As leishmanioses seguem se espalhando em diferentes regiões do país, impulsionadas por mudanças ambientais, circulação de vetores e vulnerabilidades sociais que ampliam o risco de adoecimento. Mesmo diante de sua relevância para a saúde pública, grande parte da população ainda desconhece formas básicas de transmissão, prevenção e tratamento. Essa lacuna de informação também é percebida entre muitos profissionais de saúde, tornando o enfrentamento ainda mais complexo e reforçando a necessidade de ações formativas que aproximem ciência, território e práticas educativas. O curso "Leishmanioses, e eu com isso? Ações educativas intersetoriais na saúde e na educação", lançado hoje, busca transformar essa realidade. A formação é online, gratuita e já está disponível.
Pensado para profissionais e estudantes das áreas da saúde e da educação, o curso apresenta uma abordagem intersetorial e multidisciplinar, incentivando uma compreensão crítica e prática sobre as doenças. Com metodologias ativas, conteúdos atualizados e ferramentas que estimulam o diálogo entre setores, os participantes serão preparados para atuar de forma mais efetiva na prevenção, no controle e na sensibilização das comunidades, fortalecendo a resposta coletiva às leishmanioses.
A coordenadora do curso e especialista na área, Janete Gonçalves Evangelista, que é pesquisadora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), reforçou que as leishmanioses são um grande problema de saúde pública no Brasil e no mundo, sendo seu controle e prevenção um desafio real para a sociedade. Segundo ela, para mudarmos a realidade é necessário que tenhamos investimento em ações contínuas de educação em saúde. "Tais ações, quando realizadas de forma permanente e interativa nos espaços de ensino, serviços de saúde e comunidades, são fundamentais para a prevenção das leishmanioses e a promoção da saúde. Assim, este curso pode contribuir de forma significativa, a partir de uma abordagem educativa crítica e reflexiva, para a formação a distância de trabalhadores e estudantes da saúde e da educação, atores centrais na divulgação e ampliação do conhecimento sobre as leishmanioses nos territórios", defendeu ela.
A formação é ofertada pelo Campus Virtual Fiocruz em parceria com o Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas) e integra a missão institucional de democratizar o conhecimento e ampliar o acesso à informação em saúde por meio de formações online, gratuitas e em larga escala. A iniciativa reforça o compromisso da Fiocruz com a educação aberta, com a produção de conteúdos de qualidade e com a articulação entre diversas unidade e redes internas e externas, além de outras instituições de ensino e pesquisa parceiras. O curso é uma oportunidade para aprender, colaborar e impactar positivamente a saúde pública e os territórios onde os profissionais de atuamos.
O que é a leishmaniose, quais seus riscos e tratamento?
A leishmaniose é uma doença causada por protozoários do gênero Leishmania, transmitidos principalmente pela picada de insetos flebotomíneos: conhecidos como mosquito-palha, birigui ou tatuquira. Esses insetos se infectam ao picar animais ou pessoas doentes e, ao picarem novamente, transmitem o parasita para outros hospedeiros. Existem diferentes formas da doença, sendo as principais a leishmaniose cutânea, que causa feridas na pele, e a leishmaniose visceral, que afeta órgãos internos como baço, fígado e medula óssea, podendo ser fatal se não tratada. O ciclo envolve o vetor (mosquito), o parasita e reservatórios animais, que variam conforme a região, como cães, roedores e outros mamíferos silvestres. A infecção ocorre quase sempre pela picada do flebotomíneo infectado, e não por contato direto entre pessoas ou entre animais e humanos.
A doença tem cura, e o tratamento é altamente eficaz quando iniciado precocemente. Ele depende da forma clínica e pode incluir medicamentos específicos recomendados pelos protocolos do Ministério da Saúde. Na leishmaniose cutânea, o tratamento busca eliminar o parasita e evitar deformidades ou complicações, enquanto na forma visceral é fundamental para evitar a progressão da doença. Além do tratamento medicamentoso, medidas de prevenção são essenciais: controle do vetor, manejo ambiental, proteção individual e ações educativas. Quanto mais cedo for diagnosticada e tratada, maiores são as chances de cura e menores os riscos para a saúde pública.
Conheça a estrutura da nova formação e inscreva-se! O curso tem carga horária de 30h e é dividido em quatro módulos:
Módulo 1 – O que são as leishmanioses?
Aula 1 – O que são as leishmanioses?
Aula 2 – Leishmanioses: as espécies do protozoário, seus vetores e suas manifestações clínicas no homem
Aula 3 – Distribuição geográfica das leishmanioses
Aula 4 – Cadeia de transmissão das leishmanioses
Aula 5 – Vetores das leishmanioses
Aula 6 – Ciclo do flebotomíneo
Módulo 2 – Patogenia e manifestações clínicas
Aula 1 – Patogenia e manifestações clínicas
Aula 2 – Diagnóstico laboratorial da leishmaniose tegumentar
Aula 3 – Diagnóstico da leishmaniose visceral humana
Aula 4 – Diagnóstico da leishmaniose visceral canina
Aula 5 – Tratamento
Aula 6 – Vigilância epidemiológica do cão
Aula 7 – Importância do manejo ambiental
Aula 8 – Controle do reservatório canino e eutanásia dos animais infectados
Módulo 3 – Fatores físicos e sociais que contribuem para a mudança do cenário
Aula 1 – Fatores físicos e sociais que contribuem para a mudança do cenário da dispersão, agravamento das leishmanioses e como consequência no processo de transmissão
Aula 2 – Processo de urbanização
Aula 3 – Ciclos de transmissão das leishmanioses
Aula 4 – Medidas de controle e prevenção das leishmanioses
Módulo 4 – Conceito de Saúde Única
Aula 1 – Conceito de Saúde Única, Uma Só Saúde, ou “One Health”
Aula 2 – Intersetorialidade nas ações de enfrentamento às leishmanioses
Aula 3 – Participação cidadã nas ações de enfrentamento às leishmanioses
Este curso foi publicado no âmbito do edital Inova Educação - Recursos Educacionais Abertos, promovido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC).