A urgência de enfrentar a fome global e os desafios para alcançar esse objetivo até 2030 serão temas centrais de um debate promovido pela Fiocruz nesta quarta-feira, 16 de julho, a partir das 10h, no âmbito dos Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde. O evento reunirá especialistas de diferentes setores e regiões, que discutirão estratégias, políticas e experiências práticas para combater a insegurança alimentar no cenário internacional. A transmissão será realizada simultaneamente em português, espanhol e inglês.
Formado por profissionais com atuação reconhecida em suas áreas, o painel contará com a presença da consultora sênior em Nutrição e Sistemas Alimentares da Organização das Nações Unidas (ONU), Denise Coitinho, que abordará o papel das organizações internacionais na luta contra a fome. Também participará a presidente do Consea e membro do HLPE/FSN, Elisabetta Recine, trazendo contribuições da sociedade civil e da academia.
Pelo lado da cooperação internacional entre países em desenvolvimento, a coordenadora do Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP) no Brasil, Eliene Sousa, apresentará iniciativas práticas dessa colaboração. Por sua vez, a pesquisadora da Fiocruz Brasília Denise Oliveira fará uma análise das políticas públicas brasileiras frente aos desafios globais de segurança alimentar.
A mediação do evento será conduzida pelo especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Eduardo Nilson, também da Fiocruz Brasília. O seminário é organizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), dentro da série de encontros regulares dedicados à saúde global e à diplomacia em saúde. Confira abaixo os links de transmissão:
Em português:
Em espanhol:
Em inglês:
#ParaTodosVerem Banner com fundo azul, com informações sobre o enfrentamento da fome global: perspectivas e desafios para 2030, como dia e horário, também há fotos das palestrantes, primeiro Denise Coitinho, uma mulher branca e loira, Elisabetta Recine, uma mulher branca com cabelos castanhos curtos, Eliene Sousa, uma mulher negra com cabelos compridos escuros, Denise Oliveira e Silva, uma mulher negra com cabelos escuros curtos e por último Eduardo Nilson, um homem branco e loiro.
Os Seminários Avançados do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) desta quarta-feira, 18 de junho, abordarão os Grandes temas da Conferência Internacional do Trabalho (OIT) de 2025. O encontro será às 10h e terá transmissão em português, espanhol e inglês.
Confira os temas e participantes do seminário:
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Os Seminários Avançados da Fiocruz desta quarta-feira, 4 de junho, vão debater a agenda da saúde global discutida na 78ª Assembleia Mundial da Saúde, que ocorreu de 19 a 26 de maio, em Genebra, na Suíça, e teve como tema Um mundo pela saúde (One World for Health). Especialistas e pesquisadores - do Governo Federal, da Fiocruz, da Universidade de São Paulo e da Organização Mundial da Saúde - que estiveram na reunião participarão do webinário, às 10h. O encontro terá transmissão em português, inglês e espanhol.
A médica do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e pesquisadora do Centro de Relações Internacionais em Saúde Cris/Fiocruz Paula Regis participará do webinário trazendo a agenda da 78a AMS. Regis estava na comitiva da Fiocruz que integrou a delegação do governo brasileiro em Genebra. A Fiocruz foi destaque no discurso de abertura da Assembleia, feito pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.
A professora da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Deisy Ventura falará sobre o Tratado sobre Pandemias. Aprovado pelos estados-membros da OMS durante a assembleia, em 20 de maio, se tornou o primeiro no mundo sobre o tema.
O chefe da Unidade de Equidade e Saúde da OMS, Sudhvir Singh, fará seu painel sobre o relatório mundial da OMS para determinantes sociais da equidade na saúde. A chefe da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Governo Federal (Aisa), Marise Ribeiro Nogueira, trará a visão do Brasil sobre a agenda da saúde global 2025.
A introdução e a mediação serão feitas pelo pesquisador sênior do Cris/Fiocruz Luiz Augusto Galvão, que também integrou a comitiva da Fiocruz em Genebra. Os seminários avançados são promovidos pelo Cris/Fiocruz.
Em português:
Em inglês:
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Os Seminários Avançados do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) desta quarta-feira (21/5) abordarão a saúde da mulher e da criança. O webinário trará perspectivas nacionais e internacionais ao reunir especialistas do Ministério da Saúde, da Universidade de Pelotas, da Organização Panamericana da Saúde (Opas) e da Fiocruz. Haverá ainda a participação em vídeo da ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, O encontro será às 10h e terá transmissão em português, espanhol e inglês.
Inícios saudáveis, futuros esperançosos será o tema da fala da representante da Unidade de saúde da mulher, materna, neonatal e reprodutiva da Opas, Suzanne Serruya. O professor emérito da Universidade de Pelotas César Victora trará um panorama sobre a saúde de mulheres, crianças e adolescentes sob a perspectiva da Agenda 2030.
A representante da coordenação de Atenção à Saúde das Mulheres do Ministério da Saúde, Renata de Souza Reis, falará sob a ótica brasileira sobre políticas de atenção à saúde da mulher no país. Ainda sob esta perspectiva, a pesquisadora e coordenadora da pesquisa Nascer no Brasil, da Fiocruz, Maria do Carmo Leal, debaterá sobre o trabalho. A introdução e a mediação serão feitas pela representante da coordenação de ações nacionais e de cooperação do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Teresa Massari.
Em português:
Em espanhol:
Em inglês:
A Agenda da Saúde Global é o tema que abre, na próxima quarta-feira, 21/2, às 10h, os Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde. Embora seja de acesso ao público em geral, o webinário promovido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) marca também o início das atividades do curso de Atualidades em Saúde Global e Diplomacia da Saúde, com mais de 750 participantes espalhados pelo mundo, que acompanham as aulas por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) desenvolvido e apoiado pelo Campus Virtual Fiocruz. O evento será transmitido ao vivo pelo canal da Videosaúde da Fiocruz em português, inglês e espanhol.
O embaixador Santiago Alcázar, pesquisador honorário do Cris/Fiocruz, debaterá a questão As Nações Unidas em crise?, enquanto a pesquisadora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) Paula Reges abordará a Agenda da Saúde Global na Organização Mundial de Saúde e as agências da ONU. Coordenadora do Grupo de Trabalho Fiocruz-Universidade de São Paulo (USP), Deisy Ventura analisará o Tratado sobre Pandemias e a revisão do Regulamento Sanitário Internacional.
Caberá a Armando de Negri Filho, pesquisador visitante do Cris/Fiocruz, falar sobre A Agenda da Saúde ampliada no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Já o chefe da Divisão de Saúde Global, do Ministério das Relações Exteriores, Igor Barbosa, trará a visão do governo. O seminário será mediado por Guto Galvão, pesquisador sênior do Cris/Fiocruz e também coordenador do GT Fiocruz-USP.
“O seminário vai discutir os grandes desafios enfrentados hoje pelas Nações Unidas, enquanto grande assembleia do mundo. Vai falar sobre a presença da saúde também nas agências da ONU”, explicou o coordenador do Centro de Relações Internacionais em Saúde, Paulo Buss. “É uma discussão que parte do geral para o específico, trazendo, a partir do conceito ampliado de saúde, os determinantes que estão fora do sistema de saúde propriamente dito. O seminário seguinte será sobre a situação demográfica e epidemiológica do mundo, e o terceiro sobre a resposta dada pelos sistemas de saúde a isso, seguindo uma abordagem lógica”.
Parte integrante do curso, os 25 seminários quinzenais online têm 750 alunos inscritos. Embora a maioria seja do Brasil, há também estudantes de países latino-americanos, asiáticos, africanos e europeus. O curso busca discutir e refletir sobre os principais desafios políticos, sociais, econômicos e ambientais que afetam a saúde em nível global e regional.
Acompanhe a transmissão:
Em português:
Em espanhol:
Em inglês:
#ParaTodosVerem Banner com fundo azul escuro, no topo o nome do seminário: Seminários Avançados Cris em Saúde Global e Diplomacia da Saúde 2024 - Agenda da Saúde Global. Abaixo, fotos e nomes dos participantes dos seminários, data e horário do evento: 21/2, das 10h às 13h.
Uma ideia que surgiu durante a visita da cônsul geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Jacqueline Ward, à Fiocruz, em 2021, ganhou forma e se concretizará este ano. A participação de três pesquisadores da Fundação no International Visitor Leadership Program (IVLP), uma iniciativa de intercâmbio financiada pelo Departamento de Estado americano, foi um dos temas da reunião com uma nova delegação da representação diplomática americana na última sexta-feira (28/1). No encontro, na sala do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), no Rio de Janeiro, foram discutidas ainda as ações da Fiocruz no combate à pandemia de Covid-19, assim como uma possível colaboração entre as bibliotecas da Fundação e a do Congresso dos EUA, além de novas áreas de cooperação com instituições científicas e de educação do país.
Sofia M. Khilji, cônsul chefe do Departamento de Política e Economia, Marco S. Sotelino, cônsul para Assuntos Econômicos, e Paul Losch, diretor da Biblioteca do Congresso, trouxeram atualizações sobre o IVLP. No caso do programa deste ano, o tema escolhido foi a Promoção da Colaboração Bilateral na Ciência em Saúde, elaborado especialmente para um grupo de dez brasileiros, dos quais três serão da Fiocruz. De 10 a 18 de abril, os integrantes deverão visitar instituições como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos), e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), além de universidades e empresas de tecnologia em saúde.
A reunião, no entanto, foi além do IVLP. A delegação foi recebida por Cristiani Vieira Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz), que deu uma visão geral da atuação da Fiocruz no território brasileiro, destacando os cursos à distância, elaborados pelo Campus Virtual Fiocruz, rapidamente estabelecidos para treinar profissionais de saúde a lidarem com o novo coronavírus. Rodrigo Correa de Oliveira, vice-presidente de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB/Fiocruz), contou sobre o legado das ações contra a Covid-19, como o estabelecimento da Rede Genômica Fiocruz, o Biobanco Covid-19 Fiocruz e a pesquisa com vacina com RNA mensageiro. Já Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), contou não só sobre a realização da G-Stic Rio, conferência global que visa a busca de soluções de desenvolvimento sustentável e que será realizada de 13 a 15 de fevereiro, como sobre o Complexo Industrial e Saúde.
Sofia Khilji lembrou a colaboração de longa data entre a Fiocruz e instituições científicas americanas e destacou o que ouviu sobre tecnologia sustentável. “É muito importante não perdermos o que foi alcançado durante a pandemia, porque outras crises virão. São importantes essa resiliência, as respostas para desastres e em relação a comunidades vulneráveis, como os Yanomamis, assim como defender os recursos naturais da Amazônia e do Pantanal. Essas são áreas em que a parceria pode aumentar com nossos centros epidemiológicos e com os Institutos Nacionais de Saúde”, disse.
Cristiani lembrou a chegada de sete estudantes de Princeton. “Em troca, recebemos duas ‘bolsas sanduíches’. Já chegaram mais propostas. Esse é um tipo de intercâmbio que poderia avançar com outras instituições”.
Participaram ainda do encontro Pedro Burger, coordenador adjunto do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/ Fiocruz); Valber Frutuoso, assessor de Relações Institucionais da Presidência da Fiocruz; e Vinicius Cotta de Almeida, coordenador adjunto de Educação Internacional (CGE/Vpeic/Fiocruz).
Imagem: Peter Ilicciev
O que as recentes emergências de saúde pública têm em comum e as melhores formas de enfrentá-las globalmente serão os temas principais da edição extra do Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde, que ocorrerá nesta quinta-feira, 23/6. Com a participação de especialistas da Fiocruz e da Universidade de São Paulo (USP), o webinar organizado pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) debaterá os mecanismos de disseminação e controle de doenças como Covid-19, monkeypox, hepatite infantil, entre outras emergências internacionais e regionais. O evento será transmitido em português, inglês e espanhol.
Segundo o mediador do evento, o professor e pesquisador da Fiocruz Brasília Eduardo Hage, o foco do seminário será nos processos de ocorrência das emergências, baseando-se, principalmente, nas mais recentes. Cada um dos palestrantes abordará ao menos duas ou três delas. “Com isso, buscamos entender o que há em comum entre essas emergências em termos de produção: quais os fatores que as propiciam e as situações que determinam a sua ocorrência ou contribuem para a disseminação da doença, tendo a consciência das diferenças entre elas, como de manifestação clínica, gravidade e letalidade”, assinala Hage.
Em um mundo cada vez mais globalizado e onde as distâncias são menores, possibilitando o tráfego intenso de pessoas e bens de consumo entre os países, o pesquisador ressalta a importância do debate. Ele enumera algumas das crises recentes de saúde global, como a disseminação rápida entre os continentes da Síndrome Respiratória Grave nos primeiros anos deste século e da Covid-19.
“A monkeypox também teve disseminação rápida, principalmente para Europa e Estados Unidos. Mas há alguns mecanismos de transmissão da doença que ainda estão sendo analisados”, aponta Hage sobre a doença antes considerada de transmissão eventual, de reservatórios animais para o homem, que ocorria episodicamente em alguns países da África e que passou a se disseminar quando se estabeleceu a transmissão pessoa a pessoa.
Estratégias globais
É possível e preciso, então, pensar em estratégias nacionais e globais. Para Hage, não será restringindo o fluxo de pessoas que esse cenário irá melhorar, mas com o fortalecimento dos sistemas de saúde nacionais, com capacidade de detecção precoce e de resposta, além de boa capacidade de laboratório para monitoramento de agentes etiológicos, por exemplo.
Os painelistas entrarão neste debate, trazendo ainda as possíveis medidas de controle internacionais, como redes globais de produção e desenvolvimento de insumos, a necessidade de disseminação de informações e a situação atual dos tratados globais para o tema, como a reformulação do Regulamento Sanitário Internacional.
Para isso, o webinar contará com a participação de Carlos Morel, ex-presidente da Fiocruz, atual coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e membro do Grupo Assessor Científico da OMS sobre Origens de Novos Patógenos (SAGO); Marilia Santini, infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz); e Deisy Ventura, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
As mulheres são maioria na força de trabalho em saúde. Mesmo assim, estão longe dos postos de liderança, enfrentam desigualdades nos salários e muitas vezes são vítimas de assédio moral e sexual. Se o panorama descrito no webinário "Mulheres na Saúde Global", promovido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz) no último dia 15, parece sombrio, ele também traz focos de esperança: ao mesmo tempo em que exacerbou essas desigualdades, a pandemia de Covid-19 jogou luz sobre elas, ampliando o debate em torno do tema e a busca de soluções. O evento pode ser assistido na íntegra no canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz no Youtube.
Coordenado pela a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Cristiani Vieira Machado, o encontro contou com as participações de Roopa Dhatt, diretora-executiva da ONG Women in Global Health; Stéphanie Seydoux, embaixadora da França para a Saúde Global; Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz; e com comentários de Zélia Maria Profeta da Luz, pesquisadora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas) e integrante do Conselho da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre Economia da Saúde para Todos.
“Segundo dados da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), as mulheres sofreram de forma mais acentuada as retrações dos postos de trabalho, especialmente no setor informal, ficaram mais sobrecarregadas com os serviços domésticos, com o fechamento de escolas e com familiares que adoeceram”, destacou Cristiani. "Esse cenário exige políticas públicas abrangentes e ação coletiva”, disse, lembrando que a Fiocruz conta com um Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça e hoje é presidida por uma mulher.
"Políticas cegas”
Cofundadora da Women in Global Health e consultora da OMS, Roopa Dhatt ressaltou que muitas políticas são “cegas o ponto de vista de gênero”, o que reforça a discriminação. Como exemplo, citou medidas adotadas durante o lockdown que para algumas mulheres significou deixá-las em ambientes violentos. Além disso, pelo menos 30% — em alguns casos até 60% — dos serviços para mães foram descontinuados ou dificultados na pandemia.
Se 70% da força de trabalho em saúde é composta por mulheres, o mesmo não acontece nos cargos de liderança, onde elas representam apenas 20%. “Estão sub-representadas, contidas por fatores raciais, por virem de minorias, serem migrantes, as várias desvantagens se acumulam. Há um gap de 28% nos salários em relação aos dos homens. Enfrentam ainda assédio sexual e moral, que pode vir de colegas de trabalho ou de pacientes”, disse. Junto com o governo da França e a OMS, a WGH lançou a iniciativa Força de Trabalho da Saúde e Cuidados e Igualdade de Gênero (GEHCWI), sobre quatro pilares: aumentar a presença em postos de liderança, equiparação de remuneração, proteção contra assédio e melhores condições de trabalho.
Dividendo Tríplice
A embaixadora Stéphanie Seydoux destacou a realização do Fórum Geração Igualdade, em Paris, há dois meses, marcando os 26 anos da Conferência de Pequim. A ideia era “rejeitar esta tendência de recuo no compromisso com os direitos das mulheres”, explicou. Entre os compromissos alcançados está a promessa de disponibilizar 40 milhões de euros (R$ 247 milhões) para os esforços. Foram definidas áreas de compromisso, como contra a violência de gênero; direitos econômicos; saúde sexual e reprodutiva; e inovação em prol da igualdade em gênero.
Na questão da saúde, a embaixadora observou que “há uma necessidade urgente de obter compromissos mais amplos para aumentar a proporção de mulheres em posições de liderança, reconhecer o valor do trabalho de cuidado não remunerado e a importância da igualdade de remuneração e a proteção contra violência e assédio, além de garantir condições de trabalho seguras e decentes. Tudo isso para alcançarmos o Dividendo Tríplice de gênero.”
Movimentos sociais
Coube à Nísia trazer a discussão para o Brasil. A presidente da Fiocruz disse que é “revelador que a participação de mulheres na Academia Brasileira de Ciências esteja na faixa de 30%. Na Fiocruz, que é uma instituição que tem esse compromisso, não só levamos 120 anos para ter uma mulher na presidência, como ainda hoje somos 30% da representação no Conselho Deliberativo, que é o conselho dos institutos. São dados que mostram o quanto temos que avançar”.
Nísia disse que essa agenda é central na preparação do 9º Congresso Interno. Ela lembrou que em 2017 foi aprovada uma resolução dedicada à Equidade de Raça e Gênero com uma visão de diversidade, que envolve também trabalhadores com deficiências. Lembrou ainda o programa Meninas e Mulheres na Ciência, em que profissionais de várias áreas da Fiocruz recebem estudantes, numa visão de inclusão social.
“Quando falamos em equidade de gênero, não podemos deixar de falar que ocorre de forma diferenciada, é sobretudo grave em relação às mulheres negras”, disse. A Fundação tem trabalhado intensamente com populações em situação de vulnerabilidade no país. No Rio, isso ocorre especialmente nas comunidades de Manguinhos e Maré, onde a Fiocruz tem integrado conhecimento científico, pesquisa e ação comunitária. “Vemos movimentos bem estruturados, e observamos a forte presença das mulheres. Uma agenda como essa que discutimos aqui tem que contar com o protagonismo dessas mulheres.”
Nísia lembrou que apesar de realçar desigualdades, aprendizados podem ser tirados da pandemia: “Deve-se pensar em alternativas democráticas construídas com base na ciência, mas com um forte diálogo com movimentos sociais e a sociedade civil. Isso será fundamental para a superação da crise.”
Interseccionalidade
Zelia Profeta também destacou a questão da interseccionalidade. “Se a gente não fizer essa discussão pensando em gênero, raça, classe social e até geracional, pode não fazer as relações corretamente”, disse, citando pesquisa que mostra que a maior parte dos técnicos de enfermagem e agentes de saúde são pessoas pretas e pardas.
Sobre o trabalho no conselho da OMS, a ex-diretora da Fiocruz Minas contou que “a ideia ter um plano ao final de dois anos que apresente saúde para todos, mas numa perspectiva de que saúde não é gasto, é investimento. A ideia do conselho é colocar a saúde definindo como a economia tem que funcionar e não o contrário”, contou. “Acho que o principal desafio é fazer uma agenda que consiga avançar, consiga influenciar lideranças, e eu acho que a gente tem todas as condições de fazer isso.”
Música
Este Seminário Avançado em Saúde Global teve um toque diferente: organizado por Ilka Vilardo e Ana Helena Freire, do Cris, ele foi aberto e fechado com a participação da cantora Ana Costa, que apresentou duas de suas composições com Zelia Duncan: as canções "Uma mulher" e "Eu sou mulher, eu sou feliz", que abordam dificuldades do dia a dia, inclusive saúde física e mental. Este foi o 19º Seminário Avançado em Diplomacia da Saúde em 2021 e aconteceu exatamente ao completar um ano do primeiro, realizado em 15 de setembro de 2020, lembrou Paulo Buss, coordenador do Cris.
Mulheres ocupam menos cargos de liderança. Mulheres são a maioria entre os profissionais de saúde. Mulheres ganham menos. Mulheres assumem majoritariamente os cuidados não remunerados e domésticos. Mulheres sofrem mais violências físicas, psicológicas, econômicas e sexuais. Há séculos a desigualdade de gênero é uma realidade global, que foi agravada pela pandemia de Covid-19. Para discutir essa temática, o Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz (Cris) vai realizar, na próxima quarta-feira, 15 de setembro, a partir das 10h, o webinário “Mulheres na saúde global”. O encontro, que acontece no âmbito da série “Seminários Avançados Cris em Saúde Global e Diplomacia da Saúde” é aberto ao público e será transmitido pelo canal da VideoSaúde Distribuidora no Youtube – com tradução simultânea para o inglês.
A mesa de debate é formada por representantes emblemáticas e engajadas na luta pela igualdade e defesa dos direitos das mulheres: Socorro Gross, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) no Brasil; Roopa Dhatt, cofundadora e diretora-executiva da ONG Women in Global Health; Stéphanie Seydoux, embaixadora da França para a Saúde Global; Nísia Trindade Lima, presidente da Fiocruz; além de mediação da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado e comentários de Zélia Maria Profeta da Luz, pesquisadora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas) e integrante do Conselho da OMS sobre Economia da Saúde para Todos.
Cristiani lembrou que em muitas sociedades, como, por exemplo, as latino-americanas, essas desigualdades estão entrelaçadas com outras – de classe, renda, raça, territoriais – em uma dinâmica complexa, observando que “embora as mulheres tenham expandido sua participação no mercado de trabalho nas últimas décadas, persistem injustiças, como disparidades salariais e assimetrias na divisão de responsabilidades entre homens e mulheres no trabalho doméstico, cuidado com crianças e idosos, ocasionando sobrecarga importante para as mulheres e constrangimentos a sua trajetória profissional. Acrescente-se ainda o machismo estrutural, e as situações de assédio e de violência contra as mulheres”.
No tocante à pandemia, a vice-presidente ressaltou que a Covid-19 exacerbou as desigualdades de gênero de diferentes formas, entre as de maior destaque estão a sobrecarga importante de trabalho, e exposição ao risco de adoecimento e morte, visto que as mulheres representam a maior parte da força de trabalho no setor saúde na maioria dos países; a significativa redução do emprego, principalmente dos postos informais, de acordo com dados da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal); bem como o aumento do trabalho doméstico e cuidado com crianças e idosos, principalmente devido à suspensão de aulas e à necessidade de cuidar de familiares acometidos pela Covid-19; e ainda a maior exposição de meninas e mulheres a situações de violência doméstica.
A Fiocruz tem o compromisso com a redução das desigualdades e promoção da equidade social entre suas diretrizes institucionais, incluindo a dimensão de gênero. Muitas são as iniciativas, como a implantação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça e o Programa Mulheres e Meninas na Ciência na Fiocruz. Para além disso, em 2017, a comunidade institucional elegeu pela primeira vez, em 117 anos, uma mulher como presidente, que foi reeleita para uma nova gestão em 2021.
Nesse sentido, Cristiani apontou como fundamental ouvir e debater esse tema com representantes envolvidas na luta pela igualdade e defesa dos direitos das mulheres. “Precisamos, sobretudo, desencadear agendas de transformação desse cenário, o que requer políticas públicas, iniciativas institucionais e compromissos coletivos. Avançamos em algumas frentes, mas ainda há muitas injustiças e muito a fazer, e isso é o que deve nos mover”, defendeu ela.
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