O Observatório de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz (Icict/Fiocruz) divulgou nota técnica alertando para o aumento da incidência de doenças respiratórias, doenças gastrointestinais, doenças transmitidas por vetores e leptospirose entre a população. Segundo os pesquisadores, "a aglomeração de pessoas nos abrigos, as obras de recuperação das cidades atingidas e o contato com água contaminada estão entre os motivos que podem causar o aumento da maioria dos problemas relacionados à saúde". Para auxiliar profissionais de saúde e a população em geral na sensibilização, atenção e prevenção sobre algumas doenças, o Campus Virtual Fiocruz lembra que estão abertas as inscrições para o curso online e gratuito Leptospirose — Transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção. Quase 7 mil pessoas já se increvem na nova formação, que é especialmente voltada a profissionais de saúde, mas aberta a todos os interessados!
O curso é dividido em três módulos, tem carga horária total de 30 horas, e aborda questões sobre a transmissão da doença, fatores ambientais, sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento, bem como a prevenção e a vigilância em saúde. Vale ressaltar que neste momento o Rio Grande do Sul está no foco das atenções em decorrência das chuvas intensas, enxurradas e inundações, no entanto, o Ministério da Saúde considera a leptospirose uma doença endêmica em todo o Brasil, tornando-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas, em decorrência das enchentes associadas à aglomeração populacional, condições precárias de saneamento e à alta infestação de roedores infectados pela doença.
+Saiba mais: Fiocruz lança curso online e gratuito sobre leptospirose
Na nota técnica, os pesquisadores do Observatório de Clima e Saúde detalham que "historicamente, as regiões dos vales (incluindo a Região Metropolitana de Porto Alegre), e a Depressão Central e litoral norte do estado possuem maior incidência de acidentes com animais peçonhentos também. Com a subida do nível das águas podem ocorrer mais acidentes com aranhas e serpentes, assim como aumenta o risco da transmissão de doenças transmitidas por água contaminada e vetores, como leptospirose, diarreias e dengue".
Segundo o texto, tais doenças e agravos estão mais concentrados no verão, mas podem se estender nos próximos meses devido às alterações do ambiente original causadas pelas chuvas intensas e enchentes", explicou o pesquisador do Observatório de Clima e Saúde, Diego Xavier. Além disso, “a sobreposição desses riscos, nas mesmas áreas e no mesmo período, exige do sistema de saúde uma maior capacidade de realizar diagnósticos diferenciais e de identificar os casos mais graves, que precisarão de internação hospitalar ou tratamento especializado”, complementa Christovam Barcellos, também pesquisador do Observatório.
Neste momento em que as ruas estão cheias de lixo e entulho à espera de coleta, lesões físicas, como cortes, fraturas, contusões e até queimaduras, também se tornam frequentes. A nota técnica ressalta, ainda, que existem 1.518 estabelecimentos potencialmente poluidores dentro da área que esteve inundada. São indústrias, terminais de transporte, obras civis, comércios e depósitos que, invadidos pelas enchentes, podem expor a população a substâncias tóxicas nos meses posteriores ao desastre.
A nota técnica foi elaborada a partir do cruzamento de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e da malha de inundação disponibilizada pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da UFRGS (IPH/UFRGS).
Leia aqui a matéria na íntegra publicada pelo Icict/Fiocruz: Aumenta risco de doenças infecciosas e acidentes com animais peçonhentos no RS
A leptospirose no Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde, existem registros de leptospirose em todos os estados brasileiros, com um maior número de casos nas regiões sul e sudeste. Os locais prováveis de infecção são, em sua maioria, áreas urbanas e em ambientes domiciliares. A leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais (principalmente ratos) infectados pela bactéria Leptospira. O contágio pode acontecer a partir de lesões na pele, por mucosas ou mesmo em pele íntegra, se imersa por longos períodos em água contaminada. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, fraqueza, dores no corpo (em especial, na panturrilha) e calafrios. Ao apresentar sintomas, deve-se procurar um serviço de saúde e é importante relatar se houve exposição de risco, como o contato com água de chuvas e enchentes.
Trata-se de uma zoonose de grande importância social e econômica, por apresentar elevada incidência em determinadas áreas de vulnerabilidade social, como também por sua letalidade, que pode chegar a 40%, nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às precárias condições de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. As inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos. A leptospirose tem cura, mas, sem tratamento pode causar danos renais, meningite, insuficiência hepática, dificuldades respiratórias e até a morte.
Conheça a estrutura da nova formação e inscreva-se:
Módulo 1 – O que é leptospirose?
Aula 1.1 – A leptospirose
Aula 1.2 – Fatores condutores ambientais
Aula 1.3 – A transmissão da doença
Módulo 2 – Sinais, sintomas, diagnóstico e tratamento
Aula 2.1 – Os sinais e sintomas
Aula 2.2 – O diagnóstico
Aula 2.3 – O tratamento
Módulo 3 – Prevenção e Vigilância em saúde
Aula 3.1 – A prevenção
Aula 3.2 – A quimioprofilaxia
Aula 3.3 – A vigilância em saúde dos riscos associados aos desastres
*Com informações de Icict/Fiocruz
#ParaTodosVerem Banner com duas fotos, no topo está escrito o título do curso: Curso Leptospirose, transmissão, diagnóstico, tratamento e prevenção, embaixo do nome o desenho de um rato cinza.
No centro do banner, a foto de uma rua inundada, no centro da imagem está um barco e diversas pessoas ao redor dele com a água na altura das coxas e da cintura. Na segunda imagem, uma rua inundada com árvores em cada lado da rua, no canto esquerdo uma casa de tijolos e no meio da imagem um homem rema em uma canoa. No centro do banner está escrito: inscrições abertas.