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Publicado em 10/04/2020
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  • Iniciação científica

Escola Politécnica da Fiocruz promove ações na luta contra a Covid-19

Autor(a): 
Julia Neves (EPSJV/Fiocruz)

A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) está na luta contra a pandemia do novo coronavírus, prestando à comunidade escolar diversas orientações sobre o enfrentamento da Covid-19 e promovendo, mais uma vez, o seu papel de instituição pública na garantia dos direitos sociais. Com a suspensão das atividades escolares presenciais, desde o dia 16 de março, o Politécnico passou a disponibilizar atividades pedagógicas complementares on line para os estudantes dos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio nas habilitações de Análises Clínicas, Biotecnologia e Gerência em Saúde.

Segundo a coordenadora geral de ensino, Ingrid D’avilla, desde o início da pandemia, teve-se o entendimento que o processo de isolamento social exige das instituições escolares o fortalecimento, sobretudo, da dimensão de socialização. “Para nós, a disponibilização de conteúdo por meio das tecnologias da informação são a possibilidade, nesse momento, de reduzir os efeitos do isolamento social a partir de atividades que têm um conteúdo pedagógico relevante para a nossa escola”, afirma, citando que um dos objetivos dessa proposta é dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem e possibilitar que os estudantes sejam estimulados, a partir dessas atividades, a organizarem suas rotinas diárias de estudo. Além disso, as atividades foram pensadas como forma de manutenção dos vínculos entre professores, estudantes e pais e responsáveis. Vale lembrar que essas atividades são complementares e não substituem as aulas presenciais. "A Escola reconhece que nem todos os estudantes têm acesso à internet, seja por falta de equipamentos ou de conexão. Além disso, nessa modalidade de formação, as aulas presenciais são insubstituíveis, sobretudo para a integração dos componentes da formação geral e da habilitação técnica", explica. 

Na página do material de estudo disponível no Portal EPSJV, o estudante encontra material sobre a Formação Geral, as Habilitações Técnicas, a Introdução à Educação Politécnica em Saúde (IEP) e o Projeto Trabalho, Ciência e Cultura (PTCC). Semanalmente, os materiais serão inseridos nessas grandes áreas. A proposta, que já está em formulação, é que em breve esse material seja migrado para uma plataforma que permita mais interação entre estudantes e professores. 

Nas orientações, a Escola sugere que os estudantes organizem o seu tempo considerando momentos para o descanso, o lazer, a interação à distância com os amigos, as atividades cotidianas em casa e com a família, bem como para a realização de tarefas escolares. Ingrid ressaltou que, além de realizar as tarefas propostas, o tempo em casa pode ser utilizado pelos estudantes para revisar conteúdos nos quais têm dúvidas e aprofundar seus conhecimentos em alguma disciplina. “A Escola também está disponível para ajudar os estudantes que tenham dificuldades em seguir a rotina que planejou. Se precisar, reorganize e peça ajuda”, acrescentou a coordenadora.

A EPSJV/Fiocruz, destaca Ingrid, é uma instituição de saúde pública e não somente uma instituição do campo da educação: “A gente se constitui a partir das interfaces entre Trabalho, Educação e Saúde. E, nesse contexto, algumas de nossas ações são intensificadas, como o nosso papel na comunicação pública e da ampliação da consciência sanitária”, diz ela. É justamente por isso que, no Portal EPSJV/Fiocruz, é possível encontrar uma série de reportagens, podcasts e entrevistas sobre questões relacionadas à pandemia. As redes sociais da Escola também serão recheadas de informações e vídeos de estímulo e educativos produzidos pelos professores do Poli e pelos próprios alunos, que estão mobilizados nessa luta, além de lives com digitais influencers que visam entreter os alunos no período de isolamento.

Bolsa de demanda social

Preocupada com a possibilidade de reduzir os efeitos da falta de alimentação escolar no cotidiano dos alunos e de suas famílias, a EPSJV decidiu, emergencialmente, aumentar o valor das bolsas de demanda social, que passarão de R$ 150 para R$300 por mês até o retorno das atividades presenciais. Essas bolsas são pagas, mensalmente, a 110 estudantes do Ensino Médio Integrado, cujos responsáveis solicitaram auxílio no momento da matrícula por possuírem comprovada caracterização de baixa renda familiar. Vale ressaltar que, por estudarem em horário integral, todos os alunos da EPSJV recebem três refeições por dia na escola (café da manhã, almoço e lanche da tarde).

Segundo Ingrid, a Escola reconhece que a alimentação escolar é um direito para todos os estudantes. Na EPSJV, ela é viabilizada com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e recursos próprios da unidade. “A suspensão das aulas presenciais pode estar agravando a situação de famílias que já viviam em contexto de vulnerabilidade e com dificuldade de efetivar esse direito humano à alimentação adequada por meio da renda familiar”, explica.

Ingrid afirma que o Poli sabe que o alcance da medida é restrito por falta de recursos orçamentários, mas considera fundamental, sobretudo num momento em que, segundo ela, as diversas instâncias de governo responsáveis pela proteção social não têm dado respostas efetivas e estruturantes para a questão da perda de renda dos trabalhadores, em função da interrupção das atividades produtivas em várias esferas. “Como parte do Estado, a Escola se sente obrigada a dar essa resposta, porque, para nós, isso representa o mínimo de proteção social para que todos possam viver com um pouco mais de dignidade nesse período”, aponta, acrescentando que o Politécnico está acompanhando junto com estudantes e professores se existem situações mais drásticas do ponto de vista de perda de renda familiar com outros alunos que não estão contemplados nessa medida.

Material para agentes de saúde

Outras ações também estão sendo pensadas para ajudar trabalhadores de diversas áreas na luta contra a Covid-19. Em parceria com a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), a coordenação do curso técnico em Agente Comunitário de Saúde (CTACS) da EPSJV, em conjunto com outros professores-pesquisadores e a direção da instituição, elaborou um plano de trabalho para contribuir para a formação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes Comunitários Indígenas de Saúde (ACIS) e Agentes de Combate a Endemias (ACE), incluindo as demais nomenclaturas utilizadas para estes trabalhadores da área de vigilância em saúde. “Fizemos um plano reconhecendo a importância do trabalho desses agentes para o Sistema Único de Saúde no que se refere à elaboração de ações de saúde pública socialmente e territorialmente referenciadas, da educação popular em saúde, promoção da saúde, prevenção de doenças, do trabalho interprofissional e da ampliação da participação popular”, afirma a professora-pesquisadora da EPSJV/Fiocruz e uma das coordenadoras do CTACS, Mariana Nogueira.

No plano de trabalho estão incluídas ações como: divulgação de informações que possam orientar agentes comunitários de saúde, técnicos em vigilância em saúde e agentes indígenas de Saúde no Brasil a respeito do coronavírus, atendendo a uma demanda do Ministério da Saúde; o apoio técnico e político a instâncias governamentais, aos órgãos oficiais e ao controle social; articulação territorial com entidades organizadas por trabalhadores agentes de saúde, movimentos sociais em defesa do SUS e movimentos populares; a realização de educação permanente para esses agentes de saúde que atuam nos municípios do estado do Rio de Janeiro, através da produção de materiais educativos e informativos a respeito do novo vírus; e a organização de um grupo de trabalho que possa estar em articulação junto às lideranças comunitárias das favelas e movimentos sociais, evitando-se a proliferação de ações da instituição com focos semelhantes. “Para isso, estamos desenvolvendo ações de divulgação de informação em saúde; materiais educativos para a formação em saúde dos agentes de saúde, mas também incluiremos material para as trabalhadoras cuidadoras de idosos”, adianta Mariana.

A professora-pesquisadora afirma que, para desenvolver essas iniciativas, a Escola está em diálogo com as educandas trabalhadoras ACS da turma atual do CTACS e com os ACS egressos das turmas anteriores para ouvi-los sobre suas necessidades em sua prática profissional. “Construímos um questionário, enviamos e recebemos respostas. E a partir daí, listamos temas que subsidiarão as ações que estamos desenvolvendo como, por exemplo, os cuidados e uso de equipamentos de proteção individual e a saúde do trabalhador da saúde em tempos de Covid-19”, explica.

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