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Publicado em 04/07/2025
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Sextas fala sobre a potência do desejo

Autor(a): 
Ana Furniel

 

O Sextas de Poesia desta semana traz o "Beijo", de Mia Couto. O poema integra o livro "Tradutor de Chuvas", e aborda a intensidade do momento que antecede o beijo, buscando a essência do desejo e da expectativa antes do contato físico de fato. O autor fala sobre o "instante antes", e explora a tensão e o tremor que precedem o beijo, mais do que no ato em si.

 

Nascido em 7 de julho de 1955, o poeta africano Mia Couto recebeu inúmeros prêmios literários ao longo de sua carreira. Entre eles o Prêmio Neustadt, em 2014, tido como o Nobel Americano, e o Prêmio Camões, em 2013. O poeta também foi homenageado com a criação do Prêmio Literário Mia Couto, pela Cornelder de Moçambique e a Associação Kulemba. A iniciativa pretende estimular a produção literária de qualidade em Moçambique, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente no país.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

#ParaTodosVerem Foto de dois lábios muito próximos, quase se beijando, há um contorno de luz no queixo das duas pessoas. No lado direito da foto um poema de Mia Couto, "Tradutor de chuvas":

Beijo

Não quero o
primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão
do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser na boca.