Tem novidade para a educação em saúde! Já está disponível o curso gratuito Atenção Integral às Crianças com Alterações do Crescimento e Desenvolvimento, relacionadas às Infecções Zika e Storch. A oferta é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio das Secretarias de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, de Atenção a Saúde e de Vigilância em Saúde, em parceria com a Fiocruz Pernambuco, a Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), o Instituto Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) e o Campus Virtual Fiocruz.
O objetivo é qualificar profissionais de saúde atuantes em atenção primária ou Estratégia de Saúde da Família (ESF), para que estejam aptos a proceder no apoio a crianças que tenham alterações motoras relacionadas a ambas as infecções virais.
Adriana Coser, assessora da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC/Fiocruz), explica a importância da iniciativa. “O curso surgiu de uma demanda social muito particular, para formar trabalhadores da saúde de uma forma moderna e eficaz”, conta Adriana. “Foi concebido a partir da experiência prática de assistência e pesquisa que a Fiocruz vem acumulando ao longo dos anos, com as diretrizes clínicas propostas pelo Ministério da Saúde”.
De acordo com a coordenadora do Campus Virtual Fiocruz, Ana Furniel, o desenvolvimento do curso reforça não só a estratégia de criar ações em Educação à Distância (EAD), mas também as parcerias entre unidades. “A parceria com a equipe da Fiocruz Pernambuco foi fundamental para obtermos bons resultados, pela experiência que eles têm em projetos de EAD”, comenta.
Já para Miriam Ribeiro, do IFF/Fiocruz, a oferta é animadora pois permite a disseminação de um conhecimento tão importante em larga escala, para um grande público. “O envolvimento do IFF permite um maior alcance de profissionais de saúde em todo o Brasil, já que mobiliza uma equipe de especialistas na área do desenvolvimento infantil. Apoiamos ações integradas e articuladas para pesquisa, ensino e assistência, com um olhar voltado para a atenção integral à saúde”, opina Miriam.
Por dentro da atenção integral
Você sabia? O desenvolvimento integral de uma criança é decorrente da junção de vários elementos, como aspectos biológicos, estímulos do ambiente e outros fatores adversos – estes últimos podem influenciar negativamente no processo de desenvolvimento e, dessa forma, gerar deficiências motoras.
As infecções pelo vírus da Zika e Storch podem ser um desses determinantes. Aí está a importância de qualificar profissionais em atenção integral: são eles os responsáveis por cuidar da melhor forma de pacientes nessas condições. Médicos e enfermeiros são o principal público-alvo do curso.
O curso tem carga horária de 30 horas, todas na modalidade à distância. Estão divididas em quatro unidades didáticas, que abordam o contexto epidemiológico do Zika e Storch; o desenvolvimento infantil em uma perspectiva do cuidado ampliado em saúde na ESF; Avaliação neuropsicomotora na ESF; e estratégias de orientação e seguimento na perspectiva da ESF.
Os participantes têm acesso a recursos educacionais como vídeos com especialistas, games, textos de apoio e outros, tudo em EAD.
A oferta fica disponível no site da UNA-SUS até o dia 19 de setembro de 2019.
Inscreva-se já, através do link!
Eu ouvi oportunidade de estudar no exterior? É isso mesmo. Estão abertas as inscrições para bolsas na modalidade Doutorado Sanduíche, no âmbito do Programa Institucional de Internacionalização (PrInt Fiocruz-Capes), através da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz (VPEIC/Fiocruz).
O programa institucional tem como objetivo fomentar a construção, a implementação e a consolidação de planos estratégicos de internacionalização de Instituições de Ensino Superior (IES) ou Institutos de Pesquisa que possuam programas de pós-graduação Stricto sensu de excelência. O programa estimula a formação de redes de pesquisas internacionais, visando aprimorar a qualidade da produção acadêmica vinculadas à pós-graduação. Além disso, também promove e fortalece as cooperações internacionais e a mobilidade de docentes e discentes.
Para se candidatar, é preciso ser brasileiro ou estrangeiro com visto permanente no Brasil. Também pede-se que o aluno esteja regularmente matriculado em um dos programas vinculados ao PrInt Fiocruz-Capes e tenha fluência no idioma do país de destino. Confira as outras regras e pré-requisitos pelo edital.
Serão oferecidas até 32 bolsas, com duração máxima de doze meses. O envio das propostas deverá ser realizado pelo e-mail print.capes@fiocruz.br, no período de 18 de fevereiro a 15 de abril de 2019.
Confira o edital completo pelo Campus Virtual Fiocruz e inscreva-se já! Em relação às inscrições, confira também o edital retificado, já com a errata 1, a errata 2 e a errata 3*.
*Atualizado em 25/3/2019.
Até dia 28 de fevereiro* é possível se inscrever no curso de atualização profissional em Gestão Participativa em Saúde, promovido em parceria pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) e pela Coordenação de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz.
O curso propõe o debate e reflexão sobre os limites e possibilidades da gestão participativa em saúde, em uma leitura contextualizada da recente história política brasileira e das disputas na esfera pública em torno das políticas sociais, com foco nas políticas e ações em saúde. Terá duração de 49 horas/aula e serão oferecidas 30 vagas.
A formação é destinada a lideranças sociais, residentes ou atuantes em territórios vulnerabilizados, como favelas e periferias, e profissionais de saúde, com centralidade sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), o curso também inclui a perspectiva da territorialização de políticas públicas – quando essas políticas são pensadas a partir da realidade local – como estratégica para a saúde pública.
Caso o número de interessados aptos ultrapasse o número de vagas, será realizada uma avaliação de informações contidas nas fichas e currículos dos candidatos, seguida de entrevistas com caráter eliminatório. A certificação será emitida pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. O resultado será divulgado no dia 11 de março no Portal Fiocruz e no site da EPSJV.
As aulas se iniciam 14 de março a 09 de maio de 2019, e ocorrerão sempre às terças e quintas-feiras, das 18 às 21 horas, na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, no campus Manguinhos da Fiocruz. O curso é gratuito.
Para mais informações, entre em contato pelo telefone (21) 3865-9865/9801 ou pelo e-mail secesc.epsjv@fiocruz.br. Inscreva-se já, aqui pelo Campus Virtual Fiocruz!
*Inscrições prorrogadas! Atualizado em 25/2/2019.
Estão abertas, de 14 a 20 de fevereiro, as inscrições para a 1ª edição do curso de especialização em inovação e tecnologias na educação. A iniciativa é da Fundação Escola Nacional de Administração Pública (Enap), coordenadora do Sistema de Escolas de Governo da União (SEGU). Na Fiocruz, a Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) lançou um edital para a seleção interna dos candidatos.
O objetivo da especialização é promover a construção de conhecimentos envolvidos na incorporação de diversas tecnologias no contexto educacional, considerando a produção, o uso das tecnologias e materiais didáticos, o ensino-aprendizagem e as linguagens midiáticas.
A coordenadora geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, afirma que a iniciativa está bastante alinhada às ações da VPEIC. "Este edital da Enap é destinado a escolas de governo e ficamos muito satisfeitos com o reconhecimento da Fiocruz como tal", diz. "Nos foram delegadas duas vagas para o curso e faremos um processo de seleção minucioso. Priorizaremos programas ou unidades que já tenham ações voltadas para o ensino à distância".
Podem se candidatar servidores públicos, em pleno exercício na Fiocruz, tanto em suas unidades quanto nos escritórios que estão atuando em atividades de gerenciamento, concepção, desenvolvimento, execução e/ou avaliação de soluções educacionais para EAD.
Há 130 vagas, no total, sendo: 14 para a Enap e as demais para instituições vinculadas ao Sistema de Escolas de Governo da União (Segu) ou à Escola Virtual de Governo (EVG). Há duas vagas por instituição, caso da Fiocruz.
A especialização é gratuita e será oferecida na modalidade a distância (EAD), com três encontros presenciais previstos. A Fiocruz arcará com as despesas com deslocamento dos alunos por ela selecionados. Mas, conforme prevê o edital, caso haja desligamento, o aluno deverá ressarcir a Enap os custos já realizados no curso.
"O curso está de acordo com a estratégia da Fiocruz de promover iniciativas para a formação de docentes, entre elas o uso de tecnologias educacionais e metodologias ativas, além do fortalecimento da EAD. Isso tudo é fundamental para a qualificação de profissionais de saúde. O edital reforça esse aspecto, principalmente na atuação dos candidatos em suas unidades", destaca Ana Furniel, coordenadora do Campus Virtual Fiocruz.
Os alunos terão 15 meses para cursar 12 disciplinas obrigatórias, que estão organizadas em quatro eixos temáticos: pesquisa e inovação, gestão educacional, design instrucional e metodologias de ensino-aprendizagem inovadoras. Além de cumprir a carga-horária de 360 horas, os alunos devem elaborar um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que será orientado e redigido ao longo do curso.
Os selecionados deverão fazer a matrícula no site da Enap. O curso será oferecido no ambiente virtual de aprendizagem daquela instituição.
Acesse o edital da Fiocruz* e confira os requisitos e o cronograma da seleção. Além disso, acesse o edital completo da Enap para obter mais informações.
Faça sua inscrição aqui no Campus Virtual Fiocruz. E não se esqueça: é obrigatório enviar também os documentos solicitados, disponíveis no formulário, para o e-mail cge.lato@fiocruz.br.
*Confira pelo link o novo cronograma do edital, atualizado em 21/2/2019.
Por ano, mais de 60 mil pessoas são mortas vítimas da violência no Brasil. No entanto, um estudo inédito identificou que o Programa Bolsa Família diminuiu em até 23% os índices de homicídio e até 25% de internação por agressão nos municípios brasileiros com alta cobertura do programa federal. Para além da renda, a política social traz benefícios a toda sociedade quando contribui para minimizar a violência, de acordo com a pesquisa científica liderada pela pós-doutoranda do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Daiane Borges Machado.
O estudo “Conditional cash transfer programme: Impact on homicide rates and hospitalisations from violence in Brazil” publicado na revista PLOS One analisou 5.507 municípios do Brasil e observou que quando a cobertura do programa atinge acima de 70% da camada da população que teria direito ao benefício, existe um efeito significativo de proteção. Machado realizou a investigação em etapas, e na primeira observou todos os níveis de cobertura, foi quando constatou correlação entre benefício e redução de homicídios e internações por violência.
Para chegar a este resultado, a pesquisadora usou dados do então Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) de 2004 a 2012, gerou a taxa de cobertura de todos os municípios do país da época, analisando a proporção de pessoas que recebem o benefício por atenderem aos critérios do MDS: famílias com renda por pessoa de até R$ 89 mensais; as famílias com renda por pessoa entre R$ 89,01 e R$ 178,00 mensais, desde que tenham crianças ou adolescentes de 0 a 17 anos.
Ainda na primeira etapa, comparou com as taxas de homicídio e internação por agressão (incluindo tentativas de homicídios) do Sistema Único de Saúde (SUS) de cada um desses municípios e observou redução médias de 0.3 % para o desfecho homicídio e 0.4% para o desfecho internação – essa é uma redução geral para os municípios investigados. Contudo, essa taxa inclui diversos efeitos, investigados de diferentes formas.
Em uma segunda etapa, foi observada a proteção ao longo do tempo naqueles municípios que conseguiram cadastrar e beneficiar mais de 70% da população elegível. E chegou as seguintes conclusões: quando o município tem um ano de cobertura, a hospitalização por violência diminui 8%, dois anos, 14%, três anos, 20% e quatro anos 25%. Nestes municípios, comprovou-se que o efeito de proteção ao longo do tempo para homicídios varia de 21%, (dois anos de cobertura) a 24% (quatro anos).
Já comparando os diferentes níveis de cobertura, o estudo constata que a taxa de efeito de proteção é de 16% quando o município possui uma cobertura média do programa (30% e 70% da população) e chega aos 23% quando tem uma alta (superior os 70%).
“Pela redução das taxas municipais de homicídios e hospitalizações por violência podemos inferir que o programa Bolsa Família pode ser um elemento crucial na prevenção da violência no Brasil. Os seus cortes podem trazer consequências drásticas para o já tão alto número de assassinatos no país, o mais alto do mundo”, garante a pesquisadora.
Ainda para a líder do estudo, o efeito de proteção pode estar associado também às condicionalidades do programa como a exigência de frequência escolar mínima de 85% da carga horária. “O aumento do tempo na escola e a redução do tempo nas ruas podem reduzir a exposição a situações de violência, a oportunidades para certos tipos de crime e comportamento de risco”, explicou Machado.
“Ademais, a melhora nos níveis de escolaridade e a promoção da “inclusão produtiva” (que também está atrelada ao programa) aumentam as chances de beneficiários obterem melhores empregos e, possivelmente, maiores rendimentos. Aumentando ainda o capital humano, a esperança de um futuro melhor, dando às pessoas a possibilidade de ponderar sobre se envolverem ou cometerem atos violentos”, complementa.
Em estudo anterior, Machado participou de observação em que constatou a proteção ao suicídio também associada ao programa. O artigo “Effect of the Brazilian cash transfer programme on suicide rates: a longitudinal analysis of the Brazilian municipalities” foi publicado na edição de novembro do periódico Social Psychiatry & Psychiatric Epidemiology pelos pesquisadores do Cidacs Flávia Alves, Daiane Borges Machado e Mauricio Barreto.
Apesar de serem cerca de metade da população, as mulheres ainda são minoria na ciência. Elas são apenas 30% das cientistas do mundo e receberam somente 3% das indicações do Nobel nas áreas científicas. No Brasil, apenas 14% dos membros da Academia Brasileira de Ciências são mulheres. Pensando nisso, a Organização das Nações Unidas estabeleceu, em 2015, o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, em consonância com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.
O dia foi celebrado pela primeira vez na Fiocruz, com uma roda de conversa com pesquisadoras da Fundação sobre suas trajetórias científicas, no auditório do Museu da Vida. Eventos paralelos em outras unidades também foram realizados para marcar a data. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima, primeira mulher a ocupar a posição, contou sobre sua emoção. “Esse dia me deu um sentimento de 8 de março, mas com o foco na atividade científica”, disse, lembrando de outras mulheres que foram pioneiras na instituição, como Maria Deane e Sylvia Hasselmann. Nísia pediu que as convidadas falassem não só sobre suas conquistas nas carreiras, mas também das dificuldades e desafios que enfrentaram.
Márcia Chame, Maria do Carmo Leal, Maria Elisabeth Lopes Moreira, Patrícia Brasil e Yara Traub-Cseko são hoje cientistas premiadas e referências em suas áreas de atuação. Mas percorreram um longo caminho para serem reconhecidas na carreira. A importância de exemplos, de bolsas de iniciação científica e do encontro com pessoas que acreditem e apoiem suas carreiras foram alguns dos componentes citados pelas cientistas como determinantes em seu sucesso profissional.
As dificuldades, no entanto, estão ainda presentes. A doutoranda e representante da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz Helena d'Anunciação de Oliveira lembrou alguns comentários que ouviu em seu ambiente profissional como enfermeira. Por ser uma área majoritariamente feminina e relacionada ao cuidado, a profissão é muitas vezes estigmatizada. “Já ouvi de um colega que, por ser enfermeira, já tinha fantasia pronta para o Carnaval. Diariamente somos diminuídas em nosso espaço de trabalho e em nossa capacidade tecnocientíficas”, contou Helena.
A relação da carreira acadêmica com a maternidade foi um ponto tocado em diversas falas. A exigência por produtividade muitas vezes ignora fases e processos naturais da vida, como a gestação e o tempo para o cuidado dos filhos, que ainda recai desproporcionalmente sobre as mulheres. Iniciativas recentes da Fiocruz buscam reduzir essa desigualdade. Uma delas é a inclusão de uma cláusula no Edital de Geração do Conhecimento do Inova Fiocruz que considera o tempo de gestação e os filhos no currículo lattes das mulheres cientistas e a criação do Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.
Para as pesquisadoras também é necessária uma mudança cultural. “Os homens precisam participar e desempenhar mais ativamente a paternidade”, destacou a pesquisadora sênior do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Yara Traub-Cseko. “Essa é uma discussão de toda a sociedade, não apenas de mulheres e meninas”, concordou a presidente da Fiocruz. “Eu venho de um feminismo que defendia uma sociedade mais feminina, no sentido de que as características tidas como femininas, como o diálogo e o cuidado, sejam mais valorizadas pela sociedade como um todo. A ciência também precisa se adaptar a isso”.
O racismo e a questão de classe também foram levantados como temas importantes e que afetam a trajetória de muitas mulheres. Ser a primeira da família a ter uma graduação ou uma pós-graduação é uma conquista celebrada por algumas das componentes da mesa, que tiveram que abrir caminhos. “Precisamos falar de racismo. Na minha infância, eu não tinha muitas referências negras com graduação. Hoje eu quero poder ser esta referência para outras meninas”, afirmou a pesquisadora do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) Mychelle Alves, que integra o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação.
Após o relato das pesquisadoras convidadas, o microfone ficou aberto para perguntas e intervenções. Uma das participações mais marcantes foi a de Ariela Couto Correia, ex-aluna do Programa de Vocação Científica (Provocc), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz). “Quando resolvi que queria ser cientista, meu exemplo era a química Marie Curie. Mas com o tempo descobri que há pesquisadoras próximas a mim que são inspiradoras, como essas que estão aqui hoje”, disse. A menina contou a história de como encontrou a sua orientadora, mulher que a ajudou a crescer como cientista. “Agradeço muito à Fiocruz por me ensinar tudo o que sei hoje. A instituição nos prepara para o mundo, entramos aqui estudantes e ela fala: ‘vai, agora é a sua vez de brilhar’”, finalizou ao som de palmas calorosas da plateia.
Outra fala inspiradora foi a de Priscila Moura, aluna de doutorando da Fiocruz. “Quando passei no mestrado, um professor me disse que a Fiocruz não era o meu lugar. Naquele mesmo dia, passei caminhando pelo Castelo Mourisco e me prometi que só sairia daqui com o meu diploma”, contou. Ela lembrou, ainda, da importância de ser solidária com as estudantes mais jovens, que estão no início da jornada: “Eu pego na mão e levanto várias meninas, alunas, diariamente. Até porque eu entrei aqui uma menina... E hoje saio uma mulher negra cientista”, concluiu.
O debate sobre acesso à educação e maternidade também voltou à cena com a participação das moradoras da comunidade de Manguinhos, Simone Quintela e Norma de Souza. Simone, que se especializou em promoção da saúde pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), disse que é preciso levar este debate para dentro das favelas. “Onde eu moro são muitas as mulheres sem oportunidade de estudo, por diversos motivos, dentre eles a maternidade”, apontou. Já Norma enfatizou, em sua fala, a importância da atenção básica e da orientação em saúde às meninas moradoras da comunidade.
Há 110 anos, a ciência brasileira inaugurava um capítulo importante de sua história. Em 22 de abril de 1909, Oswaldo Cruz anunciava à Academia Nacional de Medicina a descoberta de uma nova doença: a doença de Chagas, à época chamada de tripanossomíase americana. O feito teve como protagonista Carlos Chagas, pesquisador do então Instituto de Manguinhos. Antes mesmo de completar 30 anos, ele foi capaz de desvendar o ciclo completo do agravo: descobriu o parasito Trypanosoma cruzi, identificou o inseto hospedeiro – o barbeiro, e diagnosticou a doença em uma paciente de Minas Gerais. Hoje, apesar de conhecida, a doença de Chagas permanece negligenciada. O desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da doença, o controle do parasito e o aumento da qualidade de vida dos pacientes ainda são desafios pontuais.
Para discutir a amplitude do assunto que envolve pesquisadores, autoridades de saúde, gestores, pacientes e familiares, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) realiza a sétima edição do Ciclo Carlos Chagas de Palestras. A edição especial, que contará com atividades mensais associadas ao Centro de Estudos do IOC, terá início no dia 12 de abril e término em 12 de julho. O evento será realizado no auditório Emmanuel Dias, do Pavilhão Arthur Neiva, na sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro. Estudantes, pós-doutorandos, pesquisadores e profissionais da área interessados em participar do primeiro encontro podem se inscrever até 12/04. O prazo para submissão de trabalhos, que abrangem todas as áreas de pesquisa da doença de Chagas, vai até o dia 15/03. Os quatro melhores estudos serão selecionados para apresentações orais durante as atividades. Inscreva-se aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
Participam da organização as pesquisadoras Joseli Lannes, do Laboratório de Biologia das Interações do IOC, e Marli Lima, do Laboratório de Ecoepidemiologia da Doença de Chagas do IOC. De acordo com a pesquisadora Joseli Lannes, o Ciclo chama a atenção para os avanços e desafios na busca de soluções para os problemas relacionados ao agravo. “No ano especial, em que lembramos os 110 anos da publicação da descoberta da doença de Chagas, vamos discutir questões ainda marcantes de uma doença negligenciada. Entre os destaques, estão a importância do diagnóstico na fase aguda, o tratamento adequado na fase crônica e o reforço na atenção total ao paciente, que envolve a garantia de direitos e do cuidado da saúde do corpo e da mente”, ressaltou Lannes.
O primeiro dia de atividades contará com as palestras ‘Projeto Selênio - avanços científicos e retorno ao portador da doença de Chagas’, ministrada pela pesquisadora Tania Araújo-Jorge, do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos do IOC, e ‘Impactos do Programa de Exercícios Físicos na capacidade cardiopulmonar do portador da doença de Chagas’, apresentada pela pesquisadora Fernanda Sardinha, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). A programação também inclui a apresentação de um dos melhores trabalhos submetidos e a participação de membros da Associação de Portadores da doença de Chagas do Rio de Janeiro. As demais edições serão divulgadas ao longo do ano.
Bons professores são também aqueles que nunca perdem a vontade de aprender, não é? Sempre em busca do conhecimento, 23 docentes e gestores da educação experimentaram o papel de alunos no curso Tecnologias e Metodologias para a Docência na Saúde, na modalidade híbrida. As aulas terminaram em novembro do ano passado e, agora, eles estão recebendo seus certificados. E o curso também recebeu o aval dos participantes: cerca de 95% se sentem mais confiantes na inclusão de tecnologias para promover a aprendizagem ativa e 90,5% deles recomendariam a formação para outro professor ou colega. Um resultado excelente!
O curso é uma iniciativa do Programa de Qualificação de Docentes Fiocruz, conduzido pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). O objetivo da formação é capacitar professores e gestores do ensino para utilizar e promover o uso de tecnologias digitais no contexto da educação, estimulando a reflexão crítica. Na prática, os profissionais se desenvolvem para elaborar e atuar como multiplicadores de projetos de mudança na educação presencial e online.
Seguindo o Plano de Ensino e Aprendizagem, os professores-alunos participaram de atividades que refletem a própria metodologia do curso. Eles tiveram aulas on-line, por web conferência, no Ambiente Virtual de Aprendizagem do Campus Virtual Fiocruz, e dois encontros presenciais. Os docentes e gestores, também puderam, claro, se integrar mais, trocar experiências, contribuir com ideias e até ajudaram a atualizar a plataforma Moodle Fiocruz. Além disso, trocaram de papeis, contando, eles mesmos, com orientação pedagógica individual. Tudo isso a fim de desenvolver projetos inovadores.
Avaliação do curso: uma experiência positiva para os docentes
Ao final do curso, os participantes responderam a uma pesquisa. A turma reuniu, majoritariamente, mulheres (95,2%) com mais de cinco anos de experiência na área de educação (85,7%). Uma consulta preliminar com os participantes do curso, mostra que quase 70% dos profissionais têm experiência na área de saúde, presencialmente, mas apenas 44,2% na modalidade EAD.
O professor José Moran, que é também um dos coordenadores do curso, conta que a intenção era justamente a de que os profissionais se familiarizassem com as tecnologias e tivessem mais contato com ambientes virtuais e aplicativos. A pesquisa mostra que 52,4% dos profissionais concordam totalmente sobre o alcance deste objetivo e os outros 47,6% concordam. "Minha avaliação é positiva, porque o curso surtiu o efeito desejado", diz Moran. A professora Dênia Falcão de Bittencourt, que também coordena a iniciativa, reforça este aspecto: “Após esta primeira experiência, com os indicadores e processos avaliativos dos participantes, teremos bons subsídios para que o curso seja qualificado como um importante instrumento de formação para a docência na saúde. Por isso, recomendo que seja disseminado para todos os professores da Fiocruz”.
A pedagoga e pesquisadora em saúde pública Silvia Helena Mendonca de Moraes, que atua na área de educação da Fiocruz Mato Grosso do Sul, aprovou a iniciativa: “Para mim foi superimportante ter a oportunidade de conhecer novas tecnologias e saber como utilizá-las nos processos de ensino-aprendizagem”, conta. Ela também elogia a qualidade dos textos e do material disponibilizado. “Achei excelente. Os temas foram bem distribuídos, com uma bibliografia muito adequada”. Silvia também considera que a experiência com educação à distância (EAD) também foi positiva, porque a modalidade possibilita que diversas pessoas possam fazer o curso. Como pontos de melhoria, a pedagoga sugere que os tutores ofereçam mais feedbacks sobre as atividades desenvolvidas e que haja mais tempo para a instrumentalização no uso das tecnologias. “Desenvolvemos um blog (webportfolio), tivemos a oportunidade de gravar vídeos, enfim, entramos em contato com diversas tecnologias. Mas fiquei com o gostinho de ‘quero mais’”, diz.
Este foi, aliás, um dos resultados mais expressivos da avaliação: todos os participantes demonstraram interesse em realizar novos cursos oferecidos pelo programa. E 90% dos docentes recomendariam a formação para outro professor ou colega.
A demanda por novas turmas é grande. Para atendê-la, a VPEIC está discutido novas iniciativas junto ao Fórum EAD Fiocruz. Ana Furniel, que é uma das coordenadoras da Vice, há a possibilidade de uma nova versão do curso. "Vamos ampliar o escopo, para tratar de temas como conteúdo para EAD, montagem de equipes, fluxos de construção de cursos e outros", comenta. "Desta vez, vamos desenvolver o curso num formato autoinstrucional, pensando numa escala maior, com oficinas presenciais nas unidades”. Então, que venham novos cursos e outros profissionais da educação!
Hoje é Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (7/2). Para lembrar a importância da saúde destes povos, saiba que já estão abertas as matrículas para o curso online Conhecendo a Realidade da Saúde Indígena no Brasil, oferecido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), integrante da Rede Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS). Profissionais de saúde podem se matricular até o dia 30 de junho pelo site.
O início é imediato e, como todas as ofertas da UNA-SUS, o curso é integralmente gratuito. O objetivo é capacitar os profissionais de saúde para um atendimento de qualidade à essas populações, considerando a diversidades dos povos indígenas e hábitos que impactam em sua saúde. O módulo é uma continuidade do curso O Fazer da Saúde Indígena, recomendado para interessados nesse tema.
Com carga horária de 60 horas, a capacitação está dividida em três unidades, que apresentam o contexto dos povos indígenas no Brasil e conceitos relevantes da prática da saúde indígena, como a atenção diferenciada, a política de saúde e a epidemiologia aplicadas a prestação dos serviços de saúde. O conteúdo foi organizado para abranger a realidade nacional, contando com uma simulação da realidade de um DSEI amazônico, além de disponibilizar materiais complementares.
“Preparar o profissional para trabalhar em cenários de diversidade cultural e em muitos casos com grandes dificuldades logísticas e de acesso ainda é um desafio recente. Esperamos que estes módulos contribuam para localizar os profissionais de saúde e os desafiem a aprofundar seus conhecimentos em saúde indígena”, afirma a professora Lavínia Oliveira, uma das responsáveis pelo conteúdo do curso.
Inscreva-se já!
A Escola Corporativa Fiocruz e a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) estão selecionando alunos para a nova turma do Mestrado Profissional em Política e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde. As inscrições vão até o dia 12 de março* e podem ser feitas aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
A formação é voltada aos servidores públicos da Fiocruz, com diploma de graduação concedido por instituição de ensino superior, reconhecido pelo Conselho Nacional de Educação. Os candidatos devem atuar em atividades de gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação, que contem com apoio institucional, e cujas propostas contribuam para inovações na instituição. O curso é coordenado pelos pesquisadores da Ensp Carlos Gadelha e José Maldonado. (Assista aqui ao vídeo gravado por Carlos Gadelha, estimulando os servidores a participarem da seleção).
São oferecidas até 30 vagas, sendo 10% destinadas a ações afirmativas (cotas para pessoas com deficiências, negros ou índios).
Para se inscrever é necessário preencher o formulário eletrônico, na plataforma SIGA, e enviar a documentação por e-mail, conforme orientações do edital.
A seleção será composta por: prova de inglês; prova escrita; entrevista; análise de currículo e análise de proposta inicial de projeto. O resultado da seleção será divulgado no dia 24 de abril, a partir das 15h.
O curso exige dedicação parcial. Os alunos dividirão os estudos com a atuação profissional. O início das aulas está previsto para 10 de maio e o mestrado profissional tem duração total de 24 meses.
O mestrado visa atender à demanda por qualificação de profissionais das instituições públicas de referência do Sistema Nacional de Inovação em Saúde frente às mudanças necessárias no padrão de gestão nestas organizações.
O principal objetivo é capacitar gestores para a formular e implementar novas políticas e mecanismos de gestão, estimulando a geração de conhecimentos e de inovações e sua aplicação no desenvolvimento econômico e social. A diretora da Escola Corporativa Fiocruz, Carla Kaufmann, diz que a parceria com a Ensp visa alinhar as necessidades de formação aos projetos selecionados com os objetivos e metas da instituição.
Dentre os objetivos específicos do mestrado destacam-se:
Inscrições: até 18/2/2019
Acesse o edital completo aqui no Campus Virtual Fiocruz.
Contato: mestradoprofissionalensp@ensp.fiocruz.br
Assista também ao vídeo gravado por Carlos Gadelha, um dos coordenadores do curso, convocando os servidores da Fiocruz a conhecerem a iniciativa e participarem da seleção.
*Atualizada em 18/02/2019.