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ARANDU, SABERES ORIGINÁRIOS - 1º Oferta

Unidade/ofertante: Fiocruz Brasília Telefone: (61) 3329-4500 Email: secad@fiocruz.br
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Sobre o curso

Descrição: Esta disciplina nasce como uma das estratégias de implementação do projeto Redes Sociais Locais - caminhos para a mudança social do Programa Inova, Edital Novos Talentos. Compõe um ciclo de 3 disciplinas, esta primeira, “Arandu: saberes originários”, com foco no Bem Viver; uma segunda, “Tekoha: terra e territorialidade - outros olhares possíveis”, com foco no conceito ou desconstrução dos conceitos de território; e a terceira “Aty Guaçu: redes, participação e processos circulares/horizontais”, como foco em organizações comunitárias de base territorial: redes sociais locais. A disciplina “Arandu: saberes originários” se baseia nos conhecimentos dos povos originários e discute sua influência nas noções de “Bem Viver”. O Bem Viver recupera a sabedoria ancestral, rompe com o alienante processo de acumulação capitalista (ACOSTA, 2011).



Objetivo Geral: Espera-se que este com este curso, os/as estudantes sejam capazes de: _ conhecer e buscar conhecimento a cerca do Bem Viver com base em referências contra colonizadoras. _ refletir sobre o conhecimento do bem viver a partir aplicada a uma realidade.



Justificativa: O Bem Viver recupera a sabedoria ancestral, rompe com o alienante processo de acumulação capitalista (ACOSTA, 2011). No capitalismo, sistema que nos envolve e nos cerca, as injustiças não são apenas casuais, mas parte de um sistema defeituoso, de um mundo equivocado em algum aspecto fundamental; um sistema que se mostrou incapaz de resolver os problemas que ele mesmo criou. Saque, pilhagem, etnocídio, memoricídio... são marcas essenciais da inserção desta parte do continente à lógica globalização do capital, em tempos e espaços, do que veio a se transformar em América. Um jogo de afirmação de fronteiras, de comércios e expropriação, de pactos e conchavos, de autonomias e dependências, de imperialismos e revoltas, de insubordinação, de negação, ressignificação e autoafirmação de identidades, de rebeldias insurgentes e dignidades rebeldes, de alianças e rupturas, de laços e de nós. Os problemas que tal trama engendra são históricos, recorrentes e concretos. Envolvem povos originários, piratas, ibéricos degredados, corsários, traficantes de ervas e de gentes, imigrantes, europeus desterrados, reis fugidos, orientais, gentes escravizadas, aventureiros, sonhadores. Este debate é atual e oportuno, uma vez que o traço constitutivo da invasão em curso em nossos territórios, tem reiterado a violência iniciada pelo advento da colonização europeia sobre as populações originárias, com uma sempre renovada lógica de usurpação de territórios, memórias, espoliação dos seres e dos saberes, por meio de um tipo de colonialismo que, no correr dos séculos, tornou-se organizado e sistemático. “Arandu: saberes originários” convida a caminharmos cada vez mais com os pensamentos e palavras dos nossos ancestrais, a fazer vibrar os conhecimentos originários, voltar aos saberes antigos, insurgentes e rebeldes. Partindo do conceito do Bem Viver para investigar os pensamentos originários do qual se nutre – Sumak Kawsay, Suma Qamaña, Nhandereko, Teko Porã... A constatação de múltiplas visões sobre os mundos que habitamos e que nos habitam, e que, salvo todos os esforços, não podem e não devem ser reduzidos ou incorporados a uma estrutura de pensamento ocidental que se nutre da fantástica atração pelo Um, pelo Poder.



• Compreender o Bem Viver, não apenas como parte de uma longa busca de alternativas forjadas no calor das lutas indígenas e populares, de grupos marginalizados, explorados e até mesmo dizimados, mas percorrer o curso de suas raízes, buscar em suas profundidas os saberes dos povos originários para denunciar os efeitos de um tipo particular de conhecimento, que tem na Europa seu centro, e que, para se constituir enquanto linguagem monológica do poder colonial, voltou e continua voltando as costas a miríades de maneiras de aprender próprias dos povos originários, e, mais que isso, se encarrega de negar e punir toda e qualquer possibilidade de conhecimento que não seja um reflexo de seu próprio modo de pensar e dominar. • Investigar e trazer para o debate as produções de autores e saberes indígenas para dialogar nos espaços formais de educação. O que para nós é, antes de tudo, um ato político, um questionamento aberto às estruturas rigidificadas e rigidificantes que os pressupostos teóricos produzidos do lado de lá do outro Continente, lançaram sobre nós, Povos Originários, pensar a nós mesmos, por nós, para nós, e para os que conosco caminham, sem que isso implique a busca de um mundo de afirmações de verdades, em que as contradições se anulem, mas a constatação da existência de múltiplas e diversas visões sobre aquilo que nos passa, o que nos toca, o que nos fere.