e suas unidades. Isso foi uma vitória muito significativa.
Eu acredito que a maior complexidade da nova gestão é, ainda em um contexto de pandemia, efetivamente ampliar as vozes e processos de participação do corpo discente da Fiocruz na vida institucional. Esse é um ponto a avançar dada a enorme dificuldade de se fazer pesquisa na atualidade, considerando a insuficiência de financiamento, a falta de garantia de insumos necessários, a perda de recursos para a educação, ciência e tecnologia, entre outros. Essas questões macroestruturais da realidade brasileira afetam diretamente a nossa produção de ciência e tecnologia. Portanto, um grande desafio hoje é conseguir dialogar com essas questões que estão além da Fiocruz, além da nossa realidade do dia a dia, mas que afetam diretamente não apenas a qualidade, mas a possibilidade do exercício da produção de ciência e tecnologia. Talvez a maior complexidade da nova gestão seja conseguir articular essas demandas macro com as necessidades diárias desse conjunto de pós-graduandos e de pós-graduandas.
CVF: Como foi organizar o processo eleitoral de maneira remota?
Elizabeth Leite: Buscamos sempre um processo transparente e democrático. Com a sindemia mundial precisamos adaptar algumas questões e realizar o processo eleitoral de forma totalmente remota. Cada programa indicou um delegado para participar da Assembleia Geral, que ocorreu numa sala virtual. Fomos chapa única a concorrer.
CVF: O que esperar da gestão 2021-2022?
Elizabeth: Nós, da chapa “Ciência é vida: Discentes unidos pela valorização da saúde e educação”, temos como principais desafios discutir e propor – em diálogo constante com a Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz) e as vice-direções de ensino das unidades – a ampliação dos prazos de bolsas dos estudantes que tiverem suas coletas de pesquisas prejudicadas; e a continuidade da política de inclusão digital e de ações de flexibilização para os discentes neste contexto de ensino remoto emergencial.
Além disso, nossos planos incluem fortalecer e ampliar as ações da gestão passada e promover novas iniciativas que abarquem temáticas do ensino; das questões étnicos-raciais; da acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiências; da saúde mental; e das questões de gênero e sexualidade.
Confira a nova composição da APG/Fiocruz – gestão 2021/2022