O Sextas de Poesia traz o autor Valter Hugo Mãe, com um texto sensível da obra "A máquina de fazer espanhóis", que apresenta o aspecto mais cru e perverso da velhice, sem tabus. O autor aborda a memória falha, as doenças, o abandono pelos familiares e a infantilização, como se os idosos não tivessem mais direito a uma voz. Na história, o protagonista ainda é apaixonado pela esposa, depois de 50 anos de vida em comum. O senhor Silva, como é chamado no lar onde vive por funcionários e companheiros, não consegue aceitar a partida de Laura, ao mesmo tempo em que deseja ardentemente juntar-se a ela. A história é narrada por ele, que alterna suas memórias da vida em família, sob a ditadura salazarista, e o cotidiano do asilo, no presente. E nessa narrativa permeada pelo amor "universal, toca a todos".
Valter Hugo Mãe, nasceu em setembro de 1971, é formado em Direito e tem pós-graduação em Literatura Portuguesa Moderna e Contemporânea pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Em 1999, ajudou a fundar a Quasi edições, revista na qual publicou obras de António Botto, Mário Soares, Caetano Veloso, Adriana Calcanhotto, Manoel de Barros, António Ramos Rosa, Artur do Cruzeiro Seixas, Ferreira Gullar, Adolfo Luxúria Canibal e muitos outros. Ele também codirigiu a revista Apeadeiro e em 2006 fundou a editora Objecto Cardíaco.
Em 2007, atingiu o reconhecimento público quando recebeu o Prêmio Literário José Saramago. Durante a entrega, o próprio José Saramago considerou o romance "O remorso de baltazar serapião" um verdadeiro "tsunami literário".
Para além da escrita, ele dedica-se ao desenho, e teve uma primeira exposição individual em 2020; e à música, tendo estreado como voz do grupo "Governo em Janeiro". Desde o fim de 2012, apresenta um programa de entrevistas no Porto Canal.
