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Publicado em 27/05/2021
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Radis de maio aborda debates sobre a credibilidades das vacinas no Brasil

Autor(a): 
Isabela Schincariol (Campus Virtual Fiocruz)

A edição de maio da revista Radis traz como matéria de capa uma entrevista com a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues, que aponta erros de comunicação e planejamento que podem comprometer a credibilidade das vacinas no Brasil. Ela lamenta que o governo venha “abrindo mão da prerrogativa de coordenar o processo de vacinação com política única no país e delegando aos estados e municípios que cada um organize sua vacinação”. 

A edição 224 também aborda temas como a grandiosidade e as desigualdades da Região Norte do país, parte desconhecida do Brasil, que só ilustra as páginas de jornais e programas de TV pelos conflitos e tragédias que lá acontecem; uma entrevista com o autor de um dos romances brasileiros mais comentados dos últimos tempos, "Torto Arado", Itamar Vieira Júnior; além de seções curtas sobre o aumento da fome no Brasil, embasado pelos dados do Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no contexto da Pandemia da Covid-19; queimadas na Amazônia e problemas respiratórios; dicas de livros e outros. 

Confira um pouco da entrevista de Carla Domiingues à Revista Radis de maio de 2021:

"Sempre acreditamos no PNI"

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) elencou, em setembro de 2020, grupos prioritários para receber doses da vacina contra a covid-19. Entre eles, idosos e pessoas com deficiência institucionalizados, povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, trabalhadores da saúde, maiores de 60 anos, pessoas com comorbidades e com deficiência permanente. Diante da falta de comando nacional na imunização, porém, estados e municípios organizaram suas filas sem necessariamente respeitar a ordem do plano.

Em muitos lugares, jovens de determinadas categorias profissionais passaram à frente de idosos e pessoas com comorbidades, por exemplo. Caso do estado do Rio de Janeiro: em 3 de maio, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski suspendeu mudança na ordem de
vacinação que privilegiava profissionais de segurança e da educação antes da imunização integral do grupo prioritário.

Até o fechamento desta edição, o Congresso ainda discutia projeto para incluir como prioridade categorias não previstas pelo PNI, como profissionais que trabalham em farmácias e oficiais de Justiça. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados em 31 de março.

Epidemiologista e doutora em saúde pública, Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (entre 2011 e 2019), lamenta que o governo venha “abrindo mão da prerrogativa de coordenar o processo de vacinação com política única no país e delegando para estados e municípios para que cada um organize sua vacinação”.

O PNI foi criado em 1973 com o objetivo de coordenar as ações de imunizações que se caracterizavam pela descontinuidade, pelo caráter episódico e pela reduzida área de cobertura. Ao longo dos anos, conseguiu eliminar a poliomielite (em 1994) e o sarampo (em 2016, certificado que o país perdeu em 2019) e controlar outras doenças imunopreveníveis como difteria, coqueluche e tétano acidental, hepatite B, meningites, formas graves da tuberculose e rubéola. Por isso foi considerado referência mundial pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Representado pelo personagem Zé Gotinha desde 1986, o programa registrou queda nas taxas de cobertura nos últimos anos. Em 2019, nenhuma das nove vacinas indicadas para bebês atingiu a meta prevista pelo governo — sete delas tiveram os piores índices de cobertura pelo menos desde 2013. Segundo dados oficiais do PNI tabulados pelo jornal O Estado de S.Paulo, em alguns casos, como os de tuberculose (BCG) e poliomielite, o percentual de crianças vacinadas em
2019 foi o menor em mais de 20 anos.

Em entrevista à Radis, por chamada de vídeo, em 28 de abril, Carla afirma que o país tem muito a perder com um PNI fraco: “Graças à vacinação no SUS, mudamos completamente o perfil epidemiológico e de vida da população brasileira, a ponto de termos um programa reconhecido mundialmente por levar vacina a todos os cidadãos independentemente de onde moram, sua condição de vida, sua remuneração”.

Acesse aqui a entrevista completa.