Até 20 de janeiro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) recebe inscrições para os cursos da sua IV Escola de Verão. Saiba mais:
Farmacologia Aplicada à Indústria Farmacêutica e Integridade
Voltado a profissionais e alunos de graduação e pós-graduação nas áreas de ciências da saúde, química e engenharia química, o curso ensina os participantes sobre a convivência com os outros atores do setor farmacêutico — independentemente de sua posição no setor produtivo. O conteúdo trata das etapas que envolvem a descoberta e desenvolvimento de medicamentos, como estas etapas se relacionam entre si, e como otimizar processos na empresa.
O curso é coordenado por Elaine Cruz Rosas e Mariana Souza.
Capacitação em Conduta Responsável em Pesquisa
Os alunos desta capacitação serão estimulados a refletir criticamente sobre boas práticas em pesquisa, e também conscientizados sobre boas práticas, responsabilidade na conduta e identificação de situações anti-éticas. Desta forma, vão aprender a ser pesquisadores mais responsáveis. A capacitação também contribui para po desenvolvimento da capacidade de tomadas de decisões e a divulgação do conhecimento científico de acordo com padrões éticos.
A coordenação é de Carmen Penido e é destinada a alunos e profissionais com interesse nas áreas de ciências da saúde.
As aulas acontecem entre os dias 4 e 8 de fevereiro. Clique no link do curso do seu interesse e inscreva-se já!
O Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) está com quatro vagas abertas para o curso de doutorado 2019. Os candidatos às bolsas de estudo devem se inscrever até o dia 24 de janeiro.
O objetivo do programa é formar docentes de nível superior e pesquisadores em nível de doutorado, qualificando-os para o desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas no campo das doenças infecciosas e parasitárias. Os alunos também serão formados para a identificar e manejar questões associadas aos aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais da área.
Inscreva-se aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
Saiba mais sobre o programa, que tem conceito 6 da Capes e existe desde 1987.
Uma das definições de educação é a "aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano". Baseada nessa visão, a direção do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro, decidiu abrir espaço para novas experiências pedagógicas. Desde 2012, a unidade pública passa por um processo de transformação, que está em andamento e tem tido grande aceitação dos alunos.
O primeiro passo foi firmar uma parceria com o Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA). Por meio Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do edital Apoio à Melhoria do Ensino nas Escolas Públicas, a parceria foi iniciada com a criação de um espaço para horta orgânica, em uma área subaproveitada da escola. No local, atualmente, há uma plantação agroecológica com diversos tipos de temperos, vegetais, verduras e frutas.
Os alunos foram apresentados a outras práticas de educação ambiental, o que gerou a instalação de sistemas de coleta de água de chuva para irrigar a horta e de captação de energia solar para aquecimento de água dos vestiários feminino e masculino. "Cada equipamento desses foi projetado pelos próprios alunos. Eles participaram de todo o processo, desde as oficinas até a produção e manutenção dessas tecnologias, que são de baixo custo”, explicou o diretor adjunto da escola e biólogo, Marco Aurélio Berao Silva.
“Essas tecnologias estão disponíveis e podem ser usadas e reproduzidas. A ideia era que escola fosse um modelo para que os estudantes replicassem os projetos nas casas deles", conta o diretor. Outra mudança importante ocorrida durante o processo de desenvolvimento das tecnologias sociais foi a alimentação dos estudantes.
A partir dessa parceria com a Fiocruz, a direção se mobilizou para inaugurar uma cozinha e um refeitório, já que os alimentos distribuídos aos alunos eram industrializados. Agora, as refeições são feitas no local, com produtos mais saudáveis. A escola fechou uma parceria com a Associação de Agricultores Orgânicos de Vargem Grande para fornecimento de alimentos agroecológicos, via Programa Nacional de Alimentação Escolar. A horta interna contribui, principalmente, com condimentos e temperos.
Com a cozinha, os estudantes puderam aprender sobre os diferentes tipos de composteiras para receber o lixo gerado. Os resíduos orgânicos são destinados à composteira e garantem adubo de excelente qualidade para os vasos e canteiros da horta. Além disso, a comunidade escolar já incorporou o hábito de separar materiais recicláveis e óleo de cozinha saturado para doação a instituições parceiras. Nos últimos três meses, a escola destinou em torno de 100 Kg de resíduo orgânico da cozinha para a compostagem.
Para o estudante Marcos Aurélio Santos de Almeida, do 2º ano do Ensino Médio, a oficina de horta orgânica está sendo satisfatória para a própria alimentação. "Nunca tive contato com horta. Aprendi muito. Consigo até levar alguns alimentos plantados aqui para casa. Minha família gosta bastante, até por não ter agrotóxico. A gente aprendeu a perceber essa diferença", disse o estudante de 16 anos.
A oficina de agricultura urbana do Brigadeiro Schorch tem cerca de 20 alunos. O coordenador do projeto pela Fiocruz, Robson Patrocínio, explica que o trabalho é resultado do compartilhamento de saberes. "O essencial para dar certo é uma construção coletiva. Desenvolver, junto com a comunidade escolar, as ações feitas por eles. Não foi nada definido pela Fiocruz. Além, é claro, do envolvimento da direção e dos professores que abraçaram a ideia, e dos alunos, que tiveram voz para poder discutir as propostas", finalizou.
*O texto foi originalmente publicado na recente edição do Jornal Linha Direta, da Comunicação Interna da Fiocruz.
De 18 a 21 de março, a Fiocruz Brasília promoverá o II Seminário Internacional e VI Seminário Nacional As relações da saúde pública com a imprensa: fake news e saúde. Pela primeira vez, o evento contará com sessão científica sobre o tema. O prazo para envio de relatos de experiências e pesquisas sobre o tema Fake news e saúde foi prorrogado até 15 de janeiro. Serão aceitos estudos e relatos de experiências sobre o tema “Fake news e saúde” na modalidade de Comunicação oral.
Estudantes, trabalhadores, pesquisadores, professores e gestores das áreas de comunicação, saúde ou áreas afins poderão submeter em algum dos seguintes eixos: Jornalismo e saúde, Publicidade e saúde, Redes sociais virtuais e saúde, Relações Públicas e saúde e Comunicação Organizacional e Saúde. A submissão é gratuita, assim como a participação no evento.
A comissão científica do evento é formada por membros da Fiocruz, do Ministério da Saúde, além de professores e pesquisadores de diferentes universidades do DF. Os critérios de avaliação estão disponíveis no edital, assim como o formato exigido para a submissão.
Com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o evento vai debater e analisar como as notícias falsas podem ser prejudiciais à saúde das pessoas e afetar a execução plena da política de saúde no país.
Um curso livre sobre Fake news e Saúde também integra a programação dos seminários, que será divulgada em breve, assim como o link para a inscrição.
Esta é a segunda edição internacional do evento. Nos últimos dez anos, a Fiocruz Brasília promoveu o seminário para debater temas de relevância para a saúde pública brasileira. Febre amarela, H1N1, a imagem do SUS na mídia, ebola, chikungunya, dengue, zika e o Aedes aegypti foram os temas abordados nas outras cinco edições do evento.
Acesse aqui o edital de sessão científica prorrogado e participe!
Por Mariella de Oliveira-Costa (Fiocruz Brasília)
O Observatório da Medicina, site do portal da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), publicou artigo sobre burnout médico. “O acúmulo de trabalhos e a carga horária excessiva podem ter repercussões sobre a saúde do médico e dificultar ou mesmo impossibilitar as atividades de formação continuada”, diz o relatório Demografia Médica no Brasil. O artigo O cansaço - Burnout médico ou dano moral?, publicado pelo médico Luiz Vianna, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva da Ensp, no Observatório da Medicina, está abaixo.
O cansaço - Burnout médico ou dano moral?
Em interessante artigo, Simon G. Talbot, professor de cirurgia da Harvard Medical School, e Wendy Dean, psiquiatra da Henry M. Jackson Foundation for the Advancement of Military Medicine, discutem a questão do burnout na área médica. A argumentação dos autores coloca uma questão que vai além dos frequentes comentários sobre as exigências impostas aos médicos no mercado de trabalho atual que estariam levando esses profissionais ao esgotamento psíquico. Citam pesquisas já conhecidas, como a realizada pela Physicians Foundation, nos EUA, com 13 mil médicos. Nesse estudo, dois terços deles manifestaram sentimentos negativos sobre a profissão. O excesso de burocracia e de regulação e o oneroso modelo de "medicina defensiva" estariam levando à deterioração da relação médico-paciente e à redução da autonomia tão característica da prática médica.
Há vários outros levantamentos conhecidos, como o da autora do livro What Doctors Feel: How Emotions Affect the Practice of Medicine, Danielle Ofri, que relata que os médicos desiludidos, em situação de burnout, estão mais propensos ao erro e ao abuso de ansiolíticos e antidepressivos. Esses profissionais demonstram mais dificuldade em manter uma relação de empatia com seus pacientes. Ela considera que o uso dos recursos da informatização para o registro em prontuários eletrônicos pode aliviar essa tensão, se feita de forma adequada; mas que isso tem sido mais fácil à nova geração, com menos de 40 anos. Já comentamos aqui a dificuldade que os médicos estão tendo para a transição ao modelo de registro de informação do mundo digital, retratada no artigo do prof. Atul Gawande.
Por aqui, no relatório Demografia Médica no Brasil – 2015, desenvolvido sob a coordenação de Mario Scheffer, lemos que: “São características marcantes da profissão médica no Brasil a multiplicidade de vínculos de trabalho (quase metade dos médicos tem três ou mais empregos), as longas jornadas (dois terços trabalham mais de 40 horas semanais), a realização de plantões (45% atuam em pelo menos um por semana) e os rendimentos mais elevados, se comparados a outras profissões (um terço dos médicos ganha acima de R$ 16 mil mensais, somando todos os vínculos). Especificamente o acúmulo de trabalhos e a carga horária excessiva podem ter repercussões sobre a saúde do médico, a exemplo da síndrome da estafa profissional (burnout) assim como podem dificultar ou mesmo impossibilitar as atividades de formação continuada. Na percepção sobre carga de trabalho, um terço dos médicos afirma que se sente sobrecarregado”.
Esse modelo de "standartização" do atendimento, de produção de serviços médicos aos moldes do Fordismo ou Toyotismo, está fortemente ligado à desumanização do relacionamento humano com o paciente, levando à fadiga, esgotamento e, por fim, à inércia. O conceito de mcdonaldização da medicina, de E.Ray Dorsey, é bem ilustrativo. Curiosamente, como já publicamos aqui, a maior rede varejista do mundo, a Amazon, se prepara para vender serviços médicos e mudar o modelo de atenção à saúde no sistema de mercado norte-americano. Para encabeçar esse projeto, contratou o prof. Atul Gawande, que havia pregado a necessidade de melhoria desse sistema, em artigo para o semanário The New Yorker, justamente comparando-o a… uma cadeia de restaurantes!
Isso está mais próximo do texto de Talbot & Dean. Estes autores chamam a atenção para que se diferencie a constelação de sintomas que caracterizam o burnout de outra situação mais crítica – o dano moral. Para eles, o cerne da lesão moral é a resultante de deixar de atender continua e consistentemente às necessidades do paciente. Isso teria um profundo impacto sobre o bem-estar do médico – esse é o ponto chave do consequente dano moral. O esgotamento não se daria somente pelo lado das questões físicas do profissional; mas de sua fadiga frente ao fracasso contínuo de sua atuação nas condições do outro sujeito, o paciente.
Diz o texto:
“Em um ambiente de cuidados de saúde cada vez mais voltado para os negócios e voltado para o lucro, os médicos devem considerar uma infinidade de fatores além dos interesses de seus pacientes quando decidem sobre o tratamento. Considerações financeiras – de hospitais, sistemas de saúde, seguradoras, pacientes e, às vezes, do próprio médico – levam a conflitos de interesse. Os registros eletrônicos de saúde, que distraem dos encontros com os pacientes e fragmentam os cuidados, mas que são extraordinariamente eficazes no rastreamento da produtividade e de outras métricas de negócios, sobrecarregam os médicos ocupados com tarefas não relacionadas a proporcionar excelentes interações face a face”.
Não precisa dizer muito além disso.
É o que percebemos na fala de Felipe Monte Cardoso, do Departamento de Medicina de Família e Comunidade da UFRJ, quando se refere ao burnout. Descrevendo sua experiência na difícil vida urbana de uma periferia metropolitana brasileira, longe de tecnologias de gestão, o dano parece mesmo estar relacionado à incapacidade de transformar uma situação que se cronifica: “Este caldo formou condições materiais de vida muito difíceis de suportar. Isso se desdobra no processo de saúde-adoecimento com que nos deparamos”.
Um pensamento contemporâneo inquietante para a crítica desta fadiga e desgaste psíquico de que tratamos está na obra do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han. Em A sociedade do cansaço, Byung-Chul vai além da ‘sociedade disciplinar’, de que nos falava Foucault. Para ele, não somos mais a sociedade de controle e estruturas coercitivas para ‘sujeitos de obediência’; agora, reforçamos a positividade para "sujeitos de rendimentos". E estes sujeitos são os empreendedores de si mesmos. Embora haja conexões com outros pensadores que tratem do hiperconsumismo, aqui a grande sacada é a ideia de contraposição à sociedade disciplinar e sua negatividade, que gerava loucos e criminosos; na sociedade do rendimento produzimos deprimidos e fracassados. Esse sujeito, exposto ao excesso de positividade perde toda a sua autonomia frente ao “cansaço de poder tudo criar e poder tudo fazer”. É uma sociedade onde o sujeito de rendimento tem a liberdade obrigada, ou obrigação livre, de maximizar esse rendimento. Como um paradoxo da liberdade. O cansaço profundo vem a partir do excesso de estímulo, do excesso de informação, do excesso de impulsos. A atenção para o mundo se fragmenta numa hiperatenção para múltiplas tarefas, que ao mesmo tempo é uma atenção superficial e esvaziada de tempo para reflexão.
Mas em psicopolítica, o texto se refere diretamente ao burnout e depressão, que Byung-Chul atribui à crise da liberdade: “O regime neoliberal introduz a época do esgotamento. Agora se explora direto a psiquê. Então, enfermidades como a depressão e a síndrome de burnout acompanhem esta nova época[…]. Hoje a pessoa explora a si mesma achando que está se realizando; é a lógica traiçoeira do neoliberalismo”.
Talbot & Dean concluem seu texto conclamando que se dê aos médicos um ambiente de respeito à autonomia profissional, para que possam tomar suas decisões baseadas em boas evidências científicas e com responsabilidade financeira. Que o comando do sistema não venha de cima para baixo, priorizando os interesses empresariais em detrimento da boa assistência. Mas a quem eles estão pedindo isso? Parece apenas um desejo.
Na mesma conclusão, o desejo se expressa num comentário idílico para o seu país: “Um mercado verdadeiramente livre de seguradoras e provedores, sem obrigações financeiras sendo transferidas para os provedores, permitiria a auto-regulação e o cuidado com o paciente. Esses objetivos devem ser destinados a criar uma win-win onde o bem-estar dos pacientes se correlaciona com o bem-estar dos provedores. Desta forma, podemos evitar o dano moral associado ao negócio de cuidados de saúde”.
Por Informe Ensp
Aconteceu o lançamento do Guia Prático de Direitos para Profissionais de Saúde e Famílias de Crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus no Rio de Janeiro, no dia 19/12, no Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O guia, fruto do Projeto de Pesquisa Caminhos do Enfrentamento às Implicações Sociais do Zika Vírus, coordenado por Alessandra Gomes Mendes, assistente social do IFF, é um instrumento prático que visa orientar o acesso a direitos e o fluxo das famílias na rede intersetorial. Ao realizar a recepção do evento, Daniel Campos, assistente de pesquisa que participa do projeto, explicou que o encontro teve o objetivo de promover um espaço de construção do diálogo com a rede intersetorial e pensar a construção de ações efetivas para essas famílias.
Em sua fala, a coordenadora do projeto e responsável pelo guia sinalizou que o produto é um instrumento para divulgação, problematização dos direitos e acesso às políticas intersetoriais, mas que ele não substitui o trabalho dos profissionais da rede. Pelo contrário, seu papel é, justamente, fazer com que as famílias consigam chegar até esses profissionais. Alessandra avaliou que o guia só faz sentido se conseguir dar materialidade aos direitos que estão nele descritos, e o evento era uma forma de promovê-los. “O diagnóstico da síndrome congênita do vírus zika impõe uma nova realidade para as famílias, que são obrigadas a ingressar numa luta diária por acesso a direitos, peregrinando cotidianamente por serviços e instituições em busca de atendimentos. São famílias que, diferentemente dos profissionais e pesquisadores, não escolheram lidar com essa realidade. Portanto, cada família que ingressa nessa rede precisa ser muito bem acolhida, e o guia pretende oferecer um mapa sobre como a rede funciona. Num momento difícil como o do diagnóstico, é uma responsabilidade dos profissionais oferecerem o acesso a essas informações, e não do Google”, ressaltou ela.
Os fotógrafos Georges de Paula Racz e Leandro Pimentel mencionaram a alegria em participar da elaboração do Guia. “Foi uma honra participar desse projeto tão bacana, buscamos uma abordagem com simplicidade, mas sem faltar nada do que a nobreza do tema pedia”, disse Georges. “Fiquei muito emocionado com a força das mães. O resultado me surpreendeu e as imagens dão vida ao guia”, completou Leandro.
Vanessa Godoy, mãe do Dimitri, paciente do ambulatório de zika IFF/Fiocruz, realizou a maquiagem das mães que participaram da sessão de fotos do guia. “Como mãe de criança especial, a gente passa a viver a vida do filho. Então, eu encontrei na maquiagem uma terapia, uma forma de me distrair, de resgatar minha autoestima e ganhar uma renda extra”, contou ela. Raquel Valente dos Santos, avó do paciente Anderson Taylor, adorou a experiência. “Para mim foi maravilhoso, foi um momento muito agradável e são recordações que ficam marcadas. É muito gratificante quando a gente encontra pessoas para nos ajudar e nos dar um conforto”, disse ela. Já Tatiana de Souza Madeira, mãe da paciente Sara Vitória, emocionou-se ao contar a história da filha. “Quando ela nasceu, ela foi rejeitada pela família, eu a adotei e aqui no IFF/Fiocruz todos me acolheram e me ajudaram muito porque tudo para mim era novo. Adotar uma criança especial é um aprendizado diário, pois tudo mudou na minha vida. Participar do guia foi um momento muito especial e eu agradeço a toda equipe pelo belo trabalho e pela oportunidade de participar”, finalizou ela.
Representando a Associação Lotus, Amanda Mota iniciou a mesa de abertura de diálogos pontuando que a informação sobre a temática precisa ser transmitida, a união precisa acontecer e a luta precisa ser de todos. “A mensagem que eu deixo para as mães e cuidadores é que falem, lutem e questionem. A gente precisa se unir, não só as vítimas da Zika, mas toda a sociedade, para lutar pelos direitos de um todo”, esclareceu ela. O coordenador da Rede Zika e Ciências Sociais, Gustavo Matta, sugeriu a produção de uma agenda para o compartilhamento de experiências e ações, as vitórias conquistadas e as resistências enfrentadas. “Esse é um momento em que precisamos nos unir, ser mais organizados e criar mais sinergia entre os diversos projetos que estão em curso, no sentido de oportunizar a ação política”, alegou ele.
Com a palavra, a coordenadora de Pesquisa do IFF/Fiocruz, Maria Elisabeth Lopes Moreira, frisou que as mãos principais na produção do conhecimento são das mães e cuidadores que vivem o dia a dia com as crianças. “Quando tiverem uma dúvida, perguntem, pois essa dúvida pode virar uma dúvida de pesquisa e a pesquisa retornar para a sociedade como uma produção de conhecimento que possa facilitar a saúde de todos”, explicou ela. Representando a coordenação do Serviço Social, a assistente social do Instituto Mariana Setúbal avaliou que, apesar de toda a adversidade, o encontro era um dia de celebração. “Cada vez mais o IFF/Fiocruz consolida a conversa qualificada com a rede, damos lugar e voz para os usuários através das estratégias de capacitação, publicação de editais e conteúdos do Portal de Boas Práticas”, enfatizou ela.
A seguir, a coordenadora de Ensino do Instituto, Martha Moreira, afirmou que o direito à saúde deve estar na pauta de todos e valorizou a participação das mães e cuidadores na elaboração do Guia. “De uma forma muito potente, preciosa e valorizada por nós, a gente deseja que vocês continuem sendo nossos parceiros na construção do conhecimento”, destacou. Finalizando a mesa-redonda, o diretor do IFF/Fiocruz, Fábio Russomano, frisou que o Guia é interessante porque ele transcende a saúde. “A gente tem um compromisso de retorno de informações que sejam úteis para melhorar a vida dessas famílias e esse trabalho é um exemplo concreto disso. Ninguém é dono do saber, todos aprendemos juntos, então gostaria de agradecer as famílias pela confiança que depositaram nesta instituição”, concluiu ele.
Estiveram presentes ao evento representantes da Cruz Vermelha, Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu, Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Assistência Social de Duque de Caxias, Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Secretaria Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu, Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) e Coordenação de Saúde Escolar do Município do Rio de Janeiro.
Ao final do evento, Alessandra avaliou que o lançamento do guia superou os objetivos propostos, que eram: promover um retorno para as famílias e sociedade em geral, acerca do trabalho desenvolvido; promover um espaço público de fala e reconhecimento para as mulheres (mães) que protagonizam o cuidado cotidiano das crianças e a luta diária por direitos; fortalecer os laços já existentes com a rede intersetorial, promover a distribuição do guia e capilarizar a discussão sobre o acesso a direitos.
Deseja ter acesso ao Guia Prático? A versão digital está disponível no Repositório Institucional da Fiocruz (Arca). Para mais informações, entre em contato com Alessandra G. Mendes, no telefone 2554-1864 ou pelo email: alessandra.mendes@iff.fiocruz.br.
Reconhecido por acompanhar a trajetória da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e expressar o compromisso institucional com o sistema público e universal de saúde, o Curso de Especialização em Saúde Pública (Cesp) está com vagas abertas. Sob a coordenação das pesquisadoras Tatiana Wargas de Faria Baptista, Delaine Martins Costa e Karla Meneses Rodrigues Peres da Costa, a especialização oferece 33 vagas, sendo 30 para candidatos nacionais e três para candidatos estrangeiros, além da reserva 10% das vagas para ações afirmativas. As inscrições vão até 10 de janeiro e podem ser feitas aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
O Cesp tem o objetivo de formar profissionais interessados no desenvolvimento de habilidades que potencializem o olhar crítico, reflexivo e abrangente sobre a situação de saúde e o contexto político-social, com vistas ao desenvolvimento dos sistemas públicos de saúde. Em 2018, o curso iniciou um processo de reestruturação buscando atualizar-se frente aos desafios da organização de um sistema público, universal e integral em saúde. Essa experiência mostrou que o caminho adotado de aprofundamento dos temas que mobilizam o dia-a-dia dos profissionais, gestores e usuários é potente no processo formativo.
Para a turma de 2019, o programa seguirá com a inclusão de novos temas e discussões a partir da avaliação dos alunos. A expectativa é aprofundar a discussão sobre direitos e as desigualdades extremas que afetam a vida da população e impactam o SUS.
O curso na Ensp
O curso está organizado em quatro Unidades de Aprendizagem: Modos de viver, adoecer e morrer no Brasil (UA I); Políticas de saúde e organização de sistemas e serviços de saúde (UA II); Práticas e cuidados em saúde (UA III); e Pesquisa e produção de conhecimento em saúde (UA IV). É destinado a profissionais graduados ligados à área da saúde ou áreas afins, mas um desejo do colegiado do curso para o próximo ano é divulgar e estimular a participação de trabalhadores das secretarias de saúde, educação, desenvolvimento social estaduais e municipais e profissionais que atuam na “ponta” do serviço.
“Nosso intuito em 2019 é avançar mais na construção e aplicação de novas metodologias que possibilitem uma maior participação de nossos alunos, com o intuito de ouvirmos as demandas e experiências de nossos alunos e revisarmos os conteúdos em conjunto. É uma proposta ousada, desafiadora, mas a formação em saúde pública também é um espaço de experimentação e inovação para os professores. O diálogo possibilita a incorporação de novos olhares para os serviços de saúde e para as desigualdades de gênero, raça, renda, acesso e muitas outras que desejamos trabalhar”, ressaltou a pesquisadora do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde Tatiana Wargas.
Por Ensp/Fiocruz
O filme Conhecendo os mosquitos Aedes transmissores de arbovírus, produzido pelo Serviço de Produção e Tratamento de Imagem do Instituto Oswaldo Cruz, foi premiado no Concurso Internacional de Filmes Médicos, Saúde e Telemedicina – Videomed 2018. A obra foi reconhecida com o prêmio especial da Associação Mundial de Filmes Médicos e de Saúde (WAMHF, na sigla em inglês). O troféu foi entregue ao diretor do vídeo, Genilton José Vieira, chefe do SPTI - IOC/Fiocruz. Realizada de 19 a 24 de novembro, em Badajoz, na Espanha, a 20ª edição do festival Videomed exibiu 119 filmes de 15 países.
Único representante do Brasil no evento, o filme pode ser assistido gratuitamente online. A produção, que aborda os insetos Aedes aegypti, Aedes albopictus e Aedes polynesiensis, vai além dos aspectos mais conhecidos sobre os vetores, promovendo o entendimento aprofundado do processo de transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya em diferentes regiões do planeta. Com 41 minutos de duração, apresenta imagens em alta definição e tem versões em português, espanhol e inglês.
Aedes: Transmissores de arbovírus
O documentário tem como objetivo difundir o conhecimento sobre os mosquitos Aedes, apresentando esses artrópodes como os agentes vetores da dengue, da zika e da chikungunya – viroses estas que, nos últimos anos, têm provocado sérios problemas de saúde pública em todo o mundo.
Todo o vídeo é permeado de imagens reais e virtuais que retratam características morfológicas, externas e internas, dos mosquitos, bem como o processo evolutivo da infecção viral nos tecidos e órgãos desses artrópodes. O destaque é para o período de incubação extrínseca, ou seja, o tempo necessário para que um mosquito, que se infectou com um desses tipos de vírus, ao picar uma pessoa que estava contaminada, se torne capaz de contaminar novas pessoas.
A originalidade cinematográfica desta obra advém das estratégias utilizadas na construção das cenas que mostram detalhes inéditos da vida dos mosquitos do gênero Aedes. As imagens foram obtidas por filmagem com câmeras HD e de alta velocidade, bem como, por modelagem e animação virtuais em 3D. Assista por aqui!
Por Maíra Menezes (IOC/Fiocruz), com informações do Canal do SPTI - IOC/Fiocruz no Youtube
Você sabia que o descarte correto de lixo pode evitar doenças como leptospirose e dengue? O entulho e o lixo depositados a céu aberto atraem pragas como baratas, ratos, moscas e mosquitos que contribuem para a propagação destes e de outros agravos. Assuntos que afetam a vida em comunidades foram destaques do curso Saúde Comunitária: uma construção de todos, promovido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) em parceria com a Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS). A 9ª edição da iniciativa, realizada entre os dias 22 de outubro e 7 de dezembro, formou 86 participantes, entre moradores de mais de 30 comunidades, de 36 bairros do Rio de Janeiro e Região Metropolitana, incluindo o Complexo de Manguinhos, Alemão e Maré.
Com foco em conteúdos que podem contribuir para transformar a realidade das vizinhanças, os encontros foram ministrados por especialistas de diversas áreas. Além do manejo de resíduos, foram abordados temas como o uso racional da água e a prevenção à proliferação do Aedes aegypti, mosquito que transmite a dengue, zika e chikungunya. Também foram destaques das atividades a prevenção ao HIV e às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), e conhecimentos gerais de agravos como tuberculose, verminoses e zoonoses.
O coordenador da iniciativa Antonio Henrique Neto comentou que a cada nova edição, os realizadores buscam oferecer conteúdos mais atuais. "Nossos encontros são construídos com base na troca de conhecimento: ao mesmo tempo em que ensinamos, também estamos aprendendo. O maior retorno possível desta capacitação está na formação de multiplicadores da informação, que vão passar adiante o conteúdo aprendido ao longo do curso”, destacou ele, que atua como pesquisador do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC.
O encerramento das atividades é marcado pela comemoração na entrega dos certificados de conclusão do curso. Além de participar assiduamente dos encontros, os alunos precisam desenvolver projetos voltados à transformação da realidade da vida em comunidade. Participaram da cerimônia o diretor do IOC, José Paulo Gagliardi Leite; o vice-diretor de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Marcelo Alves Pinto; o assessor da Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde, Rogerio Valls; a pesquisadora do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, Ângela Junqueira; o assessor do Serviço de Jornalismo e Comunicação do IOC, Vinicius Ferreira; e o estudante de doutorado Jean Ricardo Jules, do Programa de Pós-graduação Stricto sensu em Medicina Tropical do IOC, representando os alunos que atuaram como monitores da capacitação.
Por Lucas Rocha (Comunicação/IOC)
Com uma formação feita majoritariamente por instituições privadas, os profissionais de radiologia exercem importantes funções no Sistema Único de Saúde (SUS). São os responsáveis, por exemplo, pela realização de exames radiográficos e a preparação de pacientes que vão se submeter a mamografias, tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas e ultrassonografias, entre outros.
Foi por reconhecer a importância de uma formação pública, mais alinhada aos princípios e diretrizes do SUS para profissionais em radiologia, que a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) passou a oferecer, em 2012, o seu primeiro curso técnico na área. Segundo Alexandre Moreno, coordenador do curso na EPSJV/Fiocruz, no estado Rio de Janeiro, somente a Escola oferece de forma gratuita a formação técnica. “No Brasil, em sua maior parte, os cursos oferecidos são privados, sem a premissa da saúde pública do SUS. Um dos desafios é ter mais espaço para essa formação nas instituições públicas. Precisamos avançar nas parcerias. É por meio delas que a gente avança na área da saúde e defende o nosso SUS - onde, apesar de todos os problemas, a maior parte dos brasileiros é atendida”, ressalta.
Conheça dois cursos em radiologia ofertados pela Escola Politécnica e disponíveis aqui no Campus Virtual Fiocruz:
• Radiologia
• Atualização profissional em controle de qualidade da manutenção de equipamentos de radiologia médica
Radiologia no SUS
Para debater sobre o trabalho do profissional da área, no início de dezembro, a Escola Politécnica promoveu o I Simpósio de Radiologia, em conjunto com o II Simpósio Carioca de Radiologia CRTR4. O evento teve como principal objetivo discutir o desenvolvimento tecnológico do setor e o perfil profissional dos trabalhadores especialistas nas técnicas radiológicas para o século XXI.
O vice-diretor de pesquisa da EPSJV/Fiocruz, Sérgio Ricardo de Oliveira, afirma que, atualmente, há uma grande demanda para o setor. “Hoje, o SUS depende de uma grande quantidade de trabalhadores para atuarem, especificamente, em serviços de imagens que cada vez se tornam mais complexos em relação ao equipamento”. Segundo ele, além da capacitação de trabalhadores para o serviço público, voltada a atenção e ao atendimento, há também demandas relacionadas a operação dos equipamentos. "Há uma dicotomia entre o que temos de equipamento e a capacidade do profissional em operacionalizar esse sistema”.
Formação pública na Fiocruz
Desde 2016, a EPSJV/Fiocruz oferece o curso de habilitação técnica em radiologia, na modalidade subsequente ao ensino médio. Em 2012, passou a ofertar também a especialização técnica em proteção radiológica para ambientes de saúde, voltada para profissionais da área da saúde. O foco do curso era prevenir os riscos que a técnica das radiações ionizantes — usada em radiografias e mamografias — trazem tanto para o trabalhador como para o usuário.
A Escola construiu também o currículo e organizou turmas do curso de especialização técnica de nível médio em mamografia. A formação visa aprofundar conhecimentos dos alunos, que têm a oportunidade de fazer estágio supervisionado em instituições públicas de saúde. Há previsão de abertura de uma nova turma em 2019.
Leia mais na Agência Fiocruz de Notícias.
Por Julia Neves (EPSJV/Fiocruz)