A Fundação Oswaldo Cruz está com inscrições abertas para diferentes programas de residência em saúde para 2022. As oportunidades são voltadas a médicos, enfermeiros, além de profissionais de Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social, Odontologia, Educação Física e Terapia Ocupacional. Os cursos visam desenvolver habilidades técnicas por meio de prática intensa e formação em serviço. Confira as oportunidades e inscreva-se até o início de novembro.
Os programas são oferecidos pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), com inscrições até 5 de novembro, e pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, com inscrições até 3 de novembro.
Programas de Residência Médica - Inscrições até 5/11:
O edital único de convocação para os programas de Residência Médica visam o preenchimento de 29 vagas de R1 e 19 vagas de R4, de acordo com as Normas e Resoluções emanadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
Programa de Residência de Enfermagem - inscrições até 5/11
O edital único de convocação para os programas de Residência em Enfermagem visam ao preenchimento de 20 vagas distribuídas entre cinco programas, que estão
de acordo com as Normas e Resoluções emanadas pela Comissão Nacional de Residência
Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde (CNRMS).
Programas de Residência Multiprofissional em Saúde - inscrições até 5/11
O edital de convocação para o programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Criança e do Adolescente Cronicamente Adoecidos visa ao preenchimento de 14 vagas distribuídas em sete áreas: Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicologia, Serviço Social e Terapia Ocupacional. Esse programa está de acordo com as Normas e Resoluções emanadas pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde (CNRMS).
Programas de Residência Multiprofissional em Saúde - inscrições até 3/11
O edital de convocação para o programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família visa ao preenchimento de 14 vagas, distribuidas em sete categorias profissionais: enfermagem, odontologia, psicologia, nutrição, serviço social, farmácia e educação física.
*Imagem: Freepik
**matéria publicada em 5/10 e atualizada em 14/10
A Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) anunciou o lançamento da edital Nº 43 – Terceira Chamada Emergencial de Projetos para Combater os Efeitos da Covid-19 – 2021, destinada ao apoio de estudos dessa doença e seu agente etiológico, o vírus da SARS-CoV-2, abrangendo temas importantes para o seu enfrentamento, tais como aspectos genômicos do vírus, fisiopatologia, aspectos clínicos, diagnóstico e epidemiologia da doença, desenvolvimento de vacinas e imunobiológicos, soluções inovadoras para equipamentos auxiliares, entre outros. Submissões podem ser feitas até 21 de outubro.
Os recursos financeiros poderão ser utilizados para o estabelecimento e melhoria de infraestrutura e despesas de custeio previstas em projetos de pesquisa apresentados por pesquisadores com vínculo empregatício ou estatutário em instituições de ensino e pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, e para o desenvolvimento de novos equipamentos e insumos por startups, micro, pequenas e médias empresas sediadas no referido Estado. O financiamento se dará através de projetos em andamento, científicos ou tecnológicos, projetos de startups, micro, pequena e média empresas.
"Somente através da manutenção de investimentos conseguiremos buscar soluções e estratégias para o combate à Covid-19"
Com um orçamento de R$ 20 milhões, essa nova injeção em recursos visa envolver um maior número de pesquisas capazes de produzir conhecimento científico, inovação e insumos diretamente envolvidos no tratamento da doença e na proteção individual das equipes de saúde.
“É muito importante a manutenção de investimentos em projetos conduzidos pelos melhores pesquisadores e grupos focados no enfrentamento da Covid-19, de forma a aprimorar as ações e soluções que a ciência e a tecnologia podem alcançar”, afirma Jerson Lima Silva, presidente da Fundação.
Segundo a diretora da Faperj, Eliete Bouskela, a pandemia ainda é uma realidade. “Somente através da manutenção dos investimentos em ciência e tecnologia conseguiremos buscar novas soluções e estratégias para o combate à Covid-19”.
Confira o edital: Edital Faperj Nº 43 – Terceira edição da chamada emergencial de projetos para combater os efeitos da Covid-19 – 2021
Os idosos, pessoas com 60 anos ou mais, são quase 38 milhões de brasileiros, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), representando cerca de 20% da nossa população. Essa é uma média que vem crescendo ano a ano, apontando, assim, a urgência de políticas e ações específicas para essa parcela da sociedade. A Covid-19 expos ainda mais as fragilidades inerentes ao envelhecimento, e agora essa preocupação volta à tona mais uma vez com o aumento do número de mortes e internações entre os idosos por coronavírus. Neste 1° de outubro – Dia Internacional do Idoso – o Campus Virtual Fiocruz destaca os cursos, online e gratuitos, lançados no âmbito da pandemia, que visam atualizar aqueles que atuam no cuidado a pessoas idosas em ambiente domiciliar, em Instituições de Longa Permanência e demais interessados no tema.
+curso Pessoa idosa e a Covid-19: prevenção e cuidados em domicílio - Inscreva-se já!
A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Internacional do Idoso em 1991 com o objetivo de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e da necessidade de proteger e cuidar dessa população. Os direitos dos idosos são garantidos na Constituição Federal, artigo 230, o qual define que família, sociedade e Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando a sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, promovendo seu bem-estar e garantindo o direito à vida. Outro instrumento para garantia desses direitos é o Estatuto do Idoso, que foi criado em 2003, e assegura, de forma permanente, direitos fundamentais, medidas de proteção, política de atendimento, acesso à Justiça e proteção judicial.
Envelhecimento saudável
Estimulados pelo fato de as pessoas estarem vivendo mais, e isso estar causando mudanças demográficas, bem como uma transição epidemiológica, OMS estabeleceu diferentes diretrizes para apoiar ações de construção de uma sociedade para todas as idades. Intitulada ‘Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030’, a iniciativa é a principal estratégia para alcançar esse objetivo, com base na Estratégia Global da OMS sobre Envelhecimento e Saúde, no Plano de Ação Internacional das Nações Unidas para o Envelhecimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda das Nações Unidas 2030. A Organização lançou ainda, em 2020, o primeiro portal que reúne em um só lugar dados sobre indicadores globais para monitoramento da saúde e do bem-estar de pessoas com 60 anos ou mais – disponível apenas em inglês.
Iniciativas do Campus Virtual Fiocruz
Com a chegada da Covid-19, há quase dois anos, a preocupação com essa parcela da população mais uma vez ficou em evidência por ter se mostrado uma doença de maior letalidade entre os idosos. Buscando abordar as especificidades do novo coronavírus e sua relação com as vulnerabilidades desse grupo de risco, o Campus Virtual Fiocruz lançou dois cursos voltados à cuidadores, familiares e profissionais que atuam com a saúde da pessoa idosa e a segurança do paciente: Cuidado de Saúde e Segurança nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) no contexto da Covid-19 e Pessoa idosa e a Covid-19: prevenção e cuidados em domicílio.
A formação – oferecida pelo CVF e desenvolvida em uma parceria entre o Centro Colaborador para a Qualidade do Cuidado e a Segurança do Paciente (Proqualis) e o Comitê de Saúde da Pessoa Idosa, ambos ligados Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) –, é composta de seis aulas, com um total de 12h de carga horária.
O curso é gratuito, online e autoinstrucional (sem tutoria). Entre os temas abordados nas aulas estão: medidas de prevenção e controle da disseminação de doenças; cuidados em áreas comuns; fragilidade e violência; vacinação para proteção da Covid-19 nas ILPIs; contatos sociais em tempos de isolamento; estratégias de comunicação para garantir o contato da pessoa idosa com a sua família ou comunidade; recomendações para a comunicação de notícias difíceis; entre outros.
Pessoa idosa e a Covid-19: prevenção e cuidados em domicílio
A formação – oferecida pelo Campus Virtual Fiocruz em parceria com o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) – tem como objetivo atualizar as pessoas envolvidas no cuidado de pessoas idosas em ambiente domiciliar e demais interessados nessa temática.
O curso, online e gratuito, tem carga horária de 20h e está organizada em sete aulas. A ideia é que, ao final do curso, os participantes sejam capazes de compreender e realizar as medidas sanitárias preconizadas para a prevenção e controle da infecção por Covid-19 no contato com pessoas idosas que necessitam de apoio ou auxílio para a realização de suas atividades cotidianas. Também é objetivo do curso que os alunos conheçam os serviços de saúde no território que prestam atendimento em casos de suspeita e/ou confirmação de infecção por Covid-19. Além do conteúdo programático, os alunos terão acesso à bibliografia utilizada no curso, a materiais complementares e a um conjunto de Perguntas e Respostas sobre o tema (FAQ).
Confira outras iniciativas do Campus Virtual Fiocruz lançadas no âmbito da pandemia de Covid-19
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Imagem: Freepik
A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente Fiocruz realizará duas mesas-redondas no âmbito da 18ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Ambas as atividades, online e abertas, são voltadas a alunos do ensino médios e professores interessados nesta temática. A primeira, marcada para 4/10, segunda-feira, às 13h, tem como objetivo familiarizar os estudantes de ensino médio com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. A segunda atividade está marcada para 5/10, às 15h30, e trará um pouco da sua experiência dos professores neste momento de crise pandêmica, abordando os desafios que enfrentaram e de muitos que ainda se impõe no retorno às aulas. A Fiocruz realizará diversas outras atividades durante a SNCT. Confira aqui a programação completa.
Em 2021, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia acontece mais uma vez de forma virtual devido à pandemia. O tema deste anos é “A transversalidade da ciência, tecnologia e inovações para o planeta” e os debates acontecem de 4 a 8 de outubro. A programação diária conta com atividades gravadas e ao vivo que vão desde debates com cientistas a apresentações culturais. Excepcionalmente, ao longo do mês de outubro, uma série de conteúdos gravados inéditos serão disponibilizados também pela plataforma SNCT da Fiocruz. Cerca de 170 atividades poderão ser conferidas nos canais do Youtube da Fiocruz (https://www.youtube.com/fundacaooswaldocruz), e do Canal Saúde da Fiocruz (https://www.canalsaude.fiocruz.br/). A programação completa do evento está disponível no site do evento (http://snct.fiocruz.br/). Inscreva-se para participar!
O objetivo da SNCT 2021 é mobilizar a sociedade, incluindo escolas e organizações civis que atuam em parceria com a Fiocruz e fortalecer o compromisso com a promoção em saúde, preservação do ambiente e defesa da ciência para o desenvolvimento do país. A Obsma participa dessa grande mobilização nacional desde outubro de 2004 e, mais do que nunca, segue com o seu compromisso de contribuir para a construção de uma educação de qualidade para todos, como prevê a Agenda 2030 das Nações Unidas, mas também crítica e libertadora como o educador Paulo Freire, Patrono da Educação no Brasil, nos ensinou.
Vamos tornar divertida a Agenda 2030?
No dia 4 de outubro, a regional Minas Sul da OBSMA realizará a oficina “Vamos tornar divertida a Agenda 2030?”. Voltada a alunos do ensino médio, a atividade vai contar com a participação de pesquisadores do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), que apresentarão ao público infanto-juvenil e adulto ideias para mudar a realidade do ensino de ciências na educação básica.
A Oficina acontecerá na plataforma Zoom, das 13h às 15h, e tem como objetivo familiarizar os estudantes de ensino médio com os objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Na oficina serão inicialmente discutidos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A proposta é estimular estudantes a elaborarem um jogo que tenha como foco a Agenda 2030 das Nações Unidas.
As vagas são limitadas. A inscrição é gratuita e obrigatória e pode ser realizada até 1 dia antes da programação no link: https://www.even3.com.br/snct2021fiocruz/.
Confira mais detalhes da atividade aqui.
Educar na pandemia: Plantando ideais, formando cidadãos”
A atividade “Educar na pandemia: plantando ideais, formando cidadãos” está marcada para 5/10, das 15h30 às 17h, e poderá ser acompanhada pelo Youtube da Fiocruz. Professores, que já foram premiados na Olimpíada, foram convidados para compor a mesa e falar um pouco da sua experiência, fazendo um breve balanço, neste momento de crise pandêmica, dos desafios que enfrentaram e de muitos que ainda se impõe no retorno à sala de aula.
Os professores convidados foram Keila Ferreira de Oliveira – Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Cora Coralina (Cacoal/RO) – Destaque Regional Norte, Marcello Miranda Ferreira Spolidoro – Colégio Pedro II (Rio de Janeiro/RJ) – Prêmio Especial Ano Oswaldo Cruz, Maria Ana Paula Freire da Silva – Escola Municipal Octávio Meira Lins (Recife/PE) – Destaque Regional Nordeste I e Rivânia da Silva Lyra – Instituto Federal do Maranhão (Coelho Neto/MA) – Prêmio Especial Menina Hoje, Cientista Amanhã.
Dando continuidade à série de curtas "Vozes indígenas do território à academia", o projeto "Vozes indígenas na produção do conhecimento" colocou no ar mais um conjunto de pequenos vídeos, que buscam valorizar e dar visibilidade à produção de conhecimento de pesquisadoras e pesquisadores indígenas, apresentado suas trajetórias de educação e projetos de pesquisa. Os curtas são produzidos em parceria com a VideoSaúde Distribuidora Fiocruz e Canoa Produções e estão disponíveis no canal da VideoSaúde no youtube.
+Acesse a playlist completa de Vozes indígenas do território à academia
O atual conjunto de publicações traz como novidade o fato de os participantes não serem vinculados ao projeto do Vozes Indígenas, mas, sim, à rede Encontro Nacional dos Estudantes Indígenas (Enei), um dos principais pontos de articulação dos indígenas nas universidades. Segundo a pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Ana Lúcia Pontes, que faz parte da coordenação da iniciativa, o Enei existe desde 2013 e o movimento de aproximação começou em 2018, com o objetivo de apoiar a rede, apresentar a Fiocruz e as possibilidades que a instituição oferece.
A perspectiva indígena na produção do conhecimento
“Nossa ideia era compartilhar, apresentar a eles, especialmente aos alunos que estão em graduações em áreas de saúde, a Fundação, nossos cursos, a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e a área da saúde coletiva como um todo no sentido de aproximarmo-nos”, detalhou ela.
Ana Lucia lembrou que os vídeos começaram a ser gravados em 2019, durante uma oficina promovida pelo Grupo de Pesquisa de Saúde, Epidemiologia e Antropologia dos Povos Indígenas, que coordena as iniciativas e projetos. “Conformamos uma rede de 20 pesquisadores indígenas de diferentes áreas que tinham interesse em diálogos com a saúde coletiva. Na ocasião do encontro, tivemos a ideia de gravar vídeos de depoimentos curtos falando sobre o que tem sido a trajetória deles e delas na universidade e na pesquisa, destacando também suas perspectivas de produção de conhecimento, que são bastante particulares e cada um destaca uma dimensão”.
Vídeos e coletânea de primeira autoria indígena
Primeiramente, foram feitos sete vídeos e, neste ano de 2021, por meio da chamada do Inova Fiocruz Saúde Indígena – promovido pelas vice-presidências de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (Vpaaps), de Produção e Inovação em Saúde (Vppis) e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) –, houve a renovação do financiamento e a produção de mais uma série de vídeos. “Já publicamos oito e, até dezembro, pretendemos colocar mais sete no ar. Isso faz parte de um projeto amplo, no qual também estamos organizando uma coletânea de autorias indígenas. Em 2020, fizemos uma chamada para publicações de primeira autoria indígena. Estamos terminando essa coletânea de 20 textos, que, a princípio, será lançada em fevereiro do próximo 2022”.
A efetividade das ações afirmativas
Ana destacou que esse conjunto de iniciativas que vem sendo desenvolvidas por pesquisadores da área da saúde indígena da Fiocruz é no sentido de aproximação com os pares indígenas. Ela aponta ainda que as políticas de ações afirmativas estão dando resultado, pois o contingente está cada vez mais expressivo.
“O número de indígenas nas universidades, se não me engano, está em torno de 70 mil. E eles estão entrando na pós-graduação por conta das ações afirmativas também. Aliás, esse debate foi reaquecido na Fiocruz com a recente publicação da regulamentação das ações afirmativas para cursos Stricto Sensu, especializações e residências em saúde. Esse canal é sobre isso e está totalmente alinhado à tese 11 da Fiocruz – a qual aponta que a instituição “se posiciona na luta por uma sociedade mais justa e equânime, comprometida com a diversidade do povo brasileiro e suas demandas, seja nas políticas voltadas para seus trabalhadores, independente de seus vínculos, nas ações para usuários em suas escolas, institutos e serviços de saúde, ou ainda nos estudos e pesquisas desenvolvidos, buscando reconhecer e enfrentar todas as formas de discriminação, exclusão e violência – e ao Comitê de Pro-Equidade de Raça e Gênero”, explicou ela.
Ana Lúcia anunciou ainda a realização de um seminário, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplica e Saúde Coletiva (PPGBIOS), ao qual ela é ligada, que discutirá, nos dias 25 e 26 de outubro, a questão das ações afirmativas, envolvendo as suas dimensões amplas acerca da diversidade, acessibilidade e equidade na pós-graduação, e será aberto para o público da Fiocruz.
A Fiocruz Brasília, por meio do Programa de Promoção da Saúde, Ambiente e Trabalho (PSAT), vai realizar, de outubro a dezembro, a Formação de Agentes Populares de Saúde no enfrentamento à Covid-19. Lideranças comunitárias, conselheiros de saúde, educadores populares, estudantes, residentes e trabalhadores de saúde que atuam na Atenção Básica e na rede de Assistência Social fazem parte do público estratégico do curso, que integra o processo de mobilização, articulação e formação para implementação da Vigilância Popular em Saúde no enfrentamento à doença. As inscrições devem ser feitas pelo Campus Virtual Fiocruz até 11 de outubro!
O curso terá períodos presenciais, sendo três oficinas nos territórios de origem dos alunos e atividades de vigilância popular nas comunidades, além de mais 30h a distância, por meio da Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Básica (Picaps), incluindo encontros pedagógicos com os tutores e rodas de conversa sobre temas importantes para a prática do agente popular de saúde.
+Saiba mais: Novo material didático contribui para o fortalecimento da vigilância popular em saúde no DF
A vulnerabilidade social em determinadas populações é um fato e, sabidamente, um fator de risco a novas doenças. Com a Covid-19, a vulnerabilidade histórica das populações foi mais uma vez exacerbada. O novo coronavírus chegou de forma violenta nas aldeias se alastrando entre os povos indígenas e tradicionais. Entre toda a população, dados apontaram que grávidas e puérperas correm maior risco de desenvolver a forma grave da doença. Consequentemente, mulheres indígenas são ainda mais vulneráveis. Nesse contexto, o Campus Virtual Fiocruz e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) lançam o curso Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais. A formação, online, gratuita e autoinstrucional, é voltada a profissionais e gestores de saúde, mas aberta a todos os interessados nessa temática.
O UNFPA vem enfatizando a importância de se garantir a saúde e os direitos humanos, incluindo os direitos sexuais e reprodutivos, mesmo no atual contexto de epidemia. A responsável pelo curso no Fundo de População das Nações Unidas, Anna Cunha, destacou que, como as evidências científicas têm indicado maior chance de desfecho materno e neonatal desfavorável na presença da Covid-19 moderada e grave, o curso busca aprimorar os protocolos específicos para esses grupos, com vistas à detecção precoce de infecção e redução da razão de mortalidade materna.
Ela ressaltou ainda que o público prioritário são profissionais e gestores de saúde que atuam na região da Amazônia Legal Brasileira, em especial voltados à saúde dos povos indígenas e tradicionais ribeirinhos e quilombolas. A formação de 15h é composta de 3 módulos e um total de 7 aulas.
A coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, Ana Furniel, ressaltou que o curso está alinhados aos princípios do CVF, no que se refere à disseminação de informações qualificadas e capacitação de profissionais de saúde no contexto da pandemia. "O foco do curso são populações que se encontram em maior vulnerabilidade social e que demandam uma atenção mais específica e especializada, como outras iniciativas que seguimos publicando durante este período de emergência sanitária: cursos voltados à população prisional, povos indígenas e tradicionais, cuidado de idosos em ambiente domiciliar e cuidado ao idoso em instituições de longa permanência. Lembro ainda que todos eles seguem disponíveis em nossa plataforma com inscrições abertas", comentou ela.
Módulo 1
Módulo 2
Módulo 3
Responsabilidade no cuidado à saúde e na melhoria dos indicadores de saúde das mulheres brasileiras
A coordenadora acadêmica do curso, Maria Mendes Gomes, que é pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) apontou que o curso preenche um espaço importante diante do impacto da pandemia de Covid-19 na saúde materna.
Segundo ela, é sabido que essa doença aumenta o risco de formas graves durante o ciclo gravídico puerperal. “Junto a isso, a pandemia causou impacto indireto na saúde das mulheres gestantes, devido à significativa desarticulação e reformulação, que foi necessária neste momento, no cuidado e atenção ao pré-natal, considerando ainda as diferentes questões ligadas aos desafios socioeconômicos. Outro fator que temos que pensar é que parte dessas gestantes, em algumas situações ou sinais de maior gravidade, precisarão também da atenção de urgência e emergência e atenção hospitalar. Por isso ele é voltado a profissionais de saúde, gestores, pessoas da área clínica da atenção e da organização da rede, tanto na saúde indígena como nas redes de atenção urbanas.
Ela contou ainda que a formação nasceu de uma junção de esforços da Fiocruz, de especialistas de diferentes regiões do país, que participaram da elaboração do Manual de Recomendações para a Assistência à Gestante e Puérpera frente à Pandemia de Covid-19, do Ministério da Saúde – que é a diretriz brasileira no cuidado à gestante durante a pandemia – e ainda de especialistas em saúde indígena e populações e comunidades tradicionais.
“Essa é uma união bastante importante considerando as especificidades e aspectos culturais e de base comunitária dessas populações. Nesse sentido, o curso associa-se a outras iniciativas do Campus Virtual Fiocruz, do Portal de Boas Práticas do IFF, e do Ministério da Saúde. Além disso, seu lançamento é bastante especial para a Fundação, suas unidades e a área da educação, pois estamos agregando mais uma contribuição de nossa responsabilidade nacional no cuidado à saúde e na melhoria dos indicadores de saúde das mulheres em nosso país”.
Diálogo, participação e questionamento estão nas bases da filosofia de Paulo Freire para a educação, transformação, conscientização e emancipação do indivíduo. Essas foram também as bases da Primavera Paulo Freire, encontro realizado pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz para celebrar seu centenário. Durante três dias, o evento promoveu apresentações e reuniu figuras históricas em trocas e debates regados à arte e cultura. Confira as apresentações, que foram transmitidas pelo canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz no Youtube.
Música e esperança abrindo a Primavera
A Orquestra de Câmara do Palácio Itaboraí – um projeto do Fórum Itaboraí - Política, Ciência e Cultura na Saúde (Fiocruz Petrópolis) https://forumitaborai.fiocruz.br/ocpit – deu início ao encontro Primavera Paulo Freire, que celebrou o centenário do patrono da educação brasileira, com a interpretação de “Mourão”, de César Guerra – Peixe (1814 – 1993).
“Vê, estão voltando as flores... Vê, há esperança ainda. Vê, as nuvens vão passando. Vê, um novo céu se abrindo. Vê, o sol iluminando. Por onde nós vamos indo...”. Também com música, a coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, trouxe “Estão voltando as flores”, de Paulo Soledade, para as saudações iniciais do encontro. Ela contou que o Ipê, considerado a árvore-símbolo brasileira, floresce tradicionalmente no período de seca, quando “está mais estressado e recebendo menos água”. Fazendo, assim, uma analogia da biologia com a potência e força que temos de recomeçar. “A chegada dessa estação é, para mim, também um marco de regeneração e reflorescimento. Por isso quis dividir com vocês essa canção que me acompanha desde a infância, na linda interpretação de Renato Braz com a orquestra Brasil Jazz Sinfônica.
“Estamos vivendo tempos difíceis e precisando muito dessa primavera e, mais do que nunca, precisamos de Paulo Freire”, assegurou a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado. Ela falou sobre a grande influência da educação popular de Freire no Brasil e no mundo, mas destacou a necessidade de seus ensinamentos na pós-graduação. “Todo mundo tem algo a aprender e todo mundo tem algo a ensinar. Essa lógica que parece tão óbvia e, ao mesmo tempo, é tão revolucionária, é a compreensão que falta nas instituições de pesquisa e cursos de pós-graduação. Vemos a reprodução de relações de desigualdades em todos os níveis de injustiças, inclusive nos espaços acadêmicos e de formação".
Cristiani enfatizou ainda a recente aprovação da regulamentação atualizada das ações afirmativas na Fiocruz, apontando a urgência em transformar a pós-graduação de forma substantiva, dando acesso às pessoas, e tornando-a mais diversa para levar a fundo a ideia de radicalização do direito à educação, à cultura, assim como o exercício pleno do direito à cidadania, sobretudo, para transformar esses espaços que ainda são muito conservadores. “Precisamos trabalhar as ideias de Freire nos espaços acadêmicos da Fiocruz, tendo a educação como um ato de amor, um ato de coragem. Precisamos de Paulo Freire!”, conclamou a vice-presidente.
Anita Freire, que, em vídeo, participou do encontro, falou sobre a honra e emoção de ter a Fiocruz homenageando o centenário de Paulo Freire. “Vamos esperançar nessa primavera de ideias, de coisas boas e recados imprescindíveis que Paulo nos deixou. Viva Paulo Freire! Viva a Fiocruz!”.
Caminhadas educativas e libertadoras
O painel “Obra, pensamento e vida de Paulo Freire” reuniu Marcos Arruda, do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs) e Carlos Rodrigues Brandão, do Instituto Paulo Freire. A pesquisadora da Ensp/Fiocruz e uma das organizadoras do evento Katia Reis foi a mediadora da mesa e fez uma convocação-convite a todos os participantes para que permitam que floresça em nossos corações o pensamento de Paulo Freire menino.
Marcos Arruda, que é geólogo, poeta e economista, tornou-se educador popular, especialmente a partir dos quatro anos em que conviveu com Paulo Freire no Instituto de Ação Cultural (Idac), em Genebra. Arruda destacou sua intensa formação com o caminhar e a prática de Freire e ressaltou que o período parece muito maior, pois tudo que aprendeu nessa convivência vem sendo reproduzido em sua vida pessoal e profissional. “Eu tive a honra de ter participado de uma pequena parte de sua vida. No entanto, minha contribuição é modesta e faz parte de um recorte que integra um grande mosaico, que é o movimento de educação para a libertação, que é a vida e a contribuição do Paulo. Não dele sozinho, mas combinado com todos aqueles e aquelas que compartilharam com Freire e com as práticas de uma educação libertadora, além de contribuírem com ele para teorizá-las”.
Arruda contou sobre a sua trajetória, projetos, lugares por onde passou e aprendeu, e também sobre as experiências de educação popular marcadas pelo pensamento e prática de Freire, como assessorias que prestou a movimentos sociais e populares, pastorais de igrejas e inúmeras associações, instituições e governos com o compromisso democrático. Dentre elas, destacou a vivência junto a oposição sindical metalúrgica de Ipatinga, Minas Gerais, na qual buscava colaborar com o empoderamento de jovens sindicalistas. “Era uma grande troca de saberes na qual eles aprendiam comigo e eu com eles e elas. O interessante é você educar no diálogo, na pergunta, na busca de o educando descobrir a sua caminhada e assumir a responsabilidade sobre ela”.
Ele encerrou sua apresentação questionando sobre a facilidade com que todos estão usando a palavra “esperançar”. “Quando falamos isso temos que perguntar imediatamente: esperança em quê? É fundamental termos a resposta. Paulo nos trouxe uma que é revolucionária. Ele defendia o esperar no sentido de acreditar que nós, cada uma e cada um, somos capazes de sair da posição de objeto para nos tornar sujeitos do nosso próprio ver, viver e agir nessa existência. Essa visão implica em darmos um grande salto da condição de oprimido – não para opressor, o que pode acontecer e é um grande risco – para a condição de emancipado. Uma observação imediata sobre isso é que não há emancipação no campo da consciência e do bom senso que não a da teoria com a prática para a ação transformadora, crítica e criativa. É isso que está embutido na metodologia do Paulo”, descreveu Arruda.
A pedagogia do oprimido e a revolução do sujeito
O professor Carlos Rodrigues Brandão também trouxe uma poesia para iniciar a sua apresentação, segundo ele, estimulado pela emocionante abertura do encontro. “A beleza da copa do Ipê” escrito e publicado por ele no livro “Um ipê amarelo e uma paineira branca”, uma compilação de prosas “já tão poéticas” dos textos de Rubem Alves. Brandão mostrou também a biografia de Paulo Freire que escreveu especialmente para as crianças “Sem Terrinha”, meninos e meninas das escolas de lona dos assentamentos do MST: “História do menino que lia o mundo”, que ganhou até uma edição na Colômbia. Ele falou sobre outras obras que publicou ao longo da vida, mas destacou que agora todas estão disponíveis “na nuvem” para quem quiser ter acesso no site: https://apartilhadavida.com.br/.
Carlos Brandão contou histórias e rememorou fatos, como a organização do Movimento da Educação de Base (MEB), do qual ele fazia parte, e deu destaque a criatividade de seus participantes para driblar a repressão e avançar com a alfabetização pelo Brasil subdesenvolvido, incluindo a publicação de livros e cartilhas, como “Viver é lutar”. Acesse aqui outras obras publicadas no âmbito do MEB. Brandão ressaltou o impacto e abrangência das obras de Freire e a educação popular, como “A pedagogia do oprimido”, que está absolutamente vivo, sendo relido e republicado. “Além de ser o livro mais lido no mundo inteiro na área da educação, é o terceiro livro mais lido no mundo na área das humanas em geral. Não sei se há no mundo registro igual”. Brandão leu ainda a carta que Freire escreveu quando mandou os manuscritos de “Pedagogia do oprimido” ao Brasil, que o próprio avaliava como “um livro que pode até não prestar”.
Brandão terminou sua fala descrevendo que existem pedagogias que educam para você ser quem é. Outras que trabalham para que você passe da essência de quem é para a existência de quem pode ser. Mas, de acordo com ele, existe ainda uma pedagogia do oprimido, que defende que não basta que você se transforme individualmente em alguém melhor, mais esclarecido e instruído. “O lugar de aferição, de seu crescimento interior, da sua tomada de consciência, não é você mesmo. É você em seus outros, ao lado, ao redor, junto com eles enquanto sujeitos comprometidos com a transformação do mundo em que vivem. Essa é a revolução”.
“A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender...”
A mesa de abertura contou ainda com duas apresentações de trabalhos culturais, que foram submetidos e aprovados pela comissão avaliadora do evento. A previsão é que, futuramente, todos os trabalhos enviados e aprovados para o evento sejam publicados em um e-book.
A mestre em design da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), Ana Claudia Sodré, trouxe para a “Primavera” o cordel "Zefa Quebra Coco e sua filha Moça – a dança que fortalece", iniciativa que se desenvolveu a partir da necessidade de comunicação mais eficaz com as trabalhadoras quebradeiras de coco babaçu do estado do Maranhão, buscando transmitir informações essenciais para a promoção da saúde e para a prevenção dos agravos causados pelo trabalho caracteristicamente árduo e repetitivo realizado por essa classe de trabalhadoras.
A leitura de “Carta a Paulo Freire”, foi realizada por Nilcéia Figueiredo e André Luis Oliveira Mendonça e terminou com a canção de esperança por tempos melhores “Sol de primavera”, de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, que diz "Quero ver crescer nossa voz no que falta sonhar... Já choramos muito. Muitos se perderam no caminho. Mesmo assim, não custa inventar uma nova canção que venha nos trazer sol de primavera. Abre as janelas do meu peito. A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender”.
Assista a programação completa da Primavera Paulo Freire:
Quarta-feira - 22 de setembro - tarde:
Peça teatral "Paulo Freire, o Andarilho da Utopia" e Roda de conversa
Vídeo na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=HNgA93Nbjwg
Quinta-feira - 23 de setembro - manhã:
Coral do Instituto Aggeu Magalhães (IAM/Fiocruz Pernambuco); Poesia; Ciranda de apresentação de trabalhos e debate
Vídeo na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=3iBQU7d1MK4
Quinta-feira - 23 de setembro - tarde
Trio Musical; Leitura: Pedagogia do Oprimido: Sonhando uma nova forma – de livro à narrativa poética performática; Ciranda de apresentação de trabalhos e debate
Vídeo na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=gkmElpaSd9I
Sexta-feira - 24 de setembro
Coral Fiocruz; Leitura de Carta a Paulo Freire “Cartografia”; apresentação de mesas; Rodas de conversa temática com debate (Educação Popular em Saúde e as ideias de Victor Valla – Marize Bastos; Ensino em saúde na perspectiva freiriana – Helena Davi; Formação, trabalho e movimento sindical – a experiência do fórum intersindical - Luiz Carlos Fadel); e Sarau COC/Museu da Vida.
Vídeo na íntegra: https://www.youtube.com/watch?v=T5Q7lJTUBPA
Por mais um ano consecutivo, estudantes da Fundação Oswaldo Cruz são contempladas no Prêmio Capes de Tese. A 16° edição selecionou 49 trabalhos e indicou outros 92 a menções honrosas, 3 deles são da Fiocruz. Os trabalhos agraciados foram desenvolvidos nas áreas de avaliação: medicina e saúde coletiva; e abordaram a temática da saúde da criança e da mulher, da saúde e saneamento, e das doenças infecciosas. Confira mais detalhes sobre as teses das alunas Fernanda de Oliveira Demitto Tamogami, Roberta Falcão Tanabe e Anelise Andrade de Souza.
O Prêmio reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com critérios de originalidade, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação, assim como o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.
Análise da interação entre saneamento e um programa brasileiro de transferência condicionada de renda na mortalidade e morbidade por diarreia e desnutrição em crianças menores de cinco anos de idade - Anelise Andrade de Souza
O trabalho de Anelise Andrade de Souza foi desenvolvido no Pós-graduação em Saúde Coletiva, organizado pelo grupo de pesquisa Políticas Públicas e Direitos Humanos em Saúde e Saneamento (PPDH), ligado ao Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), sob a orientação de Léo Heller e coorientado por Rômulo Paes de Sousa e Sueli Mingoti.
O objetivo do estudo foi avaliar concomitantemente o acesso da população a condições adequadas de saneamento e ao Programa Bolsa Família, e o efeito dessa interação na morbidade e mortalidade por desnutrição e diarreia em menores de cinco anos de idade.
Segundo a pesquisa, em um país desigual como o Brasil, ainda prevalecem deficiências nos serviços de saneamento, saúde e educação, além de grande parte das famílias brasileiras não terem acesso a uma renda mínima, principalmente aquelas residentes em áreas periurbanas e rurais. Com isso, a vulnerabilidade econômica e social de grande parte da população torna-as mais propensas a manter ciclos de doença e pobreza. Assim, políticas públicas, como intervenções em saneamento e em programas de transferência condicionada de renda potencialmente alteram de forma positiva os principais determinantes sociais da saúde.
O estudo ecológico misto, com municípios como unidade de análise, utilizou dados em painel resultantes da compilação de bases referentes aos anos de 2006 a 2016. Dos 5.560 municípios brasileiros no ano de 2006, foram selecionados para participar, compondo os agregados de análise de dados, todos aqueles que apresentavam, ao mesmo tempo, adequabilidade dos dados de estatística vital; dados anuais de internação e óbito por desnutrição e diarreia para menores de cinco anos de idade; dados de cobertura da população alvo e total municipal pelo Programa Bolsa Família; e dados de cobertura por serviços de saneamento para os anos de 2000 e 2010.
Os resultados indicaram modificação do efeito, com diminuição das taxas de morbidade e mortalidade, quando presentes simultaneamente o acesso da população municipal a serviços de saneamento adequados e alta cobertura da população pelo Programa Bolsa Família. Dessa forma, a pesquisa de Anelise defende que maiores investimentos em saneamento em prol da universalização dos serviços, principalmente onde existem coberturas maiores da população total e alvo pelo Programa Bolsa Família, pode potencializar seus impactos, devendo essas medidas serem prioridades, com vistas a prevenir adoecimento e mortes em menores de cinco anos pelas doenças relacionadas à pobreza indicadas.
Corpos híbridos - a tecnologia incorporada na vida: explorando as relações de cuidado de crianças com condições crônicas complexas em Terapia Intensiva - Roberta Falcão Tanabe
O trabalho de Roberta Falcão Tanabe foi desenvolvido no doutorado acadêmico em Saúde da Criança e da Mulher, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), sob a orientação de Martha Cristina Nunes Moreira. O objetivo da pesquisa foi compreender o cuidado de crianças que ficam longamente internadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), explorando as relações das pessoas com as máquinas [presentes na UTI], que se compõem tanto pelos equipamentos médicos que sustentam as vidas como aqueles que apoiam as relações entre as pessoas, como smartphones e tablets. De acordo com a autora, uma das contribuições dadas pelo trabalho é a elaboração de um percurso inovador na forma de conceber e realizar a pesquisa no campo da Saúde Coletiva.
Roberta contou que usou textos literários de sua autoria, inspirados na experiência pessoal de cuidado de crianças na UTI, para a construção de um diálogo que conectasse a racionalidade à sensibilidade. As crônicas apresentam o universo da doença e da UTI a partir de diferentes perspectivas: o olhar da criança, do profissional de saúde e dos familiares. “Os textos literários foram costurados em uma associação temática com a teoria da tese em um exercício de tentar aproximar os leitores da experiência humana ligada a uma realidade dura apresentada a partir de uma proposta lírica. Como o estudo teve como matéria-prima a narrativa do cuidado situada a partir de diferentes perspectivas e lugares na cena clínica, seus resultados alcançam potência reflexiva ao permitirem vocalizar a produção de sentidos de crianças, familiares e profissionais em suas relações com as máquinas e com os demais humanos na UTI”.
A pesquisadora apontou que outra contribuição da tese foi considerar a análise dos distintos tipos de máquinas presentes na UTI na construção da complexidade do cuidado no contexto contemporâneo. Há, além da sofisticação dos equipamentos médicos, a conectividade proporcionada por smartphones que eliminam fronteiras físicas, ligando pessoas e ambientes dentro e fora do hospital”, disse ela.
Sobre ser contemplada no Prêmio Capes, a aluna salientou que o reconhecimento por um trabalho é sempre uma grande alegria, sobretudo quando ele foi resultado de um aprendizado muito desafiador. No entanto, segundo Roberta, “nenhuma conquista pode ser justamente celebrada sem que a generosidade dos múltiplos apoios recebidos ao longo do caminho possa ser apontada. Portanto, quero destacar a parceria competente e sensível da minha orientadora, que acreditou numa proposta autoral ousada incorporando meus textos literários como instrumento criativo na produção do conhecimento científico. Além disso, gostaria de sublinhar o papel fundamental de Martha, ao lado de todos os professores da pós, no despertamento do interesse e do encanto pela abordagem qualitativa, até então uma absoluta novidade para minha trajetória como pesquisadora”, disse ela agradecida.
Roberta contou ainda que, paralelamente à tese, foi construído o livro “Mosaico: vidas em reinvenção”, publicado em 2019 pela Editora Texto Território. Para ela, nessa versão literária do universo em estudo, “a dimensão humana do cuidado de crianças que têm suas vidas atravessadas por condições crônicas e graves de saúde é apresentada numa perspectiva ficcional, vocalizando de forma caleidoscópica os diferentes olhares desta experiência complexa. Sua divisão interna, contemplando a perspectiva da criança, dos familiares e dos profissionais de saúde, pareceu ser um caminho interessante para apresentar os resultados da tese. Nesse sentido, houve um entrelaçamento coerente e natural entre as duas produções textuais na composição de um corpo híbrido. Essa referência retorna ao título da tese para recuperar o colapso das fronteiras entre humanos e não humanos, e também dos limites da produção de conhecimento científico pelo imbricamento da narrativa acadêmica e literária”.
Efetividade dos tratamentos antituberculose e antirretrovirais em combinação - Fernanda de Oliveira Demitto Tamogami
O trabalho de Fernanda de Oliveira Demitto Tamogami, foi desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas, ligado ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), e orientado por Valeria Cavalcanti Rolla, chefe do Laboratório de Pesquisa Clínica em Micobacterioses (LAPCLINTB/INI), e Bruno de Bezerril Andrade, pesquisador do Instituto Gonçalo Moniz (IGM/Fiocruz Bahia).
O estudo teve como objetivo analisar a efetividade dos regimes terapêuticos utilizados, examinar as relações entre anemia e desfechos desfavoráveis (morte e falha de tratamento), além de avaliar a sobrevida em pacientes com coinfecção tuberculose-HIV durante terapia antituberculose.
A pesquisa avaliou os fatores de risco para desfechos desfavoráveis no tratamento de tuberculose em pacientes que já estavam em terapia antirretroviral (Tarv) e outros pacientes que ainda não tinham recebido Tarv. “Usamos uma abordagem inovadora. Bruno Andrade é um estudioso dos processos inflamatórios e calculou uma forma de relacionar os resultados de exames de baixa complexidade e que são feitos na rotina do acompanhamento dos pacientes, como hemograma e bioquímica, com a inflamação provocada pela tuberculose. Tudo indica que existe e já temos alguns artigos sobre o tema”, explicou Valeria sobre o trabalho.
A pesquisa concluiu que os fatores de risco para mortalidade e falha do antirretroviral (ARV) foram diferentes entre virgens de ARV (VT) e previamente expostos a ARV (PE), sendo o último grupo alvo para ensaios com drogas compatíveis com rifampicina para melhorar os desfechos de tratamentos desfavoráveis. E também apontou que a anemia persistente em pessoas que vivem com HIV/Aids (PVHA) durante o curso de terapia anti-tuberculose (ATT) está intimamente relacionada com perturbação inflamatória (DIP) crônica.
*com informações da Capes e do INI/Fiocruz
O Sextas de Poesia desta semana brinda a chegada da primavera com "Bela Flor", de Maria Gadú, celebrando o florescer e a esperança do renascimento em cores de vida, força da natureza e tecendo manhãs.