No mês de agosto, o Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) alcançou a marca de 1 milhão de matrículas, em sete anos de história. Hoje, as ofertas educacionais da UNA-SUS cobrem cerca de 98% dos municípios brasileiros, sendo que aproximadamente 50% dos profissionais capacitados são oriundos da atenção básica.
Coordenado pelo Ministério da Saúde, por meio da atuação conjunta da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Sistema UNA-SUS é composto por uma rede colaborativa de instituições de ensino que conta com 35 instituições de ensino superior que oferecem oportunidades de qualificação e educação permanente dos profissionais de saúde em todo o Brasil, por meio de cursos a distância.
Até o momento, já foram ofertados 188 cursos diferentes, totalizando 506 ofertas educacionais, que variam de cursos rápidos e autoinstrucionais a especializações. Essas qualificações fizeram o Sistema UNA-SUS crescer exponencialmente. Foram 50 cursos de especialização ofertados, em 290 turmas diferentes. Destas, 210 tiveram como enfoque a Estratégia Saúde da Família e 187 estavam vinculadas a programas de provimento como o Mais Médicos e o Programa de Valorização da Atenção Básica (Provab). Até o momento, são 49.605 matrículas nestas especializações que resultaram em 26.561 profissionais com título de especialista em saúde da família.
O Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral-Netto, diz que este marco demonstra o importante papel importante da Fiocruz na formação dos profissionais de saúde em todo Brasil. "A UNA-SUS, como sistema de formação em grande escala no campo da saúde, através das universidades e unidades da Fiocruz, principalmente Mato Grosso do Sul, foi fundamental para programas prioritários como o Provab e o Mais Médicos", destaca.
A serviço da sociedade
Os cursos ofertados pela UNA-SUS acompanham as necessidades da população, respeitando as especificidades de cada público e têm foco na busca de soluções para os problemas de saúde pública. Ocurso de maior adesão, ao longo destes sete anos, foi Zika: abordagem clínica na Atenção Básica, com 53.900 matrículas, seguido do curso Hanseníase na Atenção Básica, com 50.353 e Manejo Clínico de Chikungunya, com 43.649 matriculados.
Tanto o vírus da Zika como da Chikungunya eram pouco conhecidos e desembarcaram no país por meio de um vetor já existente aqui, também responsável pela disseminação da dengue: o aedes aegypti. À época, enquanto as respostas científicas para o tratamento e a concepção de vacinas não chegavam, era preciso pensar em ações de impacto imediato. Em poucos meses, o lançamento desses cursos online propiciou a qualificação dos profissionais para o melhor atendimento à população. Segundo a diretora de Vigilância em Saúde de Aracaju, Taise Ferreira Cavalcante, os cursos da UNA-SUS são ótimos para manter a equipe sempre atualizada com relação aos protocolos do Ministério da Saúde. “Como agregam muitos conhecimentos à rotina de trabalho, incentivo todos da minha equipe a fazerem os cursos. São curtos, objetivos – com carga horária de 30h, 45h, 60h – e ofertados a distância, o que dá a oportunidade de gerenciar o horário para estudo conforme o tempo que temos disponível”, diz.
O mesmo aconteceu com o curso Hanseníase na Atenção Básica, que por abordar uma doença antiga e socialmente negligenciada, foi motivo de procura por parte de estudantes e profissionais de saúde que desejavam conhecer mais sobre a enfermidade. Segundo a graduanda de enfermagem, Hionara Vasconcelos, de Sobral (CE), o curso sobre hanseníase proporcionou uma ampla visão da doença. “O curso nos oferece várias estratégias para colocar em prática um atendimento holístico e humanizado, que respeita as especificidades de cada paciente. São abordadas as formas de tratamento e a promoção do autocuidado, com destaque à escuta ativa e qualificada, que é de suma importância para o diagnóstico correto”, relata a estudante.
Além disso, as ofertas da UNA-SUS também acompanham as políticas públicas que estão sendo implementadas no país, buscando disseminar o conhecimento sobre temáticas mais sensíveis para promover a atenção integral ao usuário do SUS. É o caso dos cursos sobre a Política de Saúde para a População Negra, LGBT e das Populações do Campo, da Floresta e das Águas, que além de discutirem as políticas sobre os temas, trabalham questões relativas ao preconceito e às especificidades de cada população. Ambas as ofertas estão entre as 15 capacitações mais procuradas pelos usuários da UNA-SUS.
Para a enfermeira da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Sheila Freire, a UNA-SUS possibilita a educação permanente dos profissionais de saúde. “Quem trabalha com saúde sabe que muitas coisas caem em desuso. Os protocolos estão sempre sendo renovados e atualizados conforme se avança na descoberta de novas vacinas, medicamentos e exames. E com a UNA-SUS, posso estar sempre me capacitando, me mantendo atualizada”, afirma.
Conteúdo disponível para pesquisas
Todo o conteúdo produzido para os cursos da rede UNA-SUS - como e-books, áudios, vídeos, jogos e aplicativos - está disponível no Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (Ares). O Ares é considerado hoje o maior acervo digital em saúde da América Latina, reunindo mais de 8.793 recursos educacionais de livre acesso e reutilização. Os conteúdos produzidos pelas instituições de ensino que compõem a Rede UNA-SUS versam sobre temáticas diferenciadas. O assunto com maior número de recursos publicado foi atenção primária/saúde da família, com 5.113 recursos; seguido de educação em saúde, com 1.360 e promoção em saúde, com 1.136.
Entre os recursos disponibilizados no acervo estão os projetos de intervenção frutos dos trabalhos de conclusão de curso dos alunos das especializações da Rede UNA-SUS, principalmente os resultantes do Projeto Mais Médicos para o Brasil, que possuem, atualmente, uma coleção específica para seu armazenamento. Ao total, já são mais de 5.017 TCCs catalogados. Além da característica de ser multimídia, o acervo também possibilita o acesso a conteúdo de alguns cursos por completo, sem necessidade de matrícula.
Acompanhar para aprimorar
Para acompanhar a experiência de aprendizagem dos alunos e entender o impacto dos cursos na rotina de trabalho daqueles que estão nos serviços de saúde, a Secretaria Executiva da UNA-SUS, órgão da Fiocruz responsável pelo monitoramento e avaliação das ações do Sistema, tem realizado algumas enquetes com o público que interagiu com os seus cursos. Cerca de 15 mil alunos já participaram das enquetes pós-curso e a opinião geral deles revela excelentes resultados.
No índice geral, o percentual de alunos que afirmam estarem satisfeitos com o que aprenderam é de 87%. Perguntados sobre a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos durante o curso, 85% concorda ou concorda fortemente que teve a oportunidade de utilizar em seu trabalho o que aprendeu no curso e 86% concorda ou concorda fortemente que se sente mais preparado no trabalho para lidar com as atividades relacionadas ao conteúdo do curso.
O enfermeiro Reginaldo Silva, que mora em Brasília, já fez quatro capacitações da UNA-SUS. “Fiz o curso de manejo clínico da dengue, de diabetes, o de atenção domiciliar para adultos e o de cuidados em renais crônicos. Tanto o material teórico como os testes são muito bem elaborados. Os conhecimentos compartilhados agregaram muito a minha rotina do trabalho. Os casos clínicos apresentados, por exemplo, refletem a realidade, o que nos incentiva a buscar capacitação constantemente”, compartilha Silva.
Vinícius de Araújo Oliveira é o coordenador de Gestão do Conhecimento da Secretaria Executiva da UNA-SUS/Fiocruz. Segundo ele, os dados reforçam a tese de que os cursos online da UNA-SUS têm impacto direto na melhoria dos serviços de saúde. “Antigamente se acreditava que a educação a distância, principalmente baseada em cursos de curta duração, não mudava as práticas dos profissionais de saúde. Os cursos da UNA-SUS mostram uma realidade diferente, e acredito que isso esteja relacionado ao uso de metodologias interativas, à sua capilaridade nacional e ao fato de serem cursos oficiais do Ministério da Saúde”.
De acordo com a diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES/MS), Claudia Brandão, a UNA-SUS é para o Ministério da Saúde uma das maiores conquistas para a condução de iniciativas na área da educação na saúde, pois “possibilita promover a capilaridade de ações educacionais com ênfase na educação permanente em saúde, de modo a alcançar da forma mais rápida e efetiva todos os profissionais e trabalhadores de saúde que atuam no SUS”, diz.
Certificação e base de dados
O aluno que participa dos cursos do UNA-SUS recebe certificado de acordo com o perfil de público de cada capacitação. Para os alunos de especialização, são expedidos certificados por algumas das melhores universidades brasileiras e reconhecidos pelo Ministério da Educação (MEC). Os títulos de mestrado profissional são reconhecidos pelo MEC como título de pós-graduação Stricto sensu.
Também existem cursos de aperfeiçoamento e os cursos de curta duração, que podem ser considerados como cursos de extensão ou cursos livres de qualificação profissional e reconhecidos por muitos empregadores como atividade de educação permanente e mesmo para fins de concursos e progressão laboral.
Todos os dados dos cursos e suas ofertas estão registrados na Plataforma Arouca, um banco de dados nacional do SUS, sob responsabilidade da Secretaria Executiva da UNA-SUS/Fiocruz, que contém ainda o registro histórico dos profissionais de saúde do SUS, seus certificados educacionais. Por meio dessa ferramenta o usuário poderá visualizar os cursos ofertados, filtrados conforme a profissão, o interesse e a região.
Os cursos em oferta também podem ser acessados pelo link.
Uma turma que valoriza os professores, alunos e cidadãos, supercomprometida com a entrega dos trabalhos, que comparece em peso aos debates e se envolve para buscar soluções comuns merece nota 10, certo? Este é o perfil dos profissionais das Secretarias Acadêmicas da Fiocruz, essenciais à gestão dos serviços e informações oferecidos na área de educação. No dia 25 de agosto, eles lotaram o auditório Maria Deane, em Manguinhos, para participar do 1º Fórum das Secretarias Acadêmicas da Fiocruz (Secas).
O encontro foi organizado a partir de uma iniciativa das secretárias acadêmicas Monique Brandão (Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira– IFF/Fiocruz) e Viviane Deberge (Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca - Ensp/Fiocruz), que são alunas do Curso de Especialização em Gestão Acadêmica. O evento, que tem o objetivo de compartilhar conhecimentos, experiências e práticas entre os profissionais da área, contou com o apoio da Coordenação Geral de Pós-graduação da Fiocruz (CGPG).
A coordenadora da CGPG, Cristina Guilam, abriu o Fórum. “É uma honra e um prazer poder estimular esta iniciativa”, disse. E passou a palavra para André Souza dos Santos, assessor e secretário da Coordenação, que atua apoiando as diversas unidades da instituição, representando o papel de referência e apoio dos secretários acadêmicos. “É muito importante ter um espaço próprio para trocar experiências e discutir questões em comum”, destacou André.
Monique fez coro: “Ao longo de toda a especialização, percebemos como nos fortalecemos trabalhando em equipe”, disse. Ela agradeceu a grande adesão dos colegas que atuam nas Secas na Fiocruz, e sua participação presencialmente ou através da transmissão pela internet nas diversas unidades da instituição no país.
Viviane, por sua vez, contou que a ideia surgiu a partir de um dos trabalhos da pós em Gestão Acadêmica. “O André compartilhou um artigo sobre uma iniciativa semelhante no Sul do Brasil e pensamos que a Fiocruz poderia ter um espaço nestes moldes para compartilharmos conhecimentos”.
Quem faz a gestão dos cursos quer cursos
Antes de apresentar a especialização, oferecida em conjunto pelo IFF e a Ensp, a coordenadora Maria Auxiliadora Gomes (IFF/Fiocruz) saudou a iniciativa do Fórum. “Estou muito feliz de estar aqui celebrando a abertura deste espaço de trabalho, onde poderemos adaptar diferentes experiências para beneficiar o conjunto da instituição”. Em seguida, ela lembrou como o curso foi concebido, comentou a grande demanda inicial que receberam, e falou sobre a estrutura da especialização, cujo foco é a qualificar quem trabalha na gestão dos processos, a fim de melhorar os serviços de ensino na pós-graduação.
Depois, os membros do Fórum assistiram a uma apresentação sobre o Campus Virtual Fiocruz (CVF), ambiente virtual que integra diversos serviços e informações na área de educação, como cursos, ambientes e comunidades virtuais de aprendizagem, videoaulas, recursos educacionais abertos, notícias e eventos. A coordenadora do CVF, Ana Furniel, lembrou que, para articular as áreas de educação, informação e comunicação, é muito importante que os sistemas sejam alimentados corretamente. “Vocês são fundamentais para fazermos as informações chegarem aos alunos, professores, pesquisadores e, de uma forma mais ampla, a todos os cidadãos que buscam a Fiocruz”. Ela também destacou a nova proposta de integração de sistemas para a atualização e exibição de cursos livres.
O encontro também foi uma oportunidade de informar sobre os investimentos nas ações do Programa de Excelência da Pós-graduação, como as de internacionalização do ensino. Na reunião, um dos destaques foi o curso de inglês básico que prepara os profissionais das Secretarias Acadêmicas para melhor receber, atender e orientar os alunos estrangeiros a preencher formulários, buscar recursos, se ambientar na instituição etc. Inicialmente, a CGPG está oferecendo 15 vagas para o curso, que tem duração de um ano. Os detalhes da seleção – como o procedimento de indicação do responsável pelo ensino nas unidades – serão divulgados até o dia 5 de setembro. O início do curso está previsto para 18 de setembro, e as inscrições serão realizadas através do Campus Virtual Fiocruz.
Nos bastidores, eles são os protagonistas
Após as exposições iniciais, os protagonistas do evento entraram em cena. Assim como no seu dia a dia, os membros das Secas estavam cheios de questões para encaminhar com os colegas. Muito participativos, os integrantes do novo Fórum também já aproveitaram para propor alguns temas para os próximos encontros.
Entre eles, prestigiando o evento presencialmente após uma madrugada em viagem, estava o chefe da Secretaria Acadêmico da Fiocruz Amazônia, Aldemir Maquiné, falou sobre a experiência da regional com a formulação de indicadores sobre a gestão de qualidade no ensino, que poderia ser aproveitada por outras unidades. Já Sandro Hilário, que tem o mesmo cargo na Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), elogiou o processo de ampliação de espaços coletivos, promovidos pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) e propôs aos membros discutir a padronização de editais.
Por ser a primeira reunião, havia, claro, uma expectativa sobre a própria forma de organização do grupo daqui para frente. Como será formalizado o Fórum, qual será sua periodicidade, como será a dinâmica para debater e encaminhar as pautas, e o registro e acesso à memória dos encontros? Questões de ordem que a turma já está tratando de pensar e solucionar. Nada mais natural entre os secretários acadêmicos, não é mesmo?... Então, que venha o próximo encontro!
Por Flávia Lobato (Campus Virtual Fiocruz) | Fotos: Peter Ilicciev (CCS/Fiocruz)
Uma iniciativa inovadora de formação baseada nos princípios da aprendizagem significativa. Assim pode ser definido o Programa de Formação em Saúde Pública para a Área de Fronteira Brasil-Uruguai, elaborado e oferecido por docentes da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e da Universidad de la República (Udelar). O programa se insere no marco de um acordo de cooperação trilateral entre os Ministérios da Saúde de Brasil e Uruguai e a Agência de Cooperação Técnica do Governo Alemão, e tem o objetivo de fortalecer os programas e serviços de vigilância em saúde na área de fronteira entre os dois países sul-americanos, com ênfase na vigilância do HIV/Aids.
Coordenado pelo pesquisador do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh/Ensp), Frederico Peres, o programa de formação teve início em março desse ano, com a solenidade de abertura contando com a presença do Ministro da Saúde do Uruguai, Jorge Basso Garrido, do diretor da Ensp/Fiocruz, Hermano Castro, e do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, que representou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, além de outras autoridades e professores brasileiros e uruguaios. A iniciativa contempla um conjunto de atividades acadêmicas, a serem realizadas em 2017 e 2018, nos quatro departamentos uruguaios que fazem fronteira com o Brasil, além de seis municípios do estado do Rio Grande Sul também localizados nessa região fronteiriça.
Estrutura do programa
A estrutura básica do programa está montada a partir de oficinas pedagógicas, oferecidas nos municípios de fronteira por docentes brasileiros e uruguaios, para profissionais que atuam/coordenam serviços de saúde no âmbito da Atenção Básica e de outros níveis de organização, de ambos os países. Nessas oficinas, são abordados e discutidos princípios, conceitos e ferramentas da organização dos sistemas de saúde e da vigilância em saúde de ambos os países. A partir de exemplos e da experiência dos profissionais-alunos, os professores atuam como mediadores do processo de reconhecimento de desafios e oportunidades presentes no cotidiano do trabalho loco-regional e, com base nesses exemplos e aportes, apresentam estratégias metodológicas e outras ferramentas que possam aprimorar as ações de vigilância em saúde na região fronteiriça, considerando as diferenças existentes entre as políticas, sistemas e serviços dos dois países.
Formação
A formação acontece em dois momentos distintos, ao longo de dois anos. Na etapa inicial, prevista para ocorrer entre março e dezembro de 2017, professores da Ensp/Fiocruz e da Udelar elaboram e conduzem as oficinas pedagógicas para um grupo de 30 profissionais, sendo 24 uruguaios e seis brasileiros, numa lógica de formação de formadores. As atividades e discussões são organizadas em torno de três Unidades de Aprendizagem: Organização dos sistemas de saúde; Vigilância em saúde; e Educação e promoção da saúde. Com essa organização, as atividades acadêmicas partem do reconhecimento das características de cada sistema nacional (SUS e SNS) para trazer à discussão estratégias e ferramentas voltadas para o fortalecimento da vigilância em saúde, com ênfase na vigilância do HIV/Aids. Na última unidade de aprendizagem, são discutidos os princípios pedagógicos da formação em saúde, visando à elaboração de novos programas de formação para diferentes grupos de profissionais e trabalhadores da saúde que atuam, em ambos os países, na região fronteiriça. Ao final dessa primeira etapa, cada departamento uruguaio e município brasileira terá construído um programa de formação voltado ao fortalecimento da vigilância do HIV/Aids, a ser executado ao longo de 2018.
Na segunda etapa do programa, os profissionais-alunos que participaram da formação em 2017 conduzirão os respectivos programas de formação em seus departamentos/municípios, com o acompanhamento pedagógico e técnico dos docentes da Ensp/Fiocruz e da Udelar. Espera-se que, ao final de dois anos, o programa tenha envolvido entre 450 a 500 profissionais de ambos os países, contribuindo assim para o aprimoramento permanente da vigilância em saúde na região de fronteira entre Brasil e Uruguai, assim como o fortalecimento de capacidades formativas locais.
Caráter inovador
Frederico Peres explica que o caráter inovador do programa reside, entre outros aspectos, na possibilidade de construção de um conhecimento de aplicação direta nos serviços de saúde, numa lógica mais horizontal. "Rompe-se o modelo do déficit de informação ainda vigente nas mais distintas iniciativas formativas oferecidas por escolas e centros formadores em saúde pública da região latino-americana. Isso permite construir percursos formativos que atendam de maneira efetiva e direta às necessidades colocadas pelos atores da prática, dado o contexto local, a organização do trabalho real e as condições existentes para o desenvolvimento de suas atividades de trabalho”, afirma.
Para o pesquisador, o Programa de Formação em Saúde Pública para a Área de Fronteira Brasil-Uruguai abre uma perspectiva de repensar o papel dessas escolas e centros formadores em saúde pública como espaços estratégicos para a formação no âmbito dos serviços, programas e sistemas de saúde regionais, além de possibilitar o fortalecimento da cooperação técnica da Ensp/Fiocruz.
Mestrado e expansão da formação
Como ação estratégica de cooperação internacional, cabe destaque ao espaço de articulação entre instâncias acadêmicas e de governo criado no processo de organização e oferta do programa, que envolve não apenas o trabalho colaborativo permanente entre docentes brasileiros e uruguaios, como também a estreita colaboração entre os Ministérios da Saúde do Brasil e do Uruguai com a prestadora de serviços públicos em saúde uruguaia (Asse) e com as secretarias municipais de saúde das cidades brasileiras fronteiriças. Esse arranjo complexo, porém fundamental, vem possibilitando o deslocamento de alunos e professores para os quatro departamentos uruguaios que fazem fronteira com o Brasil, onde acontecem as oficinas uma vez ao mês, assim como vem favorecendo a discussão de outras ações formativas e de cooperação técnica e o acompanhamento permanente das atividades do curso.
Como mostras da relevância da ação e de seu papel estratégico para o desenvolvimento de capacidades formativas, já se encontram em discussão dois outros projetos formativos que nascem no processo de organização e condução desse programa de formação. O primeiro está relacionado à construção de um mestrado em saúde pública no Uruguai, a ser oferecido pela Udelar com apoio da Ensp/Fiocruz, voltado à formação docente para os serviços de saúde, numa perspectiva semelhante a dos mestrados profissionais. E o segundo, que se encontra em discussão no âmbito da cooperação técnica entre a Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz e a Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, está ligado à possibilidade de expansão do programa de formação para outras áreas de fronteira do Brasil.
Além de Frederico Peres, participam do programa pela Ensp/Fiocruz os professores Eduardo Melo, Gustavo Matta, Maria de Fátima Lobato e Rosa Rocha, do Daps, Fernando Verani e Cosme Passos, do DEMQS, e Pedro Lima, do Cepi-DSS.
Fonte: Informe Ensp
A Comissão Acadêmica Nacional do Mestrado Profissional em Saúde da Família (ProfSaúde) esteve reunida na segunda-feira, dia 21 de agosto, para fazer um balanço do primeiro semestre e discutir outras questões relacionadas ao segundo semestre. A Comissão receberá os coordenadores locais das 18 instituições envolvidas na rede nos dias 22 e 23 de agosto.
O ProfSaúde é uma proposta de curso em rede nacional, apresentado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e instituições de ensino e pesquisa que atuam no país. Com a finalidade de formar profissionais de saúde que atuam no Saúde da Família/Atenção Básica nos diversos municípios brasileiros, o ProfSaúde fomenta ainda a produção de novos conhecimentos e inovações na atenção básica no país, considerando as diversidades regionais e locais, integrando parcerias entre instituições acadêmicas e gestores da saúde pública.
A coordenadora acadêmica nacional do ProfSaúde, Cristina Guilam, conta que o objetivo do encontro é conhecer a singularidade de cada instituição: “Existe uma diretriz geral, pois o ProfSaúde é um curso único, que teve um edital único, que tem um acompanhamento único. Mas cada instituição tem o seu ´sotaque'”, compara. "Nos perguntamos como o curso se desenvolve na região Norte, na região Nordeste e assim por diante".
A reunião foi pautada pelos seguintes temas: critérios para aproveitamento de créditos, avaliação das disciplinas, qualificação dos alunos e a situação da evasão (no caso do ProfSaúde, os índices foram baixíssimos). O professor Luiz Augusto Facchini, pró-reitor do curso, avaliou positivamente este primeiro semestre: "Há uma sinalização dos colegas das instituições que compõe a rede do ProfSaúde que o curso teve um desenvolvimento muito satisfatório em cada local, levando em conta suas peculiaridades e especificidades. Mas, em geral, estamos cumprindo a lógica de um curso único, em todo o território nacional, com uma grande abrangência. Tudo isso nos traz perspectivas bastante promissoras para um segundo semestre e para a conclusão do curso no próximo ano”, afirmou.
Além de Cristina Guilam e Luiz Facchini, participaram da reunião a coordenadora executiva Carla Pacheco Teixeira (Fiocruz); Anacláudia Fassa (UFPEL); Maria Eugênia Pinto (UFCSPA); Dario Pasche (Abrasco); Eliana Cyrino (Unesp); Elisabeth Fassa (UFPEL); Katia Silveira (Fiocruz); Teresa Maria Passarella (DEGES/MS); Marcia Lopes (Fiocruz); Fatima Antero (Fiocruz); Fúlvia da Silva (UFCSPA). Da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde do Ministério da Saúde vieram Lilian Resende e Maria Silvia Freitas.
Acesse as informações sobre o ProfSaúde aqui no Campus Virtual Fiocruz.
Fonte: Vilma Reis e Hara Flaeschen (Comunicação/Abrasco)
O auditório da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) ficou lotado, na última terça-feira (15 de agosto): alunos, professores, pesquisadores e servidores da Fiocruz estiveram reunidos em assembleia para discutir a ameaça de corte nas bolsas concedidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) – agência de fomento à pesquisa científica e tecnológica, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). O evento foi transmitido ao vivo, online, por uma rede social, permitindo que alunos e profissionais das unidades regionais interagissem com os participantes que estavam no Rio de Janeiro.
A assembleia teve início às 12h e contou com a participação da coordenadora geral de Pós-graduação da Fiocruz, Cristina Guilam, representando a Presidência; do diretor de Legislação e Assuntos e Assuntos Jurídicos da Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz (Asfoc-SN), e Washington Mourão, e da representante da Associação de Pós-Graduandos Fiocruz (APG-Fiocruz), Barbara Cunha.
A reunião começou com a apresentação de dados oficiais relativos às bolsas pagas pelo CNPq por ano em cada modalidade. Em 2014, a concedeu 219.383 bolsas, no total. Já em 2017, foram 80.551 bolsistas. Durante sua exposição, Barbara Cunha, representante da APG-Fiocruz, alertou para as consequências de um possível corte no financiamento: “A bolsa é muito importante para a permanência dos estudantes nos programas. Um eventual corte tem diversas consequências. Tem impacto desde o atendimento a necessidades básicas destes bolsistas (como pagar o transporte até o trabalho e suas próprias contas) até o cronograma das pesquisas. Sem falar nas questões de saúde, como a angústia e a saúde mental desses bolsistas diante de tantas responsabilidades”, afirmou.
A tônica geral, entre os participantes, era de “descaso do atual governo”. Na assembleia, a comunidade acadêmica e científica manifestou a indignação e a importância da bolsa. O medo de acumular dívidas e a situação em que já se encontram os servidores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) foi lembrado em vários momentos.
Diante deste cenário ameaçador, a APG-Fiocruz lembrou que a presidente da Fundação, Nísia Trindade Lima, enviou ofício ao presidente do CNPq, Mario Neto Borges, manifestando preocupação com o anúncio de suspensão das bolsas, e, também cobrando um posicionamento concreto do CNPq e do MCTI, ao qual o Conselho está vinculado.
Entre as ações encaminhadas pela comunidade, destaca-se a paralisação dos estudantes da Fiocruz, em nível nacional, no dia 22 de agosto. Os participantes ressaltaram a importância de fortalecer ações integradas, mobilizando todo o sistema de APGs, por meio da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). Para fortalecer a pauta, os membros da assembleia sugeriram que os bolsistas que participam de eventos científicos escrevam e leiam cartas de repúdio ao corte do financiamento, tornando público o posicionamento da Fiocruz.
Outra iniciativa que visa dar mais visibilidade ao movimento é a produção de um vídeo colaborativo. A ideia é mostrar a atuação de diversos bolsistas e a importância de suas atividades para o desenvolvimento científico, tecnológico, econômico e social do Brasil – dada a relevância dos projetos liderados pela Fiocruz. Para participar da iniciativa, os interessados devem enviar fotos e vídeos no seu ambiente de trabalho para o e-mail: videocnpq@gmail.com.
Ao final do encontro, a coordenadora geral de Pós-graduação na Fiocruz, Cristina Guilam, pontuou a importância da assembleia e destacou o avanço na mobilização: “Este momento é um salto em relação à última reunião que tivemos. Quero lembrar também que esse é um movimento único, todos nós já fomos e seremos alunos. Todo mundo vai sofrer com os cortes do CNPq. Há muito o que fazer e nós não estamos de mãos atadas”.
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Por Camila Martins (Campus Virtual Fiocruz)
TRANSformação é uma iniciativa que visa aprimorar a formação da população trans em temas relativos à saúde, educação, movimentos sociais, direito e cidadania. É um curso idealizado pela ativista dos direitos trans e assessora parlamentar do deputado federal Jean Wyllys, Alessandra Makkeda. A formação resulta de uma parceria entre o Laboratório de Pesquisa Clínica em DST e Aids do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (Lapclin Aids - INI/Fiocruz) e o Laboratório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Lidis - Uerj). Segundo Alessandra, "o objetivo do curso é ampliar a participação política dessa população excluída que, por ter pouco acesso à educação — com problemas graves e específicos — tem prejudicada sua capacidade de pedir ajuda e defender os seus direitos".
O deputado federal Jean Wyllys vai proferir a aula magna, abordando o tema Política, democracia e participação popular. A palestra será no dia 25 de agosto, às 14h, no INI/Fiocruz. Segundo Willys, este curso é uma realização importantíssima para o movimento LGBT e para o Rio de Janeiro. "É a primeira vez que vejo a formação da nossa militância sendo pensada com a articulação de grandes instituições como a Uerj, uma das mais prestigiadas universidades do Rio e a Fundação Oswaldo Cruz, referência nacional em pesquisas voltadas para população Trans, principalmente em HIV/Aids, o que contribuirá com a experiência acumulada a partir da nossa atuação política ao longo de dois mandatos no parlamento”, afirma. Para Wyllys, a iniciativa é fruto de “uma articulação fundamental de instituições que já vinham fazendo ótimos trabalhos em suas áreas e que agora somam suas forças. Acredito que o produto desta junção de esforços será uma militância que, ao final do curso, estará muito mais preparada para lidar com as nossas questões cotidianas”, destacou.
Público alvo e estrutura do curso
O público da TRANSformação é constituído por mulheres e homens transexuais, travestis e representantes de outras identidades transgêneras e LGBT, que tenham perfil de liderança ou que já venham desenvolvendo trabalhos junto à população trans ou a outros movimentos populares — geralmente fora do chamado "ativismo organizado e institucionalizado" e que desejem participar de uma formação política. Ministrado em dois encontros semanais ao longo de dois meses, o curso está dividido em três módulos: "Política, Democracia e Participação Popular", "História do Movimento Trans e LGBT, Ativismo e Academia", e "Políticas Públicas de Assistência Social e de Saúde".
O curso recebe inscrições até o dia 20 de agosto. Há 30 vagas, sendo 20 com direito a auxílio para transporte e alimentação. Pessoas Trans e LGBT que não consigam vagas poderão participar como ouvintes. Os alunos que completarem a grade receberão o certificado de curso de extensão da Uerj.
Centro de Referência em Saúde para a População Trans do INI
O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) desenvolve um Centro de Referência em Saúde para a População Trans, com atividades de assistência, prevenção e pesquisa em HIV/Aids, com contribuição do financiamento recebido através de uma emenda parlamentar do deputado federal Jean Wyllys. Ele lembra que "o INI tem um envolvimento histórico no trabalho com a população LGBT desde o início dos anos 90 e vemos a implantação do Centro de Referência como uma continuidade”, afirma a diretora do Instituto, Valdiléa Veloso. “O estigma e a discriminação enfrentados por esse grupo populacional aumentam ainda mais sua vulnerabilidade, criando os mais variados obstáculos no acesso aos cuidados básicos. Ter o Centro formalizado em um Instituto de ensino e pesquisa na área da saúde propicia, além de identificar as necessidades dessa população, que também seja feita a capacitação de profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) na atenção dessas demandas. Trabalhamos em consonância com a Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), constituída pelo Ministério da Saúde em 2011, que orienta o Plano Operativo de Saúde Integral LGBT", conclui.
O Centro desenvolve atividades de educação comunitária em HIV/Aids, expansão do acesso ao diagnóstico da infecção pelo HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, realização de estudos epidemiológicos, identificação de necessidades de saúde e o estabelecimento de um serviço para atenção à saúde desse segmento da população, com foco nas pessoas que vivem com HIV/AIDS e sob risco de aquisição da infecção pelo HIV.
Saiba como se inscrever e acesse as informações sobre o curso aqui no Campus Virtual Fiocruz.
Aula magna com o deputado federal Jean Wyllys
Política, democracia e participação popular
Fundação Oswaldo Cruz (Av. Brasil, 4365 – Auditório do Pavilhão de Ensino do INI - Manguinhos - Rio de Janeiro - RJ).
Fonte: Juana Portugal (INI/Fiocruz)
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) abriu inscrições para o Processo Seletivo 2018 referente aos cursos de Educação Profissional Técnica de Nível Médio em Saúde, integrados ao Ensino Médio. A escola oferece 96 vagas em três habilitações técnicas: análises clínicas, biotecnologia e gerência de saúde. As inscrições ficam abertas até o dia 6 de setembro de 2017.
Para se inscrever, é necessário ter concluído o ensino fundamental completo ou estar cursando o 9º ano (antiga 8ª série) no momento da inscrição no processo. Além disso, o candidato deve ter disponibilidade de cumprir a carga horária diária, que é das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. Os cursos têm duração mínima de quatro anos.
Na inscrição, de preferência os candidatos devem usar o próprio CPF. Quem ainda não tiver CPF, pode solicitar o documento em bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, nas agências dos Correios ou na página da Receita Federal na internet. O valor da taxa de inscrição é de R$ 50.
A seleção será feita por meio de duas etapas: uma prova de múltipla escolha e sorteio público. A prova será composta por 28 questões de múltipla escolha, sendo 14 de língua portuguesa e 14 de matemática, e não produzirá pontuação, somente verificará a aptidão para seguir ao sorteio público.
As inscrições serão feitas pelo site do processo seletivo. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail processoseletivo@epsjv.fiocruz.br ou pelo telefone (21) 3865-9805.
Fonte: EPSJV/Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Organização de Estados Ibero-Americanos (OEI) — especializada em educação, ciência e cultura que reúne países ibéricos e latino-americanos — assinaram um protocolo de intenções de cooperação técnica na segunda-feira (7/8) no Castelo Mourisco, sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. O acordo visa o desenvolvimento de programas conjuntos e o intercâmbio científico, incentivando ações nos campos da saúde, ciência, tecnologia e desenvolvimento social. A cooperação prevê a realização de projetos, cursos, conferências, encontros, palestras, seminários, intercâmbios de profissionais e serviços de consultoria, entre outras atividades que reúnam especialistas de diversas áreas do conhecimento. De acordo com o documento, serão estimuladas parcerias com ministérios, órgãos governamentais e outros organismos para apoiar e disseminar as iniciativas.
A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, observou que a cooperação foi propiciada, em grande parte, devido aos esforços do vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral-Netto. “Esse acordo nos põe no sentido de caminharmos juntos, sendo extremamente positivo para a Fiocruz, e que imediatamente pensemos em ações de intercâmbio de pesquisa e mobilidade”, disse Nísia.
Ela também destacou que a OEI tem expandido sua atuação para países da África de língua portuguesa como Cabo Verde e Moçambique, que atualmente participam da organização como observadores, Nísia afirmou que esse direcionamento está em conformidade com a atuação da própria Fiocruz no continente. “No caso de nossa cooperação com a África, acabamos de formar a quinta turma de mestrado em ciências da saúde em Moçambique. A cooperação com o país tem vertido toda área da ciência da saúde aplicada, e pensamos em estender e aprofundar laços com outros países da África de língua portuguesa e da América Latina. Recentemente recebemos a presença do diretor da Administração Nacional de Laboratórios e Institutos de Saúde da Argentina, e caminhamos para uma parceria muito importante no que se refere à produção e disseminação de vacinas contra febre amarela”, acrescentou a presidente.
Por sua vez, o secretário geral da OEI, Paulo Speller, destacou a importância do acordo para a sua própria instituição. “O Brasil é um parceiro imprescindível para a OEI, e a primeira referência que temos [aqui] é sempre a Fiocruz. É a instituição brasileira de maior tradição, com presença nos campos de ciência e tecnologia, com presença internacional inclusive”, afirmou. Ele enfatizou que o acordo se deu de modo ágil – a negociação começou em abril deste ano.
Speller também ressaltou a esperança de uma atuação significativa no continente africano. “Há uma expectativa muito grande fora do Brasil, tanto na América Latina quanto na Espanha e em Portugal, de que a Fiocruz esteja presente na OEI, além de órgãos brasileiros de incentivo à pesquisa e do Ministério de Ciência e Tecnologia. A participação de Cabo Verde e de Moçambique como observadores na OEI complementam ações que a Fiocruz historicamente já vem fazendo na América Latina. O mundo ibero-americano vai além do que pensamos”, disse o secretário.
Segundo o vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral-Netto, dada a longa história de atividade da OEI em países ibero-americanos, o acordo permitirá que a Fiocruz amplie sua integração com instituições dessa região. "Isto poderá ocorrer em vários campos, a começar com ações na área educacional e de pesquisa". Ele disse que a OEI demonstrou interesse em cooperar com o Campus Virtual Fiocruz para utilizar seu conteúdo nos esforços educacionais dos países da região. "Além da tradução do conteúdo para o castelhano, vislumbramos a possibilidade de enriquecer o conteúdo do Campus com o material de outras instituições", afirmou o vice-presidente.
Fonte: André Costa (Agência Fiocruz de Notícias) | Foto: Peter Ilicciev
Apesar de um oceano de distância, há quase uma década Brasil e Moçambique atuam juntos na formação de uma geração de novos cientistas africanos, dedicados às questões de saúde locais. O Programa de Cooperação Internacional de Pós-graduação em Ciências da Saúde é resultado de uma parceria entre o Instituto Nacional de Saúde de Moçambique (INS) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A iniciativa, que oferece mestrado e doutorado nos Programas de Pós-graduação Stricto sensu do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), formou mais 14 estudantes em julho. Com isso, soma mais de 40 alunos ao longo dos nove anos de parceria. O coordenador do programa, Renato Porrozzi, destaca a importância da cooperação: "Levar nossos cursos de mestrado e doutorado para Moçambique é um ato de solidariedade a um país carente de formação em pós-graduação, além de ser muito gratificante. Isso se traduz em melhorias na qualidade da pesquisa realizada localmente, com impactos diretos na saúde do povo moçambicano”.
O perfil dos estudantes é variado, incluindo profissionais que atuam na saúde pública em diferentes províncias. Tendo em vista essa pluralidade de origens, os projetos de pesquisa dos alunos compõem um verdadeiro mosaico. “Os estudos desenvolvidos no contexto das dissertações e teses dos estudantes contribuem para preencher lacunas no conhecimento científico, com destaque para investigações acerca de doenças infecciosas como malária, Aids e parasitoses intestinais”, explica Renato. Vírus influenza e sincicial, enterovírus, hepatite B, malária, dengue, HIV, leptospirose e hantavírus foram alguns dos temas escolhidos pelos estudantes da quarta turma de mestrado da parceria Brasil-Moçambique.
As aulas são ministradas por pesquisadores das duas instituições, sendo a maior parte dos encontros realizada na sede do INS, em Maputo, capital de Moçambique. Já nos Laboratórios do IOC, no Rio de Janeiro, os estudantes desenvolvem aspectos práticos dos projetos, como a análise de amostras.
Contribuição para os esforços de eliminação da filariose linfática
Do trabalho de pesquisa nas bancadas dos laboratórios, nascem projetos como o de Henis Mior, um dos mais novos mestres da parceria, que apresentou resultados de um estudo sobre a filariose linfática. Considerada doença negligenciada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a filariose linfática faz vítimas tanto em Moçambique quanto no Brasil. Henis investigou um tema com interface direta com a saúde pública: a eficácia do protocolo de tratamento em massa, que vem sendo preconizado nos esforços de eliminação da doença. Segundo esse protocolo, um conjunto de pessoas recebe a medicação mesmo sem diagnóstico individual tendo em conta o alto índice de transmissão na localidade.
O estudo foi baseado em um levantamento realizado na cidade de Murrupula, província de Nampula, em Moçambique, com a participação de mais de 670 pessoas. Os testes consideraram aspectos que indicam a persistência da infecção no paciente seis meses após a administração da primeira dose do tratamento. Os resultados sugerem que a dose única da medicação não proporciona redução significativa da presença de parasitos nas fezes dos pacientes tratados e nem do antígeno no organismo. O pesquisador do IOC Adeilton Brandão orientou a apresentação dos resultados do projeto, junto com Ricardo Thompson, pesquisador do INS e coordenador do projeto em Moçambique. Segundo Adeilton, os dados da pesquisa poderão ser utilizados para avaliar o alcance de metas da campanha, que é de grande importância para a saúde pública em Moçambique. "Há, ainda, a oportunidade de mensurar o impacto de grandes programas de tratamento em áreas carentes de recursos, que apresentam grandes dificuldades logísticas”, afirma.
Henis, por sua vez, celebra a inciativa e a conquista do título. “O mestrado é bem-vindo para os profissionais de saúde e pesquisadores em geral, por trazer melhorias no desempenho da pesquisa e docência na área de saúde. Pretendo continuar os estudos a partir do monitoramento da infecção pela filariose linfática, até a declaração da eliminação da doença no país”, conta.
Veterano elege a genética em estudos sobre tuberculose e hepatites
A trajetória do estudante Nédio Jonas Mabunda é um exemplo do estímulo à produção científica e acadêmica em Moçambique por meio da cooperação internacional. Pesquisador do Instituto Nacional de Saúde, Nédio é um veterano da iniciativa: concluiu o mestrado em 2013 e, agora, está no doutorado.
No projeto de mestrado, investigou a associação entre as características genéticas do hospedeiro e o desenvolvimento das manifestações da tuberculose. O estudo observou, em especial, o comportamento de algumas citocinas, moléculas responsáveis pela sinalização entre as células durante reações imunes. Os resultados apontaram que algumas características da citocina ‘fator de necrose tumoral’ estão relacionadas a um maior risco na evolução da doença.
No doutorado, o tema do projeto também é genética: as mutações que influenciam no desenvolvimento da infecção por hepatite B, doença endêmica em Moçambique, e uma das principais causas do câncer de fígado no país. “Iniciei minha atividade profissional no Laboratório de Virologia Molecular do INS e sempre tive paixão por genética. Olhei para o mestrado como uma oportunidade de aprendizado específico na área de pesquisa, aliado à minha área de trabalho e paixão. Hoje, o doutorado é um instrumento importante para a fortificação da minha carreira científica”, destaca Nédio.
Fonte: Lucas Rocha e Raquel Aguiar (IOC/Fiocruz) | Foto: INS-Moçambique
Foram prorrogadas, até o dia 5/8, as inscrições para a segunda chamada pública de seleção de candidatos ao Programa de Mobilidade Acadêmica. A iniciativa da Coordenação-Geral de Pós-Graduação da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (CGPG/VPEIC) disponibiliza apoio financeiro para alunos dos programas de pós-graduação da modalidade Stricto Sensu da instituição.
A assessora da CGPG/VPEIC, Adélia Oliveira de Araújo, conta que o programa é voltado a alunos que cursem o mestrado acadêmico, mestrado profissional ou doutorado na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e tenham interesse em desenvolver projetos de pesquisa em unidades ou escritórios da Fundação, diferentes daqueles aos quais estão associados. “A mobilidade acadêmica é uma ação indutora, que faz parte do Programa de Integração da Fiocruz. O objetivo é ampliar as possibilidades de capacitação técnico-científica dos pós-graduandos, já que eles participam de um programa interdisciplinar. Assim, estimulamos uma formação mais ampla e diversificada de profissionais de saúde”, diz.
As chamadas para o Programa de Mobilidade Acadêmica são abertas a cada três meses. Acesse o edital aqui no Campus Virtual Fiocruz e saiba como se candidatar a uma das cinco vagas disponíveis na seleção de agosto.