Neste mês de julho, a Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz está realizando debates online sobre suas ações educacionais e potencialidades. A série de encontros nasceu da necessidade premente de divulgar e promover as diversas ferramentas e possibilidades de interação entre a comunidade acadêmica, alunos e gestores da Fundação, especialmente voltadas para a continuidade das atividades educacionais neste momento de pandemia de Covid-19. O primeiro “Encontros Virtuais da Educação” foi sobre a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA). O vídeo do evento está disponível no canal do Campus Virtual Fiocruz no youtube. Assista!
Assim como a maioria das atividades acerca do ensino remoto, o “Encontros Virtuais da Educação” nasceu da necessidade improrrogável de adaptação das ações da área de educação da Fiocruz. “Decidimos fazer as reuniões no mês de julho, uma a cada semana, pois nossa previsão é retornar as atividades regulares acadêmicas de forma remota em agosto. Sem causar, assim, conflitos de grade e agenda dos nossos alunos”, explicou a coordenadora-geral adjunta de Educação da Fundação, Eduarda Cesse.
Essa iniciativa abarca quatro painéis. Além da OBSMA, realizado em 7/7, também serão discutidos os seguintes temas: Campus Virtual Fiocruz e Plataforma Educare, em 13/7; Comunicação Pública e Saúde: Canal Saúde, Vídeo Saúde, Revista Poli e Revista Radis, em 20/7; e Editora Fiocruz e Portal de Periódicos, em 27/7.
A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA)
A OBSMA é um projeto educacional da Fiocruz, realizado há quase duas décadas, que visa incentivar professores e alunos a abordarem, de forma crítica e criativa, temas transversais à saúde e ao meio ambiente e, assim, provocar discussões e reflexões acerca dos desafios cotidianos nas escolas. Recentemente, a Olimpíada lançou uma chamada inédita voltada ao envolvimento de estudantes de pós-graduação de programas da Fiocruz, na modalidade doutorado, nas atividades pedagógicas da Olimpíada. Vale ressaltar que a chamada está com inscrições abertas até o dia 31 de julho.
A apresentação da OBSMA foi realizada pela coordenadora do projeto, Cristina Araripe, que destacou os desafios e perspectivas da educação básica brasileira, em especial neste momento de suspensão das aulas presenciais e toda a discussão sobre o retorno das atividades educacionais. Ela citou a nota técnica escrita por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) sobre as implicações do retorno das aulas. “Nós, da Olimpíada, conhecemos os desafios enfrentados pela educação básica há muito tempo. Agora, eles ganharam apenas mais dramaticidade e tristeza, pois as desigualdades sociais e econômicas, que vêm de longa data, estão totalmente aparentes e exacerbadas”, lamentou.
Cristina rememorou o início das olimpíadas científicas mundiais e brasileiras e traçou um panorama sobre a divulgação científica dentro da Fiocruz, destacando especialmente a organização e consolidação da área nas últimas décadas. Ela detalhou cada uma das atividades realizadas no âmbito da OBSMA: o envolvimento de professores e alunos, a seleção de projetos, o acompanhamento junto às divisões regionais, avaliação, premiação e outros. Finalizando a apresentação, ela detalhou a chamada aos doutorandos da Fiocruz, mais nova atividade da OBSMA, e tirou dúvidas que surgiram entre os quase 150 participantes do encontro.
Assista ao vídeo da apresentação de Cristina Araripe:
Confira aqui a apresentação:
A nova edição da revista Poli traz um debate sobre quais medidas educacionais, econômicas e sanitárias os especialistas avaliam como importantes em um contexto em que governos - municipais, estaduais e federal - vêm discutindo estratégias de flexibilização de tais medidas de isolamento social, adotadas para frear a escalada dos casos de contaminação por Covid-19 no país. Especificamente sobre a educação, tema importante para a Fiocruz que está sendo debatido neste momento pelos gestores das unidades que oferecem cursos e programas de pós-graduação presenciais, os analistas alertam que são necessários mais recursos para que municípios e estados possam implementar as medidas sanitárias e pedagógicas fundamentais para garantir um retorno gradual das aulas. Confira a publicação, que é uma iniciativa da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.
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Por um lado, economistas defendem a manutenção de programas como o auxílio emergencial de R$ 600 pago a trabalhadores informais desde abril, mas cobram medidas de cunho mais estrutural, como a ampliação da cobertura e dos valores pagos por programas de transferência de renda como o Bolsa Família, bem como mudanças na regressiva estrutura tributária brasileira que possam garantir recursos para as políticas sociais no longo prazo. Como já citado, na área da educação, analistas falam sobre medidas necessárias para garantir um retorno gradual das aulas presenciais. Por fim, especialistas em biossegurança discutem as medidas de higienização pessoal e distanciamento social que, pelo menos por um tempo, precisarão ser mantidas mesmo após o fim do isolamento.
A atuação de entidades filantrópicas de origem empresarial na promoção de soluções para o ensino remoto e o planejamento da volta às aulas é o foco de outra reportagem. Segundo especialistas ouvidos pela revista Poli, a pandemia vem acelerando um processo que já vinha em curso, de ampliação do uso da tecnologia como ferramenta pedagógica, que acarreta profundas transformações ao trabalho docente e levanta questionamentos sobre as enormes desigualdades no acesso à internet e às tecnologias da informação entre os estudantes das escolas públicas.
O papel do Estado é um tema subjacente a duas outras matérias presentes nesta edição. Uma delas discute a dependência externa brasileira em relação a equipamentos e insumos essenciais para o controle da pandemia, como respiradores e EPIs, entre outros, e a necessidade de se fomentar a produção nacional. Nesse sentido, especialistas ouvidos pela revista Poli destacam que é preciso tocar um processo de reconversão produtiva, colocando emergencialmente empresas de outros produtos a serviço da fabricação de equipamentos e insumos para a saúde. Mas cobram também mais investimentos públicos tanto no fortalecimento da indústria quanto no desenvolvimento científico e tecnológico que antecede a produção. Já na seção Dicionário, o verbete desta edição apresenta os Laboratórios de Saúde Pública, instituições públicas que, a despeito de sofrerem com uma crônica falta de recursos, vêm desempenhando papel fundamental no monitoramento dos casos de Covid-19 no país.
A falta de EPIs e de treinamento adequado são as principais queixas de entidades representativas dos trabalhadores técnicos da saúde, que estão entre os mais vulneráveis à Covid-19. É o que aponta outra reportagem da edição, que traz um levantamento das mortes e casos de contaminação pelo novo coronavírus entre técnicos em saúde.
O entrevistado desta edição é o vice-presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Naomar de Almeida Filho, que fala sobre o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19, iniciativa da Frente pela Vida, que traz recomendações destinadas a autoridades políticas e sanitárias, gestores públicos e sociedade em geral, que foi entregue a parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal no início de julho.
A Revista Poli é uma publicação impressa editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). A versão online pode ser acessada aqui.
A pós-graduação é um período tão estimulante e produtivo quanto desafiador para os estudantes. No dia a dia, é preciso lidar com diversos tipos de pressão: dificuldades para cumprir prazos, objetivos e entregar trabalhos; relações difíceis ou competitivas com os orientadores e pares, assédio; falta de compreensão da família e amigos, entre outras. Estes fatores podem desencadear ansiedade, depressão, provocar isolamento social — enfim, podem desencadear uma série de efeitos na saúde dos pós-graduandos. Para discutir Assistência estudantil e saúde mental na pós-graduação, o Centro de Apoio ao Discente (CAD) e a Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG/Fiocruz) promoveram um um debate na última segunda-feira, dia 6 de maio.
Na abertura do evento, a Vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Machado enfatizou a preocupação em criar, cada vez mais, estratégias para que a instituição não seja um ambiente potencializador de problemas de saúde mental. "Estamos bastante atentos e mobilizados neste sentido. O contexto da pós-graduação define bastante a vida profissional e pessoal, principalmente de jovens pesquisadores", pontuou. Cristiani destacou a importância de iniciativas de assistência estudantil, não só em quesitos práticos como infraestrutura, mas também a níveis de acolhimento psicológico e afetivo.
Representando a APG-Fiocruz, Mayara de Mattos chamou a atenção para condições como ansiedade e depressão, muito comuns entre os estudantes. "Uma pesquisa recente sobre o perfil dos discentes da Fiocruz detectou uma grande quantidade de pós-graduandos ansiosos. A relação com o orientador, as demandas de trabalho, situções de assédio: tudo isso colabora para esse cenário".
E como facilitar o caminho dos alunos neste momento? Este foi o ponto destacado pela coordenadora do CAD, Márcia Silveira. Para ela, é fundamental dialogar com os alunos e construir, coletivamente, uma Fiocruz que acolha sempre mais. Ela cumprimentou a coordenadora geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, e a coordenadora adjunta, Eduarda Cesse, que participaram do evento.
Depois da abertura, foi a vez de receber convidados para debater o tema. O primeiro a trazer questões foi o psicólogo e pesquisador Robson Cruz, que concluiu seu pós-doutorado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo Robson, seu interesse pelo assunto da assistência estudantil e saúde mental na pós-graduação teve origem em sua própria vivência.
Entre as situações relacionadas à vida acadêmica, ele destacou as dificuldades com a escrita. “Conforme você avança na vida acadêmica, o sofrimento com a escrita não diminui, na verdade, pode até aumentar. O pesquisador é cobrado para que produza e apresente conteúdo escrito quase diariamente. Quando isso não acontece, ele se autossabota. Pensa: 'Eu não sou bom o suficiente' e coisas do gênero".
Robson lembrou que o sofrimento na vida acadêmica é um fenômeno mundial. "É preocupante observar que o pesquisador não é reconhecido como trabalhador. Se você faz pesquisa no Brasil, isso não é levado tão a sério como deveria... O ambiente acadêmico também é, de certa forma, laboral", disse.
O segundo debatedor foi o doutorando em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diego Nicolás Ferrari. Ele contextualizou o tema, inciando pela exposição de marcos históricos da América Latina na área da educação, como a Reforma de Córdoba. Depois, comentou a atual situação política do Brasil. "O cenário que vivemos contribui negativamente para a saúde mental dos pós-graduandos. Com os cortes orçamentários, a redução de direitos, a precarização do ensino, o esvaziamento das instituições, estamos perdendo muito do que foi conquistado nas lutas estudantis".
Segundo ele, para transformar esta realidade de forma concreta, é preciso encarar o diagnóstico. "Estamos inseridos num contexto em que o nosso trabalho, como pesquisadores, é programado para nos adoecer. Temos que identificar nossas necessidades para podermos agir”, afirmou.
Os alunos e demais participantes enriqueceram o debate, relatando experiências pessoais e dificuldades. Samuel Horita, aluno de doutorado do Insituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), falou sobre casos de assédio moral que sofreu na instituição. "Precisamos nos proteger e enaltecer nosso papel. Penso que nenhum pós-graduando deve deixar que o orientador ou qualquer outra pessoa diminua seu trabalho. Pelo contrário, somos profissionais capazes, por isso merecemos respeito e reconhecimento", comentou.
A pesquisadora Ângela Escher, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), fez um apelo: "Aqui na Fiocruz reunimos os maiores pensadores do país (e muitos do mundo). Mesmo assim, ainda não conseguimos solucionar questões ligadas à saúde mental e às necessidades dos alunos", afirmou. Ela compartilhou a história de seu filho, que foi diagnosticado com TDAH, e precisou de cuidados durante a prova do Enem.
Sobre o Centro de Apoio ao Discente (CAD)
O CAD-Fiocruz acompanha os alunos durante sua estada na instituição, favorecendo a integração e buscando equacionar situações individuais e coletivas que influenciem possam influenciar o bem-estar, o desempenho acadêmico e o desenvolvimento profissional dos estudantes. É um espaço de escuta psicossocial, que oferece atendimento inicial e encaminha as demandas dos discentes, sejam de cunho institucional ou particular.
Se precisar de apoio, escreva para cad@fiocruz.br ou ligue para (21) 3882-9066.
*Estagiária supervisionada.
A ciência está on-line – e, com isso, são vastos os desafios da área da divulgação científica. Visando facilitar esse debate, a Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz promove o 3º Encontro Virtual de Divulgação Científica, um evento voltado a discussões em tempo real sobre assuntos ligados à divulgação e popularização da ciência. Dessa vez, o tema escolhido é Divulgação Científica e Mídias Digitais. O encontro acontece em 29 de setembro, a partir das 14 horas, pelo canal do Youtube da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz.
Para conversar sobre o tema, foram convidados: Mariana Varella, editora-chefe do Portal Drauzio Varella; Antônio Brotas, jornalista-chefe da assessoria de comunicação da Fiocruz Bahia; e Renata Fontanetto, jornalista do Núcleo de Mídias do Museu da Vida Fiocruz. A moderação do evento fica a cargo de Diego Vaz Bevilaqua, vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Atualidade e redes sociais serão os enfoques do evento, de acordo com a coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz, Cristina Araripe. "O próximo Encontro Virtual trará questões atuais sobre o papel das redes sociais e das mídias digitais para o campo da divulgação científica. A proliferação de perfis individuais e institucionais, canais, blogs e outros, tem representado um desafio enorme. Em tempos de pandemia e de fake news, podemos dizer que a ciência está, por um lado, no foco das atenções, mas também, infelizmente, sendo atacada por grupos negacionistas e antivacinas", diz. Segundo ela, para uma instituição de pesquisa em C&T em Saúde, é importantíssimo que o debate seja pautado não apenas por especialistas, mas por toda a comunidade cientifica.
O evento é online, gratuito e aberto a todos os interessados. Acompanhe!
"Territórios virtuais", que potencializem a participação democrática, as ideias e as experiências em todos os âmbitos do Sistema Único de Saúde (SUS) foram o tema da mesa CiberespaSUS: As redes sociais como dispositivos das políticas públicas de saúde no contexto da cibercultura. Realizada no dia 26/7 no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, a mesa contou com a participação de Felipe de Oliveira Lopes Cavalcanti, da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, Mariana Salles de Oliveira, da Rede HumanizaSUS, e Ricardo Rodrigues Teixeira, da Universidade de São Paulo (USP). Os três discutiram as experiências da Comunidade de práticas e da Rede Humaniza SUS, as maiores “redes sociais” na internet associadas a políticas públicas de saúde (a política nacional de atenção básica e a política nacional de humanização), além de abordarem a produção e a circulação de narrativas sobre o SUS no cenário atual da comunicação digital.
Cavalcanti apresentou sua experiência na Comunidade de práticas, uma iniciativa digital que procura dar visibilidade às vivências construídas por trabalhadores da atenção básica, atualmente com mais de oito mil relatos publicados. “Qualquer profissional que atue na área pode cadastrar uma prática no sistema, recebendo o auxílio de um curador para qualificar o relato antes da publicação”, explicou. “A iniciativa tem tido papel fundamental para sistematizar o conhecimento sobre as práticas de saúde na atenção básica.”
Mariana Oliveira relembrou os quase quatro anos em que esteve à frente da plataforma. A rede de trabalhadores, gestores e usuários tem como objetivo a multiplicação de perspectivas e a construção coletiva de narrativas sobre a humanização do SUS. “A proposta é estimular o compartilhamento de tecnologias sociais que busquem abrir portas de escuta, sem infantilizar ou tutelar a participação social, para criar espaços de cogestão e contribuir para a democratização do SUS em seu fazer cotidiano”, afirmou Oliveira. Criada em 2008, a rede conta hoje com 14 mil relatos, 37 mil cadastros e 100 mil acessos por semana.
Para Ricardo Teixeira, da USP, o processo de releitura e narração das experiências de saúde propiciado por essas iniciativas é essencial para a prática do SUS, por produzir novas reflexões e aprimoramentos a partir das vivências dos integrantes. Em sua apresentação, ele destacou que as duas iniciativas apontam para a possibilidades do emprego de redes sociais na internet como dispositivos de políticas públicas - ressignificando e radicalizando a própria ideia de política pública, não como política de estado ou de governo, mas de agentes da sociedade civil que produzem discursos e disputam narrativas. “Estes dispositivos ampliam o caráter público das políticas de forma diferenciada em relação aos conselhos de saúde, ampliando a participação”, avaliou.
Novo cenário
Desde que estas iniciativas nasceram, no entanto, o contexto da internet mudou. Teixeira argumentou que nos últimos dez anos houve uma mudança brutal na economia cognitiva e comunicacional. Para além do potencial democrático e emancipatório que a internet e as redes sociais ainda mantêm, a crescente concentração do mercado, a articulação de perspectivas pouco democráticas, os processos de circulação de notícias falsas, além de outras questões, têm reforçado o fato de que a tecnologia pode ser empregada de muitas formas e para diferentes fins.
Nesse contexto, Teixeira acredita que as redes sociais da saúde estão longe de representar o ciberespaço como um todo e acredita que seu estudo pode trazer um aprendizado importante para lidarmos com a complexidade comunicacional da atualidade. “A rede Humaniza SUS, por exemplo, é completamente aberta e tende a trazer para o primeiro plano a experiência afetiva, cognitiva e comunicacional do trabalho em saúde, mas nunca registrou qualquer episódio de intolerância ou violência, o que é ótimo, mas também causa certo estranhamento”, avaliou.
Oliveira também destacou a mudança de cenário e relembrou que, quando a Rede Humaniza SUS foi criada, parecia óbvio que redes sociais ajudariam a fortalecer a militância em torno do SUS e a produção de sistema mais democrático “Porém, boa parte da produção de subjetividade na rede está, hoje, nas mãos de algumas grandes empresas, que ditam as formas de interação em suas redes”, ponderou.
Entre os fatores que devem ser considerados no estudo do ciberespaço está a participação de novo atores não-humanos nos seus processos. “As máquinas participam cada vez mais de nossa vida, com filtros e critérios de seleção responsáveis pela curadoria de boa parte das informações que consumimos. Isso é algo indispensável, o problema é que esses algoritmos não são abertos, conhecidos ou sujeitos a um debate ou controle públicos”, afirmou Teixeira.
Para Oliveira, é preciso estimular políticas que produzam novas possibilidades de experimentação e troca em rede. “Precisamos desenvolver contra-políticas em relação aos algoritmos fechados, para ampliar as possibilidades desses corpos-máquina que continuarão a ser produzidos pela inserção da tecnologia no cotidiano”. Felipe de Oliveira Lopes Cavalcanti também defende a necessidade de criar estratégias que ajudem as instituições e os atores da saúde a participar da construção das narrativas sobre a área. “Quando pensamos de ciberespaço e políticas públicas, em geral falamos de projetos que estão muito na periferia. Precisamos valorizar novas propostas para aproveitar o potencial das redes, modificando os arranjos institucionais para tornar possíveis o engajamento e a participação”, concluiu.
Fonte: Portal Fiocruz
O Centro de Estudos Estratégicos da Fundação Oswaldo Cruz (CEE-Fiocruz) abre, na próxima segunda-feira (16/7), a partir das 14h, a série de encontros Futuros do Brasil e da América Latina, tendo no centro do debate a economista Laura Carvalho.
Autora do livro Valsa brasileira: do boom ao caos econômico (Ed. Todavia), lançado este ano, Laura abordará o tema Alternativas econômicas para um Brasil justo. Sob a coordenação e a apresentação do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão, pesquisador do CEE-Fiocruz, Laura vai interagir com três debatedores: o economista Carlos Gadelha, coordenador de Ações de Prospecção da Fiocruz e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde; Carlos Eduardo Martins, professor do Departamento de Ciência Política da UFRJ e coordenador do Laboratório de Estudos sobre Hegemonia e Contra-Hegemonia (LEHC) da universidade; e por Gustavo Noronha, economista do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O evento será on-line, com transmissão em tempo real pelo blog do CEE-Fiocruz e pela página do Centro no Facebook.
Em Valsa brasileira, Laura Carvalho faz uma análise do período que compreende o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016, em que o país viveu os anos de maior prosperidade de sua história e também uma crise econômica sem precedentes. A autora defende que, após 2010, era possível contornar os obstáculos para a manutenção de um crescimento inclusivo, se não se optasse por uma mudança de rumo, em que o conjunto da sociedade saiu do foco de atenção. Ela propõe, ainda, uma agenda para o país, afirmando que o aprofundamento da democracia cabe no orçamento. Leia aqui entrevista com Laura Carvalho, sobre o livro, publicada na revista IHU Online
Leonardo Boff
A série Futuros do Brasil e da América Latina tinha início previsto para 20 de junho, com o teólogo Leonardo Boff. O evento, no entanto, foi cancelado por motivo de segurança, uma vez que nesse dia estava em curso uma operação policial nas comunidades vizinhas à Fiocruz. O debate com Boff está previsto para setembro.
Fonte: Centro de Estudos Estratégicos (CEE/Fiocruz)