Desigualdades e mudanças dos processos educacionais no Brasil: desafios para o futuro da Fiocruz. Este é o tema do Seminário de Educação que será realizado no dia 19 de novembro, sexta-feira, das 10h às 12h, com transmissão ao vivo pelo canal da Fiocruz Brasília no YouTube. Organizado pela Escola de Governo Fiocruz – Brasília (EGF-Brasília), pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), o seminário é um evento preparatório para o IX Congresso Interno da Fiocruz.
Convocado a cada quatro anos desde 1988, o Congresso Interno é o órgão máximo de representação da comunidade Fiocruz, em que se delibera sobre assuntos estratégicos relacionados aos rumos da instituição.
Para debater os desafios da educação, o seminário preparatório receberá como convidados os professores Márcia Abrahão, reitora da Universidade de Brasília (UnB), e Ladislau Dowbor, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). O encontro terá como debatedora a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado.
Professora da UnB desde 1995, Márcia Abrahão é a primeira mulher a exercer o cargo de reitora na instituição. Com atuação no ensino e na pesquisa, possui graduação, mestrado e doutorado em Geologia pela UnB, com período sanduíche na Université d’Orleans e BRGM, na França. É também pós-doutora pela Queen’s University, no Canadá. Foi coordenadora de Extensão e também coordenou o Reuni, programa de reestruturação das universidades federais.
Ladislau Dowbor é formado em economia política pela Universidade de Lausanne (Suíça) e doutor em ciências econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia (Polônia). Atualmente, é professor de pós-graduação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Foi consultor de agências das Nações Unidas e governos, e atua como conselheiro em diversas instituições. Sua área principal de atuação é o ensino e a organização de sistemas de planejamento.
Os diretores Fabiana Damásio (Fiocruz Brasília), Marco Menezes (Ensp) e Anamaria Corbo (EPSJV) estarão na mesa de abertura do seminário. A mediação do debate será feita pela vice-diretora de Ensino da Ensp, Enirtes Caetano Prates Melo.
Os primeiros ciganos chegaram ao Brasil ainda no século 16. Apesar de os dados oficiais sobre eles serem muito escassos, estima-se que haja, hoje, entre 500 mil e um milhão de ciganos no país, de diferentes comunidades e etnias. Como se dão os processos de comunicação entre as políticas públicas de saúde e esses povos? O jornalista e antropólogo Aluízio de Azevedo Silva Júnior, ele mesmo um cigano da etnia kalon, elencou essa e outras perguntas como ponto de partida para sua pesquisa de doutorado, defendida em 2018. Pois o trabalho A Produção Social dos Sentidos nos Processos Interculturais de Comunicação e Saúde: a apropriação das Políticas Públicas de Saúde para ciganos no Brasil e em Portugal acaba de conquistar a edição 2019 do Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela, um dos reconhecimentos mais importantes na área da Comunicação.
Aluízio cursou seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (PPGICS/Icict/Fiocruz). Foi orientado por Inesita Soares de Araújo, do PPGICS, e coorientado por Maria Natália Pereira Ramos, da Universidade Aberta (Uab – Lisboa), de Portugal. Para sustentar sua tese, entrevistou 20 ciganos do Brasil e 20 de Portugal. Ouviu inúmeros relatos de racismo institucional na saúde, como casos de esterilizações forçadas de mulheres ciganas e também maus tratos por parte de alguns profissionais, em Portugal. No Brasil, identificou conflitos entre as equipes de saúde e os povos ciganos, que enxergam a saúde de forma diferente dos profissionais da área. Situações que revelam o racismo e os estereótipos que ainda afetam o cotidiano dos povos ciganos, reforçando situações de exclusão e de desigualdade social.
“Minha pesquisa se insere em campos e temas bastante sensíveis para a saúde: o da comunicação e o das políticas de equidade do Sistema Único de Saúde (SUS). Sobretudo aquelas voltadas para populações em situação de exclusão ou desigualdade social, incluindo aí as minorias étnicas e, dentro delas, as comunidades ciganas”, explica Aluízio. “Esse público é definido no Plano Nacional de Saúde como prioritário no atendimento do SUS, mas as políticas afirmativas em saúde não têm conseguido sair do papel. E as comunidades nessa situação sofrem com racismo institucional ou cuidados inadequados em saúde nos serviços públicos ou privados, por desconhecerem e não respeitarem as suas especificidades e contextos culturais, sociais, políticos e econômicos. Denunciamos situações de negligenciamento e invisibilidade dessas populações na saúde”.
Em sua pesquisa, o jornalista encontrou inúmeros desafios. Um deles foi conseguir descortinar o universo cigano de forma inovadora e sem preconceitos. “Esse tema ainda é pouco estudado. Ou, quando ganha foco em estudos, em geral acaba enquadrado no molde científico hegemônico, alimentando estereótipos e reforçando o racismo em todas as suas faces, inclusive o epistêmico”, esclarece.
Para vencer esse desafio, aplicou à pesquisa de campo o que chama de “metodologia fílmica semiológica, intercultural e decolonial”, que incluiu, entre outras ações, um registro fílmico de várias comunidades ciganas brasileiras e portuguesas. Esses registros deram origem a um vasto material, que Aluízio pretende editar, para compor um longa-metragem sobre as comunidades ciganas da etnia kalon. Para isso, porém, precisa conquistar financiamento.
Inesita, orientadora do pesquisador durante o doutorado, identifica muitos méritos no trabalho. “Um deles é como evidencia a possibilidade de fazer uma pesquisa com rigor teórico e metodológico, contribuindo para o avanço da ciência no campo da ‘comunicação e saúde’, ao mesmo tempo em que é uma pesquisa comprometida com setores da população que sempre estiveram à margem da sociedade. Não por quererem, mas porque foram marginalizados, porque foram considerados desnecessários, supérfluos e mesmo indesejáveis”.
A pesquisadora também destaca o fato de Aluízio trazer a Filosofia Kalon como um dos quatro eixos de sustentação teórica da tese, ao lado dos Estudos Culturais, das Epistemologias do Sul e da Semiologia Social dos Discursos. “Por fim, realçaria que o pesquisador, um cigano kalon, que por méritos próprios tornou-se jornalista, depois antropólogo e finalmente conquistou seu título de doutor entre nós, no PPGICS, fez dos participantes de sua pesquisa coautores desse processo de produção de conhecimento sobre uma realidade tão negligenciada quanto negligenciado é o povo cigano. E isso é muito precioso”.
Assista ao vídeo Ciganos no Brasil: Saúde e Preconceitos - Matéria.
Para Aluízio, outro desafio marcante teve a ver com a barreira de um estereótipo: a ideia, equivocada, de que pessoas ciganas não gostam de estudar. “É muito raro um cigano chegar ao nível superior, o que dirá concluir uma tese de doutorado”, lamenta. “Também nos deparamos com uma realidade dura e cruel de políticas anticiganas que foram desenvolvidas pelas nações ocidentais ao longo dos séculos, inclusive no Brasil e em Portugal. Coisas como degredo, expulsão, a proibição de falar a língua cigana e de praticar os costumes, prisões, sequestros de bens e até assassinatos. Ações que deixaram um rastro de exclusão social, onde hoje se encontra uma imensa parcela das pessoas ciganas. E a nossa proposta foi justamente romper com esses paradigmas excludentes para mostrar que as comunidades ciganas também têm saberes e modos de vida que podem contribuir, de alguma forma, para o diálogo acadêmico e político sobre as políticas de saúde”.
Além de atuar como jornalista no núcleo de Mato Grosso do Ministério da Saúde, o autor tem se dedicado a atividades acadêmicas para divulgar a tese. “Também tenho buscado modos para fazer com que o conhecimento coletivo produzido na pesquisa chegue como devolutiva às comunidades ciganas, para que ampliem os seus argumentos e fortaleçam seus discursos. Bem como aos gestores em políticas públicas de saúde e de outras áreas de direitos humanos, para que possam subsidiar suas tomadas de decisões em prol da saúde cigana, da justiça social e da igualdade racial, que são questões garantidas constitucionalmente e em diversas leis”.
A forma como encara a ideia de “equidade”, afinal, é o grande trunfo da tese de Aluízio, destaca Inesita: “A equidade é um desafio ao mesmo tempo simples e gigantesco. O desafio do reconhecimento de que os grupos sociais têm suas especificidades culturais e que elas merecem respeito. O desafio da decisão (e coragem) política de conferir mais atenção aos setores da população historicamente negligenciados, entendendo que o negligenciamento na saúde é parte inseparável da situação em que esses grupos se encontram. O desafio de perceber que a comunicação é parte inseparável desse negligenciamento, e que nenhuma política para minorias poderá ser implantada plenamente se a comunicação que a constitui e que a viabiliza não respeitar também o princípio da equidade”.
O reconhecimento do Prêmio Compós à tese de Aluízio acabou coincidindo com uma data importante para o PPGICS: seu aniversário de 10 anos. O programa de pós-graduação, que oferece mestrado acadêmico e doutorado em Informação e Comunicação em Saúde, está avaliado com nota 5 pela Capes, e já formou cerca de 40 doutores e 90 mestres.
A Compós - Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação - foi fundada em 16 junho de 1991, em Belo Horizonte, com o apoio da Capes e do CNPq, a partir da iniciativa de alguns pesquisadores e representantes dos seguintes cursos de Pós-Graduação: PUC-SP, UFBA, UFRJ, UnB, Unicamp, Umesp.
É uma sociedade civil, sem fins lucrativos, congregando como associados os Programas de Pós-Graduação em Comunicação em nível de mestrado e/ou doutorado de instituições de ensino superior públicas e privadas no Brasil.
A Compós tem como objetivos principais o fortalecimento e qualificação crescentes da Pós-Graduação em Comunicação no país; a integração e intercâmbio entre os Programas existentes, bem como o apoio à implantação de novos Programas; o diálogo com instituições afins nacionais e internacionais; o estímulo à participação da comunidade acadêmica em Comunicação nas políticas do país para a área, defendendo o aperfeiçoamento profissional e o desenvolvimento teórico, cultural, científico e tecnológico no campo da comunicação.
O embaixador australiano no Brasil, Timothy Kane, e o Cônsul-geral do país, Greg Wallis, estiveram na Fiocruz nesta quarta-feira (8/5) para conhecer melhor o trabalho da instituição. Na ocasião, eles se reuniram com a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Machado, que representou a Presidência da Fundação, com o assessor de relações institucionais, Valber Frutuoso, e representante do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz).
“Apesar da distância física entre ambos os países, suas semelhanças são diversas, a exemplo da geografia, condição climática, riqueza ambiental e diversidade sociocultural”, afirmou o oficial de pesquisa e políticas da embaixada, Caio Jacon.
No encontro, foram tratados temas de interesse comum que podem resultar em futuras cooperações, especialmente no campo da medicina tropical. O controle de vetores, a produção de vacinas, a pesquisa sobre picadas de cobras e outros animais peçonhentos e o apoio a meninas e mulheres nas ciências foram alguns dos temas tratados.
Um exemplo de colaboração já existente entre Brasil e Austrália é o World Mosquito Program, responsável pelo método Wolbachia de combate ao Aedes aegypti. Iniciado por pesquisadores australianos da Universidade de Monash, o projeto chegou ao Brasil em 2012, onde é conduzido por pesquisadores da Fiocruz.
A Austrália também possui um Memorando de Entendimento (MdE) com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A cooperação é feita através da agência de fomento estatal Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO).
“Temos muito interesse em trabalhar para aumentar os fluxos de comércio e investimento entre as duas nações e acreditamos que os dois países têm a oportunidade de desenvolver uma exitosa colaboração em pesquisa”, completou Jacon.
Implantada há quase dez anos, a Fiocruz Rondônia tem se dedicado ao fortalecimento da pesquisa científica, à divulgação de conhecimentos, e à formação de recursos humanos qualificados, visando aprimorar as políticas públicas de saúde, na Amazônia.
O escritório Fiocruz fica em Porto Velho e conta com nove laboratórios, que atuam em diferentes linhas de pesquisa, com foco na produção de conhecimento e soluções aos problemas de saúde humana. A equipe tem 14 pesquisadores em Saúde Pública e um especialista.
Através de programas de Pós-graduação, em colaboração com outras instituições, mais de 100 mestres e dezenas de doutores se formaram sob a orientação de professores e pesquisadores da Fiocruz Rondônia.
Recentemente, a coordenadora Geral de Pós-gradução da Fiocruz, Cristina Guilam, se reuniu com a diretoria e pesquisadores da instituição, e visitou laboratórios. Ela foi recebida pelo diretor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Rondônia (Fapero). Na ocasião, foram apresentadas várias iniciativas da Fiocruz RO relacionadas as pesquisas em andamento, inovação e formação de recursos humanos e a criação de Programas de Pós-Graduação no estado.
Saiba mais sobre a contribuição da Fiocruz RO para a consolidação da ciência no Norte do Brasil.
O Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (CEE-Fiocruz) abre, na próxima segunda-feira (16/7), a partir das 14h, a série de encontros Futuros do Brasil e da América Latina, tendo no centro do debate a economista Laura Carvalho.
Autora do livro Valsa brasileira: do boom ao caos econômico (Ed. Todavia), lançado este ano, Laura abordará o tema Alternativas econômicas para um Brasil justo. Sob a coordenação e a apresentação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, pesquisador do CEE-Fiocruz, Laura vai interagir com três debatedores: o economista Carlos Gadelha, coordenador de Ações de Prospecção da Fiocruz e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde; Carlos Eduardo Martins, professor do Departamento de Ciência Política da UFRJ e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC) da universidade; e por Gustavo Noronha, economista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O evento será on-line, com transmissão em tempo real pelo blog do CEE-Fiocruz e pela página do Centro no Facebook.
Em Valsa brasileira, Laura Carvalho faz uma análise do período que compreende o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, em que o país viveu os anos de maior prosperidade de sua história e também uma crise econômica sem precedentes. A autora defende que, após 2010, era possível contornar os obstáculos para a manutenção de um crescimento inclusivo, se não se optasse por uma mudança de rumo, em que o conjunto da sociedade saiu do foco de atenção. Ela propõe, ainda, uma agenda para o país, afirmando que o aprofundamento da democracia cabe no orçamento. Leia aqui entrevista com Laura Carvalho, sobre o livro, publicada na revista IHU Online
Leonardo Boff
A série Futuros do Brasil e da América Latina tinha início previsto para 20 de junho, com o teólogo Leonardo Boff. O evento, no entanto, foi cancelado por motivo de segurança, uma vez que nesse dia estava em curso uma operação policial nas comunidades vizinhas à Fiocruz. O debate com Boff está previsto para setembro.
Fonte: Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz)
Na semana que vem, de 4 a 6 de outubro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será a sede da 8ª Conferência-Luso Brasileira de Acesso Aberto (Confoa). O evento reúne, todo ano, as comunidades portuguesa, brasileira, e outros países lusófonos para debater questões atuais sobre acesso aberto. Com o tema Do acesso aberto à ciência aberta, a conferência de 2017 debaterá os seguintes temas:
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, dará as boas-vindas aos participantes. Ela receberá, na mesa de abertura, a diretora do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict), Cecília Leite, o reitor da Universidade do Minho, António M. Cunha, e um representante da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Palestra de abertura com Barend Mons
Barend Mons, professor da Universidade de Leiden e afiliado ao Centro Médico Erasmus na Universidade de Roterdã (ambas instituições da Holanda), vai proferir a palestra de abertura, abordando The internet of FAIR data and services. Mons foi coordenador do Grupo de Especialistas de Alto Nível que elaborou o estudo nomeado European Open Science Cloud, que sintetiza recomendações para adoção da ciência aberta nos países membros da Comissão Europeia. Neste relatório são propostos os princípios FAIR Data, que são orientações sobre como tornar os dados disponíveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis.
Mais informações
Data: 4, 5 e 6 de outubro
Local: Fundação Oswaldo Cruz - Auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz)
Avenida Brasil, 4365 - Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 21.040-360
Consulte também a programação da conferência em: http://confoa.rcaap.pt/2017/programa/
As inscrições já estão encerradas, mas os interessados poderão acompanhar o evento, que será transmitido ao vivo, por meio do link www.tvq.com.br/aovivo/fiocruz