Home "Tecnologia deve empoderar educadores para melhorar o mundo", afirma criador do Moodle em evento no Rio
Voltar
Publicado em 26/10/2017
  • Cursos
  • Educação a Distância

"Tecnologia deve empoderar educadores para melhorar o mundo", afirma criador do Moodle em evento no Rio

Vestindo a camiseta “Empowering educators” (Empoderando educadores, em português), o criador do ambiente virtual de aprendizagem (AVA) Moodle, Martín Dougiamas, ministrou uma palestra no dia 18 de outubro, na conferência MoodleMoot Brasil. Martín é CEO da plataforma utilizada por professores da na Pontifícia Univesidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), onde o evento foi realizado, e por instituições de 232 países, entre as quais a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Dois profissionais da coordenação de tecnologias educacionais do Campus Virtual Fiocruz participaram do encontro: Ana Paula Mendonça e Eduardo Xavier. 

A conferência MoodleMoot é realizada no Brasil desde 2007, porém esta é a primeira vez que ocorre no Rio de Janeiro. O encontro conta com a presença de professores, pesquisadores e profissionais de diversas áreas que buscam aprender e melhorar os conhecimentos sobre a plataforma, que permite integração on-line entre usuários. No evento, Martín falou sobre os objetivos dos projetos que ele desenvolve nas áreas de tecnologia e educação. Ele disse que tem uma preocupação social com a educação e apresentou planos e projetos futuros do Moodle. "A missão da plataforma é empoderar educadores para melhorar o mundo, com inovação, respeito e integração", acredita.

Segundo Martín, questões sociais, como a crise dos refugiados em diversos países, os altos índices de mortalidade infantil e a discrepância  econômica entre ricos e pobres, podem ser resolvidos com a melhoria na qualidade de educação. Ele questionou se o governo poderia ser a solução para o problema, já que ainda há questões burocráticas, nas quais os professores devem produzir inúmeros relatórios e perdem um tempo que poderia ser dado aos alunos. Para ele, a má qualidade da educação pública é resultado da falta de investimento.

O criador da plataforma Moodle afirmou que os smartphones e as ferramentes de tecnologia  são extensões da capacidade cognitiva humana e criticou as empresas do Vale do Sillício que "lucram ao capturar e vender a atenção dos usuários, mas não se esforçam para envolvê-los na questão educacional". Com o lema “suportar, nutrir e melhorar”, Martín acredita que, para resolver problemas da educação, deve-se “consertar os defeitos do sistema”, apoiando os educadores e abrindo oportunidades de aprendizado e ensino livres.

Moodle no mundo

O Moodle tem, atualmente, 84 mil registrados pelo mundo, sendo a Índia o país que mais cresce no uso da plataforma. O Brasil está em terceiro lugar no ranking mundial, com mais de 5 mil usuários, atrás dos Estados Unidos e da Espanha. "No Brasil, as pessoas utilizam muito o Moodle - algo em torno de 90% das universidades e escolas utilizam. Isso é muito e por isso venho bastante pra cá, mais do que vou a outros países, porque há muito o que conversar e fazer no Brasil".

O palestrante também abordou as dificuldades que a plataforma enfrenta e que, para ele, resultam da falta de apoio e proximidade dos professores. Martín destaca que há um mito de que as ferramentas são complexas e difíceis de utilizar, e a não condução de todos os recursos disponíves na plataforma pelos professores.

Para a coordenadora Central de Graduação da PUC, Daniela Vargas, o Moodle contribui para a continuidade da educação, mesmo após o aluno se formar, e até mesmo no ambiente de trabalho. Ela acredita que a conferência ajuda na divulgação da plataforma entre os professores da PUC. 

Já a coordenadora da Cooperação e Avaliação em EAD, Gilda Campos, destacou que a maior contribuição da plataforma é a inovação, o que está relacionado ao desafio que os educadores têm de trazer a modernidade para dentro da sala de aula. Gilda disse que a conferência propicia um momento de troca e reflexão tanto para professores e pesquisadores quanto para os alunos. "Essa plataforma contribui para trazer o aluno para a realidade do século 21, não só utilizando essa novas ferramentas, mas também aprendendo a pensar, raciocinar, utilizando as tecnologias que fazem parte da cognição humana, tanto professor, quanto aluno, devem aprender a como utilizar essa ferramentas para um melhor aprendizado".

Novos projetos

Martín também apresentou os cinco grandes planos e projetos do Moodle:

1. Atualização do Moodle 3.4, que será lançada em novembro.
2. Moodle Net, que ajuda o professor a se conectar com outros profissionais, como uma mídia social, para o compartilhamento de conteúdo e recursos educacionais.
3. Moodle Cloud, no qual o usuário pode hospedar sites de apendizado.
4. Learn Moodle, que dá suporte e instrução ao educador para o ensino a distância.
5. Moodle Partner, que são os parceiros do Moodle responsáveis pela consultoria, design, e suporte da plataforma.

Moodle e Campus Virtual Fiocruz

A coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, Ana Furniel, comenta a participação da equipe na conferência. "O Moodle foi adotado como ambiente de aprendizagem do Campus Virtual Fiocruz porque se alinha à Política de Acesso Aberto ao Conhecimento e às diretrizes para produção de recurso educacionais abertos (REA) na instituição. Isso significa que temos princípios comuns para assegurar uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade, promovendo oportunidades e acesso ao conhecimento para todos. Trabalhamos nesta perspectiva de empoderar educadores. E o Moodle é utilizado pela equipe para facilitar os processos de desenvolvimento de aulas virtuais, cursos e recursos educacionais".

Segundo ela, durante o evento, levantou-se a possibilitade de compartilhar recursos educacionais da Fundação com a rede mundial de educadores que utilizam o Moodle, através do projeto MoodleNet. "O objetivo é possibilitar o acesso aos recursos educacionais da Fiocruz e redes parceiras. Estamos desenvolvendo uma nova plataforma educacional, o Educare, que permitirá criar, disponibilizar e compartilhar recursos no mesmo ambiente integrado e também integrá-lo com outros ambientes", conta Ana.

Fonte: Jornal da PUC (Lethicia Amâncio) | Foto: Fernanda Maia