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Publicado em 10/03/2025

Repositório Arca: acesso aberto e democratização do conhecimento científico

Autor(a): 
Bruna Severo (Icict/Fiocruz)*

Arca é o Repositório Institucional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), criado em 2007 e lançado oficialmente em 2011. Sua missão principal é reunir, hospedar, preservar, disponibilizar e dar visibilidade à produção intelectual da Fiocruz, promovendo o livre acesso à informação em saúde. O objetivo é incentivar a circulação do conhecimento, além de garantir transparência e estimular a comunicação científica entre pesquisadores, educadores, gestores e a sociedade civil.

A entrevista com Claudete Queiroz, coordenadora técnica do Arca – Repositório Institucional da Fiocruz, e os especialistas Rita de Cassia da Silva e Raphael Belchior, discute a importância do repositório em promover o acesso aberto à ciência em saúde e como ele contribui para a democratização do conhecimento científico.

Quais são as principais vantagens de repositórios institucionais como o Arca para o avanço da pesquisa científica e para a solução de problemas de saúde pública?

A Saúde é um bem essencial para a manutenção da vida e imprescindível para o desempenho das atividades cotidianas do indivíduo, além de ser um direito previsto na Constituição Federal do Brasil. É importante a disseminação sistêmica das informações e pesquisas científicas para conscientizar a sociedade quanto aos cuidados e formas de tratamentos existentes, porque além das doenças comumente conhecidas, temos vivenciado pandemias e epidemias, onde a sociedade se torna vítima pelo surgimento de novas enfermidades com alta capacidade de contaminação, proliferação e letalidade que afetam a saúde mundial. Portanto, é crucial o investimento em pesquisas clínicas e ferramentas tecnológicas avançadas que resultem no desenvolvimento de vacinas, insumos, remédios e tratamentos. Essas pesquisas precisam do capital intelectual das instituições para a produção de fontes diversificadas de informação, como artigos científicos, dissertações e teses que possam ser disponibilizadas o mais breve possível em bases de dados nacionais e internacionais. 

Nesse sentido, destacamos o Repositório Institucional Arca como uma base de dados que reúne, armazena, dissemina e preserva a produção intelectual em saúde, entendendo que o conhecimento produzido é um bem público e, por isso, deve ser compartilhado com a sociedade. Após a publicação da Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz, em 2014, o Repositório se tornou o principal instrumento de realização do acesso aberto na Instituição, estimulando a circulação do conhecimento, além de conferir transparência e incentivar a comunicação científica entre seus pesquisadores. Como principais benefícios, podemos citar: integridade dos documentos; confiabilidade das informações; aumento da visibilidade; gerenciamento das descobertas científicas; difusão do conhecimento e preservação da memória institucional. O Repositório Arca se tornou um grande aliado por ser uma base online que incorpora o conhecimento científico gerado e produzido pelos profissionais da Fiocruz, de forma a colaborar na busca de soluções para os problemas de saúde identificados.

Quais os principais benefícios do acesso aberto à informação científica para a sociedade?

O Movimento do acesso aberto surgiu como um caminho para a democratização do conhecimento, através da implantação dos repositórios institucionais (via verde) e dos periódicos científicos eletrônicos (via dourada) e diz respeito a divulgação dos trabalhos resultantes de investigação científica, desde que autorizados pelo autor. Podemos elencar diversos benefícios promovidos pelo acesso aberto, tais como: disponibilização dos documentos de forma gratuita através dos Repositórios Institucionais; aumento da visibilidade dos resultados das pesquisas; colaboração internacional entre os pesquisadores de diferentes instituições; redução das desigualdades com relação ao acesso aos documentos; transparência das informações; e a preservação da produção intelectual produzida. Na Fundação Oswaldo Cruz, podemos encontrar diferentes iniciativas de acesso aberto, como o Repositório Institucional Arca, o Repositório Institucional de Dados de Pesquisa Arca Dados, Porto Livre, VideoSaúde, Bibliotecas Virtuais em Saúde, Portal de Periódicos e a Rede de Bibliotecas. 

De que maneira o Arca fortalece o compromisso da Fiocruz com a ciência aberta e a transparência na pesquisa em saúde?

O compromisso institucional é fortalecido a partir da validação do Repositório Arca como o principal instrumento de realização do Acesso Aberto, conforme descrito na Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, que também instituiu como mandatário o depósito das dissertações e teses defendidas nos Programas de Pós-graduação da Fiocruz e dos artigos científicos publicados em periódicos, propiciando assim a transparência das pesquisas em saúde. 

É importante ressaltar que a Ciência Aberta, como uma Ciência que organiza, compartilha e reusa o conhecimento, pressupõe uma estratégia da Fundação que envolve outros atores além do Repositório Arca, como a criação do Repositório de Dados de Pesquisa, o Arca Dados. Essas fontes de informação ressaltam a importância vital da Ciência, considerando suas características colaborativas e inclusivas, através da circulação das descobertas científicas, inclusive por meio da Ciência Cidadã e participativa, e no combate à desinformação e desigualdades sociais e culturais. O Arca, além de armazenar a produção institucional, ele também se tornou um Indicador Global de Desempenho para o Governo Federal, por intermédio da Portaria Nº 775/2015-PR, fortalecendo, desta forma, o autoarquivamento e o crescimento anual dos depósitos, consolidando assim, o comprometimento das Unidades da Fiocruz para o alcance da meta institucional. No site da Instituição, estão disponibilizadas diversas informações sobre Ciência Aberta e outros temas ligados à temática.

Como o Arca pode influenciar a maneira como a ciência em saúde é produzida e compartilhada no futuro? 

Ao disseminar o acesso ao conhecimento científico em saúde e reunir o conteúdo institucional em um único local, o Repositório Arca se consolida como uma ferramenta essencial para divulgar as pesquisas da Fiocruz e fortalecer o Sistema Único de Saúde. Esse “conhecimento explícito” inserido no Repositório está organizado em Comunidades que correspondem às unidades técnico científicas da Fiocruz, reunindo os seus documentos em diferentes coleções que contribuem para ampliar, consolidar e preservar a memória institucional, garantindo autenticidade, confiabilidade e padronização das informações a longo prazo. O compartilhamento das informações na área da saúde, disponibilizadas no Repositório, estão intrinsecamente ligadas ao processo de comunicação científica e intensificam o debate em torno da democratização do conhecimento com toda sociedade.

Como tem transformado a maneira como a produção científica da Fiocruz é disseminada e acessada globalmente?

A evolução nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) promoveu grandes avanços para que diferentes conteúdos em saúde estejam armazenados e possam ser recuperados de forma rápida e ágil, resultando assim, em um maior entendimento dos processos e características das doenças pela população leiga. Cabe ressaltar que ao mesmo tempo que essas novas tecnologias podem ajudar para que o conhecimento seja acessado prontamente, também podem gerar problemas com a disseminação e utilização de fontes não confiáveis. Portanto, a gestão dessas ferramentas tecnológicas precisam estar alinhadas com as estratégias institucionais e os critérios de Governança Digital da Fiocruz. Essas inovações têm permitido o vasto crescimento da divulgação das pesquisas realizadas utilizando canais importantes como o uso de mídias corporativas, informes, notícias, campanhas de saúde, etc.

No caso do Repositório Institucional Arca, diversas ações de divulgação da sua produção científica têm sido realizadas, visando, assim, promover e ampliar todo conteúdo de forma global. Dentre estas, podemos destacar algumas, como as atividades para o incremento do número de registros no Repositório (autoarquivamento, migrações, importações), apresentação de trabalhos em eventos nacionais e internacionais, publicação de artigos, a utilização dos documentos depositados para o fortalecimento das campanhas de saúde promovidas pelo Ministério da Saúde, divulgação em redes sociais através dos canais formais e a utilização de métricas e citações.

Como se dá a curadoria e organização dos conteúdos disponíveis no Arca?

A Curadoria é uma atividade compartilhada e executada pela Equipe Executiva do Arca e pelos Núcleos de Ciência Aberta (NCAs) de cada Unidade da Fiocruz. Os documentos institucionais que respaldam esta ação são a Política de Acesso Aberto ao Conhecimento, o Plano Operativo e o Manual de Preenchimento de Metadados, todos disponíveis na página principal do Repositório

No processo de curadoria são realizadas diversas etapas como o monitoramento sistêmico das comunidades e das coleções, consistência dos campos, verificação das inconformidades, formatos de arquivo, critérios de preservação, dentre outros tópicos. A gestão desse conhecimento é de responsabilidade dos profissionais de informação dos NCAs, que precisam estar atentos para a correta entrada e certificação dos dados. 

Quais são os maiores desafios enfrentados pela equipe de gestão do Arca?

Investimentos financeiros que subsidiem as demandas técnicas e de evolução tecnológica dos sistemas e fluxos informáticos, e a busca contínua por atualização das equipes e agentes envolvidos nos processos, abrangendo as diferentes esferas necessárias para a manutenção e continuidade do Repositório.

Quais são os planos de expansão ou aprimoramento do Arca para os próximos anos? Existem novas funcionalidades ou tipologias de documentos que serão incorporadas ao Arca no futuro?

Os planos são centrados nas constantes atualizações da Ciência Aberta, como exemplo obter a certificação e auditoria do Repositório, implementação de vocabulários controlados, controle de autoridade, simplificação do autoarquivamento, aplicação de algoritmos de inteligência artificial, geração automática de relatórios para as Unidades, estabelecer requisitos e critérios de acessibilidade ao Sistema, dentre outras questões que a comunicação científica e os fluxos acadêmicos demandam. 

Quanto às novas funcionalidades do sistema, elas são incorporadas à medida que o DSPACE, sistema de acesso livre que comporta o Arca, disponibiliza novas versões que apresentam melhorias significativas ao nível do desempenho, acessibilidade e correções de bugs, facilitando a utilização para os gestores dos NCAs. Sobre a criação de novas tipologias, é importante destacar que é um trabalho realizado entre a Equipe Executiva do Arca e os profissionais de informação das Unidades da Fiocruz, que precisam verificar o tipo de documento e quais os metadados que serão definidos nesta etapa.

* Estagiária sob supervisão de Claudio Oliveira

Publicado em 20/09/2023

Livro sobre os desafios na comunicação e saúde está disponível em acesso aberto

Autor(a): 
Assessoria de Comunicação do Icict/Fiocruz

Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict/Fiocruz), Janine Miranda Cardoso é uma das organizadoras do livro Desinformação e Covid-19: desafios contemporâneos na comunicação e saúde. Lançada durante o 46º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom Nacional), em Belo Horizonte (MG), a obra está disponível em acesso aberto no site da Porto Livre - Portal de Livros em Acesso Aberto da Fiocruz e no Arca - Repositório Institucional da Fiocruz. Ambas as plataformas são coordenadas pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). 

Além de Janine Cardoso, outros pesquisadores do Icict participam da obra como autores: a doutoranda do PPGICS, Ana Carolina Monari, o bolsista de pós-doutorado do PPGICS, Hully Falcão, o pesquisador e coordenador do PPGICS, Igor Sacramento, a pesquisadora, coordenadora do Laboratório de Comunicação e Saúde e professora do PPGICS, Izamara Bastos e a pesquisadora e professora do PPGICS, Kátia Lerner.

O evento de lançamento ocorreu no início de setembro, no âmbito do Publicom, encontro que reuniu divulgação de livros da área de comunicação durante o congresso. Publicada pelo Instituto de Saúde do Estado de São Paulo, a obra integra a coleção Temas de Saúde Coletiva e está disponível para download também no site do órgão.

O livro aborda temas de extrema relevância no cenário atual, explorando as muitas interseções entre desinformação, comunicação e saúde no contexto da pandemia. Além disso, busca trazer luz aos desafios enfrentados na disseminação de informações confiáveis em um mundo digital cada vez mais difícil. No contexto de incertezas provocadas pela Covid-19, e proeminência de novos regimes de verdade instaurados pelas mídias digitais, ganharam espaço e se consolidaram fenômenos comunicacionais complexos, como a infodemia, a sindemia, a desinformação e as chamadas fake news. 

Marca do nosso tempo, esses fenômenos, particularmente desafiadores no campo da saúde, atravessaram o cotidiano pandêmico, ampliando os desafios dos governos e, consequentemente, dos sistemas de saúde de todo o mundo no enfrentamento à crise sanitária. No Brasil, a propagação de discursos negacionistas e fraudulentos em torno da pandemia cresceu exponencialmente, ampliando os riscos pandêmicos. Entre outros desfechos nefastos, esses discursos contribuíram, por exemplo, para o aumento da hesitação vacinal e baixa adesão à quarentena e ao uso de máscaras, tornando vulnerável ao vírus o conjunto da população. E deixou um saldo trágico: 700 mil mortos, em março de 2023. 

Fruto das inquietações de 34 pesquisadoras e pesquisadores vinculados a 20 instituições nacionais (incluindo a Fiocruz), a coletânea apresenta uma reflexão diversa sobre o período pandêmico, a partir de diferentes olhares teóricos e conceituais. Indo além da covid-19, o livro espera contribuir para a compreensão das interfaces cada vez mais estreitas e complexas entre comunicação e saúde.

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