Pós-graduação em saúde pública é aqui, gente! A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) está com inscrições abertas para cursos de mestrado e de doutorado. O período para se candidatar vai até o dia 19 de setembro.
Neste processo seletivo, é possível se inscrever em três programas: Saúde Pública; Saúde Pública e Meio Ambiente; e Epidemiologia em Saúde Pública. Cada um deles tem um edital para mestrado e um para doutorado — totalizando, assim, seis editais com inscrições abertas.
A Vice-diretora de Ensino da Ensp, Lúcia Dupret, recomenda a leitura atenta ao edital. “Alertamos aos candidatos para lerem atentamente o edital e conferirem a documentação cuidadosamente de acordo com o checklist, bem como os prazos e número de vagas para cada área de concentração”, diz.
Para acessar os editais aqui pelo Campus Virtual Fiocruz, clique nos nomes dos programas abaixo:
Mestrado: o curso tem o objetivo de preparar profissionais para a docência, a pesquisa e a gestão, numa perspectiva interdisciplinar e multiprofissional. É credenciado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação.
Doutorado: desenvolve o conhecimento científico, a capacidade de pesquisa e a habilidade docente. É de natureza multiprofissional e exige a obtenção de créditos em disciplinas comuns.
2. Saúde Pública e Meio Ambiente
Mestrado: visa capacitar docentes, pesquisadores e gestores em saúde e ambiente, numa perspectiva interdisciplinar, multiprofissional e interinstitucional, para a análise e proposição de soluções sobre os efeitos decorrentes das exposições ambientais na saúde humana. Está voltado para profissionais e pesquisadores das áreas de saúde e meio ambiente com formação, em nível de graduação.
Doutorado: com objetivos similares ao curso de mestrado, está voltado para profissionais e pesquisadores das áreas de saúde e do meio ambiente com formação, em diferentes campos do conhecimento e interessados na análise de problemas de saúde e ambiente.
3. Epidemiologia em Saúde Pública
Mestrado: aprofunda o conhecimento técnico-científico e acadêmico, possibilitando a formação de docentes para o ensino superior, bem como o para desenvolvimento de competência para realizar pesquisas e desenvolver processos, produtos e metodologias em diferentes áreas, considerando os contextos epidemiológico, social e ambiental, nos cenários nacional e internacional.
Doutorado: este curso é desenhado para capacitar profissionais no planejamento e análise de dados na pesquisa epidemiológica, bem como na análise, planejamento, desenvolvimento, implementação e avaliação de políticas públicas e tecnologias, considerando os contextos social e ambiental.
Os desafios e as perspectivas da educação na Fiocruz estiveram em pauta recentemente, no Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), durante a visita da vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), Cristiani Vieira Machado. Pesquisadores, estudantes e profissionais de outras áreas da unidade assistiram à apresentação, em que foi abordado também o atual cenário do ensino no país e no âmbito da Fundação.
“Trata-se de um momento difícil do ponto de vista financeiro, com uma série de cortes no orçamento que estão trazendo impactos significativos para a pesquisa. Na Fundação, perdemos, só pela Capes, 21 bolsas, até o momento. Há ainda uma previsão de novos cortes para os programas nota 3, mas que não devem nos atingir por não termos programas nessa situação”, afirmou.
De acordo com a vice-presidente, a Fiocruz conta com 43 programas de pós-graduação stricto sensu, sendo 16 profissionais e 27 acadêmicos, distribuídos por todas as unidades da federação em que a Fundação está presente. Dispõe ainda de centenas de cursos lato sensu, oferecidos em modalidades presenciais e a distância. No nível médio, há também uma forte atuação, especialmente por meio da Escola Politécnica Joaquim Venâncio, que oferece ainda formação complementar ao ensino médio.
"É uma atuação bastante diversificada e há muitos desafios a serem enfrentados. Por exemplo, precisamos fortalecer a internacionalização da educação na Fiocruz e, no âmbito nacional, contribuir para a redução das desigualdades na formação do SUS”, destacou.
Segundo Cristiani, algumas ações já vêm sendo adotadas visando à internacionalização, como a implementação de programas de incentivo à mobilidade de docentes e alunos, bem como o esforço de trazer à Fundação pesquisadores de outros países para a realização de atividades pontuais. “Além disso, temos buscado captar projetos apoiados pela Capes, com ênfase em parcerias internacionais, como Print e Coopbrass”, contou.
Para auxiliar na redução das desigualdades, a Fiocruz tem procurado ofertar cursos nas diversas unidades regionais, com foco na formação em áreas estratégicas para o SUS. Busca ainda a expansão na formação de mestres e doutores em regiões onde há escassez de oferta de pós-graduação.
Para além do ensino, Cristiani ressaltou também a importância de atuar em áreas correlatas à educação, como comunicação e divulgação científica, com o intuito de fomentar as estratégias que visem dialogar com a sociedade. Exemplo disso, segundo ela, é a Olimpíada de Saúde e Meio Ambiente, promovida pela Fiocruz nas cinco regiões do país. “Editora Fiocruz e Canal Saúde também são parceiros importantes para estarmos em contato com os diversos públicos, bem como divulgar o trabalho desenvolvido pela Fundação”, reforçou.
A vice-presidente lembrou que é necessário avançar na promoção da ciência aberta. “Esta é uma discussão complexa, que demanda o envolvimento de toda a comunidade Fiocruz. Precisamos desenvolver um plano de gestão de dados, de forma a nos preparar institucionalmente para promover o acesso aberto ao conhecimento e aos recursos educacionais”, ressaltou.
À frente da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação desde novembro do ano passado, esta foi a primeira visita de Cristiani ao IRR. Durante a manhã, ela se reuniu com os coordenadores dos programas de pós-graduação da unidade. “Trata-se de uma aproximação fundamental, pois permite alinhar ações, que possibilitam caminhar de forma integrada”, destacou a diretora da Fiocruz Minas, Zélia Profeta.
A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), estará em Campo Grande (MS) promovendo dois minicursos. A iniciativa ocorrerá durante a 71ª Reunião Anual da SBPC e as inscrições para os minicursos são apenas até o dia 11 de julho.
Lá, a Olimpíada irá ministrar dois cursos: Saúde e meio ambiente nas salas de aulas multimídias, coordenado por Cristina Araripe Ferreira e Wagner Nagib; e Saúde, meio ambiente e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): novas linguagens e novos recursos, coordenado por Renata Fontoura e Carlos José Saldanha Machado. Todos os pesquisadores são da Fiocruz.
Ambos os minicursos acontecem entre os dias 22/7 e 25/7, das 8h às 10h, durante a reunião da SBPC, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). O público-alvo são alunos de graduação, alunos de pós-graduação e professores do ensino básico ou profissionalizante. Saiba mais, na íntegra:
I. Saúde e meio ambiente nas salas de aulas multimídias
Ementa: As tecnologias digitais têm assumido papel preponderante nas salas de aulas, favorecendo mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem. O minicurso abordará temas e apresentará estratégias pedagógicas que visam preparar professores e alunos de licenciaturas para os novos desafios do ensino de ciências na educação básica. Com ênfase no uso das novas tecnologias da informação e da comunicação, discutiremos o desenvolvimento de projetos de ciências a partir dos temas transversais Saúde e Meio Ambiente.
Valor: R$20,00 para sócios da SBPC e R$40,00 para não sócios
II. Saúde, meio ambiente e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): novas linguagens e novos recursos
Ementa: As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) têm sido, frequentemente, utilizadas por professores e alunos nas escolas de educação básica de todo o país como forma de tornar o ensino mais atraente e interessante. Além disso, o acesso a recursos educacionais abertos tem propiciado uma enorme mudança em relação aos conteúdos e estratégias de ensino. A partir dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável/Agenda 2030 da ONU e com ênfase nos temas transversais saúde e meio ambiente, apresentaremos experiências e aprofundaremos reflexões sobre as relações entre o ensino de ciências e as novas linguagens e tecnologias na educação.
Valor: R$20,00 para sócios da SBPC e R$40,00 para não sócios
As matrículas nos minicursos podem ser feitas online através do link. Participe!
Você tem interesse em pesquisa qualitativa e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável? O prazo para submissão de resumos no primeiro Simpósio sobre o Uso de Evidências Qualitativas para Tomada de Decisão na era dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável foi prorrogado até o dia 12 de maio.
A organização do evento estimula a participação e informa que haverá a disponibilidade de bolsas para pesquisadores de países de baixa e média renda.
O evento, promovido pelo Ministério da Saúde, Fiocruz Brasília e Instituto Norueguês para a Saúde Pública, será realizado na Fiocruz Brasília entre os dias 9 e 11 de outubro. Os resumos devem ser submetidos no site do evento, sobre temas relacionados à educação, meio ambiente, saúde, direitos humanos, desenvolvimento social, ciência e tecnologia, bem-estar, entre outros. As apresentações de resumos e workshops para o simpósio estão disponíveis neste link.
O Simpósio
As inscrições para participação presencial no simpósio serão abertas em breve, com expectativa de participação de representantes de diversos países. Os interessados nos temas do simpósio podem ainda fazer o registro para o simpósio virtual, que incluirá webcasts ao vivo das sessões e oportunidades para participação das discussões plenárias. Participe do diálogo registrando-se no simpósio virtual.
Segundo os organizadores, é necessária ação multissetorial para se alcançarem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), que requer uma compreensão profunda e contextualizada das necessidades, pontos de vista e experiências de uma ampla gama de interessados e de como as políticas impactam em diferentes grupos e setores, e sobre equidade e inclusão social. A pesquisa qualitativa pode desempenhar um papel crítico no fornecimento desse tipo de evidência e na garantia da representação de diversas vozes.
O evento promoverá debates e colaborações sobre formas inovadoras de usar evidências qualitativas para ampliar e humanizar processos de tomada de decisão e políticas para alcançar os ODS. O simpósio também explorará as ferramentas e os métodos necessários para apoiar a tradução de evidências qualitativas em políticas e práticas, e examinará formas de fortalecer a capacidade nessa área, particularmente no Sul global.
Pesquisadores e financiadores de pesquisa, formuladores de políticas e outros usuários de evidências, além de interessados no tema estão entre os convidados a participar do encontro, que proporcionará oportunidades para compartilhar com uma comunidade multissetorial suas experiências e ideias sobre o uso de evidências qualitativas para apoiar a tomada de decisões. Segundo os coordenadores, uma ampla gama de organizações de diversos setores está contribuindo para o desenvolvimento de uma programação interessante e inovadora para o simpósio.
Pouco mais de três anos depois da chamada Tragédia da Mineração, como ficou conhecido o crime gerado pela onda avermelhada de rejeito de minério que irrompeu da barragem da Samarco Mineração, em Mariana (MG), matando pessoas e destruindo o meio ambiente, o Brasil se viu novamente aturdido, triste e revoltado com outro desastre provocado por uma mineradora. A barragem de rejeitos classificada como de "baixo risco" e "alto potencial de danos" que a Vale do Rio Doce mantinha no Ribeirão Ferro-Carvão, na cidade de Brumadinho, a 65 km de Belo Horizonte, rompeu e provocou o maior acidente de trabalho da história do país, com mais de 150 mortos e 200 desaparecidos. Diante de catástrofes que se repetem, sem que os governos tomem as providências necessárias para que não mais ocorram, e num cenário em que as empresas são pouco (ou nada) responsabilizadas pelos crimes que cometem, pesquisadores vêm novamente relatar que haviam flagrantes indícios de que calamidades como esta de Brumadinho eram plenamente previsíveis. E não foi por falta de alerta e de estudos que foram evitadas.
A Fiocruz, por exemplo, empenhada em cumprir a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, que contém o conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promoveu nos últimos anos, em sua sede no Rio de Janeiro e em suas unidades em outros estados, eventos científicos e organizou documentos que mostram, com riqueza de dados e argumentos, o quanto é danosa a atividade mineradora e o quão pouco é rigorosa e devidamente regulada. O poder público brasileiro, no entanto, reage (quando reage) apenas depois dos desastres anunciados. Triste sina de um país que não cobra, não fiscaliza, não pune – sobretudo quando o autor do crime é poderoso.
Os danos que afetam e deverão continuar afetando, nos próximos anos, os municípios do entorno de Brumadinho ainda não são totalmente conhecidos, embora os especialistas prevejam cenários desoladores. O tempo vai revelar a extensão e as consequências dessa nova tragédia humana e ambiental, que vai permanecer gerando problemas graves, para a saúde pública, para o Sistema Único de Saúde (SUS), para o meio ambiente, para as famílias, para as comunidades, nos próximos anos.
Acesse o especial! Lá, você encontra as últimas notícias, entrevistas, artigos de opinião de pesquisadores e outras informações sobre ações da Fiocruz sobre o tema.
O Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Cepedes/Ensp/Fiocruz) lançou, recentemente, o Guia de preparação e respostas do setor saúde aos desastres, um documento elaborado em três etapas, desenvolvidas entre 2015 e 2017, com informações e conceitos que ajudam a compreender o que é importante saber para reduzir os riscos de desastres. A publicação inclui dados sobre os relatórios de segurança de barragens, os mapas de distribuição e a classificação de risco.
Segundo o coordenador do Cepedes, Carlos Machado de Freitas, o manual foi elaborado de forma colaborativa, com o objetivo de subsidiar o Sistema Único de Saúde (SUS) na desafiadora tarefa de desenvolver planos de preparação e resposta para emergência em saúde pública por desastres. Para mais informações sobre a publicação, leia a notícia completa no site da Ensp.
Em entrevista exclusiva para o Campus Virtual Fiocruz, Carlos Machado, historiador e coordenador do Centro de Estudos para Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), explica os impactos da tragédia na barragem de Brumadinho no âmbito da saúde. Leia mais.
Um estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que avaliou os impactos imediatos do desastre da mineradora Vale em Brumadinho, alerta para a possibilidade de surtos de doenças infecciosas - dengue, febre amarela e esquistossomose - mudanças no bioma e agravamento de problemas crônicos de saúde, como hipertensão, diabetes e doenças mentais. Mapas construídos pela Instituição permitiram identificar residências e unidades de saúde afetadas, comunidades potencialmente isoladas e as áreas soterradas pela lama. Os resultados serão apresentados durante um evento na instituição, na terça-feira (5/2).
A análise foi realizada pelo Observatório Nacional de Clima e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Emergência de Desastres em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz) com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Agência Nacional das Águas (ANA) e do Datasus. O estudo tem como referência o Marco de Sendai da ONU (2015-2030), Miyagi, no Japão, conferência que adota novo marco para reduzir riscos de desastres naturais no mundo.
Os resultados apontam para os riscos sistêmicos das barragens no Brasil: são mais de 24 mil barragens, sendo que mais de 600 relacionadas às de mineração e cavas exauridas. E também para as vulnerabilidades organizacionais e institucionais diante de marcos legais, operação e monitoramento para a prevenção dos desastres.
A partir da sistematização de estudos internacionais sobre causas e consequências de desastres com barragens de mineração e da experiência sobre os impactos do desastre da Samarco sobre a saúde das populações, a Fiocruz apresentará nesta terca-feira (5/2), os desafios e propostas para prevenção de desastres futuros; o enfrentamento dos riscos atuais existentes; as políticas e estratégias de planos de preparação e respostas, incluindo sistemas de alerta e alarme, bem como de recuperação e reconstrução das condições de vida e saúde no médio e longo prazos.
A pesquisa chama a atenção para a perda de condições de acesso a serviços de saúde, que pode agravar doenças crônicas já existentes na população afetada, assim como provocar novas situações de saúde deletérias, como doenças mentais (depressão e ansiedade), crises hipertensivas, doenças respiratórias e acidentes domésticos, além de surtos de doenças infecciosas.
Christovam Barcellos, pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict) da Fiocruz, integra a equipe que realizou o estudo. Ele cita o aumento de casos de acidentes vascular-cerebrais observado após as enchentes de Santa Catarina em 2008 e do acidente de Fukujima, Japão, mesmo depois de meses dos eventos disparadores. "Estes casos podem ser consequência tanto de situações de estresse e transtornos pós-traumáticos, quanto da perda de vínculo com os sistemas de atenção básica de saúde. Neste sentido, as doenças mentais decorrentes de grandes desastres ambientais podem ser sentidas alguns anos após o evento traumático, como relatado em Mariana".
Segundo ele, a contaminação do rio pelos rejeitos da mina pode ser percebida facilmente pelo aumento da turbidez das águas. "A presença de uma grande quantidade de material em suspensão nas águas dos rios afetados causou a imediata mortandade de peixes e inviabiliza a captação e tratamento da água para consumo humano", diz o especialista. No entanto, afirmou o pesquisador, outros componentes químicos da água podem estar presentes na lama do rejeito e serem transportados a longas distâncias pelo rio Paraopeba e, posteriormente, pelo rio São Francisco. "Por isso, é necessário o exame da presença de metais pesados nos rejeitos e seu monitoramento ao longo destes rios para evitar o consumo e uso de águas contaminadas nos próximos anos. O sedimento enriquecido por metais pesados pode ser remobilizado para os rios com as chuvas intensas, ações de dragagem e operação de barragens hidrelétricas ao longo dos próximos anos", alerta.
Além disso, o pesquisador destaca as alterações ecológicas provocadas pelo desastre podem promover a transmissão de esquistossomose, principalmente considerando que grande parte do município de Brumadinho e municípios ao longo do rio Paraopeba não é coberta por sistemas de coleta e tratamento de esgotos. "A transmissão de esquistossomose é facilitada pelo contato com rios contaminados por esgotos domésticos e com presença de caramujos infectados".
Barcellos observa, ainda, que a degradação do leito do rio Paraopeba e de seu entorno vai produzir alterações significativas na fauna, flora e qualidade da água, como perda de biodiversidade, mortandade de peixes e répteis. “A bacia do rio Paraopeba é uma área de transmissão de febre amarela e um novo surto da doença não pode ser descartado. É urgente a vacinação da população”, ressalta.
Acesse as informações do evento na agenda e participe: Desastre da Vale em Brumadinho – Impactos sobre a saúde e desafios para a gestão de riscos
Carlos Machado: é graduado em História pela Universidade Federal Fluminense (1989), com mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992), doutorado em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (1996) e pós-doutorado pelo Programa de Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo (2007-2008). Pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), desenvolve atividades de pesquisa e ensino sobre temas relacionados à saúde ambiental e aos desastres. Atualmente, coordena o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde. Integrante do Comitê Técnico Assessor de Vigilância e Resposta às Emergências em Saúde Pública (CTA-ESP), Secretaria de Vigilância em Saúde (Ministério da Saúde) e do Grupo de Aconselhamento Técnico e Científico da Estratégia Internacional de Redução de Riscos de Desastres da Organização das Nações Unidas (STAG-UNISDR/ONU). É também editor científico da Editora Fiocruz.
Christovam Barcellos: é graduado em Geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mestre em Ciências Biológicas pela UFRJ e doutor em Geociências pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Atualmente é pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict). Trabalhou como sanitarista das secretarias estaduais de saúde do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Atua na pesquisa e ensino de Geografia da Saúde, com ênfase em Vigilância em Saúde, principalmente nos seguintes temas: geoprocessamento, análise espacial, indicadores de saúde e sistemas de informações geográficas.
Uma das definições de educação é a "aplicação dos métodos próprios para assegurar a formação e o desenvolvimento físico, intelectual e moral de um ser humano". Baseada nessa visão, a direção do Colégio Estadual Brigadeiro Schorcht, na Taquara, Zona Oeste do Rio de Janeiro, decidiu abrir espaço para novas experiências pedagógicas. Desde 2012, a unidade pública passa por um processo de transformação, que está em andamento e tem tido grande aceitação dos alunos.
O primeiro passo foi firmar uma parceria com o Programa de Desenvolvimento do Campus Fiocruz Mata Atlântica (PDCFMA). Por meio Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do edital Apoio à Melhoria do Ensino nas Escolas Públicas, a parceria foi iniciada com a criação de um espaço para horta orgânica, em uma área subaproveitada da escola. No local, atualmente, há uma plantação agroecológica com diversos tipos de temperos, vegetais, verduras e frutas.
Os alunos foram apresentados a outras práticas de educação ambiental, o que gerou a instalação de sistemas de coleta de água de chuva para irrigar a horta e de captação de energia solar para aquecimento de água dos vestiários feminino e masculino. "Cada equipamento desses foi projetado pelos próprios alunos. Eles participaram de todo o processo, desde as oficinas até a produção e manutenção dessas tecnologias, que são de baixo custo”, explicou o diretor adjunto da escola e biólogo, Marco Aurélio Berao Silva.
“Essas tecnologias estão disponíveis e podem ser usadas e reproduzidas. A ideia era que escola fosse um modelo para que os estudantes replicassem os projetos nas casas deles", conta o diretor. Outra mudança importante ocorrida durante o processo de desenvolvimento das tecnologias sociais foi a alimentação dos estudantes.
A partir dessa parceria com a Fiocruz, a direção se mobilizou para inaugurar uma cozinha e um refeitório, já que os alimentos distribuídos aos alunos eram industrializados. Agora, as refeições são feitas no local, com produtos mais saudáveis. A escola fechou uma parceria com a Associação de Agricultores Orgânicos de Vargem Grande para fornecimento de alimentos agroecológicos, via Programa Nacional de Alimentação Escolar. A horta interna contribui, principalmente, com condimentos e temperos.
Com a cozinha, os estudantes puderam aprender sobre os diferentes tipos de composteiras para receber o lixo gerado. Os resíduos orgânicos são destinados à composteira e garantem adubo de excelente qualidade para os vasos e canteiros da horta. Além disso, a comunidade escolar já incorporou o hábito de separar materiais recicláveis e óleo de cozinha saturado para doação a instituições parceiras. Nos últimos três meses, a escola destinou em torno de 100 Kg de resíduo orgânico da cozinha para a compostagem.
Para o estudante Marcos Aurélio Santos de Almeida, do 2º ano do Ensino Médio, a oficina de horta orgânica está sendo satisfatória para a própria alimentação. "Nunca tive contato com horta. Aprendi muito. Consigo até levar alguns alimentos plantados aqui para casa. Minha família gosta bastante, até por não ter agrotóxico. A gente aprendeu a perceber essa diferença", disse o estudante de 16 anos.
A oficina de agricultura urbana do Brigadeiro Schorch tem cerca de 20 alunos. O coordenador do projeto pela Fiocruz, Robson Patrocínio, explica que o trabalho é resultado do compartilhamento de saberes. "O essencial para dar certo é uma construção coletiva. Desenvolver, junto com a comunidade escolar, as ações feitas por eles. Não foi nada definido pela Fiocruz. Além, é claro, do envolvimento da direção e dos professores que abraçaram a ideia, e dos alunos, que tiveram voz para poder discutir as propostas", finalizou.
*O texto foi originalmente publicado na recente edição do Jornal Linha Direta, da Comunicação Interna da Fiocruz.
Amanhã, dia 28/11, acontece a Cerimônia de Premiação Nacional da 9ª Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma), realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Além da condecoração dos premiados, vamos conhecer os seis trabalhos que receberão o título de Destaque Nacional. Na ocasião, o prêmio especial Ano Oswaldo Cruz, destinado a trabalhos que utilizaram recursos educacionais da Fiocruz, também será entregue a três escolas. O evento é aberto ao público e será no no Auditório do Museu da Vida (Av. Brasil, 4365 - Manguinhos, Rio de Janeiro).
Recordes, momentos olímpicos e alcance de objetivos
Destacando a importância dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) preconizados pelas Nações Unidas, a 9ª Obsma estimulou que os trabalhos abordassem de forma crítica e criativa temas da Agenda 2030 e obteve números recordes: entre 2017 e 2018, foram 1.228 trabalhos inscritos representando todos os estados brasileiros, contando com o envolvimento de 4.270 professores e 67.179 estudantes do ensino fundamental e médio. Nos últimos dois anos, a equipe do projeto também percorreu o país oferecendo 20 Oficinas Pedagógicas a professores de 13 estados com foco nas modalidades Projeto de Ciências, Produção de Texto e Produção Audiovisual.
No dia 26 de novembro, 70 professores e estudantes representantes de escolas de todas as regiões do país desembarcaram no Rio de Janeiro para participar da Semana de Premiação da Obsma. A Olimpíada promove um roteiro especial na cidade: os participantes que tiveram seus trabalhos sobre saúde e meio ambiente selecionados nesta edição, visitam a Fiocruz e seu belo Castelo Mourisco, além de espaços culturais como Museu de Arte do Rio (MAR) e o Centro Histórico.
Para a coordenadora nacional da Obsma, Cristina Araripe, os objetivos da 9ª edição foram plenamente alcançados. "Estamos felizes neste encerramento, porque conseguimos estimular o desenvolvimento de atividades interdisciplinares em escolas públicas e privadas de todo o país, reconhecendo o trabalho de professores e alunos", diz. "Outro aspecto importante é fortalecer a cooperação entre diversas instituições ampliando a divulgação de ações governamentais em educação, saúde e meio ambiente", avalia.
E os vencedores são...
Saiba mais sobre as iniciativas no Portal Fiocruz.
Confira aqui a lista completa de trabalhos premiados na 9ª Obsma.
Programação cultural da Semana de Premiação da 9ª Obsma
26/11
Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Atividade cultural na Praia Vermelha
27/11
Parque Nacional da Tijuca (ICMBio - Corcovado)
Museu de Arte do Rio
Rio de Janeiro Histórico - Cais do Valongo e Praça Mauá
28/11
Cerimônia de Premiação Nacional na Fiocruz
Conhecendo a Fiocruz com o Museu da Vida
Por Ascom/Obsma
Como ampliar a utilização de produtos e métodos mais naturais e inovadores em saúde? Pensando nisso, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) desenvolveu o curso de especialização em inovação em fitomedicamentos, que inscreve candidatos até 7 de dezembro*.
A seleção é voltada a profissionais de diferentes áreas de formação, com interesse em se qualificar para atuar na cadeia de desenvolvimento tecnológico e inovação de fitomedicamentos no Brasil, na perspectiva da sustentabilidade. Para participar, é preciso apenas comprovar a conclusão de um curso superior. São oferecidas 30 vagas.
A carga horária da especialização é de 360 horas, com regime presencial no Complexo Tecnológico de Medicamentos de Farmanguinhos, que fica em Jacarepaguá (Rio de Janeiro). O início das aulas é em março de 2019.
O curso é uma iniciativa do Núcleo de Gestão em Biodiversidade e Saúde (NGBS), de Farmanguinhos, que qualifica profissionais para as áreas de pesquisa, desenvolvimento e inovação de medicamentos de origem vegetal, tendo em vista a dinâmica da inovação como um processo social, ambiental, econômico e sustentável.
Atualize-se! Faça a sua inscrição aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
Mais informações
E-mail: educacao@far.fiocruz.br
Telefone: (21) 3348-5058
Por Campus Virtual Fiocruz
*Atualizada em 3/12/2018. Acesse a errata do edital aqui.
Um longo caminho de avaliação, composto por diversas etapas, foi percorrido até a divulgação das práticas finalistas da 1ª edição do Prêmio ODS Brasil, e duas iniciativas da Fiocruz foram classificadas para a etapa final, na categoria – Ensino, Pesquisa e Extensão. As finalistas, Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina e a Plataforma Tecnológica para o Monitoramento Participativo de Emergência e Zoonoses, compõem o grupo de ações da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030/Fiocruz).
Entre os dias 7 de maio e 16 de julho, 1.038 inscrições foram recebidas pela Secretaria de Governo da Presidência da República (Segov), de todas as partes do Brasil, divididas em quatro categorias. Após avaliação dos critérios objetivos estabelecidos no Regulamento do Prêmio e no Guia de Apresentação da Prática, 729 práticas foram validadas nas seguintes categorias: Governo (211); Com Fins Lucrativos (139); Sem Fins Lucrativos (256); e Ensino, Pesquisa e Extensão (123).
Na fase seguinte, um Comitê Técnico composto por servidores da SNAS/Segov-PR, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e do Ministério da Saúde (MS), instituído por meio da Portaria nº 10, de 15 de agosto de 2018, avaliou todas as 729 práticas validadas de acordo com o item 7.2 do regulamento do prêmio, e chegou por meio de diversas rodadas de avaliação, inclusive presencial, à seleção de 39 práticas finalistas. A etapa final de avaliação do Prêmio ODS Brasil consiste no julgamento das práticas finalistas por um Júri de especialistas da questão do desenvolvimento sustentável de diversos matizes da sociedade brasileira, composto por nove representantes das áreas relacionadas às categorias do certame, que se reunirá em 9 de novembro.
A classificação das três práticas vencedoras, por categoria, será conhecida na cerimônia de premiação, que ocorrerá em dezembro, no Palácio do Planalto, em Brasília. Clique aqui e conheça as 39 práticas finalistas da 1ª edição do Prêmio ODS Brasil. E aqui a Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030.
Por Vinicius Ameixa (CCS/Fiocruz), com informações de Segov-PR