Com a missão de compartilhar iniciativas inovadoras para o enfrentamento da pandemia, pesquisadores da Fundação participaram de workshop virtual com países lusófonos, organizado pela Rede de Capacidade de Pesquisa (REDe) e pelo centro de compartilhamento de conhecimento (hub) da Fiocruz incorporado à plataforma online The Global Health Network, vinculada à Universidade de Oxford. A plataforma visa disponibilizar recursos de pesquisa, cursos e outras ferramentas que possam apoiar cientistas a realizar suas investigações em lugares em que esses recursos são escassos. Clique aqui para assistir ao worshop completo.
Ao lado de Jocelyne de Vasconcellos, do Instituto Nacional de Investigação de Saúde de Angola, e Wildo Araújo, professor da Universidade de Brasília (UnB), os pesquisadores Maurício Barreto, coordenador-geral do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), e Gustavo Matta, coordenador do eixo de Impactos Sociais do Observatório Fiocruz Covid-19, trocaram experiências sobre como estão enfrentando no Brasil o desafio imposto pela Covid-19 para a ciência.
Gustavo Matta, que também é pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), apresentou as principais ações que a Fiocruz vem empreendendo desde antes da chegada no novo coronavírus no Brasil. Alguns dos destaques são a produção de kits diagnósticos, o treinamento de laboratórios nacionais e internacionais para esse diagnóstico e o início da construção de um centro hospitalar de 200 leitos para pacientes graves, que participará do ensaio clínico Solidarity da Organização Mundial da Saúde (OMS) para verificação da eficácia de esquemas de tratamento para a doença.
Além disso, Gustavo apresentou o Observatório Fiocruz Covid-19, lançado pela Fundação. Sob coordenação do pesquisador Carlos Machado, o Observatório tem como objetivo produzir informações técnicas e científicas para dar suporte a formulação de políticas e tomadas de decisões da Fiocruz, bem como subsidiar estratégias de ações do Ministério da Saúde (MS) e do Sistema Único de Saúde (SUS). A iniciativa conta com linhas de atuação que visam conformar um olhar ampliado para a pandemia, como Cenários Epidemiológicos; Diagnóstico e Tratamento; Medidas de Controle e Organização dos Serviços e Sistemas de Saúde; Qualidade do Cuidado, Segurança do Paciente e Saúde do Trabalhador; Impactos Sociais da Pandemia.
Outra ação apresentada foi a formação, em tempo recorde, da Rede CoVida – Ciência, Informação e Solidariedade, uma plataforma online de acompanhamento da Covid-19. O empreendimento é uma colaboração entre o Cidacs/Fiocruz Bahia e a Universidade Federal da Bahia (UFBA), que reúne cerca de 150 pesquisadores.
A construção e implementação de modelos matemáticos também foi tema da apresentação do professor Wildo Araújo. Sua equipe conta com pesquisadores de diversas instituições e universidades, da Organização Pan-americana da Saúde (Opas/OMS) e de membros da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde brasileiro. O objetivo é estudar e aplicar modelos que auxiliem a tomada de decisão de autoridades brasileiras.
Já Jocelyne Vasconcellos salientou o caráter interdisciplinar da resposta angolana, reforçando medidas de vigilância e comunicação em saúde. A pesquisadora falou sobre lacunas a serem preenchidas no campo da pesquisa e apontou para o acesso limitado a unidades de saúde, para a falta de espaços adequados para pesquisa e a falta de insumos e reagentes. Vasconcellos destacou ainda demandas de cooperação em temas como a formação de grupos de pesquisa, protocolos e treinamentos para apoiar os pesquisadores no esforço.