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Publicado em 29/08/2025
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Fiocruz Amazônia e UNFPA realizam formações para módulo prático do curso sobre “Assistência ao parto: emergências obstétricas” com profissionais de maternidades de Manaus

Autor(a): 
ILMD/Fiocruz

A Fiocruz Amazônia e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), em parceria com a Secretarias de Estado da Saúde do Amazonas e as secretarias municipais de Saúde de Boa Vista e Parintins, têm realizado ações estruturadas para promoção da saúde reprodutiva e o parto seguro junto aos profissionais de saúde da Atenção Primária e maternidades. Em Manaus, nos dias 21 e 22/08, ocorreu o último módulo prático do curso de “Manejo Clínico em Urgências e Emergências Obstétricas”, destinado a médicos obstetras e enfermeiros que atuam em maternidades da rede pública, dentro do Programa de Formação Profissional em Obstetrícia: Contracepção, Pré-natal e Manejo Clínico em Emergências. O programa é coordenado pela pesquisadora em Saúde Pública, vice-diretora de Pesquisa e Inovação e diretora adjunta da Fiocruz Amazônia, Michele Rocha de Araújo El Kadri. A formação foi direcionada para profissionais das maternidades Balbina Mestrinho, no bairro da Cachoeirinha, e Azilda Marreiro, localizada na Cidade Nova. Foram realizadas também aulas práticas no Hospital Materno Infantil de Roraima, em Boa Vista (RR).

O curso é um dos eixos do Projeto Poderosas da Amazônia, iniciativa realizada pela UNFPA e a Embaixada da França, que visa fortalecer a identidade e as capacidades locais de mulheres no que se refere ao acesso à saúde. Bem-recebido pelos participantes, o curso, de acordo com Michele El Kadri, tem como finalidade qualificar profissionais e ampliar o acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva, contribuindo para a redução da mortalidade materna e da gravidez não planejada nos estados da Amazônia Legal. Os cursos autoinstrucionais estão disponíveis na plataforma do Campus Virtual Fiocruz. Abertos ao público em geral, os cursos estão disponíveis on line e gratuitos, especialmente voltados a profissionais de saúde que atuam com a temática Assistência ao parto e Planejamento Reprodutivo para Profissionais da Atenção Primária à Saúde.   

Michele El Kadri destaca os resultados alcançados com a realização dos módulos práticos do curso em Boa Vista e Parintins, para exemplificar o êxito da iniciativa. “No total, 673 mulheres foram atendidas em planejamento reprodutivo (com inserção de DIU e Implanon), em seis dias de atividades; 180 profissionais capacitados, sendo 142 médicos e 38 enfermeiros obstetras de maternidades e profissionais da Atenção Primária. A atividade permitiu um incremento de 300% de ampliação da oferta de serviços de planejamento reprodutivo da rede de Atenção Primária à Saúde em Parintins e Boa Vista”, ressalta.

No Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, os indicadores mostram-se desfavoráveis em relação à mortalidade materna. A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), aponta que 9 em cada 10 mortes entre gestantes e puérperas são evitáveis quando medidas eficazes são implementadas, reforçando a necessidade de equipes cada vez mais qualificadas.

O curso possui carga horária de 60h e tem como objetivo sensibilizar e atualizar sobre temas críticos como distocias, hemorragias, infecções e síndromes hipertensivas, visando contribuir para a melhoria da qualidade do cuidado obstétrico e para a proteção da vida de mulheres e recém-nascidos, especialmente em contextos com indicadores de saúde desfavoráveis.

O Brasil tem avançado na redução da morbimortalidade materna, mas os índices permanecem elevados, especialmente em regiões mais vulneráveis, como a amazônica, com os desafios da diversidade cultural e as dificuldades de acesso e entre mulheres em situação de maior fragilidade social, apesar de muitas causas serem evitáveis com tecnologias já disponíveis, disse a coordenadora pedagógica do curso e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Maria do Carmo Leal, que há décadas estuda a temática e é considerada uma das maiores especialistas do país no que se refere à saúde materno infantil. Ela aponta que a formação qualificada de profissionais que atuam na assistência ao parto e assistência à saúde da mulher é considerada uma estratégia essencial, “sendo essa uma das mais importantes para reduzir esses indicadores, contribuindo para seu enfrentamento e salvando vidas de mães e bebês”.

De acordo com El Kadri, a região amazônica concentra uma das maiores taxas de mortalidade materna do País. “Enquanto a média nacional é de 49,1 mortes cada 100 mil habitantes, na Amazônia esse número é de 72 por cada 100 mil. No total, oito capitais da região possuem taxas acima da média nacional”, explica, reforçando a importância das formações na área. O curso de Emergências Obstétricas é de formação teórico-prática com para profissionais de três maternidades, em Boa Vista e Manaus; o de Planejamento Reprodutivo destina-se a profissionais da Atenção Primária em duas UBS, em Boa Vista e Parintins; e o de Pré-natal de qualidade e gravidez é voltado para a formação de agentes comunitários de saúde (ACS) em aconselhamento pré-natal e prevenção da gravidez na adolescência.

A coordenadora ressalta o impacto social do projeto. “A ONU estima que para cada dólar investido em planejamento familiar, os governos economizam até seis dólares, que podem ser investidos em outros serviços públicos”, afirmou, salientando que a gravidez não planejada mata mulheres e consome recursos. No Brasil, 55,4% das gestações não são planejadas.  

PLATAFORMA

Médico obstetra e ginecologista, Álvaro Luiz Lage Alves foi um dos especialistas envolvidos na preparação do conteúdo teórico da formação para o Campus Viritual da Fiocruz e instrutor do curso prático. “Estamos muito felizes com a oportunidade que a Fiocruz nos deu de poder construir essa plataforma. Adaptamos protocolos nacionais  e estamos na Comissão Nacional de Urgências Obstétricas, razão pela qual a parceria deu certo uma vez que é um tema que estamos estudando constantemente e somos profissionais que ainda atuam nos serviços de atendimento. Estamos muito felizes com a qualidade da plataforma”, afirmou.

O médico explica que o curso é dinâmico e a parte teórica está concentrada na plataforma com cinco módulos: Evolução da obstetrícia e as etapas de assistência ao parto; Tipos de parto: o papel das distocias na morbimortalidade materna; Hemorragia obstétrica; Infecções no ciclo gravídico-puerperal; e Síndromes hipertensivas na gestação. Cada módulo possui um sistema de avaliação do aluno.

A diretora da Maternidade Balbina Mestrinho, Rafaela Faria, agradeceu a oportunidade oferecida pela parceria UNFPA/Fiocruz Amazônia. “É uma honra poder participar desse evento de suma importância  promovido pela Fiocruz Amazônia. Falar sobre emergência obstétrica é falar sobre algo essencial. A Maternidade Balbina Mestrinho vem nos últimos anos aprimorando cada vez mais a qualidade dos seus serviços, buscando cursos, buscando melhorias, se inserindo em projetos do Ministério da Saúde. Agradecemos ao financiador do curso, à Fiocruz, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) por estar nos dando mais uma oportunidade de capacitação e aperfeiçoamento para os trabalhadores”, avaliou.         

SOBRE O UNFPA

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) é a agência de desenvolvimento internacional da Organização das Nações Unidas (ONU) que trata de questões populacionais, sendo responsável por ampliar as possibilidades de mulheres e jovens levarem uma vida sexual e reprodutiva saudável, incluindo o planejamento familiar voluntário e a maternidade segura; e busca a efetivação dos direitos e oportunidades para as pessoas jovens.

O UNFPA está presente em mais de 150 países e atua por meio de alianças e parcerias com governos, outras agências da ONU, sociedade civil e setor privado.  A agência também apoia a formulação de políticas e a construção de capacidades nacionais, assegurando que a saúde reprodutiva e os direitos das mulheres e pessoas jovens permaneçam como questões centrais na agenda do desenvolvimento.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Júlio Pedrosa