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Publicado em 20/10/2023
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Com Portinari, Sextas fala sobre a guerra e a resistência na arte

Autor(a): 
Ana Furniel

O Sextas de Poesia desta semana traz o poema de Fernando Brant para a obra Guerra e Paz de Portinari. Em tempos tristes e sombrios que a guerra nos impõe, é na arte que buscamos abrigo, resistência e esperança.

Guerra e Paz são dois painéis gigantescos produzidos pelo pintor brasileiro Candido Portinari entre 1952 e 1956. A obra foi um presente do governo brasileiro à Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 2010, os painéis foram retirados para serem restaurados e itinerarem para o Brasil e outros países. Para a festa da volta das obras ao Brasil, realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Fernando Brant escreveu a letra que hoje ilustra o Sextas para que Milton Nascimento musicasse.

O pintor Candido Portinari viveu 59 anos e, nesse pouco tempo, traçou um extraordinário panorama do povo brasileiro: os músicos, os trabalhadores no campo, a infância pobre do interior com seus jogos, a cidadezinha, a gente simples, as mulheres, as noivas de branco, os santos, os nordestinos morrendo de fome e seca, os pescadores, suas velas e arrastões. “Sabe por que eu pinto menina e menino em gangorra e balanço? Para botá-los no ar feito anjo”, disse ele certa vez.

Proibido de continuar pintando, atacado gravemente pelo veneno das tintas que usava, Portinari foi convidado a criar uma obra grandiosa. Diante do desafio e da possibilidade de realizar uma obra monumental, que fosse síntese do que ele era, pensava e criava, Candinho, como era conhecido pelos amigos, escolheu arriscar a vida em nome de sua arte. Durante quatro anos, dos esboços iniciais até a finalização, trabalhou com amor e genialidade e fez "Guerra e Paz" como um presente à humanidade. A obra foi inaugurada, na ONU, em 6 de setembro de 1957, sem a presença do autor, impedido pelo governo americano de entrar naquele país.

As pinturas foram instaladas em um dos pontos de maior relevância da sede, localizada em Nova York. O painel “Guerra” encontra-se na entrada da Assembleia Geral, enquanto “Paz” está na saída. Assim, o trabalho do brasileiro serve de lembrete aos líderes do mundo do que estava em jogo durante as assembleias, e qual o objetivo final que se busca: transformar guerra em paz.