Mario Quintana é o poeta desta edição do Sextas, homenageado pelo seu aniversário. Em “Presença”, Quintana fala sobre esses dois tempos - o passado marcado pela plenitude e o presente pela falta - em que ergue-se a saudade, mote que faz com que o poeta cante os seus versos: “é preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado...”
Para Quintana, sua melhor definição foi feita por ele mesmo, em 1984: “Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! Eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão". Sorte a nossa!
Quintana nasceu em 1906 no Rio Grande do Sul. Com quase 30 anos passou a viver do jornalismo, mas nas décadas seguintes consagrou-se entre os grandes nomes da poesia brasileira. Em 1980, recebeu o prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras. Ele faleceu em 1994, aos 88 anos.
#ParaTodosVerem Pintura de uma mulher apoiada no parapeito de uma janela, ela possui os cabelos escuros jogados para o lado, veste uma blusa escura com botões e uma echarpe por cima, ela segura a echarpe na altura da boca, com a outra mão segura um papel e olha para ele com rugas na testa. No centro da pintura um trecho do poema “Presença” de Mario Quintana:
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida…
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato…
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.