O curso autoinstrucional à distância: Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais é resultado da união de esforços do Fundo de População das Nações Unidas com a Fiocruz para qualificação de profissionais e gestores de saúde dedicados a povos e comunidades tradicionais visando a promoção e melhoria nas ações de prevenção e atenção com foco nas gestantes, parturientes e puérperas. Aqui, será possibilitado o aprimoramento dos protocolos específicos para esses grupos, com detecção precoce de infecção e redução da razão de mortalidade materna.
Em consideração ao contexto da epidemia de Covid-19, para além do risco aumentado em gestantes pela infecção, observa-se que também a interrupção ou fragilização de serviços de planejamento reprodutivo, de pré-natal e parto tem levado a gravidezes não-planejadas, partos inseguros e morbimortalidade materna. Segundo estimativas globais do UNFPA: situações com graves interrupções no acesso a insumos de saúde reprodutiva por 6 meses, em países de baixa e média renda, resultam em 47 milhões de mulheres sem acesso a anticoncepcionais modernos e 7 milhões de gestações não planejadas. Observa-se também, um aumento em casos de pré-natal precário ou inadequado, condições inseguras para o parto, morbidade e mortalidade materna ou neonatal.
Não exclusivamente no Brasil, a pandemia de Covid-19 afetou desproporcionalmente os povos e comunidades tradicionais, causando graves impactos, exacerbando as desigualdades estruturais e a discriminação pré-existentes. A taxa de mortalidade por Covid-19 entre indígenas da Amazônia Legal é 150% mais alta do que a média brasileira, e 20% mais alta do que a registrada na região Norte. Já a taxa de infecção pela doença entre os indígenas é 84% mais alta se comparada com a média nacional (Dados COIAB - Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).