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Publicado em 14/04/2022
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Sextas fala sobre pertencimento com Drummond de Andrade

Autor(a): 
Ana Furniel

O Sextas de Poesia dessa semana resgata um poema de Drummond sobre seu sentimento de perda da terra, da infância, da memória, "triturada em 163 vagões de minério e destruição".  19 de abril, dia em que se luta pelos direitos dos povos indigenas, acumula razões para protestos, preocupações e indignações, especialmente após as recentes notícias sobre a situação dos Yanomamis, doentes, ameaçados e mortos por garimpeiros, numa política marcada por abandono, extermínio e desrespeito.

Darcy Ribeiro afirma que desapareceram mais de 80 povos indígenas somente na primeira metade do século XX, sendo que a população total teria diminuído, de acordo com esse autor, de um milhão para 200 mil pessoas. Uma história marcada por conflitos armados, invasões, epidemias levadas às tribos, invasão de terras demarcadas, e, recentemente, por uma política conivente com a destruição da Amazônia.

Para os Yanomami, ''urihi'', a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica (o que chamamos de “natureza”). Trata-se de uma entidade viva, única.

Davi Kopenawa, líder dos Yanomami, em seu livro A queda do céu diz: “os brancos dormem muito, mas só conseguem sonhar com eles mesmos”. Em apenas uma frase, a crítica por todo nosso processo civilizatório. 

Como disse o poeta Carlos Drummond de Andrade, "lá vai o trem maior do mundo. Vai serpenteando, vai sumindo. E um dia, eu sei não voltará. Pois nem terra nem coração existem mais".