O Sextas de Poesia desta semana faz sua homenagem às mulheres, que diariamente lutam por seu espaço, memória, escolhas e contra uma série de desigualdades, violências e submissões.
Um dos nomes mais relevantes e necessários da literatura brasileira contemporânea, a escritora e educadora mineira, Conceição Evaristo, foi a escolhida para ilustrar o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março.
No poema "Eu-Mulher", lançando mão de uma complexa estratégia de resistência e reinscrição no mundo – “em baixa voz/violento os tímpanos do mundo” – e usando imagens como a do sangue e a da semente, a autora anuncia a magnitude do poder feminino de gerar a vida, além de denunciar a perversidade a qual, numa sociedade machista, as mulheres são submetidas.
*com informações de Projeto Ocupação - Conceição Evaristo
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) vai realizar, em 9 de março, às 9h, a aula inaugural "A Química Medicinal no século XXI".
A atividade, que dará início ao ano acadêmico da unidade, será proferida por Rui Ferreira Moreira, integrante do Departamento de Ciências Farmacêuticas e do Medicamento da Universidade de Lisboa, Portugal. O encontro será transmitido pelo canal de Farmanguinhos no youtube e emitirá certificado aos participantes.
Estão abertas as inscrições para o curso de mestrado do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropical, oferecido pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Ao todo, são ofertadas 15 vagas. As inscrições vão até 7/3. O IOC desempenha importante papel na formação de pesquisadores e recursos humanos na área das Ciências Biológicas e Biomédicas e de Educação em Saúde, além de ser considerado um dos principais centros nacionais de pesquisa e ensino nestas áreas, desenvolvendo pesquisa básica e novas tecnologias em seus 72 Laboratórios. Acesse os editais e confira todos os detalhes das chamadas.
Mestrado em Medicina Tropical
O objetivo do programa é iniciar a formação de pesquisadores e docentes de nível superior qualificando-os para o desenvolvimento de pesquisas básicas e aplicadas no campo da Medicina Tropical, proporcionando a identificação e manejo de questões associadas a aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e integrar as tecnologias estabelecidas e as inovadoras para pesquisa na área biomédica para o reconhecimento dos determinantes socioambientais das doenças transmissíveis.
Os candidatos para ingresso no curso poderão seguir nas seguintes áreas de concentração: doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), voltada a profissionais de nível superior com graduação em Medicina; e Diagnóstico, Epidemiologia e Controle (DEC), voltada a profissionais com graduação em Ciências Biológicas, Biomedicina, Enfermagem, Nutrição, Farmácia, Medicina Veterinária, Microbiologia, Biotecnologia, Fisioterapia e Saúde Coletiva e áreas afins.
Ao todo, são oferecidas 15 vagas, sendo 5 para DIP (doenças Infecciosas e Parasitárias) e 10 para DEC (Diagnóstico, Epidemiologia e Controle).
As inscrições vão até 7/3. Inscreva-se já!
Imagem: acervo do Programa de Pós-graduação em Medicina Tropicaal (IOC/Fiocruz)
Mesmo o Brasil tendo suspendido grandes festas e comemorações de carnaval, os feriados seguem em algumas cidades, fato preocupante, visto a explosão de casos decorrentes da entrada da variante Ômicron no país nos últimos dois meses. De acordo com o Boletim InfoGripe da Fiocruz, de 23/2, o panorama nacional da Covid-19 segue mantendo sinal de queda nas tendências a curto e longo prazo para casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No entanto, a Diretora adjunta da OMS, alertou, em evento recente na Fiocruz, que "a pandemia não acabou". Tendo isso, o Campus Virtual Fiocruz reforça a importância da adoção de medidas protetivas contra a doença durante os dias de carnaval e lembra que oferece diversas formações, online e gratuitas, sobre a Covid-19, ressaltando a importância da qualificação de profissionais de saúde para o enfrentamento à pandemia.
+Acesse a lista de cursos do CVF sobre Covid-19
O último Boletim InfoGripe divulgado mostra que em 22 das 27 unidades da federação há sinal de queda na tendência de longo prazo e sinal de estabilidade ou queda na tendência de curto prazo. "A Covid-19 continua predominando entre os casos com resultado laboratorial positivo para vírus respiratórios. Nas últimas quatro semanas, a prevalência entre os casos positivos foi de 0,9% Influenza A, 0,1% Influenza B, 1,7% vírus sincicial respiratório, e 90,8% Sars-CoV-2 (Covid-19), com o restante associado a outros vírus. Entre esses casos com identificação laboratorial, os que evoluíram para óbito tiveram prevalência de 97% para o Sars-CoV-2 nas últimas quatro semanas". Acesse aqui o boletim na íntegra.
Durante o evento 'Seminários Avançados em Saúde Global e Diplomacia da Saúde', promovido pelo Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris/Fiocruz), a diretora geral adjunta para Medicamentos e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Batista Galvão Simão, alertou que "os países com uma alta cobertura vacinal estão adotando uma retórica perigosa de que a pandemia acabou ou que está perto do fim, mas como dizer isso quando ainda ocorrem cerca de 70 mil mortes por Covid-19 no mundo em uma semana?". Segundo ela, "é possível, sim, acabar com a fase aguda da epidemia este ano - uma situação bem diferente daquela de 2020".
Conheça os cursos do CVF sobre a Covid-19 e detalhes de cada formação lançada durante a pandemia:
Treinamento para uso dos Kits Teste Rápido Covid-19
A formação tem carga horária total de 15h e objetiva apresentar aos profissionais de saúde, e a todos os interessados no tema, os procedimentos corretos para a utilização dos kits de teste rápido de Covid-19 com segurança; além de fornecer informações técnicas sobre ele, como características e composição; e as formas adequadas de manuseio, armazenamento e transporte dos kits. Todo o conteúdo programático oferecido pelo curso é permeado por elementos interativos e recursos multimídias, como áudios, vídeos e hiperlinks, que trazem informações adicionais à formação.
Covid-19: manejo da infecção causada pelo novo coronavírus - 2° edição
Para responder à demanda dos profissionais que estão na linha de frente do atendimento, a Fiocruz lançou o curso Covid-19: manejo da infecção causada pelo novo coronavírus. A qualificação é dirigida especialmente a trabalhadores de Unidades Básicas de Saúde (UBS), redes hospitalares, clínicas e consultórios, mas pode ser cursado por todos os interessados. Ele é composto de três módulos, que são independentes e podem ser cursados conforme necessidade do aluno, conferindo autonomia ao processo de formação. Já são 60 mil participantes!
Vacinação: protocolos e procedimentos técnicos
O curso Vacinação: protocolos e procedimentos técnicos é composto de 19 aulas, distribuídas em 5 módulos, com 50h de carga horária. Além das aulas, o aluno tem acesso à bibliografia utilizada no curso, materiais complementares e a um conjunto de perguntas e respostas frequentes (FAQ). Seu objetivo é contextualizar a importância das vacinas; apresentar a cadeia de desenvolvimento, produção e distribuição e seus conceitos básicos; as necessidades específicas de cadeia de frio para transporte, armazenamento e conservação; as especificidades da organização e dos procedimentos da sala de vacinação para Covid-19; e ainda orientar a implantação de uma sala de vacina para Covid-19 no contexto dos povos indígenas, população privada de liberdade, residentes em Instituições de Longa Permanência e população de rua.
Curso InfoDengue e InfoGripe: Vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis
O curso busca disseminar conceitos teóricos do monitoramento de doenças transmissíveis, assim como instrumentalizar profissionais para a tomada de decisão em salas de situação dedicadas à vigilância de arboviroses urbanas e de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). A formação é organizada em 2 módulos, 6 unidade e 40h de carga horária. Para melhor aproveitamento do curso, é recomendado que o aluno tenha tido experiência prévia com a vigilância dos agravos citados, participando da coleta, registro ou análise dos dados do Sistema de Informação de Agravo de Notificações (Sinan) ou do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep/MS).
Curso Gestão de risco de emergências em saúde pública no contexto da Covid-19
O objetivo do curso é contribuir para fortalecer as capacidades de preparação e resposta e ir além, produzindo uma mudança qualitativa na forma de enfrentar as emergências em saúde pública, trazendo uma visão prospectiva, tendo como base e apoio o programa Vigiar SUS, do Ministério da Saúde, para estimular as capacidades de vigilância e respostas às emergências em saúde pública. além da participação do Observatório Covid-19 da Fiocruz, que vem realizando análises e proposições para o enfrentamento da pandemia. Ele é especialmente dirigido aos interessados na temática da gestão de risco de emergências em saúde pública para Covid-19 no âmbito do SUS. A formação é composta de três módulos, divididos em uma carga horária de 70h.
Curso Covid-19 e a atenção à gestante em comunidades indígenas e tradicionais
A vulnerabilidade social em determinadas populações é um fato e, sabidamente, um fator de risco a novas doenças. Grávidas e puérperas correm maior risco de desenvolver a forma grave da doença. Consequentemente, mulheres indígenas são ainda mais vulneráveis. Nesse contexto, o curso oferece informações qualificadas para o cuidado de populações que demandam uma atenção mais específica e especializada. A formação de 15h é composta de 3 módulos e um total de 7 aulas.
Pessoa idosa e a Covid-19: prevenção e cuidados em domicílio
Com a formação, a ideia é que os participantes sejam capazes de compreender e realizar as medidas sanitárias preconizadas para a prevenção e controle da infecção por Covid-19 no contato com pessoas idosas que necessitam de apoio ou auxílio para a realização de suas atividades cotidianas. Também é objetivo do curso que os alunos conheçam os serviços de saúde no território que prestam atendimento em casos de suspeita e/ou confirmação de infecção por Covid-19. Além do conteúdo programático, os alunos terão acesso à bibliografia utilizada no curso, a materiais complementares e a um conjunto de Perguntas e Respostas sobre o tema (FAQ).
O curso Cuidado de Saúde e Segurança nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) no contexto da Covid-19 é voltado a cuidadores, familiares e profissionais que atuam com a saúde da pessoa idosa e segurança do paciente. Entre os temas abordados nas aulas estão: medidas de prevenção e controle da disseminação de doenças; cuidados em áreas comuns; fragilidade e violência; vacinação para proteção da Covid-19 nas ILPIs; contatos sociais em tempos de isolamento; estratégias de comunicação para garantir o contato da pessoa idosa com a sua família ou comunidade; recomendações para a comunicação de notícias difíceis; e outros.
Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas
O curso Enfrentamento da Covid-19 no contexto dos povos indígenas, que já conta com mais de três mil participantes, visa capacitar, técnica e operacionalmente, gestores e equipes multidisciplinares de saúde indígena para a prevenção, vigilância e assistência à Covid-19, respeitando os aspectos socioculturais dessa população.
Enfrentamento da Covid-19 no sistema prisional
Para atualizar profissionais e capacitá-los quanto às ações de prevenção e enfrentamento ao coronavírus entre a população privada de liberdade, o Campus Virtual Fiocruz e a Fiocruz Mato Grosso do Sul lançaram o curso autoinstrucional para o Enfrentamento da Covid-19 no Sistema Prisional. A formação, que tem mais de quatro mil inscritos, é oferecida na modalidade à distância e voltada a gestores, profissionais de saúde, policiais penais, trabalhadores dos estabelecimentos prisionais, membros dos conselhos penitenciários e demais interessados na área.
Educação remota para docentes e profissionais da educação
"Caminhos e conexões no ensino remoto" é o tema de um novo curso da Fiocruz voltado a docentes e profissionais da área de educação. O objetivo do curso é compartilhar um conjunto de orientações básicas, ferramentas tecnológicas e atividades que subsidiem professores e outros profissionais da área na realização de disciplinas ou ações educacionais na modalidade de educação remota emergencial. A formação, que é autoinstrucional, online e gratuita, está aberta a todos os interessados. Ela é uma iniciativa da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação e está alinhada às ações de apoio aos professores para a continuidade do ensino frente à necessidade de isolamento social causado pela pandemia de Covid-19.
*com informações de Camile Duque Estrada e Cristina Azevedo da Agência Fiocruz de Notícias
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: ao carnaval e ao Rio de Janeiro, cidade que completa 457 anos no dia 1°/3. Com a pandemia, este é o segundo ano sem carnaval na cidade que vive o samba, as rodas e a alegria em cada personagem e fantasia. Um Rio que, entre a favela e o asfalto, a beleza e o caos, encanta com os enredos da passarela ou seus cartões postais.
Em 1934, o jovem compositor Antônio André de Sá Filho - nascido na Rua da Carioca em 21 de março de 1906 -, com várias músicas gravadas, criou uma marcha em homenagem ao Rio de Janeiro, Cidade Maravilhosa, que acabaria virando um hino para a cidade.
Essa marchinha abre e fecha os bailes e o carnaval. Desejamos que no ano que vem o Rei Momo esteja a postos para abrir a folia e os cariocas possam festejar novamente nas ruas. Parabéns para esta cidade, berço do samba e das lindas canções. Que ela continue sempre sendo um rio desaguando no mar...
A Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC), por meio da Coordenação-Geral de Educação (CGE/Fiocruz), torna público o resultado da chamada destinada a candidaturas para bolsas na modalidade Doutorado Sanduíche no âmbito do Edital nº 10/2022 da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
A Coordenação-Geral de Educação (CGE) é a responsável pela condução do processo de seleção e divulgação do resultado, segundo as regras do edital nº 10/2022.
A teve como objetivo selecionar bolsistas no âmbito do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) com vistas à fomentar o intercâmbio científico e a qualificação acadêmica de discentes do Brasil, por meio da concessão de bolsas no exterior na modalidade Doutorado Sanduíche.
Tais bolsas têm, por finalidade, a realização de estágio para o desenvolvimento de pesquisa em Instituição de Ensino Superior (IES) estrangeira, por estudantes regularmente matriculados em cursos de doutorado de programas de pós-graduação não vinculados ao Programa PrInt-Fiocruz-Capes, em que o estudante, após o período de estudos no exterior, retorna ao Brasil para conclusão e defesa da sua tese.
Propostas podem ser enviadas até 18 de março e a previsão é que o resultado final seja divulgado em 31 de março.
Confira o resultado da chamada interna, bem como todos os documentos que a contituem em:
*Matéria de anúncio da chamada interna voltada a bolsistas no âmbito do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) publicada em 24/2/22 e atualizada em 1°/4/22 com o resultado da chamada.
O Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) está com Chamada Pública aberta para o curso de atualização em Ciência de Dados aplicada à Saúde - 2022, com 15 vagas disponíveis e inscrições entre os dias 21 de fevereiro a 20 de março de 2022.
O curso será na modalidade presencial, utilizando de meios tecnológicos disponíveis em virtude das incertezas da pandemia decorrente da Covid-19, bem como as determinações das autoridades competentes no que tange as políticas de distanciamento social.
Com carga horária de 60h, sendo 40h de atividades síncronas (ministradas pela Plataforma Zoom, semanalmente às quartas-feiras, das 9h às 13h) e 20 horas de atividades assíncronas (realizadas no Google Sala de Aula da PCDaS e plataforma DataCamp), a atualização será iniciada no dia 06 de abril de 2022 e será encerrada em 13 de julho de 2022.
O objetivo do curso é "promover interface entre aspectos teóricos e práticos sobre Ciência de Dados, Mineração de Dados, Aprendizagem de Máquina, Análise Preditiva e Análise Visual de grandes ou complexas bases de dados do setor saúde e de seus determinantes socioambientais".
Os interessados, que tenham o perfil de profissionais graduados atuantes na área de Saúde Pública ou de interesse para a saúde e estudantes de pós-graduação em Saúde Pública ou Ciências Exatas e da Terra ou Probabilidade e Estatística ou Ciência da Computação ou Ciências Sociais Aplicadas ou áreas de interesse para a saúde, poderão se inscrever pela Plataforma SIGALS (www.sigals.fiocruz.br), seguindo os links: Inscrição > Icict> Presencial> Atualização > Ciência de Dados aplicada à Saúde 2022/Sede.
O curso é coordenado por Marcelo Pedroso, pesquisador do Laboratório de Informação em Saúde e responsável pela Plataforma de Ciência de Dados aplicada à Saúde (PCDaS). Leia atentamente a Chamada Pública para realizar a sua inscrição com segurança.
Em 17 de janeiro de 2022, uma segunda-feira de verão, o Brasil completou um ano desde que a enfermeira Mônica Calazans recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19, dando a largada na imunização. No final do dia seguinte, uma terça-feira (18), o país registrou o recorde de novos casos conhecidos em 24 horas desde o início da pandemia, na onda desencadeada pela variante Ômicron, com cerca de 132 mil novos registros — nesse dia, a média móvel chegou à marca de 83.630 novos casos, superando o pico de junho de 2021, quando foi contabilizada a média de pouco mais de 77 mil infecções. Novos recordes de casos seriam batidos nos dias seguintes, entre o fim de janeiro e o início de fevereiro — em 3 de fevereiro, foram mais de 286 mil diagnósticos positivos em 24 horas.
Contudo, mesmo com a explosão de casos da variante ômicron em janeiro, mortes e internações não acompanharam proporcionalmente o número de infecções. Na linha de frente do combate à Covid-19 desde a primeira hora, e um dos cientistas brasileiros com maior projeção nesse cenário, o infectologista da Fiocruz, Julio Croda, não tem dúvidas em apontar o papel da vacinação na prevenção de mortes e internações decorrentes da doença. “As vacinas protegem muito bem para hospitalizações e mortes, mas para infecções leves nem tanto. Existem pessoas que já tiveram doença prévia, outras que já tomaram vacina, e mesmo assim adquirem a doença, numa forma mais leve, graças à elevada cobertura vacinal”, constata.
Um ano após o início da imunização, o Brasil chega ao começo de fevereiro com 70,7% da população totalmente vacinada, com duas doses ou dose única, e 23% já com a dose de reforço. Porém, a resistência de uma parcela da população em se vacinar pode comprometer a expansão da cobertura de agora em diante. Mesmo com a enxurrada de desinformação sobre as vacinas — que, em seu capítulo mais recente, tem sido um obstáculo à imunização das crianças entre 5 e 11 anos —, a constatação é clara: vacinas salvam vidas e evitam casos graves da doença, que podem resultar em internações e mortes.
Em entrevista exclusiva à Radis, Julio Croda analisou as expectativas para o ano de 2022 em relação à pandemia e acrescentou que a imunização também ajuda a prevenir casos da chamada “covid longa”, quando as pessoas permanecem com sintomas ou sequelas decorrentes da doença mesmo depois de passado o período da infecção — devido a desdobramentos do vírus no organismo humano que ainda desafiam a ciência.
Nascido em Salvador e formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Julio Croda é pesquisador da Fiocruz Mato Grosso do Sul e assumiu, em novembro de 2021, a presidência da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). Na conversa com a Radis, no final de janeiro, ele destacou que um dos grandes desafios para 2022 é ampliar a vacinação em regiões mais pobres do planeta, como em alguns países da África — pois “quanto maior e mais homogênea a cobertura vacinal, menor a chance de surgirem novas variantes”. A desigualdade nas coberturas vacinais é também um obstáculo interno a ser enfrentado no Brasil, onde as cidades mais pobres têm menor parcela da população vacinada. “É preciso levar a vacina onde a população reside”, pontua.
Depois de dois anos de experiência com o Sars-CoV-2, o vírus causador da covid-19, e suas diferentes variantes, Julio é bastante cauteloso em falar sobre um possível “fim da pandemia”. Ele considera que “em algum momento, a doença vai se tornar endêmica, vai respeitar um período sazonal”, mas para isso é preciso expandir as coberturas vacinais e torná-las menos desiguais. “Garantir cobertura vacinal para todo mundo, pelo menos com duas doses, é prioridade número um. A segunda prioridade é garantir doses de reforço para a população mais vulnerável, como idosos, pessoas imunossuprimidas, que têm maior risco de hospitalização”, explica.
“Hospitalizações e mortes serão os grandes marcadores do fim da pandemia”, aponta. E a esperança dos cientistas é que isso aconteça — “devido às vacinas, mesmo com o surgimento de novas variantes, que cada vez seja menor o impacto em termos de mortes e internações”. Com a constatação emblemática de que o coronavírus foi “um evento que marcou a humanidade”, Julio acredita que o vírus vai continuar circulando, ainda que tenha, no futuro, menor impacto. “Isso também não significa que a gente vai voltar à nossa vida habitual do passado, porque esse vírus vai ser incorporado no nosso dia a dia”, resume.
Confira a entrevista completa com o pesquisador no site da Radis.
Os determinantes sociais da saúde, como raça, escolaridade, renda, cargo e tipo de exposição, influenciam diretamente as taxas de infecção pela Covid-19 em trabalhadores da saúde. O dado, publicado na Revista The Lancet Regional Health – Americas, edição de março de 2022, é fruto do trabalho de doutorado de Roberta Fernandes Correia, no Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher da Fiocruz, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). De acordo com o estudo, afora a alta prevalência de infecção entre trabalhadores da saúde, verificou-se que os trabalhadores não brancos, de menor renda e escolaridade e usuários de transporte coletivo foram os mais acometidos. Além disso, os profissionais de apoio hospitalar, sobretudo os agentes da limpeza, apresentaram taxas de soroprevalência mais elevadas do que os profissionais de saúde.
Confira mais detalhes sobre o desenvolvimento da pesquisa na matéria:
Pesquisa do IFF/Fiocruz revela quem são os trabalhadores da saúde mais expostos à Covid-19
* por Everton Lima (IFF/Fiocruz)
O artigo “Desigualdades sociais impactam negativamente a soroprevalência de SARS-CoV-2 em diferentes subgrupos de trabalhadores da saúde no Rio de Janeiro”, publicado recentemente na renomada revista científica The Lancet Regional Health – Americas, investigou os fatores que influenciaram a contaminação pela COVID-19 entre os trabalhadores do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). O estudo identificou que a contaminação pelo SARS-CoV-2 (causador da COVID-19) em trabalhadores da saúde do Instituto foi influenciada pela desigualdade social.
Essa pesquisa é resultado do inquérito sorológico com 1.154 trabalhadores da saúde, realizado entre junho e julho de 2020, nos primeiros meses da pandemia no Brasil. “Para a análise dos dados, foram avaliadas a associação entre os resultados dos testes sorológicos para detecção de anticorpos IgG para SARS-CoV-2 e as características socioeconômicas, ocupacionais e meios de transporte utilizados pelos trabalhadores no deslocamento casa-trabalho, além de métodos para a correlação entre as variáveis analisadas”, conta a primeira autora do artigo, a aluna de doutorado e fisioterapeuta do IFF/Fiocruz, Roberta Fernandes Correia.
O artigo, que é o primeiro entre as teses e dissertações que estão utilizando os dados, é fruto do projeto “Imunidade, Inflamação e Coagulação na COVID-19: estudo em coorte de trabalhadores da Fiocruz”, contemplado com verba de edital do Programa Inova COVID-19 da Fiocruz, que investe em projetos de pesquisa em áreas estratégicas com foco na pandemia.
Resultados
Os resultados mostraram as iniquidades da pandemia de COVID-19 em relação aos determinantes sociais na população brasileira, abrangendo até mesmo os trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados apontaram uma alta prevalência sérica (no sangue) do vírus de 30% nos trabalhadores da saúde, muito maior do que as taxas de contaminação na população em geral, de 3% a 5% no mesmo período. Entretanto, ao analisar a contaminação entre os trabalhadores do Instituto, observou-se determinados grupos em maior risco e vulnerabilidade.
Quanto à raça, 37,1% dos não brancos tiveram resultado positivo em comparação com 23,1% dos brancos. O nível de escolaridade esteve inversamente associado à soropositividade para SARS-CoV-2, assim como a renda. Quanto aos cargos, surpreendentemente, enquanto 40,4% dos trabalhadores de apoio (cargos administrativos, recepcionistas, guardas, agentes de limpeza, entre outros) apresentaram resultados positivos, apenas 25,0% dos profissionais de saúde na assistência (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, entre outros) revelaram soropositividade. Dos trabalhadores de apoio, os agentes de limpeza tiveram a maior taxa de contaminação (47,5%) entre o grupo.
Fatores como renda, escolaridade e modalidade de trabalho apareceram como preditores negativos, ou seja, quanto maior a renda e a escolaridade do profissional, e sendo profissional da saúde, menor risco ele tinha de ser contaminado. Na forma de deslocamento da residência para o trabalho, os trabalhadores que usaram transporte coletivo (trem, metrô e ônibus) apresentaram resultados de teste positivos significativamente maiores do que aqueles que utilizaram deslocamento de menor densidade (caminhada, carro, motocicleta e táxi).
Para Roberta, a desigualdade é o “vírus” mais letal do mundo. “Os achados deste trabalho não divergem da desigual contaminação da população brasileira e países afins, em especial os da América Latina. Apesar do IFF/Fiocruz ser uma instituição pública de vanguarda na atenção à saúde da população, também sofre inevitavelmente os reflexos da economia de seu país, o que afeta na contaminação pelo SARS-CoV-2 entre seus trabalhadores. É provável que a solidariedade seja o antídoto e precise urgentemente ser incorporada às políticas sociais, econômicas, de saúde, educação, ambientais e de afeto”, ressalta.
Papel da ciência
No Instituto, a testagem sorológica contribuiu para a análise da contaminação pela COVID-19 entre os trabalhadores da saúde e os mecanismos de proteção de determinados grupos. “A devolutiva deste trabalho é um compromisso institucional com os trabalhadores da unidade e revela um cenário que desconhecíamos e que a ciência cumpre seu papel de iluminar. Portanto, fica a orientação para o enfrentamento de possíveis novas variantes ou pandemias virais, de que esses grupos, frente a escassez de imunizantes, devem ser vacinados com prioridade”, esclarece Roberta.
Orientadora do doutorado de Roberta, a professora e pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e do IFF/Fiocruz, Elizabeth Artmann, fala sobre a importância do estudo. “Nosso estudo reforça que os determinantes sociais da saúde influenciam as taxas de contaminação em trabalhadores da saúde. Em um país com tanta desigualdade como o nosso, estes resultados são muito relevantes e mostram a importância de pesquisas que possam ancorar a tomada de decisões, neste caso, a priorização dos grupos mais vulneráveis. Fundamental na área de Política, Planejamento e Gestão em Saúde. Uma característica importante deste trabalho e que valorizo muito é a sua abordagem interdisciplinar, pois a Saúde Coletiva, mas também a Saúde como grande área de conhecimento, necessita de vários olhares e cadeias explicativas que tragam um conhecimento aprofundado da situação. A pandemia de COVID-19 reforça esta questão. O estudo, embora baseado no IFF/Fiocruz, articula duas outras unidades da Fiocruz, a Ensp e o Instituto Oswaldo Cruz (IOC), um bom exemplo de produção coletiva do conhecimento”.
O coorientador, vice-coordenador do Programa Inova COVID-19 da Fiocruz e coordenador de Educação do IFF/Fiocruz, Zilton Farias Meira de Vasconcelos, que atuou junto com Roberta no período de testagem e início da imunização no Instituto, comemora a publicação do artigo na renomada revista científica internacional The Lancet Regional Health – Americas. “Esse trabalho traz três elementos que, na minha opinião, merecem destaque: primeiramente é fruto de um projeto guarda-chuva multiunidades da Fiocruz (IFF e IOC), com apoio financeiro do Programa Inova COVID. Em segundo lugar, conta com a participação de todos os trabalhadores da nossa unidade. E, finalmente, inicia a produção científica atrelada aos programas de pós-graduação da Fiocruz, que contam com 3 alunos de mestrado e 10 alunos de doutorado. Todos esses elementos juntos permitiram que o nosso trabalho identificasse fatores sociais que impactam diretamente na exposição ao SARS-CoV-2, mesmo em uma população que já apresenta maiores índices de infecção inerentes às atividades profissionais”.
A coordenadora do projeto, financiado pelo Inova COVID-19 da Fiocruz, pesquisadora do IOC/Fiocruz e coautora do artigo, Adriana Bonomo, reflete sobre a necessidade de apoiar produtos científicos com contribuições para a saúde pública brasileira. “Este trabalho usa perfis da resposta imunitária e mostra o padrão social da pandemia. Ou seja, usando dados laboratoriais de resposta imune conseguimos traçar um paralelo entre as desigualdades sociais e as populações mais frequentemente infectadas. Estudos como este ajudam a traçar políticas públicas dirigidas às populações mais vulneráveis e otimizar as medidas preventivas”.
O imunologista, pesquisador do IOC/Fiocruz e coautor do artigo, Wilson Savino, analisa o impacto dos resultados para as políticas públicas de saúde. “Este trabalho traz para o centro dos debates da pandemia a questão das desigualdades sociais, inclusive nos trabalhadores da saúde. Mostra que há questões de políticas públicas em saúde que implicam em transformações sociais, incluindo a redução de pobreza com convergência estrutural visando minimizar as desigualdades”.
O coordenador de pesquisa do IFF/Fiocruz e coautor do artigo, Saint Clair Gomes Junior, informa quais os benefícios dos resultados desse estudo para o enfrentamento da COVID-19 no Instituto. “O trabalho traz uma importante contribuição ao entendimento dos fatores que favorecem ao aumento do risco de infecção pelo novo coronavírus. Os resultados confirmam a percepção empírica de que os trabalhadores em situação social de maior vulnerabilidade (profissionais de apoio, negros, com menor escolaridade e renda e usuários de transporte de massa) têm uma chance aumentada de exposição e infecção. Apesar dos resultados serem direcionados a trabalhadores da saúde, muito provavelmente esse mesmo padrão de vulnerabilidade ocorre na população geral. Desta forma, os dados observados podem contribuir de forma decisiva como suporte para a elaboração de reforço de medidas protetivas e de vacinação direcionadas para aqueles cidadãos em maior risco”.
A pediatra, pesquisadora principal do estudo no IFF/Fiocruz e coautora do artigo, Daniella Moore, destaca sobre o papel da ciência, principalmente em tempos complexos de pandemia. “De nada adiantará termos avanços científico-tecnológicos se não formos capazes de comunicar de forma clara e compreensível o que significam os dados da ciência na prática para todos, independentemente de sua classe social, grau de escolaridade ou qualquer outra vulnerabilidade social. A pandemia já deu sinais claros de que o caminho da saída envolve vencer as iniquidades sociais não somente no Brasil, como em todo mundo”. Nesse contexto, Daniella faz um alerta. “Gestores de saúde precisam ficar atentos que garantir a força de trabalho da saúde ativa significa proteger o trabalhador da saúde não somente no seu ambiente de trabalho, mas também extra muros, criando uma mentalidade de saúde e pensando juntos como transpor dificuldades que os mais vulneráveis passam para se proteger”.
*Imagem: Fernanda Canalonga Calçada (Design Gráfico do IFF/Fiocruz)
Profissionais e estudantes da saúde que têm interesse em se capacitar sobre doenças virais já podem se matricular nos quatro primeiros cursos do Programa Educacional em Vigilância em Saúde no Enfrentamento da Covid-19 e de Outras Doenças Virais (VigiEpidemia), ofertado pela Fiocruz Mato Grosso do Sul, integrante da Rede UNA-SUS, em parceria com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
O VigiEpidemia é totalmente gratuito e qualquer pessoa interessada na área pode participar.
Oportunidade de especialização
O Programa é composto por seis cursos no total. Nesse primeiro momento, estão disponíveis quatro deles, que são online e autoinstrucionais. Após chamamento público, os concluintes desses cursos poderão se candidatar a cursar mais dois módulos complementares, com tutoria e certificação de especialização. Serão mil vagas para todo território nacional.
“Ver o VigiEpidemia somando e fortalecendo a grande agenda de formação da Fiocruz é um motivo de grande satisfação. É uma iniciativa e inovadora e necessário nesse momento que estamos vivendo”, afirmou a diretora da Fiocruz Brasília e secretária executiva da UNA-SUS, Fabiana Damásio.
A coordenadora de educação da Fiocruz Mato Grosso do Sul, Débora Dupas, explicou que o programa foi produzido acompanhando as mudanças do cenário atual, a fim de garantir ofertas educacionais de qualidade, pautadas na ciência, e voltadas à realidade vivenciada na prática. “São conhecimentos de grande valia na atualidade, especialmente quanto a adoção de medidas preventivas para outros surtos epidêmicos no futuro. É nosso desejo que os cursos cheguem na ponta, aos profissionais que estão no dia a dia, nas práticas dos serviços de saúde”, afirmou.
Débora comentou ainda que o objetivo é que os cursos contribuam para a qualificação das práticas em saúde, no âmbito do SUS, para uma abordagem integrada, interdisciplinar, que incentive mudanças no processo de trabalho e aumente a resolutividade dos problemas de saúde.
Para a Vice- Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Vieira Machado, o VigiEpi traz aspectos muito positivos, de grande relevância para a formação no SUS, inovador do ponto de vista pedagógico, além do trabalho em Rede expresso pela UNA-SUS e Fiocruz
Saiba mais sobre os cursos
Enfrentamento da Covid-19 e demais doenças virais
Este curso tem como objetivo qualificar o trabalhador da saúde para realizar o cuidado e enfrentamento de doenças virais, a partir de ações integradas da vigilância em saúde, com vistas à melhoria da articulação e organização dos processos de trabalho em saúde.
Este curso objetiva qualificar o trabalhador da saúde para realizar o cuidado e enfrentamento das arboviroses, a partir de ações integradas de vigilância em saúde, com vistas à melhoria da articulação e organização dos processos de trabalho em saúde.
Fundamentos e tecnologias para o enfrentamento da COVID-19 e de outras doenças virais
Este curso objetiva qualificar o trabalhador da saúde para compreender a sociedade contemporânea de forma articulada com os pressupostos da saúde coletiva, considerando as políticas públicas que incidem sobre o SUS, e as tecnologias e ferramentas do campo da Vigilância em Saúde, visando a uma melhor efetividade das ações de enfrentamento da Covid-19 e de outras doenças virais.
Plano de Contingência: dimensões para sua operacionalização
Este curso busca qualificar o trabalhador da saúde para elaborar plano de contingência para o enfrentamento de pandemias/epidemias, visando à prevenção de ocorrências que colocam em risco as ações de saúde em situações de crise, para uma atuação mais estável e efetiva dos serviços de saúde.
Para conhecer esse e outros cursos da UNA-SUS, acesse https://www.unasus.gov.br/cursos.