O processo de construção coletiva do Plano de Desenvolvimento da Pesquisa da Fiocruz, iniciativa inédita da Fundação que está mobilizando sua comunidade científica ao longo das diversas etapas do Fórum Oswaldo Cruz, ganhou novo fôlego nesta terça-feira (23/9). Mais de 150 profissionais estiveram reunidos, em formato presencial e híbrido, durante o encontro conjunto entre as câmaras técnicas ligadas à Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) e à Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC). O encontro foi palco para a assinatura do protocolo de intenções de cooperação entre Fiocruz e Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).
A parceria é um marco estratégico para ampliar a colaboração entre a Fundação e o Confap no âmbito nacional e internacional. O documento prevê maior integração nacional entre a Fiocruz e as fundações estaduais de Amparo à Pesquisa; acesso a novas fontes de financiamento; expansão da capacidade da instituição para coordenar e participar de redes em saúde pública, inovação e ciência aplicada; valorização da missão institucional; e fortalecimento da inserção da Fiocruz em consórcios globais de pesquisa em saúde.
O presidente do Confap, Márcio Araújo Pereira, destacou que os investimentos das fundações de amparo em pesquisa e inovação chegam a R$ 5 bilhões. “Estamos presentes nos estados brasileiros, assim como a Fiocruz, para atendermos às comunidades. Essa parceria oferecerá mais condições de enfrentar dificuldades e trazer soluções mais rápidas para o país”, afirmou.
O presidente da Fiocruz, Mario Moreira, afirmou que há muitas possibilidades de cooperação com a Confap, que ele vê como um bloco nacional de agências de financiamento da pesquisa. “Junto com a Confap vamos elaborar um projeto nacional, com cooperação em financiamento e também nos territórios, que é uma tradição da Fiocruz. Queremos ganhar escala e a parceria com a Confap é fundamental para isso. Vamos estreitar laços, promover encontros e oficinas e buscar uma parceria dentro da perspectiva da Saúde Única”.
Fórum Oswaldo Cruz acumula etapas
Além de Mario Moreira e Marcio Pereira, participaram da mesa de abertura da reunião integrada de Câmaras Técnicas as vice-presidentes da VPPCB e VPEIC, Alda Maria da Cruz e Marly Cruz, respectivamente. O Fórum Oswaldo Cruz, iniciado em agosto com um seminário inaugural como parte do calendário oficial dos 125 anos da Fiocruz, é uma estratégia inovadora para ampliar a participação da comunidade científica da Fiocruz para construção de um Plano de Desenvolvimento da Pesquisa, ao mesmo tempo em que garante a escuta e a interação com a sociedade.
As Câmaras Técnicas foram mobilizadas na medida em que engajam dezenas de profissionais para refletir e formular propostas estratégicas na vida institucional. Na abertura das atividades, Alda ressaltou a relevância do Fórum Oswaldo Cruz, destacando o objetivo de construir uma agenda futura de pesquisa com a participação de toda a comunidade científica da instituição, que atualmente reúne 16 institutos, cinco escritórios e 48 programas de pós-graduação.
Marly apresentou o percurso metodológico para a construção participativa do Plano de Desenvolvimento da Pesquisa na Fiocruz e a agenda de trabalho do Fórum até 2026. A elaboração do documento envolverá grupos de formulação, recobrindo diversos eixos de discussão – que poderão ser ampliados e ajustados ao longo do processo. Em breve, será anunciada a abertura de adesões de profissionais da comunidade científica da Fiocruz em grupos de discussão de acordo com temas.
Também está prevista a participação de gestores do SUS e representantes de movimentos sociais da sociedade civil. “Serão convidados os que desejaram trabalhar em conjunto com a Fiocruz”, informou Marly. Ela acrescentou que formação e pesquisa são dimensões interligadas, e os eixos de discussão são transversais a toda instituição. A partir deles, a Fundação será pensada como instituição estratégica de Estado.
Mario Moreira comentou que a realização da sessão integrada de câmaras técnicas é inédita e demonstra como a instituição se prepara para enfrentar os seus desafios e do SUS. Ele reforçou que o Fórum Oswaldo Cruz é um espaço de integração e que a discussão da agenda de pesquisa deve partir das questões “com quem?” e “para quem?”. “Temos a expectativa de produzir um documento para subsidiar o governo federal”, afirmou. Sobre a parceria firmada, disse que a proposta é estreitar laços e desenvolver um programa de cooperação. O horizonte inclui também a aproximação com outras instituições, como a Embrapa, para debater a saúde única e atuar em programas nacionais. “A Fiocruz tem tradição de atuação nacional, e ganhamos muito com essa parceria com o Confap”, concluiu.