Com 16 casos confirmados e 225 suspeitos, a intoxicação por metanol tornou-se um desafio para o Brasil na última semana, segundo dados do boletim de 5/10 do Ministério da Saúde. Buscando esclarecer a sociedade e auxiliar profissionais de saúde na divulgação de informações qualificadas sobre a questão, o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, Enrico Mendes Saggioro, referência nacional em toxicologia, produziu um material sobre os efeitos do metanol no organismo humano e os desafios para o diagnóstico e tratamento dessa intoxicação. O texto está publicado como um recurso educacional aberto (REA) na plataforma Educare do Campus Virtual Fiocruz, e traz informações essenciais para profissionais de saúde, gestores e pesquisadores, reforçando a importância da vigilância e da educação em saúde na prevenção de casos de intoxicação e tratamento.
Cards de divulgação estão disponíveis para compartilhamento em nossas redes sociais: Instagram (@campusvirtual.fiocruz) e Facebook (/campusfiocruz)
A publicação explica como o metanol, substância presente em combustíveis, solventes e, ilegalmente, em bebidas adulteradas, pode causar graves danos neurológicos, visuais e até a morte, além de destacar medidas de prevenção e manejo clínico.
Segundo o texto, existem dois antídotos para a intoxicação por metanol: etanol e fomepizol, que podem ser utilizados na suspeita de intoxicação e o profissional de saúde não precisa aguardar a confirmação laboratorial. O Ministério da Saúde reforça que a administração deve ser feita exclusivamente sob prescrição e monitoramento médico em um ambiente de saúde.
Compra e distribuição de antídotos
O Ministério da Saúde informam que a distribuição de etanol farmacêutico aos estados foi iniciada. Nesta primeira remessa, foram enviadas 580 ampolas a cinco estados, sendo 240 para Pernambuco, 100 para o Paraná, 90 para a Bahia, 90 para o Distrito Federal e 60 para Mato Grosso do Sul. As entregas estão sendo realizadas de forma articulada com as secretarias estaduais de saúde. As unidades distribuídas fazem parte das 4,3 mil ampolas entregues aos estoques dos SUS pelos hospitais universitários federais.
Já o fomepizol — medicamento específico para intoxicação por metanol que não estava disponível no Brasil — foi adquirido pelo MS (total de 2.500 tratamentos) em parceria com o Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) junto a um fabricante do Japão. De acordo com o Ministério, o antídoto chegará ao Brasil na próxima semana e será distribuído aos estados brasileiros de acordo com a demanda apresentada.
+Leia mais aqui: Ministério da Saúde inicia distribuição de antídoto contra intoxicação por metanol a cinco estados e Ministério da Saúde fecha compra de 2,5 mil unidades de fomepizol e garante mais 12 mil ampolas de etanol
Enrico Mendes Saggioro é doutor em Saúde Pública e Meio Ambiente pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e pós-doutor em Engenharia Química pela Coordenação dos Programas de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ). Atualmente é pesquisador titular do Laboratório de Avaliação e Promoção da Saúde Ambiental do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), professor de Toxicologia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e coordenador-geral do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente da Ensp/Fiocruz. Ele também coordena o curso online e gratuito 'Formação continuada em toxicologia aplicada a metais', que será lançado em breve pelo Campus Virtual Fiocruz.
O Ministério da Saúde divulgou também um fluxograma sobre o manejo da intoxicação por metanol pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. O material é didático e foi pensado apresentar sinais e sintomas sugestivos, exames laboratoriais, critérios diagnósticos, terapêutica e apoio assistencial através dos Ciatox. Ele é foi desenvolvido para orientar os profissionais de saúde no cuidado aos pacientes suspeitos de intoxicação por metanol.
Acesse a plataforma Educare, conheça e compartilhe esse conhecimento!