O Sextas de Poesia desta semana lembra o escritor Johann Wolfgang von Goethe que integrava o movimento alemão Tempestade e Ímpeto. De caráter romântico, o movimento defendia o retorno do ser humano à natureza. Goethe, portanto, é um dos primeiros românticos, e suas obras são caracterizadas pela subjetividade e exagero sentimental.
No trecho do livro O Divã Oriento-Ocidento, ele se aproxima da poesia persa, nos brinda com sua ode à paixão e deixa pérolas poéticas ao chão.
#ParaTodosVerem Banner com uma pintura abstrata ao fundo, na pintura há diversas cores como laranja, lilás e azul. No centro do banner um trecho do livro “Diva Ocidento-Oriental", de Goethe:
A maré da paixão, ela avança em vão
contra a terra firme e incontida.-
Deixa pérolas poéticas no chão,
e isso já é um ganho na vida.
O Sextas desta semana homenageia o poeta amazonense Thiago de Mello, aniversariante de março e que nos deixou em 2022. Durante toda sua vida foi comprometido com a liberdade e com o amor. Fazia do Amazonas seu lugar de pertencimento e fala. Era o poeta de branco, das águas.
O poema escolhido é "Narciso cego", uma busca entre o sonho e o sonhador, que não se decifra.
Um escritor premiado e reconhecido nacional e internacionalmente, viveu na ditadura, reagiu contra ela e escreveu a favor da liberdade. Ele é o poeta da liberdade e do amor. Ganhou uma linda homenagem da 34ª Bienal de São Paulo, quando um de seus versos mais lembrados , "Faz escuro mas eu canto", extraído de “Madrugada Camponesa”, escrito há 60 anos, foi tema da tradicional exposição.
#ParaTodosVerem Banner com a pintura do rosto de uma mulher em cores vivas, metade do rosto está na luz e metade na sombra.
Por cima da pintura um trecho do poema “Narciso cego” de Thiago Mello:
Tudo o que de
mim se perde
acrescenta-se
ao que sou
Contudo, me desconheço.
Pelas minhas cercanias
passeio - não me frequento…
Cego assim, não me decifro.
E o imaginar-me sonhando
não me completa: a ganância
de ser-me inteiro prossegue.
E pairo - pânico mudo -
entre o sonho e o sonhador.
Cacaso faria 80 anos! O Sextas de Poesia faz sua homenagem ao poeta que participou intensamente do movimento estudantil contra o regime militar e é considerado o tutor da “poesia marginal” brasileira, tendência que contestava os poetas concretos e buscava apenas falar de poesia e fazer poemas. O elo imediato entre vida e poesia levaram Cacaso a radicalizar a linguagem a ponto de eliminar, ao máximo, a ambiguidade. Contrariando as metáforas e metalinguagens que recheiam o livro de estreia de 1967, de viés cabralino, drummondiano e eliotiano, o poeta escreve no poema que dá nome ao livro "Na Corda Bamba" de 1978 - "Poesia/ Eu não te escrevo/ Eu te/ Vivo // E viva nós!".
Dentro do Cacaso tinha um anjo que lhe sufocou de amor!
#ParaTodosVerem Banner com linhas pretas e brancas na vertical e horizontal, no meio com um fundo preto, o poema de Cacaso:
trago comigo um retrato
que me carrega com ele bem antes
de o possuir bem depois de o ter perdido.
Toda felicidade é memória e projeto.
Esta edição do Sextas de Poesia homenageia as mulheres, nesta data tão significativa que é o 8 de março, dia que marca a nossa luta e resistência, e também nossas conquistas políticas e sociais até aqui. A caminhada é árdua e longa, no entanto, com o poema de Rupi Kaur, do livro "O que o sol faz com as flores", enaltecemos a trajetória das mulheres que vieram antes de nós, as estradas já percorridas e os desafio já enfrentados: "o que é que eu faço para tornar essa montanha mais alta para que as mulheres que vierem depois de mim possam ver além". O horizonte é imenso, mas nossas lutas têm raízes profundas. Viva o Dia Internacional das Mulheres!
Rupi Kaur é uma jovem escritora indiana que ganhou destaque nos últimos anos publicando seus poemas nas redes sociais. Com uma escrita simples, mas profundamente sincera e intimista, Rupi Kaur ecreve poemas sem títulos e apenas com letras minúsculas, da mesma forma que se escreve em Gurmukhi - um sistema de escrita indiano, também considerado um novo alfabeto.
#ParaTodosVerem Banner com uma foto no centro, a foto é de uma mulher parada de costas admirando o horizonte, ela está em cima de várias rochas, está com os cabelos presos e um chapéu, veste uma blusa social laranja, calça preta, tênis de corrida e meias compridas, o céu está em um tom amarelo com rosa. No centro da foto, o poema de Rupi Kaur do livro "O que o sol faz com as flores":
me levanto
sobre o sacrifício
de um milhão de mulheres
que vieram antes
e penso
o que é que eu faço
para tornar essa montanha mais alta
para que as mulheres que vierem
depois de mim
possam ver além.
-legado
O Sextas de Poesia traz o compositor Moraes Moreira com "Um baiano no Rio" pra homenagear nossa cidade, esse Rio que, de janeiro a janeiro, encanta, seduz, aguenta, resiste e se reinventa. Um Rio que atravessa com suas curvas, morros, montanhas, do Leme ao Pontal, e nao há nada igual. A cidade que se mostra suburbana e do samba pelos trilhos do trem. O Rio que os cariocas não gostam nublado, e que sempre desagua no mar.
Parabéns Rio!
Uma homenagem do Sextas de Poesia pelo aniversário de 459 anos do Rio de Janeiro.
Escrever sobre amor é perigoso. Luiza Leite Ferreira não se deixou intimidar, ainda bem, e agora nos apresenta mais de cinquenta poemas em que Eros é guia, angústia e risada. O Sextas de Poesia desta semana apresenta o poema 'Miopia', do livro 'Amor Recreativo', essa famigerada palavra ganha contornos tão difusos quanto o efeito das borboletas no estômago.
Luiza Leite Ferreira é jornalista, tradutora e escritora. Natural do Maranhão, vive em Niterói e escreve desde a infância. Ganhou concursos escolares, foi selecionada no VII Concurso Municipal de Conto de Niterói em 2008 e coorganizou a antologia de contos Debaixo do mesmo céu (Numa) com André Diniz em 2020. É autora de 'É na cacofonia que eu me escuto' (Caravana), livro de poesia lançado em 2022 e tem poemas publicados nas revistas Mormaço, Ruído Manifesto, entre outras. Integra o Coletivo Escreviventes e o portal Fazia Poesia, escreve o blog leialuiza.wordpress.com (instagram: @leialuizablog) e também a newsletter Cartas para Ninguém, no Substack.
*Com informações de Editora Patuá.
#ParaTodosVerem Foto em preto e branco de duas pessoas dançando na chuva, na foto não é possível ver os seus rostos. No topo está escrito o poema de Luiza Leite Ferreira, em “Amor recreativo” - Miopia: Dispensar as lentes prescritas
enxergar beleza nas cores borradas
o amor não precisa de contornos.
O Sextas de Poesia desta semana faz sua homenagem ao mar e à força de suas águas, encantos e devoção. Com "O mar serenou", de Candeia, celebramos toda a sua magia e presença na vida e na arte. A música brasileira, e o samba em particular, nunca mais seriam os mesmos a partir do dia 17 de agosto de 1935, quando nascia Antônio Candeia Filho, mais conhecido como Candeia. Aquele que entrou para a história como um dos maiores compositores do gênero no Brasil, em todos os tempos, cresceu em meio às rodas de choro e samba que seu pai, também sambista, promovia seguidamente, no bairro de Oswaldo Cruz, subúrbio do Rio, com presença de nomes como Paulo da Portela, João da Gente, Dino do Violão, Claudionor Cruz e Luperce Miranda, entre outros.
Odoya!
O Sextas de Poesia desta semana traz um poema de Marcelo Lopes, publicado em seu primeiro livro "O voo dos dias no abismo do tempo", publicado de forma independente e lançado no final de 2023. Ele traz 114 poesias que falam sobre coisas do cotidiano, as reais e as imaginárias, distraídas entre o status e a essência. Mergulho ou decolagem tanto faz... A poesia escolhida, "Astronauta", é amor, é saudade!
#ParaTodosVerem Foto do mar com uma ponte de madeira em primeiro plano, há uma garça pousada na ponte e outra voando por cima, no horizonte é possível ver rochas, na parte inferior da foto o poema 'Astronauta', de Marcelo Lopes em " O voo dos dias no abismo do tempo":
Às vezes eu sinto a tua falta
sinto uma saudade incauta
é como me apaixonar pela lua
sabendo que nunca serei um astronauta
O Sextas de Poesia de hoje apresenta um poema de Içara Bahia, jornalista, redatora e se especializou em roteiro, dramaturgia e jornalismo literário. Ela nasceu em 1985, em Salvador, na Bahia, mas mora longe do mar desde 2012, ano em que se mudou para São Paulo, onde vive desde então. Vive de escrever e escreve para sobreviver. "Meu relógio não conta as horas" é o seu primeiro livro, "quando se cresce à beira-mar, o tempo é guiado pelo céu, pelo sol e pelo mar, então, o relógio não conta as horas, torna-se enfeite em torno do punho que escreve versos na busca".
O poema "Penso mar", que ilustra o Sextas desta semana, faz parte desse livro no qual ela diz que "em qualquer lugar meu mar também é dentro".
*com informações da Editora Patuá, site no qual também é possível adquirir o livro de Içara Bahia.
O Sextas de Poesia, em seu primeiro poema de 2024, apresenta Mário Cesariny de Vasconcelos, poeta e pintor, considerado o principal representante do surrealismo português. É de destacar também o seu trabalho de antologista, compilador e historiador das atividades surrealistas em Portugal.
Em "Ama como a estrada começa", ele nos fala dos começos, das estradas, e com o amor é parecido: vem não se sabe de onde, nem como, nem porquê.
E, quando reparamos, ele já se instalou...
Mas a frase diz mais. Diz para amarmos como a estrada começa: sem saber o seu caminho, mas sem deixar que isso lhe corte a liberdade para tentar ser feliz, sem reservas, até ao infinito... (Até ao fim das estradas).
Que seja uma linda estrada 2024!
*Com informações do blog Silêncio nas Palavras.
ParaTodosVerem foto de uma estrada em descida, e ao fundo, a paisagem de uma praia com montanhas ao fundo, e um trecho do poema de Mário Cesariny: "Ama como a estrada começa".