Os impactos do colonialismo digital nas políticas sociais, os desafios da saúde digital no SUS e os caminhos para a soberania tecnológica no Brasil pautarão o sexto webinário da série Transformação digital na Saúde Pública, promovida pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho (CEE-Fiocruz). O webinário será realizado na terça-feira, 10 de junho, às 10h, com transmissão pelo canal da Vídeo Saúde Distribuidora da Fiocruz. O público poderá participar com comentários e perguntas enviadas pelo chat.
“Vamos debater esse tema tão contundente, discutindo os desafios para uma reforma sanitária digital que fortaleça o SUS, preserve os direitos dos cidadãos em relação aos seus dados em saúde e, ao mesmo tempo, enfrente desde agora os desafios da soberania tecnológica, rompendo o colonialismo digital”, diz a pesquisadora sênior do Centro, à frente do projeto integrado Futuros da Proteção Social, Sônia Fleury, que mediará o evento.
A dependência de infraestruturas e plataformas digitais estrangeiras e sua influência na gestão de políticas públicas, na privacidade e no acesso a direitos, bem como as estratégias para fortalecer a autonomia digital do país, garantindo que a tecnologia seja uma ferramenta para a inclusão e a justiça social, serão alguns pontos em debate.
O evento terá como convidados o sociólogo Deivison Faustino, professor da Universidade Federal de São Paulo e do Instituto Amma Psique e Negritude, que abordará o colonialismo digital nas políticas sociai; a pesquisadora titular da Fiocruz e integrante do GT Informação em Saúde e População da Abrasco Ilara Hämmerli, que falará sobre a plataformização da saúde e seus impactos no SUS; e Luiz Vianna Sobrinho, doutor em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva pela Ensp/Fiocruz e pós-doutorando no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), discutindo caminhos para se alcançar a soberania digital.
Na mesa de abertura, estará o coordenador do CEE-Fiocruz, Rômulo Paes de Sousa, e a mediação será realizada pela pesquisadora sênior do Centro, Sônia Fleury, à frente do projeto integrado Futuros da Proteção Social.
Desafios à soberania do Sul Global
A crescente digitalização das políticas sociais e dos serviços públicos tem levantado debates sobre os impactos do colonialismo digital, fenômeno caracterizado pela dependência de tecnologias desenvolvidas e controladas por grandes corporações estrangeiras. Essa lógica impõe desafios para a soberania dos países do Sul Global, que muitas vezes precisam adotar plataformas, algoritmos e infraestruturas tecnológicas sem controle sobre seus dados e decisões estratégicas. No contexto das políticas sociais, essa dependência pode resultar na limitação do acesso a direitos, na vigilância em larga escala da população e na ampliação das desigualdades, à medida que tecnologias de reconhecimento facial, inteligência artificial e big data reforçam estereótipos e práticas discriminatórias.
Na área da Saúde, o avanço da saúde digital e o uso massivo de dados levantam questões sobre a privacidade dos cidadãos e o controle das informações estratégicas do Sistema Único de Saúde (SUS). Embora a digitalização possa melhorar a eficiência dos serviços e ampliar o acesso à informação, há riscos quando esses dados ficam sob domínio de empresas privadas ou são utilizados sem transparência e participação social. Frente a esse cenário, a luta pela soberania digital emerge como caminho essencial para garantir que as tecnologias sejam desenvolvidas e utilizadas a serviço do interesse público, fortalecendo políticas sociais e promovendo um modelo de governança tecnológica mais democrático e inclusivo.
Série de Webinários ‘Transformação Digital na Saúde Pública’
6º evento: Colonialismo digital, saúde e soberania tecnológica – Desafios e Oportunidades para as Políticas Sociais
Data: 10/06/2025
Horário: 10h às 12h
Transmissão: Canal da Vídeo Saúde Distribuidora
Informações: cee@fiocruz.br e (21) 38829134
Uma conceituação de resiliência sintonizada com os sistemas públicos e universais de saúde e os caminhos para levar à frente políticas de saúde voltadas ao desempenho resiliente, frente aos desafios contemporâneos. Esse será o foco das discussões do Workshop Internacional Resiliência em Saúde Pública: desafios e perspectivas, que será realizado no dia 9 de dezembro de 2024, pelo projeto Tecnologia, Informação e Resiliência em Saúde Pública (Lab ResiliSUS) do CEE-Fiocruz.
O evento será transmitido online, das 9h às 12h, pelo canal do Youtube da Vídeo Saúde Distribuidora da Fiocruz, para todos os interessados, e contará com um painel de especialistas reunidos de forma presencial, no CEE-Fiocruz, para dialogar com três palestrantes internacionais convidadas – Victoria Haldane, da Universidade de Toronto, Canadá; Ann Sophie Jung, da Universidade de Leeds, Reino Unido; e Connie Junhghans-Minton, do Imperial College London, também do Reino Unido. Estará na mesa, ainda, o pesquisador Alessandro Jatobá, coordenador do ResiliSUS/CEE.
“Queremos chegar a uma forma de operacionalizar resiliência em saúde pública em um momento de desafios e riscos crescentes para os sistemas universais em geral e o SUS em particular, como, por exemplo, o avanço de uma agenda econômica restritiva de recursos, quando a demanda sobre os sistemas é tensionada por novas doenças, crise climática e outros fatores”, explica Jatobá. “Temos interesse em que todos os interessados em resiliência estejam em contato, para que possamos discutir o tema de forma mais sistematizada, principalmente, no que diz respeito aos sistemas de saúde que têm características semelhantes às do nosso SUS”, observa Paula de Castro Nunes, pesquisadora do ResiliSUS/CEE e que participa da organização do evento.
Conforme os pesquisadores, o workshop será também uma oportunidade de dar início à formação de uma rede internacional de pesquisa em resiliência dos sistemas de saúde, tendo em vista que há diferentes formas de se pensar o tema. “Queremos trazer esses olhares para um espaço comum de discussão, buscar documentos de consenso, lançar recomendações para os sistemas de saúde se tornarem mais resilientes. Sobretudo, por conta do risco potencial de termos novas pandemias, como se anuncia”, diz Paulo Victor Rodrigues de Carvalho, pesquisador do ResiliSUS/CEE.
O workshop deverá culminar com a produção de um documento final que contemple os principais pontos discutidos.
Estão abertas trinta vagas aos interessados em participar das discussões presencialmente, ao lado dos especialistas convidados a debater com as palestrantes. As inscrições podem ser feitas pelo formulário de inscrição!
Workshop Internacional de Resiliência em Saúde Pública: desafios e perspectivas
Dia: 9/12/2024
Horário: 9h às 12h
Transmissão: Youtube da VideoSaúde
Inscrições para participação presencial (30 vagas): Formulário de inscrição
Acompanhe ao vivo:
O terceiro webinário da série Transformação Digital na Saúde Pública, produzida pelo Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz Antonio Ivo de Carvalho (CEE/Fiocruz), terá como tema As tecnologias digitais na Atenção Primária à Saúde: Desafios e estratégias para o Sistema Único de Saúde. O evento será realizado no dia 5 de dezembro, às 10 horas, com transmissão ao vivo pelo canal da Vídeo Saúde Distribuidora da Fiocruz. Nele será discutido o uso de tecnologias da informação e comunicação (TICs) para melhorar a gestão, o diagnóstico e o cuidado dos usuários do SUS.O público poderá participar com comentários e perguntas enviadas pelo chat.
A mediação desse episódio será das pesquisadoras Ligia Giovanella e Maria Helena Mendonça, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e do CEE-Fiocruz, à frente do projeto Atenção Primária na Rede SUS, do Centro. A mesa de abertura contará com a participação do secretário executivo do CEE, Marco Nascimento. “Vamos abordar os principais tipos de tecnologias digitais aplicadas à Atenção Primária à Saúde e debater as contribuições dessas inovações para a melhoria do cuidado”, diz Ligia Giovanella. “Queremos discutir também os desafios e estratégias para que essas tecnologias sejam de fato integradas à rede assistencial melhorando o acesso e a qualidade da atenção”, completa Maria Helena Mendonça.
Participam como palestrantes a pesquisadora do CEE, Virgínia Maria Dalfior Fava, trazendo a questão de como assegurar a melhoria do cuidado, utilizando a saúde digital na Atenção Primária; a coordenadora dos Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina e do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Alaneir de Fátima dos Santos, discutindo as contribuições da telessaúde para a melhoria do acesso e qualidade da atenção; o coordenador geral de Inovação e Aceleração Digital da Atenção Primária do Ministério da Saúde (Saps/MS), Rodrigo Gaete, abordando os desafios e estratégias para implementação da saúde digital na Atenção Primária do SUS; e o coordenador do Laboratório de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Fiocruz Brasília, Wagner Martins, apresentando a Plataforma de Inteligência Cooperativa com a Atenção Primária à Saúde (Picaps).
A saúde digital é um campo que reúne conhecimentos da informática médica, saúde pública e negócios. Embora diversos tipos de softwares e aplicações digitais em saúde venham sendo desenvolvidos e disponibilizados desde a década de 2000, foi a partir da pandemia de Covid-19 que a transformação digital da saúde se acelerou, com o uso das tecnologias digitais sendo implementadas em larga escala, principalmente na atenção primária, para melhorar o cuidado à saúde em escala local, regional e global.
“A relevância desse tema em nível global é demonstrada pelo lançamento da nova Iniciativa Global sobre Saúde Digital (GIDH), uma rede para difundir a saúde digital, por meio do desenvolvimento das capacidades dos países e da cooperação internacional”, explica Virgínia, ressaltando a importância de se ampliar o debate sobre a aplicação das tecnologias digitais na Atenção Primária à Saúde.
Sobre a série ‘Transformação digital na saúde pública’
Profundas mudanças na saúde promovidas pelas novas tecnologias digitais já estão acontecendo. Os novos recursos tecnológicos alteram padrões na atenção à saúde e nos aspectos produtivos, tecnológicos e de geração de conhecimento, no contexto da Quarta Revolução Industrial.
Assim, o CEE-Fiocruz abriu espaço para esse debate, com a realização da série Transformação Digital na Saúde Pública, voltando-se à incorporação dessas inovações em prol da garantia de acesso universal à saúde e da sustentabilidade e resiliência do SUS.
Série de Webinários 'Transformação Digital na Saúde Pública'
3º evento: As tecnologias digitais na Atenção Primária à Saúde: Desafios e estratégias para o Sistema Único de Saúde
Data: 5 de dezembro de 2024
Horário: 10h
Transmissão: Canal da Vídeo Saúde Distribuidora
Informações: cee@fiocruz.br e 21 38829134
Em reunião ordinária, o Conselho Deliberativo da Fiocruz aprovou por unanimidade a alteração do nome do Centro de Estudos Estratégicos (CEE), em homenagem ao seu fundador, o sanitarista Antônio Ivo de Carvalho (1950-2021) . O Centro passará a se chamar, assim, Centro de Estudos Estratégicos Antônio Ivo de Carvalho.
A proposta de mudança, apresentada ao CD, de 22 de julho, pelo atual coordenador do CEE, Carlos Gadelha, considera que “em seu momento de transformação, o CEE procura fazer jus à ousadia e ao legado de Antônio Ivo, fortalecendo-se para pensar, refletir e debater o futuro do desenvolvimento, da saúde, da ciência e da democracia como norte para pensar e ousar na Fiocruz do futuro”.
Acesse a apresentação da nova designação do CEE.
Acesse a Carta-proposta de alteração de designação do CEE aos membros do CD
Assista à defesa da incorporação do CEE ao Estatuto da Fiocruz, feita por por Antônio Ivo de Carvalho, em 2015:
O Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz (CEE/Fiocruz) traz para o Brasil o economista americano Randall Wray, pesquisador do conceituado Levy Economics Institute do Bard College e um dos principais autores da Teoria Moderna da Moeda (MMT, na sigla em inglês). Wray participará de seminário Políticas sociais e pleno emprego: A Teoria Moderna da Moeda como alternativa, no dia 26 de novembro.
O economista apresentará os conceitos-chaves da teoria que ajudou a construir e suas implicações na construção de uma abordagem alternativa para o financiamento de políticas sociais. A apresentação de Randall Wray será realizada no Centro de Convenções Sul América, no Rio de Janeiro, às 9h.
Ao seu lado, na mesa, estarão os economistas e professores Pedro Rossi, da Universidade de Campinas (Unicamp) e José Márcio Camargo, da PUC-Rio, com mediação do pesquisador Carlos Gadelha, coordenador das Ações de Prospecção da Fiocruz. O evento terá transmissão online.
Com uma linha de pensamento diferente dos economistas ortodoxos, os trabalhos de Wray sobre teoria monetária, finanças públicas e políticas de geração de emprego têm sido referência para formuladores de política econômica em vários países.
O economista defende o pleno emprego e abre o leque das possibilidades para o financiamento de políticas sociais. Na Argentina, suas ideias serviram de inspiração para um programa de emprego que recolocou no mercado de trabalho dois milhões de pessoas em resposta à crise de 1999. Nos Estados Unidos, embasou o plano de reforma do sistema de saúde, apresentado pelo senador Bernie Sanders em 2019 no Senado americano. Sanders propõe assistência médica universal e gratuita em um país onde há mais de 30 milhões de pessoas sem plano de saúde. Esse mesmo projeto foi defendido pelo senador quando foi pré-candidato democrata em 2016.
O seminário organizado pelo CEE-Fiocruz tem como objetivo discutir o potencial de políticas monetárias e fiscais baseadas na Teoria Moderna da Moeda para aumentar os recursos financeiros federais disponíveis para as áreas sociais, sobretudo a da saúde, diante do atual contexto de ajuste fiscal.
Na parte da tarde, será realizada no mesmo local uma oficina com o Randall Wray, na qual formuladores de políticas, formadores de opinião e representantes da sociedade civil e do meio acadêmico convidados terão a oportunidade de discutir a aplicação dos principais conceitos da Teoria Moderna da Moeda. Inscreva-se já, pelo Campus Virtual Fiocruz!
Serviço
Evento: Políticas sociais e pleno emprego: A Teoria Moderna da Moeda como alternativa
Data: 26/11
Horário: 9h às 12h
Local: Centro de Convenções Sul-América (Av. Paulo de Frontin, nº 1, Rio Comprido, Rio de Janeiro, RJ)
Inscrições: link
O Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (CEE-Fiocruz) abre, na próxima segunda-feira (16/7), a partir das 14h, a série de encontros Futuros do Brasil e da América Latina, tendo no centro do debate a economista Laura Carvalho.
Autora do livro Valsa brasileira: do boom ao caos econômico (Ed. Todavia), lançado este ano, Laura abordará o tema Alternativas econômicas para um Brasil justo. Sob a coordenação e a apresentação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, pesquisador do CEE-Fiocruz, Laura vai interagir com três debatedores: o economista Carlos Gadelha, coordenador de Ações de Prospecção da Fiocruz e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde; Carlos Eduardo Martins, professor do Departamento de Ciência Política da UFRJ e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC) da universidade; e por Gustavo Noronha, economista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O evento será on-line, com transmissão em tempo real pelo blog do CEE-Fiocruz e pela página do Centro no Facebook.
Em Valsa brasileira, Laura Carvalho faz uma análise do período que compreende o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, em que o país viveu os anos de maior prosperidade de sua história e também uma crise econômica sem precedentes. A autora defende que, após 2010, era possível contornar os obstáculos para a manutenção de um crescimento inclusivo, se não se optasse por uma mudança de rumo, em que o conjunto da sociedade saiu do foco de atenção. Ela propõe, ainda, uma agenda para o país, afirmando que o aprofundamento da democracia cabe no orçamento. Leia aqui entrevista com Laura Carvalho, sobre o livro, publicada na revista IHU Online
Leonardo Boff
A série Futuros do Brasil e da América Latina tinha início previsto para 20 de junho, com o teólogo Leonardo Boff. O evento, no entanto, foi cancelado por motivo de segurança, uma vez que nesse dia estava em curso uma operação policial nas comunidades vizinhas à Fiocruz. O debate com Boff está previsto para setembro.
Fonte: Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz)