O Sextas de hoje traz Julio Cortázar, escritor, tradutor e intelectual argentino. Sem renunciar à nacionalidade argentina, ele optou por adquirir a nacionalidade francesa, em 1981, em protesto contra a ditadura militar argentina. Julio é considerado um dos autores mais inovadores e originais de sua época, mestre da história, prosa poética e conto em geral, além de criador de romances importantes que inauguraram uma nova maneira de fazer literatura no mundo hispânico, quebrando os moldes clássicos através de narrativas que escapam à linearidade temporal. Como o conteúdo de seu trabalho viaja na fronteira entre o real e o fantástico, ele geralmente é colocado em relação ao realismo mágico e até ao surrealismo.
#ParaTodosVerem Banner com uma imagem ilustrativa, no fundo há diversas cores em tons claros, como rosa, azul, verde e lilás, no centro há silhuetas de dois rostos de perfil, eles se sobrepõem, um está virado para a esquerda e o outro para a direita, por cima da ilustração está o poema de Julio Cortázar:
Não
pode ser
que
estejamos
aqui para
não poder
ser.
O Sextas de Poesia essa semana apresenta o poema "Nostos", de Louise Glück. A palavra grega “nostos”, recorrente na literatura antiga, significa retorno, regresso à casa após uma longa viagem. “Nostos” foi a palavra escolhida por Louise Glück para o título do poema do qual extraímos os versos de hoje, publicado na coletânea de poemas ‘Meadowlands’ (1996).
“Aqueles de nós que escrevem livros supostamente desejam alcançar muitos. Mas alguns poetas não buscam alcançar muitos em termos espaciais, como em um auditório lotado. Eles buscam alcançar muitos de modo temporal, sequencialmente, ao longo do tempo, no futuro. Por alguma razão profunda, esses leitores sempre chegam individualmente, um por um” – discursou Glück, quando premiada com o Nobel de Literatura de 2020.
Na ocasião, ela destacou o teor íntimo e privado de sua poesia – como aquele tipo que mais a atraiu também como leitora –, em que o papel de quem a lê é essencial.
Nascida em 1943, a novaiorquina recebeu ainda o Prêmio Pulitzer, em 1993, por ‘The Wild Iris’.
#ParaTodosVerem Fotografia de duas crianças de costas, um menino que usa uma blusa azul e bermuda clara, e uma menina que usa um chapéu bege, blusa branca e saia escura, os dois manuseiam folhas em uma árvore, ao fundo há uma casa com janelas e plantas na frente da casa. No canto inferior direito há um trecho do poema "Nostos", de Louise Glück:
...Nós olhamos
para o mundo
uma vez, na
infância.
O resto é
memória.
Sextas celebra o Nobel da Paz, Nelson Mandela, que, desde 2009, foi homenageado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a criação do Dia Internacional de Nelson Mandela. A data celebra a jornada do maior líder político da África do Sul – e um dos maiores nomes pela paz e liberdade no mundo. A efeméride é celebrada anualmente em 18 de julho, data de nascimento de Mandela.
Carinhosamente chamado de Madiba por seu povo, Mandela ganhou notoriedade quando entrou para a política na África do Sul e lutou ativamente contra o Apartheid, sistema de segregação racial entre negros e brancos que perdurou entre 1948 e 1994 no país africano. Durante 27 anos de prisão, Mandela se tornou o prisioneiro político mais conhecido do mundo.
Em tempos de guerra, o Sextas traz as palavras de Mandela - que dedicou sua vida a serviço da humanidade, como advogado de direitos humanos, prisioneiro de consciência, pacificador internacional e o primeiro presidente democraticamente eleito de uma África do Sul livre: "É tão fácil quebrar e destruir. Os heróis são aqueles que fazem a paz e constroem".
*Com informações da ONU Brasil.
#ParaTodosVerem Banner com as cores amarelo, vermelho e verde, no centro do banner uma foto de Nelson Mandela em preto e branco, uma pessoa idosa, de pele negra e cabelos grisalhos, seus lábios estão fechados e sorrindo, no canto direito inferior uma frase dele:
É
tão fácil
quebrar e
destruir.
Os heróis
são aqueles
que fazem
a paz e
constroem.
Hoje, o Sextas de Poesia faz uma homenagem a Pablo Neruda, um dos maiores poetas contemporâneos, que emprestou sua sensibilidade e amor à América Latina.
No poema desta semana, Soneto LXVI, Neruda mostra a força e a dor do amor.
"Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo".
Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, nascido na pequena cidade de Parral, em 12 de julho de 1904, no Chile, ficou conhecido pelo seu pseudônimo: Pablo Neruda. O poeta ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Além disso, foi diplomata, representando seu país como cônsul na Espanha e no México, e abandonou a carreira para se tornar senador em 1945. Neruda morreu em Santiago, no dia 23 de setembro de 1973. Apoiador do presidente chileno Salvador Allende, o escritor faleceu poucos dias após o golpe militar comandando pelo general Augusto Pinochet, que colocaria o Chile em uma ditadura de 17 anos.
#ParaTodosVerem Banner com uma ilustração, nela há duas pessoas de perfil, apenas as suas sombras, há coraçoes ao redor e no rosto de cada um há um coração rachado, no centro do banner um trecho do poema de Pablo Neruda, Soneto LXVI:
Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo
Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego...
O Sextas de Poesia desta semana traz o "Beijo", de Mia Couto. O poema integra o livro "Tradutor de Chuvas", e aborda a intensidade do momento que antecede o beijo, buscando a essência do desejo e da expectativa antes do contato físico de fato. O autor fala sobre o "instante antes", e explora a tensão e o tremor que precedem o beijo, mais do que no ato em si.
Nascido em 7 de julho de 1955, o poeta africano Mia Couto recebeu inúmeros prêmios literários ao longo de sua carreira. Entre eles o Prêmio Neustadt, em 2014, tido como o Nobel Americano, e o Prêmio Camões, em 2013. O poeta também foi homenageado com a criação do Prêmio Literário Mia Couto, pela Cornelder de Moçambique e a Associação Kulemba. A iniciativa pretende estimular a produção literária de qualidade em Moçambique, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente no país.
#ParaTodosVerem Foto de dois lábios muito próximos, quase se beijando, há um contorno de luz no queixo das duas pessoas. No lado direito da foto um poema de Mia Couto, "Tradutor de chuvas":
Beijo
Não quero o
primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão
do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser na boca.
O Sextas de Poesia apresenta a escritora Ana Martins Marques, mineira de Belo Horizonte, que nasceu em 1977. Graduada em letras, tem doutorado em literatura comparada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Entre outros livros, publicou, pela Companhia das Letras, 'Da arte das armadilhas', em 2011, livro vencedor do prêmio da Biblioteca Nacional; e o 'Livro das semelhanças', em 2015, terceiro lugar no prêmio Oceanos; além da reedição de 'A vida submarina', em 2021, lançado originalmente em 2009 pela editora Scriptum.
O poema de hoje, Caçada, faz parte do livro 'Da arte das armadilhas', mostrando as contradições e sentimentos do amor.
#ParaTodosVerem Foto de uma mulher de costas, há portais à sua frente, ela possui cabelos cacheados escuros, uma blusa preta e branca de manga comprida e segura na mão de outra pessoa, no canto direito da imagem um poema de Ana Martins Marques, Caçada:
E o que é o amor
senão a pressa
da presa
em prender-se?
A pressa
da presa
em
perder-se
O Sextas de Poesia desta semana faz sua homenagem ao Dia dos Namorados. Com o poema "O sempre amor", de Adélia Prado, ela nos diz que o amor "é a coisa mais triste, a coisa mais alegre, o amor é a coisa que mais quero".
Em 2024, a renomada escritora mineira recebeu uma das mais prestigiadas honrarias da língua portuguesa: o Prêmio Camões, aos 88 anos.
Adélia Prado publicou seu primeiro livro em 1976, com mais de 40 anos, e nunca mais parou de surpreender com a delicadeza e a simplicidade de seus versos. Ela é considerada a herdeira poética de Carlos Drummond de Andrade e, além do Camões, em um intervalo de menos de uma semana, ela também recebeu o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).
Ao longo de sua carreira, Adélia acumulou muitos outros prêmios, como o Prêmio Jabuti, em 1978, o ABL de Literatura Infantojuvenil, em 2007, o Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional e da Associação Paulista dos Críticos de Arte, ambos em 2010, o Prêmio Clarice Lispector, em 2016, entre outros.
#ParaTodosVerem Foto de uma escultura, nela há a representação de duas pessoas abraçadas com véus sobre as suas cabeças. No canto direito da foto, o poema de Adélia Prado, "O sempre amor":
Amor é a coisa mais alegre
amor é a coisa mais triste
amor é coisa que mais quero.
Por causa dele falo palavras como lanças
Amor é a coisa
mais alegre
amor é a coisa
mais triste
amor é coisa que
mais quero.
Por causa dele
podem entalhar-me,
sou de
pedra-sabão.
Alegre ou triste,
amor é coisa que
mais quero.
O Sextas de Poesia desta semana começa seu especial de junho, mês dos namorados. O primeiro da série é o poema "Imensidão", de Luca Brandão, que nos convida a navegar e amar.
Luca Brandão, o Lucão, é autor de 8 livros, 5 deles de poesia, 1 romance e 2 de crônicas. É professor de cursos de escrita criativa e literária pelo país. Também é cronista do jornal O Popular.
Nasceu em 1984, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal de Goiás e desde os 16 anos alimenta o amor pela escrita. Em 2006, começou a publicar seus poemas, tornando-se um dos participantes do movimento que espalhou poesia na Internet. Hoje, é escritor profissional, escreve diariamente e é acompanhado por quase meio milhão de leitores nas redes.
Os escritos de Luca Brandão são reconhecidos pelos jogos de palavras e também pelo lirismo. É poeta da simplicidade, disposto a encontrar a poesia nos detalhes.
#ParaTodosVerem Foto do mar com ondas batendo, na frente, um coração desenhado na areia, do lado direito do banner está escrito o poema de Luca Brandão, Imensidão:
Aos que não amam
Por medo de naufragar:
Não seja o barco,
Seja o mar.
O Sextas de Poesia apresenta Tatiana Eskenazi, com (Des)caminhos, que faz parte do seu segundo livro "Na carcaça da cigarra", editora Laranja Original (2021).
Tatiana Eskenazi é administradora, fotógrafa e poeta. Pós-graduada pelo curso Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz. Publicou também o livro de poemas "Seu retrato sem você" (Quelônio, 2018). Multiartista e pesquisadora, ela trabalha outras formas de expressão poética além da palavra, por meio do projeto de não retratos "Seu retrato sem você", uma investigação sobre a ausência. É associada da Capivara Instituto Cultural, onde coordena o projeto Itinerário de Poesia, dentre outras iniciativas poéticas.
#ParaTodosVerem Banner com diversas ilustrações de mulheres no fundo, loiras, morenas e com cabelo rosa. No centro, um poema de Tatiana Eskenazi, "Na carcaça da cigarra":
(DES) CAMINHOS
sou todos aqueles
os quais me tornei
desejando ser outros
O Sextas desta semana traz um poema da jovem escritora portuguesa Inês Francisco Jacob, nascida em Lisboa em 1992. Licenciada pela Faculdade de Letras e pós-graduada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, ela escreve desde que se lembra, mas foi a partir da adolescência que essa tarefa se tornou imprescindível. Inês têm poemas publicados nas revistas Apócrifa (Terças de Poesia Clandestina) e Telhados de Vidro, costuma contribuir com textos para várias publicações online, e atuou como bolsista de criação literária da Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB) - um serviço central da administração do Estado Português. Sair de cena é o seu primeiro livro de poesia e foi editado pela editora Não (Edições), em 2020, e pela editora brasileira Corsário-Satã, em 2021. Maremorto, o seu segundo livro, foi publicado pela editora Alambique, no fim de 2021, e traz o poema escolhido nesta edição do Sextas.
#ParaTodosVerem Foto do mar com poucas ondas, ao fundo, no centro da foto, a luz do sol, do lado esquerdo diversas árvores. No centro, flutuando no mar, uma mulher olhando para o céu. Na parte inferior da foto, o poema de Inês Francisco Jacob, Maremorto:
O mar foi o primeiro a dizer:
ao meu colo
não tens peso