Descrição: Crianças com deficiências podem estar mais expostas às situações de vulnerabilidade, dialogando com um grupo maior daquelas que vivem com condições crônicas e complexas de saúde.
Vieram compor esse grupo de crianças em condição de vulnerabilidade, as quase 3000 crianças com múltiplas deficiências, cronicamente complexas vivendo com as repercussões da epidemia de 2015 e que afetou mulheres grávidas causando microcefalia e outras malformações congênitas em seus filhos. A Síndrome congênita do Zika (SCZ), engloba casos de microcefalia e/ou outras alterações do Sistema Nervoso Central associados à infecção pelo vírus.
As consequências associadas a essa síndrome apresentam padrões diferenciados de manifestações clínicas, interferindo de forma diversa no crescimento e desenvolvimento dessas crianças.
Sabe-se que o desenvolvimento integral da criança é decorrente da integração de vários elementos, dentre estes os aspectos biológicos, as experiências que elas vivenciam a partir dos estímulos do ambiente e fatores adversos que podem influenciar negativamente nesse processo. Importante destacar que o desenvolvimento de uma criança é multidimensional e integral, acontece continuadamente, porém com padrões únicos e acontece pela interação com os outros.
Essa complexidade demanda a atuação de diferentes áreas do conhecimento e práticas incluindo uma rede de ações complementares e contínuas, na sinergia entre os setores da saúde, educação, assistência social e direito, dentre outros.
Face ao exposto, torna-se fundamental a oferta de educação continuada para os profissionais e gestores da saúde, que atuem na atenção primária ou Estratégia de Saúde da Família (ESF) e estejam envolvidos no cuidado a essa população.
Objetivo Geral: Ao final do curso o profissional envolvido será capaz de:
1.Descrever as principais características epidemiológicas das microcefalias e alterações de desenvolvimento da criança relacionadas à síndrome congênita pelo vírus Zika.
2.Avaliar as crianças de 0 a 3 anos, a partir de uma perspectiva ampliada de cuidado em saúde, identificando as diferentes etapas do desenvolvimento assim como eventuais desvios ou alterações.
3.Identificar as alterações do desenvolvimento infantil a partir da avaliação neuropsicomotora na puericultura e da aplicação dos instrumentos utilizados para acompanhamento e vigilância/notificação como instrumentos potentes para o diagnóstico diferencial, sinais e sintomas no exame físico.
4.Diferenciar as crianças cuja situação necessitará da rede de retaguarda tais como o NASF e serviços especializados e contribuir para estimulação precoce e reabilitação.
5.Orientar, quando pertinente, o encaminhamento das crianças e famílias para acompanhamento em outros serviços incluindo a articulação intersetorial.
Justificativa: Os conhecimentos disseminados neste curso visam fornecer o aporte teórico e prático necessário para que Profissionais de saúde que atuem na atenção primária ou Estratégia de Saúde da Família (ESF) se qualifiquem e estejam aptos a proceder no apoio às Crianças com Alterações do Crescimento e Desenvolvimento, relacionadas às Infecções Zika e STORCH em todo o Brasil. Através do sistema hierárquico e descentralizado do SUS, esses profissionais poderão atuar de forma sistemática e padronizada, proporcionando um atendimento qualificado as mais diversas populações, principalmente aquelas mais vulneráveis e que residentes em áreas remotas e de difícil acesso. Além disso, espera-se que este curso ajude a estabelecer, mesmo com toda complexidade, estratégias de encaminhamento dos casos encontrados.