Como a tecnologia pode contribuir para o Sistema Único de Saúde e o bem-estar da população? Com essa pergunta em mente, estudantes, desenvolvedores, programadores, designers e profissionais de outras áreas vão se reunir na segunda edição do Hackathon em Saúde, maratona de desenvolvimento tecnológico que acontece nos dias 30/11 e 1/12, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Manguinhos, no Rio de Janeiro. As inscrições estão abertas até o dia 10/11.
Ao longo de dois dias, os participantes vão integrar uma disputa na qual os vencedores terão a chance de ver suas ideias tornadas realidade. Os participantes irão compor equipes em busca de soluções que possam aperfeiçoar processos ou resolver desafios vividos no cotidiano do Sistema Único de Saúde (SUS). Para isso, vão produzir protótipos originais e inovadores para quatro temas diferentes, que já foram selecionados numa etapa anterior, a partir de um edital interno. Os temas apenas serão divulgados quando o edital do evento for publicado – uma medida de segurança para garantir o ineditismo do que será produzido.
Ao fim da maratona, o Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) irá contemplar os vencedores com todo o suporte necessário para que os protótipos sejam desenvolvidos e tornem-se aplicativos, que depois estarão disponíveis para a população e para gestores e profissionais de saúde.
“As equipes vencedoras vão receber diversos subsídios, como a oportunidade de uso de um espaço físico, bolsas e apoio administrativo, para que possam desenvolver os protótipos. Os ganhadores também serão convidados a ministrar oficinas sobre o uso de tecnologias para jovens das comunidades do entorno da Fiocruz”, detalha o coordenador do Hackathon, Ricardo Dantas.
Concebido como uma maratona de programação para soluções no campo da saúde pública, o Hackathon foi realizado pela primeira vez na Fiocruz em 2016. O evento gerou protótipos de aplicativos móveis para seis iniciativas institucionais: Rede Global de Bancos de Leite Humano, Monitoramento e Controle de Vetores, Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Primeira Infância, Circuito Saudável, Acesso Aberto e Museu da Vida. Essa primeira edição da maratona reuniu 60 participantes, divididos em 13 equipes.
“O Hackathon tem uma grande importância para nós do Icict, para a Fiocruz e para todo o SUS, pois lança mão de um processo lúdico para vislumbrar soluções em prol de políticas públicas da área da saúde”, destaca Rodrigo Murtinho, diretor do Icict. Ele ressalta que a participação do público jovem oferece perspectivas renovadas ante desafios cotidianos. “Os jovens dispõem de um tipo de pensamento inovador e criativo que é capaz de trazer elementos novos na busca por soluções, tornando a tecnologia uma aliada do dia a dia”, completa Murtinho.
O Hackathon em Saúde 2019 é apresentado pela Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura, por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura – Lei do ISS. Acesse o regulamento e cadastro para inscrição no site do Hackathon em Saúde.
A Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) já abriu as inscrições para mais uma Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma). É possível se candidatar até o dia 30 de junho de 2020.
A Obsama é um projeto educativo bienal promovido pela Fiocruz para estimular o desenvolvimento de atividades interdisciplinares nas escolas públicas e privadas de todo o país. Dentre os principais objetivos estão o reconhecimento do trabalho desenvolvido por professores e alunos nas escolas e a cooperação com a divulgação de ações governamentais criadas em prol da educação, da saúde e do meio ambiente.
O público são alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental e do ensino médio, de escolas públicas e privadas do Brasil, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC). Há três modalidades para participar: produção audiovisual, projeto de ciências e produção de texto.
Acesse o site para saber como participar e leia o regulamento.
O Setembro Amarelo é uma campanha brasileira de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O mês de setembro foi escolhido porque o dia 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.
No contexto da campanha, a mensagem do Centro de Apoio ao Discente (CAD), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é: "Não sofra sozinho! Peça ajuda". Confira algumas orientações para estudantes sobre o tema, que foram organizadas pelo CAD:
Na Fiocruz tivemos várias ações relacionadas à prevenção do suicídio, com atividades em diferentes unidades. Como se insere a atuação do CAD nesse movimento?
O suicídio é um tema complexo, multifacetado, com causas e formas variáveis. Especialistas indicam uma maior prevalência de transtornos mentais, tais como a depressão, por exemplo, em pessoas que tentam o suicídio. Entretanto, nem todas apresentam esses quadros. O que se tem em comum é um intenso sofrimento psíquico, que pode resultante de perdas, de contextos de assédio ou discriminação, de situações nas quais a pessoa se sente fracassada e sem visualizar uma solução possível. Na vivência dos discentes as incertezas quanto ao futuro profissional, a pressão por produções, a competitividade desenfreada também podem ser fatores contribuintes para o desenvolvimento da depressão e de ideações suicidas.
A atuação do CAD tem como base o acolhimento e a escuta qualificada dos estudantes, abrindo espaço para que as pessoas falem sobre suas dores e dificuldades sem qualquer crítica ou julgamento. Uma escuta empática, que reconhece cada pessoa como única e não tenta qualificar ou desqualificar o sofrimento vivido e nem compará-lo com o de outros. Nesse sentido trabalhamos rotineiramente com a prevenção ao suicídio, pois saber ouvir e acolher é essencial para identificar o risco de uma violência autoinflingida e possibilitar outras formas de expressão do sofrimento.
Isto não significa, entretanto, a negação dos fatores sociais no aparecimento, na manutenção e no aumento do sofrimento. O suicídio e outras formas de violência expressam-se no indivíduo, mas enraizam-se na coletividade, na cultura e na sociedade. Então, ao mesmo tempo que é preciso amparar a pessoa em sofrimento, é preciso apontar sua inserção em uma sociedade cada vez mais competitiva e menos solidária, uma sociedade onde tristeza e dor não são suportadas. Para essa conscientização e também visando o estímulo à formação de laços, têm papel central no trabalho do CAD as rodas de conversa e outras ações coletivas. Em nosso trabalho costumamos usar quatro palavras- chave: escutar, orientar, integrar e apoiar.
A escuta qualificada, o acolhimento e as atividades coletivas são as principais formas de prevenção ao suicídio?
São fundamentais, porém não são exclusivas nem suficientes. Falar sobre o suicídio, conhecer mais sobre o tema e identificar os sinais, são algumas das principais formas de prevenção. O assunto, que já foi um tabu muito maior, ainda enfrenta grandes dificuldades na identificação de sinais, oferta e busca por ajuda, justamente pelos preconceitos e falta de informação. É importante disseminar as informações e sob esse aspecto a comunicação tem um papel central na prevenção. A campanha do Setembro Amarelo se destaca sobretudo ao dar visibilidade para um fato social tão grave.
Quais sinais podem servir de alerta?
A desistência da vida se expressa frequentemente pelo desânimo ou apatia, pela diminuição do autocuidado, pelo desinteresse por pessoas e/ou atividades anteriormente motivadoras, pela desesperança, pelo isolamento e pelas falas mais frequentes sobre morte ou desejo de morrer. Esses são alguns dos sinais que precisam ser percebidos na prevenção do suicídio e com os quais trabalhamos. É importante ressaltar que os sinais não devem ser considerados isoladamente e nem interpretados como ameaças ou chantagens emocionais, e sim como aviso de alerta para um risco real.
Como é feito o atendimento e encaminhamento para o tratamento?
Durante o atendimento, quando identificada a necessidade, é realizado encaminhamento para tratamento com profissionais especializados em instituições parceiras ou, em casos emergenciais, a pessoa é acompanhada ao NUST ou pronto-socorro. Uma pessoa com risco iminente não pode ser deixada sozinha. É importante também contactar uma pessoa de confiança. É importante abordar a questão do suicídio sem a fantasia de que a pessoa será induzida pela pergunta, porque uma ação rápida poderá evitar a continuidade de um processo ainda em andamento. Vale ressaltar que, conforme preconiza a cartilha do Ministério da Saúde sobre como prevenir o suicídio, não há “receita” para detectar seguramente uma crise suicida em uma pessoa próxima, mas é preciso estar atento a possíveis sinais.
Onde buscar ajuda?
• Centro de valorização da vida: 24 horas por dia, 7 dias por semana. Contato por telefone 188, e-mail ou chat. Visite também o website: www.cvv.org.br;
• CAPS do território e unidades básicas de saúde da região;
• Emergência: SAMU 192, UPA e hospitais.
Quer saber mais?
1. Informação e prevenção:
http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/suicidio
https://www.cvv.org.br/wp-content/uploads/2017/05/suicidio_informado_para_prevenir_abp_2014.pdf
2. Para profissionais de imprensa:
https://portal.cfm.org.br/images/PDF/manualimprensacomportamentosuicida.pdf
https://www.who.int/mental_health/prevention/suicide/en/suicideprev_media_port.pdf
*Flávia Neves de Oliveira é assistente social e Márcia Silveira é coordenadora do Centro de Apoio ao Discente (CAD), da Fiocruz.
O Prêmio Capes de Tese 2019 premiou um aluno e concedeu duas menções honrosas a outras duas alunas da pós-graduação da Fiocruz. Jorlan Fernandes de Jesus, aluno da pós-graduação em Medicina Tropical do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) ganhou o Prêmio pela tese, vinculada ao programa Brasil sem Miséria, Arenavírus no Brasil: ecoepidemiologia e os aspectos de sua ocorrência no processo de expansão da agricultura familiar, na Área de Conhecimento Medicina II. O estudante foi orientado por Elba Regina Sampaio De Lemos. Outras duas alunas receberam menções honrosas.
Para a coordenadora-geral adjunta de Educação da Fiocruz, Eduarda Cesse, o prêmio tem um valor inestimável e atesta a qualidade das teses da pós-graduação brasileira. “É uma grande satisfação para a instituição e a certeza de que estamos formando bons quadros”, afirma, ressaltando que as teses são analisadas por avaliadores ad hoc. Os três alunos serão homenageados em 15 de outubro, na cerimônia de entrega do Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, instituído pela Fiocruz.
Fernanda de Bruycker Nogueira, da pós-graduação em Biologia Parasitária do IOC/Fiocruz, recebeu menção honrosa do Prêmio Capes pela tese História evolutiva, caracterização e vigilância molecular das diferentes linhagens do vírus dengue tipo 1 no Brasil, dentro da Área de Conhecimento Ciências Biológicas III. Ela foi orientada por Flavia Barreto Dos Santos. Já Vanessa Silva Moraes, que além de aluna é também servidora do Instituto René Rachou (IRR/Fiocruz Minas), recebeu menção honrosa pela tese Produção de uma proteína recombinante do ovo de Schistosoma mansoni e avaliação de desempenho pelo imunoensaio de Elisa indireta empregando amostras sorológicas humanas, na Área de Conhecimento Medicina II. Vanessa esteve sob orientação de Paulo Marcos Zech Coelho.
Outra premiação importante do ano foi o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, cuja primeira edição ocorreu em 2017, com quatro áreas: Medicina; Saúde Coletiva; Ciências Sociais e Humanas; e Ciências Biológicas Aplicadas a Saúde e Biomedicina. Os agraciados de 2019 são, em Medicina, Luana Lorena Silva Rodrigues (premiada), do IOC/Fiocruz, e Vanessa Silva Moraes (menção honrosa), da Fiocruz Minas. Em Saúde Coletiva, Tatiana Vasconcelos dos Santos (premiada), do Instituto Nacional da Mulher, da Criança e do Adolescente (IFF/Fiocruz) e Ana Carolina Proença da Fonseca (menção honrosa), do IOC/Fiocruz. Em Ciências Biológicas aplicadas a Saúde e Biomedicina, Andréa Marques Vieira da Silva (premiada), do IOC/Fiocruz, e Denise Anete Madureira Alvarenga, da Fiocruz Minas, e Kayo Cesar Bianco Fernandes, do INCQS (menções honrosas). Em Ciências Humanas e Sociais, Daniela Savaget Barbosa Rezende (premiada), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica (Icict/Fiocruz), e Aluízio de Azevedo Silva Júnior (Icict) e Luiz Alves Araújo Neto, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), ambos com menções honrosas.
A seleção foi realizada por uma Comissão Avaliadora de membros externos à Fundação e acompanhada pela Coordenação-Geral de Educação (CGEd/Fiocruz). No total, foram quatro vencedores e seis indicados a menções honrosas. Todos os que receberam prêmios e menções honrosas receberão certificados, assim como os orientadores. Cada premiado receberá um certificado, com indicação do ano de premiação. Além disso, também contarão com o apoio de R$ 7.500 (apenas os premiados) para participar de evento acadêmico/científico nacional ou internacional.
Conheça, também, os nomes dos orientadores dos projetos selecionados:
• Aluízio de Azevedo Silva Júnior | Orientação: Inesita Soares de Araújo/Maria Natália Ramos
• Ana Carolina Proença da Fonseca | Orientação: Pedro Hernan Cabello Acero
• Andréa Marques Vieira da Silva | Orientação: Milton Ozório Moraes
• Daniela Savaget Barbosa Rezende | Orientação: Inesita Soares de Araújo/Kátia Lerner
• Denise Anete Madureira Alvarenga | Orientação: Cristiana Ferreira Alves de Brito/Taís Nobrega de Sousa
• Kayo Cesar Bianco Fernandes | Orientação: Maysa Beatriz Mandetta Clementino
• Luana Lorena Silva Rodrigues | Orientação: José Henrique da Silva Pilotto/Alcina Frederica Nicol
• Luiz Alves Araújo Neto | Orientação: Luiz Antonio da Silva Teixeira
• Tatiana Vasconcelos dos Santos | Orientação: Romeu Gomes/Martha Cristina Nunes Moreira
• Vanessa Silva Moraes | Orientação: Paulo Marcos Zech Coelho/Rafaella Fortini Grenfell e Queiroz/Lisa Shollenberger McEwen
* Atualizado em 13/9/2019.
Os pós-graduandos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foram para a rua. No último dia 9/9, alunos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) estenderam cartazes e protestaram, em caminhada que partiu do campus da Fiocruz e foi para as ruas da Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. A mobilização teve um propósito claro: ir contra os cortes anunciados, ao longo do ano, para os orçamentos da ciência e da educação.
Richarlls Martins, coordenador-geral da APG-Fiocruz, explica que o ato representou a resistência do movimento social frente à política de enfraquecimento do sistema nacional de ciência e tecnologia brasileiro. "A Fiocruz é um patrimônio do Brasil, que há quase 120 anos produz pesquisa em saúde para a população brasileira, independente do projeto político em curso", pontuou. "Hoje, a manifestação dos alunos do IOC dialoga com demandas de ação urgentes neste sentido".
No mesmo dia do ato, foi publicada uma nota do Conselho Deliberativo da Fiocruz em defesa da pesquisa e da pós-graduação como patrimônios da sociedade brasileira. Confira a nota, na íntegra:
"O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (CD Fiocruz) vem se somar às universidades públicas e demais instituições de ensino e pesquisa em defesa do caráter estratégico da ciência e da pós-graduação para o desenvolvimento soberano do país e resolução dos graves problemas da sociedade brasileira.
Os cortes que atingiram os orçamentos das áreas de Educação e de Ciência e Tecnologia ao longo de 2019 e a ameaça de redução do orçamento federal dessas áreas para 2020 colocam em risco o desenvolvimento científico e tecnológico do país e o sistema de pós-graduação construído e expandido nas últimas cinco décadas, que contribuíram de forma decisiva para fortalecer a pesquisa nacional e projetar o Brasil no cenário internacional.
A gravidade da situação se expressa nas sucessivas retiradas de cotas de bolsas de estudantes da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para alunos de Mestrado, Doutorado e Pós-Doutorado, assim como para os alunos de Iniciação Científica (graduação e ensino médio) ao longo deste ano, culminando na suspensão por Capes e CNPq da inclusão de novos bolsistas a partir de setembro de 2019, mesmo havendo alunos aprovados que aguardam a implantação das bolsas para iniciar os estudos, nas diversas instituições de ensino e pesquisa nacionais.
Tais medidas impedem que milhares de estudantes se insiram nestas instituições, reduzindo as oportunidades de formação de professores e cientistas e os incentivos para que os jovens sigam na docência ou na carreira científica. Geram ainda prejuízos adicionais para as atividades de pesquisa nas diferentes áreas do conhecimento, dada a relevante contribuição dos estudantes nesse âmbito.
A Fiocruz é uma instituição nacional de ciência e tecnologia voltada para geração de conhecimento científico e de soluções dos problemas de saúde, comprometida com o Sistema Único de Saúde (SUS) e a melhoria das condições de vida da população brasileira.
As atividades da Fiocruz perpassam todas as áreas de conhecimento estratégicas para o enfrentamento dos problemas de saúde, envolvendo pesquisa básica laboratorial, pesquisa clínica, inovação tecnológica, desenvolvimento e produção de insumos (medicamentos, vacinas, métodos diagnósticos), controle da qualidade de produtos ligados à saúde, assistência à saúde em unidades de referência, estudos ambientais e sobre determinantes sociais em saúde, ações de informação e comunicação em saúde. As atividades de educação são desenvolvidas nos diversos níveis de conhecimento, da Iniciação Científica ao Pós-Doutorado, incluindo a formação de quadros para a gestão pública e o SUS. Compreende-se que a resolução dos problemas de saúde da população brasileira requer contribuições de todas as áreas do conhecimento – da área biomédica às ciências humanas e sociais –, o que exige investimentos públicos em pesquisa e na formação de profissionais qualificados nos diversos campos e frentes de atuação.
A ciência e a educação são bases para o fortalecimento do SUS e de um projeto nacional de desenvolvimento orientado para a soberania nacional e autonomia tecnológica, com direitos sociais e sustentabilidade ambiental. Os efeitos negativos dos sucessivos cortes na pesquisa e nas bolsas de estudantes, caso não sejam revertidos, vão repercutir negativamente nas próximas décadas, com prejuízos para o país em termos de sua capacidade de produzir conhecimento e de formar profissionais para dar conta dos graves problemas que atingem a população brasileira, afetando as atuais e futuras gerações.
A Fiocruz reafirma seu compromisso com a reversão dessa grave situação a que estão submetidas a pesquisa e a formação de profissionais qualificados no Brasil e se une aos diversos grupos sociais na mobilização em defesa dos investimentos em ciência, em educação e em saúde, como eixos fundamentais para a retomada do crescimento do país, a promoção do bem-estar social e da melhoria das condições de vida da população brasileira."
Já pensou em receber dicas de como escrever o seu projeto? O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) está com inscrições abertas, até 9 de setembro, para o curso Produção Textual: como escrever (bem) Projetos e Monografias.
Coordenado pela pesquisadora Elizabeth de Souza Neves, o curso será ministrado de 4 de outubro a 29 de novembro. O objetivo é capacitar candidatos e alunos da pós-graduação a escrever de forma correta e clara seus projetos e monografias.
A capacitação é presencial: com 15 vagas disponíveis, os alunos selecionados cursarão uma carga horária total de16 horas. As aulas serão ministradas às sextas-feiras, das 9h às 11h, na sede do INI, que fica no campus da Fiocruz.
Saiba mais e inscreva-se aqui pelo Campus Virtual Fiocruz.
Mais de 80 mil pesquisadores em todo o Brasil vão ficar sem bolsa a partir do mês de setembro, caso o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) não consiga sanar, de imediato, um déficit de R$ 330 milhões no seu orçamento. O Conselho divulgou uma nota sobre a suspensão da indicação de bolsistas no dia 15 de agosto.
Diante da gravidade da situação, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) manifestou apoio ao órgão, dado seu papel primoridial no apoio à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. Em carta, a Fiocruz destaca que os recursos são destinados a diversos projetos e ao financiamento de bolsas para estudantes e pesquisadores, que contribuem para o SUS e para a promoção de melhorias nas condições de vida e saúde da população brasileira.
Nesta quarta-feira (21/8), o presidente do CNPq, João Luiz Filgueiras de Azevedo, estaria na Fiocruz**. No entanto, o evento foi cancelado: a coordenação do Núcleo de Estudos Avançados do IOC informou que, por motivo de agenda, a edição com o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), João Luiz Filgueiras de Azevedo foi cancelada. Filgueiras ministraria a palestra CNPq, ciência e inovação para o futuro do país.
No dia 16 de agosto, a Fiocruz publicou uma carta em apoio ao CNPq. Confira o texto completo, na íntegra:
"O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vem manifestar seu apoio ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) diante da grave crise orçamentária e financeira vivida pelo órgão. A Fiocruz defende a necessidade de dotação de recursos e infraestrutura adequados ao cumprimento da missão do CNPq de fomentar a ciência, tecnologia e inovação e atuar na formulação de suas políticas, contribuindo para o avanço das fronteiras do conhecimento, o desenvolvimento sustentável e a soberania nacional.
Conforme deliberação da 16ª Conferência Nacional de Saúde, a política nacional de saúde deve priorizar a ciência, tecnologia e inovação como base essencial para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) e de um projeto nacional de desenvolvimento comprometido com a soberania nacional, autonomia tecnológica, com direitos sociais e sustentabilidade ambiental.
Como instituição científica e tecnológica voltada para a produção de conhecimentos e soluções em saúde pública, a Fiocruz é testemunha do papel primordial exercido pelo CNPq no apoio à pesquisa, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação. São inúmeros os projetos desenvolvidos pela Fundação com suporte do CNPq, seja por meio de transferência de recursos diretos ou pelo financiamento de bolsas para estudantes e pesquisadores, que contribuem para o SUS e para a promoção de melhorias nas condições de vida e saúde da população brasileira.
Dentre os exemplos estão as pesquisas realizadas no enfrentamento da emergência sanitária representada pela síndrome congênita associada ao vírus zika, o desenvolvimento tecnológico de kits para diagnóstico diferencial pra Zika, Dengue e Chikungunya, e estudos realizados no campo da biodiversidade e saúde que permitem o rastreamento de casos de febre amarela e outras arboviroses. Todos esses representam avanços recentes obtidos pela Fiocruz com alto impacto para a sociedade e que contaram com central apoio do Conselho, prova contundente de sua relevância para o país.
A Fundação conta também com diversos programas responsáveis pela formação de jovens talentos na ciência e pelo desenvolvimento de conhecimento e tecnologias em favor da saúde do povo brasileiro, garantidos por meio parcerias com o CNPq: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibit) e o Programa de Pesquisador Visitante. Ainda no campo do ensino, 40 programas de pós-graduação stricto sensu desta instituição, voltados para a formação de mestres e doutores nas diversas áreas das ciências biomédicas, pesquisa clínica, saúde coletiva e desenvolvimento tecnológico, dependem, em boa medida, dos recursos transferidos pelo CNPq. Centenas de estudantes poderão, portanto, não ter mais condições de estudar, caso esta grave crise financeira do CNPq não for revertida.
Diante dos riscos decorrentes para os projetos de pesquisa e ensino da Fiocruz, e entendendo que ciência, tecnologia e inovação devem ser considerados componentes estruturantes e estratégicos para a retomada de crescimento de um país justo, soberano, sustentável e voltado para as necessidades da sociedade, o Conselho Deliberativo se soma às diversas entidades científicas pela defesa da manutenção do CNPq e pela reversão de sua atual crise financeira."
*Com informações de Jornal da USP e Maíra Menezes (IOC/Fiocruz)
**Atualizado em 20/8/2019.
Patógenos, bacteriófagos e outros nomes esquisitos soavam como música aos ouvidos de Eduardo Volotão. Apaixonado por virologia, o garoto soube cedo que queria ser cientista, passar horas no laboratório, estudar os vírus e as bactérias. Fez isso por 23 anos no Brasil, desde que ingressou no curso de Microbiologia e Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A aprovação em um concurso da Fiocruz, em 2006, o aproximou da epidemiologia e da saúde pública. Foi o momento mais significativo de sua carreira de pesquisador, ele diz. “Mostrou para mim que era possível sonhar cada vez mais alto”. O mais frustrante? “Ver o fim das bolsas de pesquisa em diferentes níveis e o contingenciamento das instituições de ensino e pesquisa no país”.
Há cinco meses, Eduardo trocou o Rio de Janeiro por Montevidéu, no Uruguai. Insatisfeito com a falta de investimento e a destruição das políticas públicas de ciência e tecnologia ligadas à formação de recursos humanos, decidiu acompanhar a esposa também cientista no pós-doutorado dela. Apesar da instabilidade financeir e das saudades de casa e da avó de 99 anos, Eduardo não pretende voltar. Quer tentar carreira acadêmica no exterior e trabalhar com novos projetos aplicados à realidade do Uruguai, país que vem mantendo um crescimento sustentável na sua área de interesse. “Está passando pela descentralização das universidades para o interior, o que permite maior acesso, além do foco na produção científica”, ele analisa. “A diferença maior é que eles estão em crescimento e nós, no Brasil, pegamos o caminho contrário”.
Ainda que não exista um levantamento sobre o número de pesquisadores que, como Eduardo, decidiram arrumar as malas e partir para outros países, são cada vez mais frequentes os relatos de um certo êxodo científico. Assunto recorrente no Brasil, a desvalorização da pesquisa voltou à carga este ano, desde que o Ministério da Educação (MEC) anunciou, em maio, um bloqueio de 30% no orçamento para despesas discricionárias, usadas para custear serviços como água, luz e limpeza, em todas as universidades do país (Radis 201). Ainda que o ministério tenha preferido o usar o termo “contingenciamento” e afirmado que o bloqueio era preventivo, a situação alterou a rotina universitária e atingiu em cheio os centros de pesquisa.
Some-se a isso a ameaça ao corte de bolsas de diversos níveis por parte das principais agências de fomento do país. Em todo o Brasil, cerca de 6 mil bolsas já foram cortadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), enquanto o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) — que responde pelo pagamento aproximado de 80 mil bolsistas, 11 mil projetos de pesquisa, 500 eventos científicos e 200 periódicos — informou o bloqueio de 42% de seu orçamento. Diga-se que o valor das bolsas de mestrado e doutorado estacionou em R$ 1,5 mil e 2,2 mil, respectivamente, permanecendo sem reajuste há exatos seis anos.
Para o professor e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho, ouvido por Radis, enxugar orçamento, em um sistema de reduzida autonomia como as universidades, significa estrangulamento e desmonte. Na sua opinião, cortar bolsas é o mesmo que “matar o futuro”, uma vez que a reprodução de docentes e pesquisadores precisa contar com financiamento prévio para candidatos que irão repor os quadros da educação superior. “A médio prazo, teremos um êxodo de mentes talentosas e dedicadas ao ofício de produzir conhecimento”, calcula. Em alguns setores, é certo que esse êxodo já começou. No longo prazo, o professor enxerga apagões e crises, culminando “com o aumento da dependência política e econômica numa nova ordem internacional que valoriza a ciência, a tecnologia e a inovação”.
Em Montevidéu, Eduardo continua pesquisando virologia, enquanto se prepara para concursos. Estuda pelo menos quatro horas por dia e presta consultoria na área de biossegurança, mantém projetos em colaboração com grupos de pesquisa da Fiocruz-RJ e Fiocruz-AM e sente muita falta do podcast Microbiando — projeto de divulgação científica que ajudou a construir na UFRJ e que traz notícias e atualidades do mundo da microbiologia e imunologia, de maneira divertida e casual. “A grande força acadêmica está nas nossas universidades e nas instituições de pesquisa que cresceram nas últimas décadas”, diz, lamentando que projetos nacionais e internacionais tenham sido interrompidos. “Grupos se desfizeram e linhas de pesquisa foram deixadas de lado”, comenta. “O Brasil já ficou atrás na era da industrialização e corre o sério risco de também perder lugar na era tecnológica”.
Continue a leitura no site da Radis.
Confira também a edição completa de agosto da publicação.
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) lançou o edital do Processo Seletivo 2020. A Escola oferece 96 vagas em três habilitações técnicas integradas ao ensino médio: análises clínicas, biotecnologia e gerência de saúde. As inscrições ficam abertas de 16 de agosto a 6 de setembro e devem ser feitas pela internet.
O processo seletivo da EPSJV é feito por meio de prova e sorteio público. De acordo com o cronograma, a prova está prevista para o dia 6 de outubro. O exame terá 28 questões de múltipla escolha, sendo 14 de Língua Portuguesa e 14 de Matemática. Os candidatos que acertarem, no mínimo, 50% de cada uma das áreas de conhecimento serão considerados aptos para a participação no sorteio público, previsto para o dia 9 de novembro.
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio fica em Manguinhos, no Rio de Janeiro (RJ). Mais informações através do site, pelo e-mail pseletivo.epsjv@epsjv.fiocruz.br ou pelo telefone (21) 3865-9805.
* Atualizado em 16/8/2019.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) lançou uma chamada pública para monitores de pesquisa atuarem na 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª + 8). Os interessados devem preencher o formulário online disponível no site do CNS até o dia 24 de junho.
A pesquisa “Saúde e democracia: estudos integrados sobre participação social na 16ª Conferência Nacional de Saúde” tem por objetivo analisar a participação social no processo da 16ª Conferência, em dimensões que permitam sistematizar evidências da relevância e da abrangência do processo participativo nas etapas e atividades que a compõem.
Os monitores serão selecionados pela Comissão de Relatoria da 16ª Conferência para participarem de maneira voluntária da pesquisa. São 100 vagas disponíveis para estudantes de graduação ou pós-graduação participarem em atividades de pesquisa, coleta de dados, realização de entrevistas e observação das ações que compõem a programação da conferência. Os candidatos devem observar todos os requisitos necessários para a realização das atividades de monitores da pesquisa, constantes no edital da chamada pública.
Para se inscrever é necessário estar regularmente matriculado em algum curso de graduação (licenciatura ou bacharelado) ou de pós-graduação (especialização, residências, mestrado ou doutorado), estar em Brasília de 3 a 7 de agosto, com disponibilidade integral para as atividades da pesquisa e outras atividades da Comissão de Relatoria, entre outros requisitos. Os candidatos também devem elaborar uma carta de intenção com as motivações para concorrer à condição de pesquisador e apoiador à Comissão de Relatoria.
Os monitores receberão certificado de participante convidado da 16ª CNS com carga horária total de 40h e uma declaração de participação voluntária nas atividades da pesquisa. A lista dos selecionados será publicada no site da 16ª Conferência Nacional de Saúde no dia 1º de julho.
Faça a sua inscrição e confira o edital de chamada pública para seleção de monitores.