Publicação : 25 DE OUTUBRO DE 2019
Autor(es) : Valentina dos Santos Leite
Com o Programa Institucional de Internacionalização, buscamos integrar saberes nos quais a Fiocruz tem expertise: as ciências biomédicas, a medicina, as ciências sociais e a saúde pública.
Por Valentina Leite (Campus Virtual Fiocruz) | Foto: Peter Ilicciev (CCS/Fiocruz)
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem vasta atuação fora do Brasil. A sua história ao redor do mundo inclui diversas cooperações internacionais, muitas delas na área de educação. Para comentar as diretrizes que orientam a internacionalização do ensino na Fiocruz e as iniciativas desenvolvidas recentemente nesse contexto, o Campus Virtual Fiocruz (CVF) conversou com Cristina Guilam, coordenadora-geral de Educação.
Ela explica de que forma a estratégia de internacionalização tem sido fortalecida pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) em parceria com Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS) e as unidades técnico-científicas. Trata, ainda, de marcos deste trabalho em conjunto, como a elaboração da Política de Internacionalização do Ensino, instituída em 2017. E da expansão dos planos estratégicos, principalmente com a criação do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt Fiocruz-Capes), em 2018. Para discutir como o projeto será ampliado e difundido, os membros do Comitê Gestor Internacional e os coordenadores do Programa vão se reunir em dezembro deste ano, num encontro na Fiocruz, no Rio de Janeiro.
Leia a entrevista com Cristina Guilam e conheça as principais estratégias internacionais da Fundação.
CVF: Quais são as principais diretrizes da Política de Internacionalização do Ensino, elaborada com o CRIS? E como estão articuladas às estratégias mais amplas da Fiocruz no campo da saúde pública?
Cristina Guilam: Desde a sua origem, a Fiocruz buscou estabelecer parcerias e cooperações ao redor do mundo, tanto Norte-Sul quanto Sul-Sul, nas suas diversas áreas de atuação. Ou seja, sempre esteve nos planos estratégicos da Fundação essa participação ativa no campo internacional.
A Política de Internacionalização do Ensino foi oficializada em 2017. Quando definimos nossas diretrizes, levamos em conta o alinhamento à política externa brasileira, em particular no que diz respeito à saúde e ao desenvolvimento científico e tecnológico. Isso inclui a articulação com outros órgãos do governo federal. Eu destaco, ainda, que a cooperação Sul-Sul — que chamamos de estruturante — é muito importante para nós, já que define nossos principais parceiros, que são países da América Latina e da África. Além disso, a Política é orientada pelos princípios da Ciência Aberta, a fim de ampliar a capacidade de inserção da ciência produzida em português nos fluxos globais de produção científica.
A elaboração da Política também criou um contexto que contribuiu para a aprovação, junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do projeto que culminou no Programa Institucional de Internacionalização (PrInt). Isso está relacionado ao processo de discussão das estratégias e indicadores para a internacionalização, em que houve envolvimento de todas as unidades e resultou na aprovação do Conselho Deliberativo da Fiocruz.
CVF: O Programa Institucional de Internacionalização (PrInt) inclui diferentes ações. Quais são seus principais objetivos, como está estruturado e como os editais são concebidos?
Cristina Guilam: O PrInt visa a mobilidade de professores e alunos, e também contribui para aprimorar a qualidade da produção acadêmica da pós-graduação em nível internacional. É financiado pela Capes – por isso é chamado de PrInt Fiocruz-Capes. Atualmente, conta com 16 Programas de Pós-graduação da Fiocruz, que apresentaram notas 5, 6 e 7 na avaliação da agência de fomento. Nossa ideia foi elaborar um projeto integrador: queremos integrar os saberes nos quais a Fiocruz tem expertise, das ciências biomédicas, da medicina, das ciências sociais e da saúde pública. Quanto aos editais, do lançamento do PrInt até setembro deste ano, já foram anunciadas sete chamadas internas, com finalidades e públicos distintos. E nós já estamos trabalhando na ampliação do Programa: está previsto um encontro dos membros do Comitê Gestor Internacional e dos coordenadores do PrInt, em dezembro deste ano.
CVF: E quais são os objetivos dos cursos internacionais de curta duração?
Cristina Guilam: Com estes cursos, buscamos maior intercâmbio com outras instituições ao redor do mundo. Estimulamos a vinda de pesquisadores estrangeiros à Fiocruz para ministrar cursos, seminários, palestras e participar de atividades de educação, atendendo a mais de um programa de pós-graduação. Por exemplo: o Programa de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) se associa ao Programa de Saúde da Criança e da Mulher (IFF/Fiocruz) e propõe a vinda de um pesquisador que possa dar um curso de verão. Dessa forma, promovemos também a maior integração das unidades, o que é uma proposta considerada estratégica para a Presidência da Fiocruz.
CVF: A VPEIC tem atuado de forma bastante integrada com o Centro de Relações Internacionais em Saúde (CRIS), como nas ações para ampliar as cotutelas e estágios internacionais. Por favor, conte um pouco sobre este trabalho em conjunto.
Cristina Guilam: A parceria com o CRIS é fundamental. Além de ter participação predominante no acolhimento e auxílio aos estudantes estrangeiros (junto com o GT de Acolhimento), todos os nossos acordos com instituições internacionais têm apoio da equipe do Centro. Recentemente, por exemplo, assinamos um acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e os profissionais estiveram presentes desde a negociação até o estabelecimento de pontos em comum, busca de financiamento, entre outras questões.
CVF: Este ano, a Fiocruz esteve envolvida em cooperações importantes com instituições do exterior, voltadas para a educação, informação e comunicação em saúde. Pode nos contar mais um pouco sobre estas iniciativas?
Cristina Guilam: Sim. Como mencionei, a presidente Nísia Trindade Lima assinou Memorando de Entendimento com o UNFPA, em julho deste ano, visando a promoção da saúde de crianças e jovens, a saúde materna, o direito reprodutivo e o combate à violência de gênero. A Fundação também assinou um acordo com a Universidade de Oxford (Reino Unido), voltado ao desenvolvimento de uma plataforma conjunta de ensino e pesquisa junto ao Campus Virtual Fiocruz, inicialmente com foco em descobertas ligadas ao Zika vírus. São exemplos de como a diplomacia e a educação em saúde são importantes para gerar conhecimentos que, de fato, fortalecem os sistemas públicos e contribuem para melhorar a qualidade de vida e a reduzir desigualdades sociais no Brasil e no mundo.