Na cerimônia de abertura da Semana de Educação da Fiocruz, no dia 15 de outubro, além da apresentação das atividades programadas, foram entregues o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses e a Medalha do Mérito Educacional Virgínia Schall. O evento também marcou o lançamento do livro Ciência, saúde e educação, legado de Virgínia Schall.
As mulheres, aliás, mostraram toda a sua capacidade de contribuir para a área científica. Em 2018, apenas alunas conquistaram o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses — o que foi destacado pelo representante da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG-Fiocruz), Richarlls Martins, na cerimônia de entrega. “Essa premiação reconhece o mérito e a capacidade de resistir às dificuldades. E, simbolicamente, mostra a importância da igualdade de gênero e também de termos trabalhos sobre os mais diversos temas em saúde pública”.
Já a vice-presidente da Asfoc-SN, Mychelle Alves, disse que estes eventos são importantes para que a comunidade Fiocruz se una, fortaleça e revigore: “Parabéns a todos, guerreiros que buscam dar respostas à sociedade! Vivemos hoje o desmonte da educação, ciência, tecnologia e inovação. Esses prêmios são a prova de que acreditamos em todas estas áreas e na saúde pública”. Emocionada, citou uma frase do líder mundial Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul e Prêmio Nobel da Paz. “A Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”.
Mencionando o ambiente de emoções e de tensões no país durante o período pré-eleitoral, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, afirmou: “Neste momento, é muito importante estarmos juntos para renovarmos nossas esperanças, reforçarmos nossas convicções e atualizarmos a nossa agenda”. Ela parabenizou todos os homenageados e a equipe de diversas áreas envolvidas na realização da Semana, destacando a programação variada do evento e a valorização do trabalho dos profissionais da educação. “Abrimos falando de Paulo Freire, lembrando da importância de afirmar o valor da educação libertadora e do pensamento crítico. Junto com ele, homenageamos aqui na Tenda da Ciência – este espaço de educação, construção de pensamento e de diálogo – que tem o nome de uma grande educadora, Virgínia Schall. Ela também dá nome à medalha que será entregue a Euzenir Sarno, uma referência de pesquisadora, mestre e educadora”. Nísia cumprimentou também o primeiro professor emérito da Fiocruz, Arlindo Fábio, aproveitando para homenagear todos os professores.
A presidente destacou que o campo da educação deve ser pensado de uma forma ampla, considerando a articulação com a ciência e a saúde. Ela também falou sobre a integração dos programas de ensino, com a pesquisa, informação e comunicação, seja nos cursos, práticas e outras experiências.
No evento, foi entregue, pela primeira vez, a Medalha Virgínia Schall de Mérito Educacional – criada em homenagem à psicóloga, doutora em educação e pesquisadora Virgínia Schall, pioneira na articulação dos campos da educação, saúde e divulgação científica no Brasil. A iniciativa reconhece o conjunto da obra de servidores da instituição, em atividade ou aposentados, com atuação nas áreas de medicina, ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina, ciências humanas e sociais e saúde coletiva.
A medalha foi concedida à pesquisadora Euzenir Nunes Sarno, do Laboratório de Hanseníase do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que se dedica há mais de 50 anos à saúde pública e tem sua trajetória marcada pela formação de novos cientistas. “É um reconhecimento benevolente da comunidade científica da Fiocruz de uma carreira muito longa, de dedicação à formação de jovens cientistas, seja estudantes de medicina, durante o período na Uerj, seja na Pós-graduação do IOC. Eu compartilharia esse mérito com várias outras pessoas que tem uma carreira semelhante à minha”, disse Euzenir. Já a presidente da Fiocruz destacou que “Euzenir Sarno é uma educadora e pesquisadora totalmente comprometida com uma questão central do nosso sistema de saúde e das nossas dívidas sociais que é a hanseníase”.
Depois de receber a medalha, Euzenir foi entrevistada, no palco, pela coordenadora-geral do Canal Saúde, Márcia Corrêa e Castro. Ela fez à homenageada perguntas enviadas por alunos da professora. Na entrevista, Euzenir lembrou o uso de metodologias inovadoras para a época e disse: “Educar é transformar, fazer com que os alunos se encontrem, tirá-los da passividade”. Encerrando sua fala, celebrou: “Fui superada por muitos deles: esta é minha grande vitória”.
Fechando o primeiro dia do evento, foi lançado o livro Ciência, saúde e educação, legado de Virgínia Schall. A obra é organizada por Simone Monteiro, do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do IOC, e Denise Pimenta, pesquisadora do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas). A determinação de Schall foi destacada por Simone. “Mesmo diante das dificuldades, a Virgínia era uma otimista, ela encontrava uma brecha e realizava. Nossa maneira de continuar a ‘conviver’ com ela é também acreditar, semear. Assim a gente pode eternizar esta pessoa tão especial”, afirmou.
Flávia Lobato (Campus Virtual Fiocruz)* | Fotos: Peter Ilicciev (CCS)
Com informações do Instituto Oswaldo Cruz