Sergio Avellar: "A Capes fez uma reflexão e entendeu que era o momento de mudar"

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Publicação : 18 DE FEVEREIRO DE 2020

Autor(es) : Valentina dos Santos Leite

Sergio Avellar: Com o novo modelo de avaliação da Capes, queremos enfrentar a diversidade dos programas de pós-graduação brasileiros, que são múltiplos e complexos.

Por Valentina Leite (Campus Virtual Fiocruz)

Novas diretrizes para a pós-graduação: os programas Stricto sensu do Brasil serão submetidos a mudanças na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Com um novo modelo proposto pela Capes, os coordenadores de programas já deverão adotar ajustes este ano – as alterações mais profundas passarão a valer em 2021.

Para entender mais sobre o tema, o Campus Virtual Fiocruz (CVF) conversou com Sergio Avellar, coordenador-geral de normatização e estudos da Diretoria de Avaliação da Capes. Ele foi um dos convidados do seminário conjunto realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que aconteceu no dia 13/2. O coordenador tratou de avaliação multidimensional e do sistema proposto pela Capes.

Em entrevista ao CVF, ele explicou alguns aspectos do novo sistema e abordou pontos que motivaram as mudanças. Tratou também de inovação e impacto social, de autoavaliação e da importância do sistema de egressos nesse processo. Leia a entrevista completa, a seguir:
 

CVF: Pode explicar o que é o novo modelo de avaliação multidimensional que está sendo proposto pela Capes?

Sergio Avellar: A avaliação multidimensional é uma revisão do nosso atual sistema de avaliação, através do qual atribuímos uma nota para cada programa de pós-graduação. Com a nova proposta, não há mais uma nota única: há diferentes pesos para determinados aspectos e dimensões. Por exemplo, um programa que tem nota 5 na Capes, poderá obter uma nota 5 em informação, 3 em internacionalização e 4 em alguma outra área. Esse modelo começa a valer a partir de 2021.

CVF: O que motivou a mudança no sistema de avaliação e qual o principal objetivo a ser alcançado?

Sergio Avellar: Manter a qualidade da avaliação é o nosso maior objetivo. Com esse novo modelo, queremos enfrentar a diversidade dos programas de pós-graduação brasileiros, que são múltiplos e complexos. Quando o sistema foi criado, avaliávamos em torno de mil cursos. Hoje, temos um volume de 7 mil cursos em todo o país. Por conta disso, a Capes fez uma reflexão e entendeu que era o momento de mudar.

CVF: Uma das cinco dimensões do novo sistema é inovação e transferência de tecnologia. De que forma é possível medir esse fator nos programas de pós-graduação e como isso se relaciona com o impacto social?

Sergio Avellar: De fato, inovação e impacto social são dois indicadores muito relacionados. Basicamente, o que definimos para avaliar inovação é todo o arcabouço institucional oferecido para que determinados produtos e processos da pós-graduação cheguem à sociedade. E o impacto se insere no que tais produtos deixam, de positivo ou negativo, para a comunidade como um todo. Diz respeito ao conhecimento que é gerado por um curso, atividade ou programa, por exemplo.

CVF: Dentro desse novo cenário, uma das grandes frentes da Capes é o processo de autoavaliação dos programas de pós-graduação. Qual é o papel da autoavaliação?

Sergio Avellar: A autoavaliação permite que os programas analisem internamente o que foi planejado, as metas estabelecidas e o que foi ou não atingido. Trata-se de um grande elo da avaliação, já que permite registrar a qualidade da formação do aluno e a sua performance em sala de aula, por exemplo, o que não é medido pela avaliação externa da Capes. Esperamos que seja o resultado de um diálogo entre estudantes, professores e técnicos.

CVF: E qual é o peso do acompanhamento de egressos dentro da autoavaliação?

Sergio Avellar: Com o novo sistema, esperamos que os alunos egressos sejam mais bem acompanhados. Afinal, eles também são levados em consideração na avaliação final da Capes. A informação estatística de egressos nós já temos: agora, quem vai conseguir identificar casos de “sucesso” de ex-alunos é o próprio programa de pós-graduação. Para isso, é preciso que haja um sistema eficaz que identifique onde estão, o que estão fazendo e porque merecem ser destacados.

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