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Publicado em 08/05/2024

Delegação da Fiocruz visita o Brazil LAB para debater soluções eficazes para a saúde pública

Autor(a): 
Brazil LAB Princeton University

A delegação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principal instituição de pesquisa em saúde pública do Brasil, visitou o Brazil LAB. A equipe foi composta pelos cientistas e cientistas sociais Maria Cristina Guillam, Claudia Ida Brodskyn, Gilberto Hochman, Luzia Carvalho, Vinicius Cotta de Almeida e Daniel Villela. Eles se reuniram com João Biehl, Diretor do Brazil LAB; Thomas Fujiwara, Diretor Associado; Miqueias Mugge, pesquisador associado; Rodrigo Simon, pesquisador associado de pós-doutorado; e Vinicius Cardoso Reis, graduando em Antropologia.

A visita foi organizada no âmbito do Programa Capes-PrInt da Fiocruz, que é uma colaboração com o Ministério da Educação do Brasil que visa fortalecer as conexões internacionais dos programas de pós-graduação da instituição.

Durante a reunião, os participantes exploraram caminhos potenciais para novas iniciativas conjuntas de educação e investigação em temas estratégicos relacionados com a saúde. Estas incluíram doenças infecciosas, desigualdades na saúde pública, ameaças globais à saúde, doenças crônico-degenerativas, envelhecimento, saúde indígena, catástrofes e reparações ambientais e inovação nos cuidados de saúde.

As discussões destacaram a importância da colaboração internacional na abordagem destes desafios globais e sublinharam o potencial para avanços impactantes através da partilha de conhecimentos e recursos. A visita sublinhou o compromisso de ambas as instituições em promover uma compreensão mais profunda e soluções eficazes nestas áreas críticas da saúde pública.

+Confira aqui a matéria original em inglês.

Brazil LAB: iniciativa reúne professores e estudantes de Princeton para pensar sobre o Brasil

O Brazil LAB é uma iniciativa original, reunindo professores e estudantes de Princeton que trabalham no e sobre o Brasil e em assuntos nos quais é útil pensar no Brasil. Liderado pelo Princeton Institute for International and Regional Studies (Piirs) e em sinergia com diversos departamentos, programas e iniciativas, o LAB (Estudos Luso-Afro-Brasileiros) é um centro multidisciplinar de pesquisa e ensino para explorar a história, a política e a cultura do país, juntamente com o seu significado regional e conexões internacionais.

No LAB, consideramos o Brasil como um nexo dinâmico para o envolvimento em questões urgentes - desde o ponto de inflexão na Amazônia até as inseguranças democráticas, as iniquidades socioeconômicas e de saúde e as formas emergentes de mobilização política e expressão cultural - que afetam as pessoas no Brasil e no mundo, e que são salientes tanto para os estudos estabelecidos quanto para o trabalho crítico nascente.

Com um Seminário Global emblemático e inúmeras atividades intelectuais, o LAB traz estudantes e professores para o estudo abrangente do Brasil, ao mesmo tempo que promove novas colaborações de pesquisa em economias e culturas políticas. Responder às problemáticas emergentes exige o desenvolvimento das nossas capacidades coletivas para formular novas questões, para promover a aprendizagem internacional e experiencial, para sustentar uma reflexão aprofundada e para vislumbrar alternativas de forma colaborativa. Procuramos formar uma nova geração cosmopolita de brasilianistas capazes de produzir estudos pioneiros e socialmente significativos.

+Conheça mais sobre o Brazil LAB.

Publicado em 09/05/2024

Canal Saúde estreia novo podcast em formato jornalístico

Autor(a): 
Canal Saúde

O Canal Saúde lança seu novo podcast, o Giro Saúde. O programa será publicado toda sexta-feira, com as notícias da área da saúde que mais repercutiram na semana. A produção é uma parceria com o Ministério da Saúde (MS) e a Agência Fiocruz de Notícias (AFN).

O Giro Saúde tem duração de 15 minutos e as notícias são acompanhadas até o fim da semana para a publicação estar atualizada. O podcast vai estar disponível nas principais plataformas de áudio e no site do Canal Saúde, além de ser divulgado, toda sexta-feira também, no Boletim AFN.

O primeiro episódio acompanhou as notícias de 29 de abril a 3 de maio. Entre elas, estão a ampliação do público-alvo da vacina da gripe; o atual cenário da dengue no Brasil; e o fim do prazo para a adoção do novo padrão de rótulos de alimentos. Trouxe também os destaques dos parceiros, Ministério da Saúde e AFN, como a chegada de uma leva de vacinas atualizadas contra a Covid-19; a expansão do projeto Wolbachia; e as atualizações do Boletim InfoGripe Fiocruz.

Ouça aqui o primeiro episódio:

 

Publicado em 07/05/2024

Portfólio de Produção Técnica e Tecnológica do Profsaúde está disponível em acesso aberto

Autor(a): 
Fabiano Gama

Disponível em acesso aberto pela Editora Rede Unida, o Portfólio de Produção Técnica e Tecnológica do Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde) apresenta uma coleção de 80 produtos técnicos desenvolvidos por egressos das três primeiras turmas do Programa.

+Acesse aqui o Portfólio de Produção Técnica e Tecnológica do Profsaúde!

Essa produção técnica e tecnológica visa responder às demandas cotidianas do trabalho na Atenção Primária, constituindo-se como uma das principais interfaces entre a produção do conhecimento – fruto das reflexões desenvolvidas durante o mestrado – e os serviços e comunidades em que os discentes estão inseridos profissionalmente.

A obra é organizada por:

Carla Pacheco Teixeira - Coordenadora Acadêmica Adjunta Nacional da Fiocruz;

Diana Gutierrez Diaz de Azevedo - Assessora da Coordenação Acadêmica Nacional do Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde);

Adriana Medeiros Braga - Assessora da Coordenação Nacional do Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde/Fiocruz/Abrasco);

Michael Ferreira Machado - Docente de Saúde Coletiva na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Saúde da Família e no Programa de Pós-Graduação em Ensino e Formação de Professores (PPGEFOP) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Programa forma profissionais de saúde para atuarem na Atenção Primária

O Mestrado Profissional em Saúde da Família (Profsaúde) é um programa de pós-graduação stricto sensu, organizado em uma rede nacional formada por 45 instituições públicas de ensino superior, lideradas pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) e pela Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). O programa tem por finalidade formar profissionais de saúde para exercerem atividades de docência, preceptoria, gestão, investigação e ensino no Sistema Único de Saúde (SUS), fortalecendo as atividades de produção de conhecimento e ensino na Atenção Primária, nas diversas regiões do país. Ao longo de seus sete anos de criação, foram ofertadas quatro turmas, que formaram mais de 500 mestres em Saúde da Família em todo o Brasil.

 

#ParaTodosVerem Banner colorido, em tons azuis e amarelos, na parte direita do banner a imagem ilustrativa da série conhecimento em movimento, portfólio de produção técnica e tecnológica do PROFSAÚDE, ao lado os dizeres: Portfólio de produção técnica e tecnológica do PROFSAÚDE, com os Organizadores: Carla Pacheco Teixeira, Diana Gutierrez Diaz de Azevedo, Adriana Medeiros Braga e Michael Ferreira Machado, o download pode ser feito gratuitamente no site da editora.

Publicado em 10/05/2024

Seminário internacional discute a história da varíola

Autor(a): 
COC/Fiocruz

"Ciência, saúde e epidemias. Um olhar histórico sobre a varíola" é o tema do seminário internacional que a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) promoverá nos dias 14 e 15 de maio. O evento ocorrerá em formato virtual, com transmissão pelo canal da COC no Youtube, e oferecerá certificado de participação para ouvintes. Os interessados em receber o certificado deverão realizar sua inscrição no Campus Virtual Fiocruz até 12 de maio. O email para contato e dúvidas é eventovariola@gmail.com.

Organizado pelo Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde (Depes) e pelo Programa de Pós-graduação em História das Ciências e da Saúde (PPGHCS) da COC, o encontro tem como objetivo discutir as manifestações da varíola desde as grandes epidemias da época moderna e contemporânea até o empreendimento da vacina, sua difusão e a recepção do novo método no continente europeu e americano.

Conhecida desde a antiguidade, a varíola chegou à América entre fins do século 15 e princípios do século 16 causando o maior desequilíbrio demográfico conhecido no continente até então. Após a conquista, a doença seguiu seu curso tendo sido extinta apenas na segunda metade do século 20.

Confira abaixo a programação:

  • 14/05 

9h – Abertura 

Kaori Kodama – Coordenadora do PPGHCS (COC/Fiocruz)
Gisele Sanglard – Chefe do Depes (COC/Fiocruz)
Magali Romero Sá – Vice-diretora de Pesquisa e Educação da COC/Fiocruz
Tânia Salgado Pimenta – Comissão Organizadora/PPGHCS e Depes (COC/Fiocruz) 

9h30 – Conferência de abertura 

Apresentadora: Gutiele Gonçalves dos Santos (PPGHCS-COC/Fiocruz)

Varíola e vacina: ciência como fenômeno social
Tania Maria Dias Fernandes (COC/Fiocruz) 

10h30 – Mesa 1: A marcha da peste. Impactos das epidemias de varíola em diferentes tempos e espaços 

Coordenação: Tânia Salgado Pimenta (COC/Fiocruz) 

À sombra do contágio: os impactos das “perniciozissimas bexigas” entre os povos indígenas da Amazônia portuguesa, século 18
Benedito Carlos Costa Barbosa (UFRR) 

O impacto da varíola nos territórios Guarani, séculos 16 e 17
Francisco Silva Noelli (Centro de Arqueologia – UNIARQ, Universidade de Lisboa. Bolsista FCT) 

Las epidemias de viruela y la vacuna en Yucatán, México (1804-1912)
Ricardo Wan Moguel (Red de Historia Demográfica, México) 

14h – Mesa 2: Varíola e práticas populares. Epidemias, Inoculação e vacinação  

Coordenação: Dra. Christiane Maria Cruz de Souza (IFBA) 

 Vacinação antivariólica em africanos escravizados. Os casos do Rio de Janeiro e Havana (1804-1808)
Jaqueline Hasan Brizola (COC/Fiocruz/Inova) 

“Marcas da escravidão, cicatrizes da varíola: a utilização dos métodos de inoculação e vacinação”
Gutiele Gonçalves dos Santos (PPGHCS-COC/Fiocruz) 

De la curación a la prevención. Inoculación y vacunación contra la viruela en Chile, 1786 – 1830
Paula Caffarena (Universidad Finis Terrae, Chile) 

  • 15/05 

09h30 – Mesa 3. O precioso remédio. A vacinação antivariólica e seu impacto no Ocidente 

Coordenação: Dr. Marcos Cueto (PPGHCS-COC/Fiocruz) 

Introducción de la vacuna contra la viruela en España según la correspondencia de Ignacio María Ruiz de Luzuriaga
José Luís Duro Torrijos (Instituto Interuniversitario López Piñero y Unidad Docencia MIR. Hospital Universitario del Vinalopó, Espanha) 

“Dádiva do céu para alívio da flagelada humanidade”: percepções populares e estratégias de disseminação da vacina no Brasil e em Portugal no início do século 19
Fillipe dos Santos Portugal (PPGHCS-COC/Fiocruz) 

La viruela: inoculación, variolización y vacunación en el Río de la Plata (siglo 19). Prácticas y protagonistas
María Silvia Di Liscia (Universidad Nacional de La Pampa, Argentina) 

14h – Conferência de Encerramento 

Apresentadora: Jaqueline Brizola (COC/Fiocruz/Inova) 

La Real Expedición Filantrópica de la Vacuna (1803-1810)

Susana María Ramírez Martín (Profesora Titular del Departamento de Historia de América y Medieval y Ciencias Historiográficas, Universidad Complutense de Madrid) 

Comissão Organizadora (COC/Fiocruz)

Tânia Pimenta, Gutiele Gonçalves do Santos, Jaqueline Brizola 

Publicado em 02/05/2024

Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde receberá Luiz Antônio Simas para aula inaugural

Autor(a): 
Informe Ensp

O Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) promoverá sua aula inaugural no dia 2 de maio. A atividade contará com a participação de Luiz Antônio Simas, professor, historiador, escritor, educador e compositor, com mais trinta anos de experiência em sala de aula. Simas é bacharel, licenciado e mestre em História Social pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A aula terá como tema 'As sociabilidades das ruas, dos morros e do ser carioca: O que a história e o cuidado e saúde nos constroem para um olhar multicultural' e contará com a participação de Adriana Coser, como moderadora, e Adriana Castro, como debatedora. O evento será transmitido, ao vivo, pelo canal da Ensp no Youtube. Participe!

A atividade é aberta aos interessados e não necessita de inscrição prévia.

Assista à transmissão ao vivo no canal da Ensp:

Publicado em 26/04/2024

Mestrado Profissional Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais recebe inscrições até 30/4

Autor(a): 
Ensp/Fiocruz

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) está com inscrições abertas para Mestrado Profissional ‘Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais’. O prazo para se candidatar a uma das 25 vagas é até 30 de abril. As atividades do curso serão presenciais no Rio de Janeiro, começarão em 5 de agosto de 2024 e terminarão em julho de 2026. As inscrições podem ser realizadas pelo Campus Virtual Fiocruz.

Inscreva-se já!

O curso é dirigido a profissionais graduados em qualquer área de formação que atuam na Educação do Campo, na Saúde e nas Ciências Agrárias, em áreas de Reforma Agrária, comunidades camponesas, floresta e águas. A chamada pública oferece instruções para o preenchimento da candidatura no processo seletivo. 

+ Acesse o edital aqui

Esta será a segunda turma do Mestrado Profissional Trabalho, Saúde, Ambiente e Movimentos Sociais, que conta com financiamento do Ministério da Saúde. O curso visa o fortalecimento da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas, do Ministério da Saúde, em parceria com a Secretaria de Gestão doTrabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), com a ativa participação dos movimentos sociais. Propondo-se contribuir para trazer como resultado a melhoria do nível de saúde dessas populações e de seus determinantes, por meio do acesso aos serviços de saúde, da redução de riscos à saúde decorrentes dos processos de trabalho e da melhoria dos indicadores de saúde e da qualidade de vida, reconhecendo suas especificidades de produção, gênero, raça e etnia, numa perspectiva interseccional.

+ Veja como foi a formatura da primeira turma, em 2016

Esta edição integra o Programa Profissional de Pós-Graduação em Saúde Pública da Ensp/Fiocruz, uma iniciativa acadêmica reconhecida pela Capes/MEC (Programa nota 5), sob regime de tempo parcial, de caráter modular temático correspondente às áreas de competências desenvolvidas no processo de formação. O curso será realizado através de atividades sob regime de Tempo-Escola e Tempo-Comunidade. Este será organizado em cinco módulos presenciais, sendo três com o período de aulas no decorrer de em média 30 dias, em cada. As disciplinas serão executadas de forma ocasional, comtemplando seis nos Tempos-Escola. As aulas serão realizadas nos horários das 9h às 17h (segunda a sexta feira) e 9h às 12h (sábado), contemplando assim 45 horas de aulas semanais. 

Publicado em 18/04/2024

Curso Gestão de Bibliotecas em Saúde recebe inscrições até 24/4

Autor(a): 
Fabiano Gama

A Bilioteca de Manguinhos, através do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz), recebe inscrições para o Curso Qualificação em Gestão de Bibliotecas em Saúde, oportunidade destinada a bibliotecários, estudantes de Biblioteconomia, auxiliares de biblioteca e profissionais da área de informação. As inscrições estão abertas até 24 de abril pelo Campus Virtual Fiocruz.

Inscreva-se já!

O curso tem o objetivo de qualificar e oferecer subsídios para o aperfeiçoamento da prática profissional. A abordagem teórica e prática sobre os principais temas que envolvem a atuação em bibliotecas tem a duração de cinco encontros, totalizando 30 horas, realizadas presencialmente na Av. Brasil, 4.365, Manguinhos, Rio de Janeiro.

As datas das aulas serão realizadas nos dias 7, 14, 21 e 28 de maio de 2024, das 9h às 16h.

O curso está dividido em cinco módulos:

1. Bases de dados;

2. Obras raras e especiais;

3. Processamento técnico;

4. Modernização de Bibliotecas;

5. Gestão de Bibliotecas.

+Confira aqui detalhes sobre os módulos!

Publicado em 19/04/2024

Política afirmativa amplia oportunidades de formação de indígenas em programa de pós-graduação da Fiocruz na área de vigilância em saúde

Autor(a): 
Bruna Cruz (Ascom Programa VigiFronteiras/Brasil - Fiocruz)

Desde 2021, a instituição reserva vagas para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas, permitindo o acesso à qualificação em alto nível e produção de conhecimento com representatividade

A enfermeira colombiana Yuri Consuelo Rodrígues Rodrígues nasceu em Mitú, cidade do estado de Vaupés, que faz fronteira com o Amazonas, no Brasil. É a segunda filha de uma mulher indígena analfabeta que se desdobrou atuando em casas de família para pagar os estudos dos filhos. Em 2005, ela concluiu o ensino médio. Foi bolsista na Universidade Nacional da Colômbia, em Bogotá, onde realizou sua graduação de 2006 a 2010. Recentemente, Yuri foi a primeira indígena a concluir o curso de mestrado do Programa Educacional em Vigilância em Saúde nas Fronteiras (VigiFronteiras-Brasil), oferecido pela Fiocruz, apresentando a dissertação “Vigilancia Comunitaria en Salud y Resistencia Decolonial en la Comunidad Indígena Yararaca de Vaupés-Colombia Frontera con Brasil”.

A produção científica de Yuri irá se somar, em breve, aos conhecimentos produzidos por Hamyla Elizabeth da Silva Trindade e Luiz Carlos Ferreira Penha, doutorandos do mesmo programa. Juntos, eles formam o trio de alunos indígenas selecionados por meio da política institucional de ações afirmativas e inclusivas da Fundação Oswaldo Cruz. Em 20 de setembro de 2021, em um movimento pioneiro na pós-graduação, a Fundação instituiu a Portaria 491, que orienta a reserva de 30% da totalidade de suas vagas nos processos seletivos lato e stricto sensu para candidatos que se declararem pessoas com deficiência (PcD), negros (pretos e pardos) e indígenas. Um passo importante rumo à equidade e fortalecimento da saúde dos povos originários brasileiros.

A política de reserva de vagas para indígenas tem como objetivo promover a inclusão e a representatividade na saúde pública brasileira, especialmente em áreas como a saúde coletiva, a vigilância em saúde e a saúde indígena. “Acho que é uma ação positiva e que é preciso ter esse percentual e representatividade acadêmica que nos permite continuar com as nossas lutas e reivindicações, ajudar-nos mutuamente no território e contribuir para a melhoria da saúde local e fronteiriça”, declarou Yuri.

A ação afirmativa tem o potencial de promover a inclusão, a representatividade e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, contribuindo para a redução das desigualdades e o fortalecimento da saúde indígena no país. “O impacto dessa política é significativo, pois permite que os indígenas tenham acesso a oportunidades de formação, o que contribui para a diversificação e a qualificação dos profissionais que trabalham com saúde indígena. A presença de profissionais indígenas nesses setores pode facilitar a comunicação e a compreensão das necessidades e demandas específicas das comunidades indígenas, promovendo uma abordagem mais adequada e culturalmente sensível”, explicou Andréa Sobral, coordenadora Acadêmica do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz.

É exatamente o que pensa a enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA) e doutoranda do VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Para ela, é fundamental poder contar com a política afirmativa, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências históricas de séculos de injustiça social. “É um meio que o próprio Estado tem de reparar as injustiças sofridas pelos Povos Indígenas, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ainda ocorrem diariamente. Enquanto aluna do doutorado, também quero apresentar essas iniquidades que vivemos e lutar a favor dos meus que ainda se encontram no território, para que eles possam ter a mesma oportunidade que eu tive de fazer uma graduação, um curso de mestrado e doutorado. A educação ofertada em uma comunidade indígena, se comparada à de uma escola numa capital, é diferente. Então é preciso que o acesso dessas pessoas à educação e qualificação em outros níveis também seja diferenciada”, declarou.

Segundo Luiz Penha, biólogo, doutorando do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e também egresso PPGVIDA da Fiocruz Amazônia, o incentivo à participação de indígenas nos programas de pós-graduação também contribui para a ampliação do conhecimento institucional relativo às complexidades e especificidades da saúde indígena. “Com a nossa participação e a política afirmativa, a instituição consegue ampliar a visão e buscar compreender temáticas sob o olhar do indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que há. Todos ganham. É importante que os programas tenham esse tipo de diversidade para contribuir para a construção de políticas públicas de atenção à saúde específicas", comentou.

Com a qualificação em nível de pós-graduação, os profissionais indígenas podem atuar como mediadores entre as comunidades e os serviços de saúde, facilitando o diálogo e a construção de políticas e práticas mais adequadas às necessidades locais. Essa participação pode contribuir para a redução das desigualdades de acesso e qualidade dos serviços de saúde enfrentados por essas populações, especialmente os não aldeados. A formação em alto nível também os capacita para serem formadores de novos profissionais, assim como para atuar na produção de conhecimentos científicos com representatividade.

Na vigilância em saúde, foco do Programa VigiFronteiras-Brasil, a presença de profissionais indígenas vai fortalecer a capacidade de monitoramento e controle de doenças e agravos específicos das populações indígenas, como malária, tuberculose, doenças respiratórias e outras enfermidades endêmicas. Essa participação pode contribuir, ainda, para uma melhor organização do sistema de atenção à saúde da população indígena brasileira, com implementação de estratégias de prevenção mais efetivas que levem em consideração as particularidades culturais, sociais e ambientais de cada nação indígena, além de fortalecer a autonomia e a autogestão das comunidades indígenas na gestão e promover a valorização dos conhecimentos tradicionais e a interculturalidade na atenção à saúde.

O Programa VigiFronteiras-Brasil é uma iniciativa da Fiocruz em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério das Saúde e com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

MESTRADO INÉDITO

Em agosto de 2023, a Fiocruz Amazônia, que participa do consórcio para oferta do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz com o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), lançou o primeiro curso de mestrado em Saúde Coletiva voltado exclusivamente para formação de profissionais, docentes e pesquisadores indígenas do Alto Solimões, como forma de diminuir a desigualdade nas regiões mais remotas do país. Foram 52 candidatos de diferentes etnias e municípios da região que se submeteram ao processo seletivo do curso, resultando no preenchimento das 15 vagas oferecidas para sanitaristas indígenas. As vagas foram preenchidas por tikunas, kambebas, kaikanas, marubos, kokamas e kanamaris, dos municipios de Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Amaturá e Santo Antônio do Içá. A iniciativa da Fiocruz Amazônia conta com apoio da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio de projeto aprovado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Confira, a seguir, entrevistas com Yuri Rodrígues, Hamyla Trindade e Luiz Penha. Eles compartilharam conosco um pouco de trajetórias profissionais e acadêmicas.

Fiocruz oferece opções de cursos livres a distância com foco na saúde indígena

Campus Virtual Fiocruz (CVF) é uma rede de conhecimento e aprendizagem voltada à educação em saúde. Além de reunir informações sobre os 50 programas de pós-graduação stricto sensu, cursos de especialização, programas de residência e educação de nível técnica oferecidos pela Fiocruz, o CVF também oferece cursos próprios – remotos e presenciais – e de várias unidades da instituição sobre temas diversos, incluindo a saúde indígena. Confira:

ENFRENTAMENTO DA COVID-19 NO CONTEXTO DOS POVOS INDÍGENAS - Acesse aqui e confira!

COVID-19 E A ATENÇÃO À GESTANTE EM COMUNIDADES INDÍGENAS E TRADICIONAIS - Acesse aqui e confira!

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL EM SAÚDE INDÍGENA - Acesse aqui e confira!

ENTREVISTA

Formato do VigiFronteiras-Brasil permitiu participação de indígena da Amazônia Colombiana

A enfermeira colombiana Yuri Rodrígues foi a primeira indígena do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz a concluir o curso. Nascida em Mitú, um dos municípios do estado de Vaupés na Amazônia Colombiana, que faz fronteira com o Brasil, tem 35 anos e é indígena do povo Cubeo. O seu trabalho do mestrado foi focado na comunidade indígena Yararaca, de Vaupés, na Colômbia. Entrevistamos a ex-aluna para saber um pouco da sua experiência com a qualificação e os desafios que precisou superar para concluí-la, como a falta de infraestrutura para assistir as aulas e a adaptação ao idioma.

- ¿Dónde vives actualmente y dónde trabaja o trabajó?

Yuri Rodrígues - Actualmente vivo en mi tierra natal, en Mitú. En mi amado terruño me he desempeñado en apoyar, o en algunos casos en la coordinación de diferentes programas de salud pública tanto de la secretaria de salud municipal como departamental, en programas como: vida saludable y condiciones no transmisibles, en el Programa Ampliado de Inmunizaciones, en el Plan de Intervenciones Colectivas y en Vigilancia Basada en Comunidad.

Mi función en los diferentes programas en los que me han contratado ha sido la de liderar localmente la implementación de las políticas, programas o estrategias definidas por el Ministerio de salud y protección Social de Colombia.

- ¿Cómo se enteró del proceso de selección del programa y por qué decidiste hacer tu maestría?

YR - Fue a través de un gran amigo (William Iván López Cárdenas), quien también realizó su maestría en la Fiocruz en Río de Janeiro, y fue quien me compartió el video de la convocatoria, recuerdo que fue en febrero de 2021. Mi pregrado es en enfermería y lo desarrolle con la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá.

Por el poder de convencimiento de mi amigo que me envío la convocatoria; por ser una maestría gratuita; por ser semipresencial y por la bondad que tiene estudiar, la de ampliar el pensamiento, el conocimiento y nuevas formas de reproducir el cuidado de la vida en lugares vulnerabilizados por el mismo estado.

-  ¿Puedes describir tu carrera académica? ¿A qué edad empezaste a estudiar y a qué edad empezaste la carrera?

YR - Iniciaré por contar que soy la segunda hija de una mujer indígena analfabeta, por las pocas oportunidades que tuvo, sin embargo mi madre realizó todos los esfuerzos que estuvieron a su alcance para que estudiáramos, inclusive salirse de su comunidad en el caño Cuduyarí para trabajar en casas de familia en el casco urbano y poder pagar nuestros estudios. Inicié mi vida académica a los 5 años de edad en la Escuela Inayá, que luego paso a ser colegio, y allí terminé el bachillerato a los 17 años de edad en el año 2005.

Por mi madrina pude presentarme a la convocatoria de admisión a la Universidad Nacional de Colombia Sede Bogotá, donde inicié mi pregrado en enfermería en el año 2006 hasta el 2010, por ser indígena estudie con beca para el sostenimiento, mi trabajo de grado fue en la modalidad pasantía, la cual desarrollé en la Universidad Nacional Autónoma de México, durante el primer semestre del año 2010. En el año 2021, supe de la convocatoria del Programa Vigifronteiras y tuve la oportunidad de presentarme y ser admitida, e iniciar clases en noviembre de ese mismo año.

- ¿Cómo te ayudará la participación en el curso en tu vida profesional? ¿Cuáles son tus expectativas?

YR - Los aportes y aprendizajes de la maestría en mi vida son incalculables. En lo que respecta a la vida profesional, creería que puedo aportar en el desarrollo de investigaciones de salud de tipo social y étnicos acá en el territorio, y continuar trabajando por la dignificación de la vida y de la salud del indígena de la selva amazónica y fronteriza con Brasil.

- ¿Qué importancia, en su opinión, tienen programas como VigiFronteiras-Brasil para la vigilancia sanitaria en las fronteras?

YR - VigiFronteiras es un programa muy importante para territorios fronterizos y vulnerabilizados como el Vaupés, al ser de las pocas o la única oportunidad que tienen los profesionales tanto locales como foráneos de formarse en posgraduación en salud de manera gratuita y con gran calidad humana, académica y científica. VigiFronteiras ha sido un programa muy generoso con sus países vecinos y muy estratégico al fortalecer la vigilancia fronteriza como una necesidad apremiante y actual reto que enfrentan los países.

- ¿Cuál es su opinión sobre los cursos que reservan plazas específicas para los pueblos indígenas? ¿Qué impacto tiene esto en la vida de los indígenas y, en este caso, en la Salud Pública (brasileña y colombiana)?

Pienso que es una acción afirmativa con los pueblos indígenas y que es necesario contar con este porcentaje y representatividad académica, sin embargo podría ser mayor, pues tenemos derecho a formarnos como cualquier otro ciudadano del mundo. El impacto es que nos permite seguir con nuestras luchas y reivindicaciones, ayudarnos en territorio y aportar en mejorar la salud local y de frontera.

- ¿Hay muchas personas de su etnia con la misma formación académica que usted?

En Vaupés pocos logramos formarnos como profesionales debido a que las Universidades se encuentran por fuera y en ciudades grandes, y eso implica altos costos económicos, que pocas familias con grandes esfuerzos lo logran, además la educación superior no es gratuita en su totalidad, entonces estudiar por fuera implica gastos de desplazamientos aéreos ( un solo trayecto puede estar costando alrededor de 500 reales), gastos de hospedaje y manutención, así como gastos de la universidad: pago del semestre acadêmico, fotocopias, compra de libros y elementos que solicita la misma carrera. En todo el departamento contamos con alrededor de 10 indígenas enfermeros.

- ¿Qué le diría a otros candidatos indígenas que deseen realizar un curso como el que ofrece el programa?

Que se presenten, que es una oportunidad única y muy buena, que están en la capacidad de desarrollar y concluir estudios de posgraduación con dedicación y disciplina, que soy un testimonio y que los voy apoyar en la medida de mis posibilidades en las etapas de postulación y en el desarrollo de la maestría, que la forma en que concibe y se vive la vida va a transformarse de manera positiva.

ENTREVISTA

Ações afirmativas: um caminho para a justiça social

A enfermeira Hamyla Trindade, mestre pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA), da Fiocruz Amazônia, nasceu e estudou até os 17 anos no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), na fronteira com a Venezuela e a Colômbia, considerado um dos município mais indígenas do Brasil. Doutoranda do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz e colaboradora da Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, ela conta como descobriu o processo seletivo para o doutorado e enfatiza que as ações afirmativas são fundamentais para reparar as injustiças sofridas pelos povos indígenas e oferecer oportunidades de acesso à educação de qualidade.

Como ficou sabendo do processo seletivo do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz?

Hamyla Trindade - Eu já estava tentando ingressar no doutorado. Por ser egressa do mestrado da Fiocruz Amazônia, recebemos comunicados sobre editais em aberto. Também tenho o hábito de olhar o site da Fiocruz em busca de informações. Assim eu vi o edital do programa e a oportunidade de me inscrever. O edital também trazia vagas por cota. Vi que haveria mais facilidade de acessar o doutorado pelas duas vagas que estavam sendo ofertadas para indígenas. Não pude perder a oportunidade.

O que achou de o processo seletivo ter um quantitativo de vagas para destinada a pessoas de origem indígena?

HT - É fundamental ter vagas afirmativas, uma vez que os indígenas ainda sofrem as consequências da histórica injustiça social. É um meio que o próprio Estado tem de reparar, seja pela dificuldade de uma boa educação, de acesso aos serviços públicos ou pela violação dos seus direitos que ocorre diariamente. Eu não posso dizer que um indígena tem a mesma capacidade de acesso a uma universidade do que uma pessoa que estudou a vida inteira em um colégio de boa qualidade.

O processo de ingresso em um curso superior ou numa pós-graduação não é diferente para o indígena e para o não indígena. Se eu vou disputar com alguém que teve um melhor ensino durante a vida, com certeza eu vou ficar para trás porque, com o ensino da população indígena, a depender de onde se vive e quais condições de acesso a políticas públicas de educação, não é possível ter o mesmo acesso à universidade como alguém que teve o acesso a um ensino melhor durante a sua vida inteira. Então eu preciso que o acesso dessas pessoas seja diferenciado. Considero que as cotas são fundamentais. Elas não diminuem a nossa vulnerabilidade e nem a justiça social será feita, mas ela dá a oportunidade para que a gente consiga ter um mínimo de acesso a esses outros meios e níveis de educação e qualificação.

- Você pode nos contar um pouco sobre a sua trajetória e relação com a sua comunidade?

HT - A minha trajetória profissional não foi por acaso. A minha mãe é técnica de enfermagem. Pelo fato dela trabalhar com a saúde – ela também é indígena assim como meu pai, ambos da etnia Baré, do Alto Rio Negro - fomos orientados a querer nos formar na área. Quando eu terminei o ensino médio aos 17 anos, em São Gabriel da Cachoeira, minha mãe viu uma oportunidade de a gente estudar mais para melhorarmos de vida. Fui para Manaus com 18 anos, para fazer cursinho, uma vez que eu não consegui passar no primeiro vestibular devido ao ensino, no município, ter muitas diferenças em relação à capital.

Eu fiz cursinho um ano e meio e, aos 19 anos, eu consegui passar com vaga de cota na Universidade do Estado do Amazonas. Eu comecei a minha graduação em Enfermagem. Foram cinco anos difíceis. Foi um processo difícil e disputado. Eu me formei em 2012 e voltei para São José da Cachoeira. Fiquei trabalhando no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) com povos indígenas até 2016, quando eu senti a necessidade e vi a oportunidade de continuar me qualificando profissionalmente para que a gente pudesse melhorar o serviço de saúde na minha região.

Em 2016, fui aprovada na seleção do PPGVida na Fiocruz Amazônia. Estudei o período teórico de um ano e retornei para São Gabriel da Cachoeira em 2018 e fiquei lá até o ano de 2021, quando passei na seleção do Programa VigiFronteiras-Brasil. Pelo fato de ser um doutorado híbrido, que precisava de acesso à internet e na minha região o sinal era precário, tive que sair de São Gabriel e vim para o DSEI-Manaus, ainda trabalhando com saúde dos povos indígenas. Atuei no setor de novembro de 2021 até janeiro de 2023, quando já no doutorado, fui convidada para atuar na Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde, em Brasília.

Hoje eu moro na capital Federal e atuo na secretaria levando a experiência que tive nesses 10 anos, tanto de formação quanto de atuação na saúde indígena para que a gente consiga realizar planejamentos que sejam exequíveis, que garantam a equidade, que de fato façam uma atenção diferenciada aos povos indígenas.

ENTREVISTA

Indígenas e academia: diversidade e inclusão em políticas públicas e produção científica

O biólogo e mestre em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia, Luiz Penha, é natural de São Gabriel da Cachoeira (AM), município amazonense que concentra o segundo maior número de indígenas do país, segundo o Censo de 2022. Desde 2021, ele é um dos três alunos indígenas do Programa VigiFronteiras-Brasil/Fiocruz. Em conversa conosco, ele compartilhou um pouco de sua história e da contribuição que pretende levar para o serviço de saúde onde atua.

- Pode nos contar um pouco sobre sua trajetória? Onde você nasceu e estudou?

Luiz Penha - Sou da etnia Tucano, natural de São Gabriel da Cachoeira, no interior do Amazonas, onde resido. Iniciei meus estudos no próprio município. Tive a oportunidade de me formar em biologia na Universidade de Brasília (UNB), onde fui aprovado por meio da política de cotas para indígenas. Ao concluir, voltei para trabalhar no município, com saúde indígena. Em 2015, participei do processo seletivo do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDa) da Fiocruz Amazônia, também pela política de cotas. Desde então, temos seguido há mais de 10 anos trabalhando com a saúde indígena, com epidemiologia de malária e da dengue.

- Como ficou sabendo da seleção para o programa e o que você acha dele ter ofertado vagas específicas para pessoas de origem indígena?

LP - O certame foi público. Ficamos sabendo por outros colegas que trabalham na saúde indígena, que compartilharam a divulgação do edital e a gente acabou tendo acesso. Acreditamos que incentivos como esse da própria Fiocruz, de trabalhar essa questão de equidade e diversidade dentro dos seus programas, têm dois lados positivos: do próprio aluno indígena ter a oportunidade de ingressar, e da própria instituição, que consegue ampliar os conhecimentos e buscar compreender temáticas sob o olhar indígena, do olhar do negro, no olhar do quilombola, da diversidade que existe. Todos ganham. É importante esse programa ter diversidade e esse incentivo.  

- Qual a sua expectativa com o doutorado e com o desenvolvimento da tua tese?

LP - Nossa expectativa como aluno indígena, não só deste programa, mas de outros no Brasil, é tentar contribuir ao máximo, o melhor possível, para as políticas públicas de saúde indígena e para os direitos dos povos indígenas. Nós vimos isso no mestrado, quanto no caminho agora do doutorado, da oportunidade de conversar com outros doutores, com pessoas que são importantes dentro da construção do SUS. Neste caso, que é um programa voltado também à saúde indígena, acreditamos que a formação de doutores indígenas também possa contribuir para o aperfeiçoamento do SUS. Entendemos que é preciso discutir a saúde indígena, que há uma necessidade de ampliar a visão da necessidade de acesso dos povos indígenas ao SUS, mas não apenas dentro do subsistema de saúde indígena, mas do SUS universal, das populações indígenas de contexto urbano, dos aldeados. A ideia é que a gente possa contribuir também na formação de novos alunos. Tem também um lado mais coletivo, de poder ser uma pessoa que pode incentivar outros indígenas a ingressarem na graduação, na pós-graduação.

- Na sua família e na sua etnia você é o primeiro a chegar a esse nível de formação acadêmica?

LP - Dentro da família eu serei o primeiro a estar como um doutorado. Sou o primeiro doutorando. Mas eu vejo que, depois que me graduei e fiz o mestrado, outros primos também se propuseram nesse caminhar também. Alguns estão na pós-graduação, outros se graduaram na saúde. Vemos hoje outros colegas de São Gabriel estudando em outros municípios. A gente brinca que alguns aonde você for no Brasil, vai ter um indígena Gabrielense porque ele está procurando se graduar, não só na área da saúde hoje em dia. Em São Gabriel hoje nós temos uma peculiaridade: temos doutores indígenas em linguística e mestres em outras áreas da educação.

Por isso as políticas de quotas para o acesso as universidades são importantes. E também discutir políticas para apoiar os estudantes dentro desses níveis, tanto na graduação quanto na pós-graduação, porque há um espelhamento de parentes e de outros povos de também buscar o conhecimento. Entendemos que vai ser e tem um retorno de estar contribuindo na forma de construção de políticas públicas, de uma luta e construção dos direitos dos povos indígenas.  

- Na sua opinião, que diferença faz ter outro indígena construindo essa política pública, tendo esse olhar diferenciado sobre a saúde?

LP - A importância de vários indígenas estarem atuando dentro dos programas é pela diversidade e representatividade. Nós temos mais de 180 povos, línguas diferentes e realidades diferentes. Entendemos que quanto mais acessibilidade tivermos, vamos poder estar discutindo de fato o que cada povo entende, o que é o sistema de saúde indígena na concepção de cada um deles. Ainda estamos muito distantes de entender a realidade do que é a concepção de saúde no povo Tucano, no povo Munduruku, no Caiapó, do Yanomami. A gente tem a concepção de saúde da OMS. E os anciões? Há um grande universo ainda que não está contemplado. Pode ser eu ou outro indígena que vai entrar em colaboração com um não indígena dentro da academia. A diversidade tem que estar dentro dessas fundações, dentro dos programas, para que isso seja visto e essa diversidade precisa ser contemplada, precisa ter essas peças fazendo parte dessa construção do conhecimento.

Publicado em 15/04/2024

Curso livre aborda arquivos, ciência e saúde: inscrições abertas

Autor(a): 
Fabiano Gama

Até 19 de abril, a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) recebe inscrições para o curso livre presencial Arquivos, ciência e saúde, que tem como objetivo promover a discussão sobre aspectos teóricos, conceituais, metodológicos e práticos da gestão de acervos de ciências e saúde, em especial arquivos e coleções de natureza institucional. As inscrições devem ser feitas pelo Campus Virtual Fiocruz.

Inscreva-se já!

O público-alvo do curso é formado por arquivistas, bibliotecários, documentalistas, historiadores e profissionais da informação, em geral, que serão apresentados a estudos acerca das mudanças observadas contemporaneamente nos processos de gestão, preservação e (re)uso de documentos e dados científicos, especialmente no contexto de emergências sanitárias e expansão do movimento da Ciência Aberta.

São disponibilizadas 15 vagas. Com 24h de carga horária 24h, as 7 aulas de 3h30 cada acontecerão de 25 de abril a 13 de junho, das 13h30 às 17h, presencialmente na Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro.

Haverá emissão de certificados para os participantes.

No momento da inscrição, o candidato deverá encaminhar uma carta de intenção, esclarecendo os motivos que o levaram a escolher o curso, e seu currículo. Uma vez aprovado, deverá efetuar matrícula pessoalmente no Centro de Documentação e História da Saúde / Casa de Oswaldo Cruz, até o dia anterior ao início das aulas, munido de um retrato 3×4 e dos originais e cópia dos documentos de identidade, CPF e comprovante de escolaridade.

Dúvidas podem ser encaminhadas para: secadcoc@fiocruz.br

Confira a programação do curso:

Aula 1: (25/04) - Acervos de instituições de ciências e saúde: panorama geral, André Felipe Paiva (convidado)

Aula 2: (02/05) - Arquivos e bibliotecas de instituições de ciências e saúde: conceitos, métodos e práticas, Fatima Duarte (convidada)

Aula 3: (09/05) - Coleções iconográficas e museológicas: contexto de produção e usos, Inês Nogueira (convidada)

Aula 4: (16/05) - Coleções biológicas: contexto de produção e usos, Aline Souto e Manuela da Silva (convidadas)

Aula 5: (23/05) - Arquivos e emergência sanitária: a Fiocruz e a pandemia de Covid-19

Aula 6: (06/06) - Abertura e compartilhamento de dados para pesquisa em emergências sanitárias: o caso do vírus zika, Vanessa de Arruda Jorge (convidada)

Aula 7: (13/06) - Ciência Aberta e repositórios de dados de pesquisa, Marcus Vinícius Pereira da Silva (convidado)

Publicado em 12/04/2024

Pós-graduação em biologia celular e molecular abre inscrições para mestrado e doutorado

Autor(a): 
Fabiano Gama

O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) recebe inscrições para mestrado acadêmico e doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia Celular e Molecular. O Programa tem como objetivo formar mestres e doutores capazes de atuar em pesquisa-ensino-produção da saúde com ênfase nas áreas de Biologia Celular e Molecular e Farmacologia e Imunologia.

Serão oferecidas até 16 vagas para cada modalidade.

As inscrições deverão ser realizadas até 18 de abril.

Interessados no mestrado acadêmico podem conferir aqui o Edital e se inscreverem pelo Campus Virtual Fiocruz.

Interessados no doutorado podem conferir aqui o Edital e se inscreverem pelo Campus Virtual Fiocruz.

Para mais informações, acesse as Chamadas de Seleção.

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