Nesta quarta-feira, 25 de maio, a Fundação Oswaldo Cruz comemora 122 anos. Há mais de um século essa instituição trabalha para o desenvolvimento e fortalecimento da ciência, saúde, educação e tecnologia brasileiras como um compromisso com a sociedade para o pleno direito à saúde, com base na consolidação do Sistema Único de Saúde, o nosso SUS. A educação é um dos pilares estratégicos da Fiocruz para a redução das desigualdades e um dos principais caminhos para a construção de um mundo mais justo, saudável e democrático, tendo sido fundamental para o enfrentamento da pandemia em todo o país.
O papel transformador da educação
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC), Cristiani Vieira Machado, destacou que as atividades de educação estão presentes desde a criação da instituição, e atualmente são muito transversais e estão presentes em todas as suas unidades e escritórios, nos diversos estados, além de forte componente internacional. Para ela, é a formação que permite a transformação estrutural das práticas.
“A educação tem caráter estratégico para a formação de quadros para o SUS e o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia. Nesse sentido, que é relevante termos cursos e ações de formação em relação a tudo que nós fazemos. Não basta fazermos, temos que estar sempre formando pessoas para que façam também. Nossas ações educacionais vão desde o ensino técnico profissionalizante, passando por especializações, residências em saúde, mestrado acadêmico e profissional, até o doutorado. E, apesar de não oferecermos graduação, trabalhamos com esses jovens por meio da iniciação científica, recebendo também alunos de graduação de outras universidades. Nós produzimos vacinas e medicamentos, mas também formamos profissionais para desenvolverem tecnologias e produzi-los. O mesmo vale para a assistência. Oferecemos assistência hospitalar e ambulatorial, mas formamos pessoal na área, tanto para o atendimento de boa qualidade como para fazer pesquisa clínica. Nossas ações educacionais estão também interligadas a ações de pesquisa e aos diversos tipos de atividade fim da Fiocruz”, detalhou Cristiani.
Atualmente, a instituição apresenta 48 programas de pós-graduação stricto sensu, além da oferta de 45 cursos de especialização e 31 programas de residência em saúde. Além disso, mantém forte atuação na qualificação profissional para o SUS, por meio da oferta de inúmeros cursos, presencial e à distância (EAD), que, por suas características e possibilidades de formação em escala, agilidade e abrangência, alcançam milhares de profissionais, desde os menores municípios brasileiros até longínquos países, com destaque para a expansão do Campus Virtual Fiocruz (CVF), um portal voltado para a educação aberta e gratuita de grande alcance.
No que tange à capilaridade de nossas ações educacionais, a Coordenadora-Geral de Educação da Fundação, Cristina Guilam, ressaltou o alcance e os diversos níveis de formação oferecidos pela instituição. “Historicamente, a Fiocruz se volta para a formação de quadros em todo o Brasil, o que é impulsionado por sua presença nacional e pelas parcerias que estabelece com instituições locais e regionais. Além desse aspecto de integração nacional, a Fiocruz tem um forte compromisso com a internacionalização da educação, tanto do ponto de vista da cooperação Norte-Sul como no âmbito da cooperação estruturante, apoiando o fortalecimento de instituições de países da América Latina e dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palops)”, comentou ela.
Com o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, a Fiocruz lançou mão de sua já consolidada experiência em EAD, além da adaptação ao ensino remoto e ao uso de plataformas virtuais para responder aos novos desafios impostos, permitindo a continuidade da oferta de seus cursos, nos diferentes níveis de formação, cumprindo, assim, sua missão na educação permanente e na formação para o SUS. O Campus Virtual Fiocruz auxiliou nesse processo, compartilhando conhecimentos qualificados para profissionais e a população.
A educação na Fiocruz
Dados do Relatório de Atividades 2021 e subsídios para o Planejamento 2022 da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC) detalham que, em 2021, a Fundação apresentava 48 programas de pós-graduação stricto sensu inseridos em 13 áreas de avaliação da Capes: 39 oferecidos especificamente pela instituição, 3 em rede, 2 em associação e 4 em colaboração. Mesmo em meio à pandemia, ao todo, foram realizadas 738 defesas finais, sendo 332 de mestrado acadêmico, 233 de doutorado acadêmico e 173 de mestrado profissional. No mesmo ano, houve a oferta de 41 cursos de especialização presenciais em 11 unidades ou escritórios e 4 na modalidade EAD, totalizando 45 ofertas. Além disso, em 2021, a Fiocruz manteve a oferta de 31 programas de residência em saúde credenciados pelo Ministério da Educação (MEC), sendo 13 de Residência Médica, 18 em área profissional (5 em Enfermagem e Multiprofissional). Dois desses programas são em cooperação entre a Fiocruz e a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (MS). No conjunto dos 31 programas, 543 residentes ingressaram no ano de 2021. E também foram realizadas 209 certificações em residências e 269 em especializações (presencial e EAD).
Por meio do Campus Virtual Fiocruz, a Fundação vem desenvolvendo uma enorme gama de cursos sobre diferentes temas. Somente no âmbito da pandemia, foram oferecidos 73 cursos voltados especificamente ao enfrentamento da emergência sanitária, os quais contabilizaram, até 2021, mais de 430 mil alunos nessa grande rede.
Em meio a esforços de produção, superação e adaptação, o Campus Virtual Fiocruz desenvolveu onze cursos próprios sobre a temática da Covid-19, produzidos e publicados em caráter de urgência, que juntos somam, até abril de 2022, quase 137 mil alunos inscritos. Além disso, também fomentou o crescimento do ecossistema Educare, uma plataforma de recursos educacionais abertos (REA), que conta com mais de 1.200 materiais disponíveis, como cursos completos, vídeos, áudios, apresentações, exercícios, jogos e outras iniciativas voltadas ao aprendizado e compartilhamento do conhecimento. Todos disponíveis em acesso aberto.
Conheça algumas iniciativas recentes da Fiocruz na área da Educação:
O diálogo, a prática científica e os desafios do campo da saúde pública, ciência e tecnologia do país são as bases do novo curso Iniciação Científica na Fiocruz: formação de alunos para a pesquisa em C&T em saúde, lançado a partir de uma parceria entre as Vice-Presidências de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fundação. A nova formação, voltada a alunos e alunas de iniciação científica, visa inspirar jovens a se engajarem com carreiras nessa área, sendo uma porta de entrada para que esses estudantes possam ter contato com a diversidade das pesquisas desenvolvidas na instituição. O curso é online, gratuito e as inscrições vão até 25 de maio pelo Campus Virtual Fiocruz.
O curso tem foco em alunos em estágio inicial de formação que desenvolvem ou iniciarão suas atividades nos ambientes de pesquisa da Fiocruz, representando mais uma contribuição da instituição para formação de jovens pesquisadores comprometidos com o futuro do país.
Um convite ao fazer científico
A iniciativa está sob a responsabilidade de Cristina Araripe, pela VPEIC, Fátima Batista, pela VPPCB, e Cristiane Braga, coordenadora do Programa de Vocação Científica (Provoc), ligado à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). Cristina Araripe, destacou o fato de a Fiocruz oferecer, pela primeira vez, aos seus alunos e alunas de iniciação científica, um curso organizado inteiramente via Campus Virtual. "Por meio de 26 vídeos e alguns encontros virtuais, os jovens em formação poderão conhecer um pouco mais da nossa história e trajetória institucional na pesquisa em C&T em saúde", comentou ela, que é também coordendora de Divulgação Científica da Fiocruz.
De acordo com Cristina, a ideia é "aproximar os jovens de áreas de conhecimentos e de atuação e serviços da Fiocruz, ao mesmo tempo em que conhecerem alguns pesquisadores que têm contribuído, ao longo de suas vidas profissionais, para o fortalecimento do SUS e da ciência na saúde".
Formado por um corpo docente de pesquisadoras e pesquisadores com trajetórias acadêmicas consolidadas, o curso divide-se em quatro módulos, que buscam apresentar, sob a perspectiva institucional, debates fundamentais para uma prática científica alinhada com os desafios que se apresentam para o futuro da Saúde Pública e da Ciência e Tecnologia no país.
Ao longo dos módulos, os alunos encontrarão noções fundamentais sobre a história das instituições científicas e memória das ciências da saúde no Brasil. Para tanto, serão discutidos temas como a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde (SUS), tratados na perspectiva de uma conquista democrática da sociedade brasileira, ressaltando alguns desafios para a consolidação da saúde como direito social. Além disso, todos são convidados a refletirem sobre o papel da Fundação como instituição estratégica de Estado, seus programas e projetos no contexto atual das agendas brasileiras de pesquisa e educação.
Sobre o desenvolvimento e realização das pesquisas, a ideia é sejam trazidos ao debate questões como a avaliação e o acompanhamento dos aspectos éticos das pesquisas envolvendo seres humanos. Assim, os participantes poderão se aprofundar em temas como Saúde e Medicina; Saúde e Biologia; Saúde e História; Comunicação Pública na Saúde; Saúde e Meio Ambiente; Saúde da Mulher, do Adolescente e da Criança; Saúde e Farmácia; e Saúde Global. Além dos temas específicos, os discentes também terão acesso a conteúdos voltados para as técnicas e os métodos relacionados a fontes de informação em saúde, como as principais bases de informação científica; a organização da informação encontrada; e o gerenciamento e padronização de referências.
Conheça a estrutura da formação Iniciação Científica na Fiocruz: formação de alunos para a pesquisa em C&T em saúde
Módulo 1 - Ciência e Saúde na Fiocruz
Módulo 2 - Painel das Pesquisas Científicas e Tecnológicas em Desenvolvimento
Módulo 3 - Acesso e uso das fontes de informação em saúde: conceitos e práticas
Módulo 4 - Diálogos no presente / Preparando o futuro
Acesso e permanência são questões que atualmente devem andar juntas à pós-graduação e seleção na Fiocruz. Muitos se avançou no sentido de atenuar essas desigualdades, e a instituição segue buscando e construindo coletivamente novos e melhores caminhos. Para aprofundar debates sobre essa temática, em 18 de maio, a partir das 8h30, a Fundação vai realizar o "Seminário de Residências em Saúde e Ações Afirmativas da Fiocruz: Incluindo as diversidades do ingresso ao egresso". O encontro, transmitido ao vivo pelo canal da Fiocruz no Youtube, é aberto a todos os interessados e conta com tradução para Libras.
Na ocasião, será apresentada amplamente a Nota Técnica 01/2022: Orientações sobre a elaboração de editais dos Programas de Residência em Saúde da Fiocruz no quesito ações afirmativas, um documento que tem como objetivo qualificar processos seletivos que já realizam a inclusão das ações afirmativas e, ao mesmo tempo, apoiar os novos programas que estão iniciando essa etapa.
Após a Portaria nº 6.162/2019, a Fiocruz publicou, em setembro de 2021, a Portaria nº 491, que regulamentou as ações afirmativas para os cursos Stricto sensu (mestrado e doutorado) e Lato sensu (especialização e residências em saúde). A recente nota técnica é mais um desdobramento dessa área, nascida da necessidade de que algumas orientações e apoios estivessem mais claros, no sentido de que a inclusão das pessoas com deficiência, indígenas e negras (pretas e pardas) e de outros grupos vulnerabilizados fosse realizada de modo a garantir o efetivo acesso e permanência dessas populações nos programas de pós-graduação.
O "Seminário de Residências em Saúde e Ações Afirmativas da Fiocruz: Incluindo as diversidades do ingresso ao egresso" - organizado pela área de Residências em Saúde da Coordenação-Geral de Educação (CGE/VPEIC) e o Fórum de Coordenadores de Residências da Fiocruz -, vai reunir uma série de especialistas em torno de debate sobre os desafios cada vez mais prementes da área.
A coordenadora adjunta de Residências em Saúde da Fiocruz, Adriana Coser Gutiérrez, ressaltou que este encontro é muito simbólico para o cenário das residências, uma vez que não existe uma legislação específica para a inclusão de ações afirmativas, e, mesmo assim, a Fiocruz a incluiu como uma determinação institucional. "Esperamos que o seminário discuta os desafios de ingresso ao egresso, uma vez que a estrada para qualificar esta iniciativa ainda é longa", salientou ela.
Este Seminário é parte de uma série de encontros e debates que vem ocorrendo desde 2019, cujo objetivo é refletir a indissociabilidade sobre a atenção, gestão, educação e controle social nos programas de residências; bem como analisar o lugar das Residências em Saúde como oferta educacional considerando o Lato e o Stricto sensu; além de identificar os desafios da área e definir possíveis contribuições da Fiocruz para a qualificação da gestão educacional das residências.
A integrante do colegiado do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência Sônia Gertner, ligada à Coordenação-Geral de Gestão de Pessoas (Cogepe), lembrou que o Comitê foi chamado a participar desse rico processo coletivo que se deu no âmbito do Fórum de Residências. "Para chegarmos à Nota Técnica e a este Seminário, experimentamos momentos de muitas reflexões, debates e o necessário reconhecimento do quão capacitistas ainda somos como pessoas e como instituição. Os editais baseados na última Portaria Nº491/21 da VPEIC/Fiocruz, que regulamentou a distribuição das ações afirmativas de forma mais equânime, já apresentou frutos na participação e aprovação de candidatos com deficiência na última seleção para os programas de pós-graduação e residências da Fundação. Essa e outras iniciativas caminham em direção ao cumprimento da Política de Acessibilidade e Inclusão da Fiocruz, contudo muitas barreiras, dentre elas as atitudinais, que são o nosso maior desafio, ainda precisam ser enfrentadas para sermos uma Fiocruz verdadeiramente acessível e inclusiva em meio a uma sociedade que é excludente e preconceituosa.
Nesse mesmo caminho, a Fiocruz publicou o Guia de acessibilidade para as ações educativas na Fiocruz, em setembro de 2021. A publicação digital foi elaborada por profissionais do Comitê Fiocruz pela Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência e traz orientações referentes à legislação e às normas vigentes sobre acessibilidade, além de um glossário inclusivo, desenvolvido com base na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, de 2015, e em outros referenciais de acessibilidade. A publicação está disponível para acesso no Portal Fiocruz.
+Acesse aqui o Guia de acessibilidade para as ações educativas na Fiocruz
Acompanhe o Seminário de Residências em Saúde e Ações Afirmativas da Fiocruz: Incluindo as diversidades do ingresso ao egresso e confira a programação completa, disponível abaixo.
A Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação, por meio da Coordenação-Geral de Educação (CGE/VPEIC), acaba de divulgar o resultado das chamadas destinadas à seleção de candidatos ao Programa de Professor Visitante no Exterior Júnior/Sênior (PVEJS), e seleção de candidatos para bolsas na modalidade Doutorado Sanduíche, ambas oferecidas no âmbito no âmbito do Projeto Coopbrass – Edital n°05/2019 da Capes – Rede de Pesquisa e Formação em Saúde: Cooperação Sul-Sul entre a Fiocruz e Instituições Moçambicanas. Pedidos de recurso/reconsideração serão aceitos até 16/5 e o resultado definitivo será divulgado em 19/5.
Confira a lista nominal:
O Projeto Coopbrass prevê atuação em parceria entre a Fiocruz, o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS) e a Universidade Lúrio (UniLúrio) no desenvolvimento de pesquisas e na formação de gestores, pesquisadores e estudantes em duas áreas estratégicas: doenças infecciosas, negligenciadas e emergências sanitárias; e fortalecimento dos sistemas públicos de saúde. O projeto pretende contribuir ainda para a consolidação de redes de pesquisa já existentes e para a formação de pessoal qualificado.
Dúvidas e solicitações de informação sobre a Chamada nº 01/2022 - Professor(a) Visitante no Exterior – Categoria Júnior ou Sênior e para a Chamada nº02/2022-Doutorado Sanduíche no Exterior (DSE) devem ser encaminhadas para o endereço eletrônico: edu.internacional@fiocruz.br.
Conheça os detalhes das chaamadas:
Chamada Interna nº 01/2022 - Seleção de Professor(a) Visitante no Exterior Júnior/Sênior (PVEJS)
O Programa PVEJS tem como público-alvo professores que possuam inserção nos meios acadêmicos ou de pesquisa nacionais e internacionais, com reconhecida produtividade científica e tecnológica na sua área do conhecimento. Ele visa a oferecer bolsas em Moçambique (África) para a realização de estudos avançados e destina-se a pesquisadores com doutorado que possuam vínculo empregatício com a Fiocruz e sejam credenciados como professores dos Programas de Pós-Graduação da instituição. As inscrições das propostas vão até 17 de abril de 2022.
Professor Visitante no Exterior Júnior (PVEJ) – 1 bolsa
A seleção destina-se a pesquisadores, servidores efetivos e ativos da Fiocruz com titulação obtida há, no máximo, dez anos, tendo como referência o último dia para inscrição no processo seletivo, com o objetivo de proporcionar oportunidade de aprofundamento de estudos e pesquisas para pesquisadores em fase de consolidação acadêmica.
Professor Visitante no Exterior Sênior (PVES) – 1 bolsa
A seleção destina-se a pesquisador, servidores efetivos e ativos da Fiocruz com titulação obtida há mais de dez anos, tendo como referência o último dia de inscrição, com o objetivo de atender pesquisadores que possuam comprovada liderança nos meios acadêmicos ou de pesquisa nacionais e internacionais, com reconhecida produtividade científica e tecnológica na sua área do conhecimento.
Chamada Interna nº 02/2022 - Seleção para a realização de Doutorado Sanduíche no Exterior
As bolsas de Doutorado Sanduíche têm, por finalidade, a realização de estágio para o desenvolvimento de pesquisa em Instituição de Ensino Superior estrangeira, por estudantes regularmente matriculados(as) em curso de Doutorado de Programas de Pós-graduação acadêmicos da Fiocruz, em que o(a) estudante após o período de estudos no exterior, retorna ao Brasil para conclusão e defesa da sua tese. Somente os alunos matriculados em Programas de Pós-graduação acadêmicos da Fiocruz, com informações atualizadas no sistema de gestão acadêmica da instituição, poderão candidatar-se às bolsas no âmbito desta chamada.
*imagem fundo da montagem: Freepik
Está no ar a lista com resultado da classificação de candidatos para acesso ao Auxílio à Permanência do Estudante na Pós-Graduação - Chamada Interna – APE-PG Nº 01/2022. Confira a lista, que engloba estudantes de diferentes unidades da Fiocruz. O resultado final do edital tem previsão de divulgação até 3 de junho.
Acesse a lista com o resultado da classificação de candidatos
A iniciativa APE-PG, da Presidência da Fundação, por intermédio da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), é voltada a alunos de mestrado e doutorado acadêmicos de baixa renda, em situação de vulnerabilidade social, e tem como objetivo favorecer a continuidade de seus estudos e desempenho acadêmico, contribuindo para a redução das desigualdades na educação de pós-graduação e na ciência.
Confira a lista com o resultado da classificação de candidatos - 30/5/2022 e acesse também os outros documentos da chamada.
*matéria publicada em 9/5 e atualizada em 13/5/22 com a listagem final dos inscritos no APE e em 30/5/22 com o resultado da classificação.
O diálogo, a prática científica e os desafios do campo da saúde pública, ciência e tecnologia do país são as bases do novo curso Iniciação Científica na Fiocruz: formação de alunos para a pesquisa em C&T em saúde, lançado a partir de uma parceria entre as Vice-Presidências de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) e de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB) da Fundação. A nova formação, voltada a alunos e alunas de iniciação científica, visa inspirar jovens a se engajarem com carreiras nessa área, sendo uma porta de entrada para que esses estudantes possam ter contato com a diversidade das pesquisas desenvolvidas na instituição. O curso é online, gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo Campus Virtual Fiocruz.
O curso tem foco em alunos em estágio inicial de formação que desenvolvem ou iniciarão suas atividades nos ambientes de pesquisa da Fiocruz, representando mais uma contribuição da instituição para formação de jovens pesquisadores comprometidos com o futuro do país.
Um convite ao fazer científico
A iniciativa está sob a responsabilidade de Cristina Araripe, pela VPEIC, Fátima Batista, pela VPPCB, e Cristiane Braga, coordenadora do Programa de Vocação Científica (Provoc), ligado à Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). Cristina Araripe, destacou o fato de a Fiocruz oferecer, pela primeira vez, aos seus alunos e alunas de iniciação científica, um curso organizado inteiramente via Campus Virtual. "Por meio de 26 vídeos e alguns encontros virtuais, os jovens em formação poderão conhecer um pouco mais da nossa história e trajetória institucional na pesquisa em C&T em saúde", comentou ela, que é também coordendora de Divulgação Científica da Fiocruz.
De acordo com Cristina, a ideia é "aproximar os jovens de áreas de conhecimentos e de atuação e serviços da Fiocruz, ao mesmo tempo em que conhecerem alguns pesquisadores que têm contribuído, ao longo de suas vidas profissionais, para o fortalecimento do SUS e da ciência na saúde".
Formado por um corpo docente de pesquisadoras e pesquisadores com trajetórias acadêmicas consolidadas, o curso divide-se em quatro módulos, que buscam apresentar, sob a perspectiva institucional, debates fundamentais para uma prática científica alinhada com os desafios que se apresentam para o futuro da Saúde Pública e da Ciência e Tecnologia no país.
Ao longo dos módulos, os alunos encontrarão noções fundamentais sobre a história das instituições científicas e memória das ciências da saúde no Brasil. Para tanto, serão discutidos temas como a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde (SUS), tratados na perspectiva de uma conquista democrática da sociedade brasileira, ressaltando alguns desafios para a consolidação da saúde como direito social. Além disso, todos são convidados a refletirem sobre o papel da Fundação como instituição estratégica de Estado, seus programas e projetos no contexto atual das agendas brasileiras de pesquisa e educação.
Sobre o desenvolvimento e realização das pesquisas, a ideia é sejam trazidos ao debate questões como a avaliação e o acompanhamento dos aspectos éticos das pesquisas envolvendo seres humanos. Assim, os participantes poderão se aprofundar em temas como Saúde e Medicina; Saúde e Biologia; Saúde e História; Comunicação Pública na Saúde; Saúde e Meio Ambiente; Saúde da Mulher, do Adolescente e da Criança; Saúde e Farmácia; e Saúde Global. Além dos temas específicos, os discentes também terão acesso a conteúdos voltados para as técnicas e os métodos relacionados a fontes de informação em saúde, como as principais bases de informação científica; a organização da informação encontrada; e o gerenciamento e padronização de referências.
Conheça a estrutura da formação Iniciação Científica na Fiocruz: formação de alunos para a pesquisa em C&T em saúde
Módulo 1 - Ciência e Saúde na Fiocruz
Módulo 2 - Painel das Pesquisas Científicas e Tecnológicas em Desenvolvimento
Módulo 3 - Acesso e uso das fontes de informação em saúde: conceitos e práticas
Módulo 4 - Diálogos no presente / Preparando o futuro
O lançamento oficial do novo curso aconteceu na manhã desta quinta-feira, 5/5/22, na abertura da 30ª Reunião Anual de Iniciação Científica RAIC, que deu início ao processo de avaliação dos trabalhos para renovação de bolsa para os alunos de Iniciação Científica (Pibic) e para os bolsistas de Iniciação Tecnológica (Pibiti). Assista ao vídeo da reunião na íntegra:
Estão abertas as inscrições para o curso de Atualização Profissional em Gestão Participativa em Saúde, promovido em parceria pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e pela Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz. As inscrições vão até 6 de maio.
Para o processo de inscrição é necessário que o candidato realize o cadastro no sistema de inscrições na Fiocruz e enviar a listagem de documentos relacionados na página da EPSJV para o e-mail cursos.epsjv@fiocruz.br. Caso o número de interessados, aptos para a vaga, ultrapasse o número de vagas, será realizada uma seleção a partir de avaliação de informações contidas na ficha de inscrição, seguida de leitura da carta de intenção. O resultado final da seleção estará disponível no dia 10 de maio.
A formação é presencial, com um total de 49 horas/aula e estão disponíveis 30 vagas.
O curso propõe o debate e reflexão sobre os limites e possibilidades da Gestão Participativa em Saúde, numa leitura contextualizada da recente história política brasileira e das disputas na esfera pública em torno das políticas sociais, com foco nas políticas e ações em saúde e a centralidade do Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta formativa estratégica é provocar um debate junto com os alunos, sobre a territorialização das políticas públicas, em especial, nas localidades vulnerabilizadas.
A formação é destinada a ativistas de organizações da sociedade civil organizada (associação de moradores, organizações não governamentais de base comunitária, redes, coletivos e fóruns populares, movimentos sociais e ativistas) que residem ou atuem em territórios de favelas e periferias urbanas.
A previsão de início das aulas é 12 de maio, com conclusão em 6 de julho às terças e quintas-feiras, no horário das 18 às 21h, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, no campus Manguinhos da Fiocruz. O curso é gratuito com certificação.
O curso é resultado da parceria entre os pesquisadores do Laboratório de Educação Profissional em Vigilância em Saúde (Lavsa) da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) e a Cooperação Social da Presidência (CS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A Fiocruz vai sediar, de 3 a 5 de maio, a 3ª Oficina Transfronteiriça de Cooperação em Vigilância em Saúde – Amapá/Brasil-Guiana Francesa. A sessão de abertura acontece no dia 3, às 8h30, no auditório do Centro de Documentação em História da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (CDHS/COC), no campus Manguinhos, da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Participam do encontro representantes do Governo do Amapá, da Guiana Francesa, da Fiocruz, Opas, Ministério da Saúde (SVS/MS, CGLAB/MS e AISA) e de instituições de pesquisa francesas. A programação do evento inclui ainda atividades dos grupos de trabalho que se reunirão no segundo e terceiro dia da oficina, além de visitas a unidades da Fiocruz.
Outros dois encontros já foram realizados anteriormente entre o grupo. O último ocorreu de 1° a 3 de fevereiro, na Agência Regional de Saúde da Guiana Francesa (ARS-GF), em Caiena, capital do território ultramarino francês.
A expectativa é que, ao fim desse evento de maio, seja concluída a elaboração conjunta de um Programa Transfronteiriço de Vigilância em Saúde Amapá-Guiana Francesa, que leve em consideração as dimensões transfronteiriças, com foco no monitoramento, vigilância laboratorial e reposta a alertas. O encontro conta com apoio do Programa VigiFronteiras-Brasil e da Coordenação de Educação Internacional da VPEIC/Fiocruz.
*imagem: Frrepik
Fundamentada em uma parceria de mais de uma década na busca pelo fortalecimento do sistema de saúde de Moçambique, a Fiocruz realizou nova missão institucional ao continente africano para tratar de atividades de cooperação em ensino e pesquisa no âmbito do Projeto Coopbrass. A visita aconteceu de 11 a 15 de abril e cumpriu uma vasta agenda de atividades no Instituto Nacional de Saúde (INS), em Maputo, e na Universidade Lúrio (Unilúrio), em Nampula, incluindo visita de campo ao Centro de Saúde Escola, ao Laboratório e a comunidades assistidas pela Unilúrio, visando avaliar iniciativas de pós-graduação e pesquisa em curso no pais, sobretudo desenhar o plano de ação 2022-2023.
Formação de recursos humanos para o fortalecimento dos sistemas de saúde: Fiocruz já formou mais de 60 mestres em Moçambique
Integraram a missão a Moçambique a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, a coordenadora-geral adjunta de Educação (CGE-VPEIC), Eduarda Cesse, e o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) Renato Porrozzi. Na ocasião, a vice-presidente proferiu a palestra “Desafios para o fortalecimento dos sistemas de saúde: o papel da pós-graduação”, que foi organizada pelo Instituto Nacional de Saúde (INS) e recebeu alunos, egressos e pesquisadores do INS, além de representantes de agências internacionais. É importante ressaltar que a Fiocruz já formou mais de 60 mestres em Moçambique.
Para Eduarda Cesse, foi muito emocionante encontrar os egressos dos mestrados de Ciências da Saúde e de Sistemas de Saúde, que, segundo ela, “atualmente ocupam cargos de destaque no Sistema de Saúde moçambicano, assim como os alunos da Unilúrio, mostrando o quão estruturantes são essas ações desenvolvidas em parceria”, relatou Eduarda.
A missão tratou de questões como o fortalecimento da rede de cooperação entre as instituições; a continuidade do apoio à formação de mestres e doutores, em parceria com o INS; o apoio para a permanência do mestrado da Unilúrio, especialmente em contexto de pandemia e ensino remoto emergencial; a integração entre unidades e programas de pós-graduação da Fiocruz; além do fortalecimento dos indicadores de solidariedade, inserção social e internacionalização dos programas de pós-graduação participantes das ofertas.
Como perspectivas futuras, espera-se a realização de novas turmas para o mestrado e doutorado em Gestão de Sistemas de Saúde; ofertas de outras disciplinas transversais para os cursos; além do oferecimento de novos treinamentos aos alunos, por meio do Campus Virtual Fiocruz, para ambientação e uso de ferramentas e Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) para a participação nas referidas disciplinas transversais; o avanço na pesquisa teórica/conceitual e metodológica relacionada ao fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde; e o fortalecimento da produção de conhecimento entre Fiocruz, INS e Unilúrio.
Mobilidade internacional: o Coopbrass
O Coopbrass é um Programa de Cooperação Científica Estratégica com o Sul Global (Edital Nº 5/ 2019 Coopbrass/Capes), cujo objetivo é fomentar a cooperação com instituições moçambicanas, em redes de pesquisa e formação de pessoal, visando ao enfrentamento de doenças infecciosas e ao fortalecimento dos sistemas nacionais de saúde. A cooperação sul-sul estruturante, diretriz da ação internacional da Fiocruz proposta no projeto, busca romper com o modelo tradicional e unidirecional de transferência de conhecimento e tecnologia, procurando priorizar o aproveitamento da capacidade e recursos dos países parceiros.
A articulação com a Fiocruz nesse projeto engloba o Instituto Nacional de Saúde (INS) e a Universidade Lúrio (Unilúrio) e é voltada ao desenvolvimento de pesquisas e formação de gestores, pesquisadores e estudantes em duas áreas estratégicas: doenças infecciosas, negligenciadas e emergências sanitárias; e fortalecimento dos sistemas de saúde. A perspectiva é que o projeto alavanque avanços na formação de recursos humanos e contribua para a consolidação de redes de pesquisa já existentes e formação de pessoal qualificado na região.
No âmbito do Coopbrass, durante 2021, alunos do mestrado em Saúde Pública da Universidade Lúrio (Unilúrio) cursaram três disciplinas da Fiocruz ofertadas de forma transversal: Metodologia da Pesquisa Científica, oferecida pelo Instituto Aggeu Magalhães (Fiocruz Pernambuco); Princípios de Epidemiologia e Demografia, apresentada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz); e Autocuidado relacionado com a fertilidade, reprodução e saúde ginecológica, ofertada pelo Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
A primeira seleção para oferta de bolsas 2022 em Moçambique para Professor Visitante no Exterior Júnior e Sênior, e Doutorado Sanduíche está em processo de realização e pode ser acompanhada no site do Campus Virtual Fiocruz. Ambas visam o desenvolvimento de pesquisa, a expansão de parcerias, a consolidação da cooperação em pesquisas e ensino; o fortalecimento do intercâmbio científico por meio do desenvolvimento de projetos em colaboração e da contínua formação de pesquisadores; a excelência da internacionalização da Fiocruz a partir do aporte de conhecimentos e experiências dos pesquisadores com vivência no exterior; além da ampliação do nível de colaboração e de publicações conjuntas, e a contribuição para o fortalecimento dos sistemas públicos de saúde de ambos os país.
A Fiocruz promoveu, em 19/4, a aula inaugural do seu ano acadêmico. O evento teve como destaque a conferência Duzentos anos da “questão indígena”, proferida pela antropóloga luso-brasileira Maria Manuela Carneiro da Cunha, uma referência nos estudos sobre etnologia e antropologia histórica e há décadas militante do direito dos povos indígenas do Brasil. Antes da aula inaugural, ocorreu a cerimônia de filiação da Fiocruz à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
"A filiação à SBPC é institucional, porque participantes somos desde a origem, e com muita satisfação", salientou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima. Ela disse que foi uma alegria promover o ato no dia da aula inaugural da Fiocruz, primeiro evento semipresencial desde o início da pandemia de Covid-19, destacando ainda o retorno, gradual e seguro, dos estudantes aos campi da Fiocruz para aulas presenciais. Nísia ressaltou que o pesquisador emérito Renato Cordeiro, da Fiocruz, foi fundamental nesse processo, como conselheiro da SBPC, assim como a secretária regional da SBPC, Lígia Bahia. A presidente também destacou a importância de pensar nos jovens, tanto os pesquisadores quanto os trabalhadores da saúde. “Pensar nos jovens e no seu lugar na ciência, uma vez que estamos enfrentando um problema de evasão, não apenas de cérebros, mas de compromissos, afetos fundamentais para a ciência brasileira”.
Nísia sublinhou que “nosso trabalho tem como objetivo uma ideia central: a ciência e a saúde em defesa da democracia e da soberania. Por essa razão, acolhemos de forma especial nossos estudantes e docentes no dia de hoje e deixamos esta mensagem nesta aula inaugural que enfoca os povos indígenas: é preciso considerar a diversidade como um valor central para a construção de um país democrático e soberano”.
O presidente da SBPC, Renato Janine Ribeiro, que participou de forma virtual do encontro, elencou uma série de homenagens: ao incansável trabalho da Fiocruz em defesa da saúde e da ciência; à corajosa condução de Nísia à frente da instituição; ao professor Haity Moussatché, um dos pesquisadores da Fiocruz que sofreu com o rude golpe do Massacre de Manguinhos na década de 1970 e, especialmente, por ter sido um dos fundadores da SBPC e, portanto, representando a filiação celebrada entre as instituições; por fim, uma homenagem a Renato Balão Cordeiro, pesquisador da Fiocruz e conselheiro da SBPC, que se empenhou para o desenvolvimento da categoria "Sócios Institucionais da SBPC", resultando na filiação da Fundação.
O vice-presidente da SBPC, Paulo Artaxo Netto, lembrou que as trajetórias de ambas as instituições foram paralelas ao longo das décadas na luta pela ciência, saúde da população e pela redução das desigualdades sociais. No entanto, segundo ele, com foco em um prisma futuro, essa associação será extremamente importante para o país. "Não será uma tarefa fácil. Precisaremos muito mais do que estar associado. Todas as instituições que querem ver um Brasil mais justo, menos desigual, com mais saúde, mais ciência e mais educação precisarão trabalhar juntas, e devemos começar já! A SBPC está renovando suas forças para que, junto com a sociedade civil e a comunidade científica, possamos trabalhar na reconstrução de um Brasil melhor!", afirmou.
"Assinar essa filiação institucional significa que caminharemos juntos no sentido de enfrentarmos os desafios do presente e do futuro, entre os quais eu destaco a importância de pensarmos nos jovens", pontuou a presidente da Fiocruz. Assinaram o termo Renato Janine, Paulo Artaxo, Nísia Trindade e a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado. Segundo Nísia, "é simbólico termos a assinatura dessa vice na filiação, pois a educação, a informação e a comunicação são dimensões também do fazer científico da Fiocruz!".
Retorno presencial e permanência dos estudantes
A coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, deu boas-vindas aos estudantes e anunciou o Auxílio à Permanência do Estudante, voltado aos alunos de pós-graduação de cursos stricto sensu. Segundo ela, esse é mais um importante passo da instituição no sentido da inclusão e do apoio ao discente em situação de vulnerabilidade. A ação integra uma ampla política – e um compromisso democrático – da Fiocruz relacionada a ações afirmativas.
Além de Cristina Guilam e de Nísia Trindade, a mesa de abertura da aula inaugural contou com a participação da vice-presidente Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Vieira Machado, da presidente do Sindicato Nacional dos Servidores da Fiocruz (Asfoc-SN), Michelly Alves, e do vice-coordenador da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz (APG-RJ) e doutorando do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Jacks Bezerra. Ele enalteceu os esforços dos alunos da casa que permaneceram estudando, pesquisando, exaltando a ciência brasileira e a Fiocruz e defendendo suas teses e dissertações em meio aos últimos dois anos de pandemia.
Cristiani Machado também saudou trabalhadores, docentes e especialmente os estudantes, afirmando que a Fiocruz está não somente de portas abertas, mas também de braços abertos para todos. E, de forma muito especial, para aqueles que passaram por todo seu curso de maneira virtual. "Vocês poderão estar conosco presencialmente para assistir às aulas de caráter eletivo, acompanhar as disciplinas... estaremos aqui para recebê-los", disse ela, entusiasmada.
Aula inaugural
Nísia introduziu a temática escolhida para a aula inaugural de 2022 da Fiocruz reforçando que povos e sociedades indígenas e tradicionais tiveram seus direitos garantidos pela Constituição brasileira de 1988, mas ainda precisam tê-los reconhecidos na prática: "A trajetória para a superação das desigualdades no Brasil considera a diversidade como um valor central a ser respeitado. Para que, de maneira efetivamente democrática, possamos trilhar o caminho de um outro futuro para o nosso país".
Autora de diversos livros e uma das grandes estudiosas da história e cultura dos povos indígenas no Brasil, Maria Manuela da Cunha é professora emérita da Universidade de Chicago, onde trabalhou, e dá aulas na Universidade de São Paulo. Ela fez um histórico da relação entre os europeus que chegaram às Américas e os povos indígenas, desde o período colonial aos dias de hoje. Segundo ela, a palavra “questão”, usada no título da aula inaugural, é no sentido de esse ser um tema que tem uma longa história, atravessando os últimos cinco séculos e tendo como ponto de partida os impactos da descoberta do continente.
“O achamento [descoberta] da América trouxe questões para a Igreja, o direito e a filosofia”, afirmou Maria Manuela. Ela citou o frei dominicano espanhol Francisco de Vitória como um dos primeiros defensores, ainda no século 16, logo depois da chegada dos navegadores europeus à América, dos direitos dos povos indígenas. O religioso teve uma pregação humanista, que questionou a legitimidade da conquista europeia das Américas, mesmo que fosse para combater o paganismo ou o canibalismo, e sustentava que os indígenas não eram seres irracionais. Para Vitória, os monarcas europeus e o Papa não tinham direito de controlar ou dividir as terras dos habitantes originais. Segundo o frei, como os espanhóis reagiriam se um grupo de indígenas chegasse ao seu país exigindo o controle do território e o dividindo?
A antropóloga ressaltou que uma das questões da época, a respeito da qual debatiam teólogos e filósofos, era sobre se os indígenas tinham alma e se eram seres humanos. A bula (documento) Sublimis Deus, emitida pelo Papa Paulo III em 1537, deixava claro que os índios são homens, capazes de compreender a fé cristã, e condenava a escravidão desses povos. A bula também abria caminho para a catequização dos povos das terras descobertas, a partir, no caso do Brasil, de 1549, quando começa de fato a colonização do território. Na época, outra questão discutida era como cotejar a existência dos povos indígenas com a Bíblia, já que não são mencionados nas Escrituras. Uma das possibilidades foi relacioná-los às tribos perdidas de Israel.
Do mesmo século 16, a conferencista citou o escritor, jurista e filósofo francês Michel de Montaigne, um humanista que usou a descoberta desses povos das terras ocidentais para criticar a França de sua época, que sofria em guerras religiosas fratricidas. Montaigne aproveitou o contato com três indígenas tupinambás levados à França para fazer um contraponto entre os seus compatriotas e suas instituições e os indígenas. “Montaigne chegou a conversar com eles, auxiliado por um empregado que havia estado no Brasil e serviu de intérprete no diálogo”. Curioso e sem um pingo de superioridade, o filósofo comentava que os indígenas permitiam enxergar o absurdo de certos hábitos e crenças da sociedade europeia.
Maria Manuela também descreveu as questões que surgiram após o início da colonização, quando três grupos de interesse distintos passaram a atuar nos territórios indígenas: a Coroa portuguesa, os missionários jesuítas e os novos moradores (os colonos). E essas relações se davam em constantes conflitos, que também eram agravados pela ação de outros europeus, como os franceses, que intencionavam fundar colônias no Brasil. Volta e meia algum povo indígena se aliava a algum grupo europeu para guerrear e conquistar territórios.
A professora discorreu ainda sobre a ação do marquês de Pombal, primeiro-ministro de Portugal que em 1755 proclamou a libertação dos indígenas em todo o Brasil. Em uma só decisão ele agiu contra os proprietários de indígenas escravizados e os jesuítas, que dirigiam a vida das comunidades indígenas nos aldeamentos. Outras iniciativas de Pombal foram as de proibir a discriminação aos indígenas e elaborar uma lei favorecendo o casamento entre eles e portugueses. Ele também criou o Diretório dos Índios, para substituir os jesuítas na administração das missões.
José Bonifácio, o Patriarca da Independência, também foi lembrado por Maria Manuela. Bonifácio tinha um projeto de integração dos índios à sociedade, por meio de catequese e educação. Para ele, essa integração seria feita pela mestiçagem, que tonaria possível a criação de uma cultura comum, na qual, de acordo com suas palavras, prevaleceria o elemento branco e civilizador.
Maria Manuela recordou a atuação dos positivistas, que no final do século 19 tanto inspiraram os líderes do movimento republicano. “Eles tinham ideias bastante incomuns para a época e chegaram a propor, na Assembleia Constituinte de 1891, que elaborou a primeira Constituição da República, a instalação do que chamaram de ‘Estados Confederados Ocidentais’, que seriam ocupados pelos povos indígenas. O objetivo era garantir a esses povos a proteção do Governo Federal contra qualquer violência, contra os povos indígenas e seus territórios. E os territórios não poderiam ser atravessados sem o prévio consentimento dos indígenas, pacificamente solicitado e pacificamente obtido”. Para os positivistas, as populações indígenas estavam no primeiro estágio mental da Humanidade e por isso precisavam de amparo e proteção para que pudessem alcançar a civilização. O projeto, no entanto, não prosperou. Não faltavam, na época, vozes que defendiam o extermínio dos índios que resistissem ao avanço da “civilização”.
Um pouco mais tarde, em 1910, foi criado o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), vinculado inicialmente ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio, e que depois passou pelo Ministério do Trabalho (1930-34), o Ministério da Guerra (1934-39), por meio da Inspetoria de Fronteiras, voltou ao Ministério da Agricultura (1940) e depois passou a integrar o Ministério do Interior até sua extinção, por corrupção, em 1967. Poucos anos depois da criação do Serviço, o Código Civil de 1916 estabeleceu a relativa incapacidade jurídica dos indígenas e o poder de tutela do SPI (da mesma forma que eram tutelados os adolescentes e as mulheres casadas). Era então corrente a ideia de que os indígenas eram seres em estado transitório, destinados a tornarem-se trabalhadores rurais ou proletários urbanos. Essa noção de tutela dos indígenas só foi abolida em 2002, com o novo Código Civil.
Maria Manuela encerrou sua conferência afirmando que os povos indígenas “não são o passado, e sim o futuro”. Segundo ela, todos os estudos recentes mostram que as áreas de florestas controladas por povos indígenas são as mais preservadas, no Brasil e no mundo, como também atestam os documentos dos painéis sobre mudanças climáticas da ONU. “A agricultura e o cultivo da terra feito pelos indígenas já eram modernos séculos atrás. E estima-se que cerca de 10% da Floresta Amazônica tenha origem antropogênica, ou seja, cerca de 700 mil quilômetros quadrados. É muita terra”. Ela citou ainda o arqueólogo Eduardo Neves, que ao rebater críticas de que os indígenas não construíram nenhuma obra de impacto disse que “a Floresta Amazônica é a nossa pirâmide”.
Ao final da aula inaugural, foram sorteados livros da coleção Saúde dos Povos Indígenas, da Editora Fiocruz. Confira a íntegra do evento:
*Colaboração: Ciro Oiticica (Agência Fiocruz de Notícias)
*Imagem: Peter Ilicciev (Fiocruz)