O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) realiza, em 5 de março, a partir das 14h30, a aula inaugural que marca a abertura das atividades do ano letivo de 2024, dos programas de pós-graduação da instituição, e também o IV Workshop da Pós-Graduação 2024. A palestra magna sobre o tema “O papel da pesquisa no fortalecimento dos direitos da mulher na saúde sexual e reprodutiva” será ministrada pela médica sanitarista Maria do Carmo Leal, pesquisadora visitante da Fiocruz Amazônia e da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), na sede do ILMD/Fiocruz Amazônia, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus. A aula abrirá os trabalhos acadêmicos deste ano, e poderá ser acompanhada pelo canal do YouTube da instituição.
“Nessa aula inaugural, irei abordar a discussão acerca da translação do conhecimento científico, na relação do conhecimento científico da sociedade com os sistemas de saúde, essa ideia é muito bem aplicada no caso da saúde da mulher, dos direitos sexuais e reprodutivos”, comenta Maria do Carmo. Ela explica que historicamente, nos sistemas de saúde, uma série de práticas sobre a atenção ao parto ou mesmo atenção ao aborto ou a saúde da mulher nos aspectos da vida sexual e reprodutiva, deixa de repassar informações acerca dos direitos e sobre o que é a qualidade da atenção para as mulheres nesses aspectos
“A aula vai chamar a atenção para o aspecto de como as pesquisas que temos feito ao longo dos anos têm dado ênfase importante nesse conteúdo da translação do conhecimento, seja informando a sociedade, em particular as mulheres e famílias, sobre os seus direitos sobre a melhor assistência ao parto ou ao aborto, seja informando para os sistemas de saúde as falhas e problemas que estão sendo associados a resultados obstétricos e epidemiológicos”, salienta a pesquisadora, ressaltando a necessidade de se colocar essas ideias em prática na área da saúde da mulher, mostrando que as pesquisas podem e devem cumprir esse papel.
PROGRAMAÇÃO
Dando sequência às atividades da programação de abertura do ano letivo 2024, o IV Workshop da Pós-Graduação – edição 2024, no dia 6, das 9h às 16h, haverá a apresentação aos novos alunos dos serviços e ações oferecidos pela Vice-Diretoria de Educação, Informação e Comunicação (VDEIC); Secretaria Acadêmica; Posgrad (Pós-graduação); Biblioteca; Associação de Pós-Graduandos; NIT (Núcleo de Inovação Tecnológica) e Comissão de Biossegurança.
No dia 7, das 9h às 16h, haverá a interação dos alunos com a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA) e do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno Hospedeiro (PPGBIO-Interação).
Entre os dias 11 e 13/3, será realizada a “Oficina de Redação Científica”, ministrada pelo professor doutor Gilson Luiz Volpato, no salão Canoas, na sede da Fiocruz Amazônia.
Assista à transmissão da aula inaugural abaixo:
Representantes da Fiocruz, do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa) e de ministérios e institutos de saúde de países africanos se reuniram na Fundação, entre os dias 9 e 11 de outubro. Neste segundo encontro, trataram de definir as prioridades de temas e estratégias para os próximos cinco anos da cooperação internacional, iniciada com a assinatura de um Memorando de Entendimento (MdE), em julho.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, abriu a segunda oficina de planejamento, que visa concretizar as ações em parceria. “Gostaria de reforçar meu compromisso institucional com essa agenda da Unfpa, que é pensar os direitos na perspectiva das populações. No caso específico dessa oficina, os direitos da mulher, para a qual temos um instituto dedicado”, disse, referindo-se ao Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueiras (IFF/Fiocruz). Além de integrantes da unidade, participaram do encontro representantes da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) e do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) — responsáveis por conduzir a iniciativa —, da Escola Nacional da Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e do Campus Virtual Fiocruz.
Na primeira oficina, em agosto, a redução das mortes maternas evitáveis a zero até 2030 nos países participantes foi definida como prioridade. Para isso, a estratégia dos parceiros é criar um Centro de Referência em Saúde Materna, no âmbito da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas (CPID). O propósito do Centro é fazer análises aumentar a capacidade dos países, através da troca de experiências proporcionada pela cooperação triangular entre a Fiocruz, países de América Latina e Caribe e africanos e o Unfpa.
Bobby Olarte, assessor sênior para cooperação entre países do Unfpa, afirmou: "Nenhuma mulher deveria morrer simplesmente por dar à luz”. Ele explicou que o CPID apoiará os países, reconhecendo a expertise da Fiocruz, como as iniciativas bem-sucedidas do IFF. A proposta do Fundo passa por identificar centros de excelência no mundo e oferecer apoio técnico para criação de redes.
A escolha pelo desafio da redução da mortalidade materna vem tanto da necessidade dos países, como da observação das competências da Fiocruz. Além disso, esse resultado está de acordo com a estratégia dos três zeros para aceleração da implementação do programa de ação da CIPD: zero necessidade insatisfeitas de contracepção, zero mortes maternas evitáveis e zero situações de violência contra mulheres e meninas.
Na reunião, representantes de Angola, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Senegal apresentaram seus contextos nacionais e desafios para redução das mortes maternas. Os países têm contextos muito distintos. Enquanto Cabo Verde, por exemplo, é uma referência na área de saúde da mulher, Guiné-Bissau apresenta dificuldades relacionadas à infraestrutura de saúde e uma altíssima mortalidade materna, com 746 mortes por 100 mil mulheres.
A representante escritório do Brasil do Unfpa, Junia Quiroga, apresentou os dados da América Latina e Caribe. Entre os principais desafios da região estão: o alto número de cesáreas, a gravidez na adolescência e a alta medicalização da atenção à saúde materna. “A média de idade para a primeira relação é muito baixa em toda a a América Latina e Caribe, e somos a segunda região do mundo com a taxa de fecundidade adolescente mais alta”, disse, reforçando a necessidade de priorizar populações jovens.
Para enfrentar essas questões, a parceria identificou como áreas de cooperação: a formação de pessoal; a construção e fortalecimento sistemas de informação, vigilância e monitoramento; a pesquisa; e a promoção da participação comunitária. Apesar dos desafios, para a representante do Unfpa, a parceria tem se mostrado muito promissora, com o empenho de especialistas e instituições envolvidas. “Velocidade, agilidade e engajamento têm sido características importantes dessa cooperação”, disse Junia.
A Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento das Nações Unidas (CPID), realizada no Cairo em 1994, resultou na elaboração de uma agenda. O compromisso comum está em alcançar o desenvolvimento sustentável com equidade para todas e todos por meio da promoção dos direitos humanos e da dignidade, apoiar o planejamento familiar, a saúde sexual e reprodutiva e direitos, promover a igualdade de gênero e a igualdade de acesso à educação para as meninas, e eliminar a violência contra as mulheres, entre outras iniciativas.
Como marco dos 25 anos desta agenda, uma cúpula será realizada em Nairobi, Quênia, de 12 a 14 de novembro. A presidente da Fiocruz participará do evento e levará os resultados e compromissos das duas oficinas já realizadas entre o Unfpa e a Fiocruz.