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Publicado em 13/03/2023

Pesquisa de aluno da Ensp ganha Prêmio Eleutério Rodrigues Neto

Autor(a): 
Danielle Monteiro (Ensp)

A tese de doutorado em Saúde Pública Eficiência da Atenção Primária à Saúde nas capitais brasileiras: um estudo comparativo que considera os modelos de gestão adotados, de autoria do aluno da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), André Ramos, ganhou o Prêmio Eleutério Rodrigues Neto, concedido aos melhores trabalhos apresentados no Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão).

Em sua terceira edição, a premiação foi criada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) em reconhecimento à importância do sanitarista para a Saúde Coletiva e a sua atuação na construção do Sistema Único de Saúde (SUS). A ideia é, além de homenagear Eleutério, fortalecer o espaço de valorização dos trabalhos apresentados no Abrascão.

O estudo foi apresentado e premiado durante a 13º edição do congresso, realizada em novembro de 2022, em Salvador.  A pesquisa teve como orientadora a vice-diretora da Escola de Governo em Saúde (VDEGS/Ensp), Marismary Horsth De Seta e, como segundo orientador, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Marcelo Battesini.

"Recebemos com muita satisfação o Prêmio Eleutério Rodrigues Neto, pelo reconhecimento da Associação Brasileira de Saúde Coletiva ao esforço para a realização do trabalho, que buscou valorizar o serviço público e o poder estatal na gestão das políticas sociais. Agradeço de maneira especial aos orientadores Marismary De Seta e Marcelo Battesini, por todo o apoio na pesquisa acadêmica, e externo meu respeito e carinho pela Ensp, instituição que me acolheu e capacitou na área da gestão, de excelência na formação em Saúde Pública, corroborada pela representação atual da nossa Ministra da Saúde, em tempo de reconstrução do país", afirma André.

O trabalho premiado analisou a eficiência das capitais brasileiras e do Distrito Federal na Atenção Primária à Saúde (APS) entre 2008 e 2019, a partir da experimentação da terceirização dos serviços de atenção básica mediante organizações sociais, empresa pública e fundações estatais de direito privado, ou a manutenção da gestão e da provisão mediante administração direta. A pesquisa revelou que as quatro capitais identificadas como de terceirização por modelos alternativos na APS não obtiveram maior eficiência perante a administração direta, assim como não evoluíram ao longo do tempo analisado. Em 2019, apenas capitais de gestão por administração direta conseguiram obter índice máximo de eficiência relativa na comparação entre as capitais. As quatro capitais com modelos gerenciais alternativos à administração direta não conseguiram atingir a fronteira de eficiência em nenhum dos anos contemplados na pesquisa.

Segundo André, o estudo confirma que os novos modelos de gestão não auferiram maior eficiência na APS em relação à administração direta. Os modelos alternativos tampouco trouxeram ganho de eficiência, contrariando a visão neoliberal de novo modelo de gestão, que acredita na maior eficiência com a adoção de fundamentos do mercado e inclusão de instituições privadas na “qualificação” da prestação de serviços públicos, especialmente nas políticas sociais.

Publicado em 23/11/2022

Fiocruz participa de oficina pré-Abrascão para mobilizar mais instituições

Autor(a): 
Ensp/Fiocruz

Os desdobramentos da oficina pré-congresso da Abrasco “A formação de sanitaristas no contexto de múltiplas crises: uma agenda para o ensino, pesquisa e cooperação”, organizada a várias mãos dentro da Fiocruz após iniciativa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp), terão ainda mais participantes ligados à questão da saúde coletiva. Realizada nos dias 19 e 20 de novembro, véspera do Abrascão 2022, a oficina deu o pontapé inicial para a construção de um programa de formação do sanitarista junto à Rede Brasileira de Escolas de Saúde Pública (RedEscola), universidades e movimentos sociais e outras entidades, confirmando seu potencial integrador. “Foi bem importante a realização dessa oficina proposta pela Ensp e que contou com a participação de várias unidades da Fiocruz e também de universidades, movimentos sociais e conselhos de saúde. Essa troca tem sido muito interessante para refletir sobre quais são os desafios atuais para a formação dos sanitaristas, profissionais que precisam estar engajados em busca de justiça social”, avaliou Cristiani Machado, vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz.

A coordenadora adjunta dos cursos Lato Sensu da VPEIC, Isabella Delgado, explicou que foram definidos alguns encaminhamentos da oficina para aumentar a mobilização: “é preciso inicialmente visitar os estados onde a Fiocruz tem unidade ou escritório e fazer encontros. Dessa maneira, teremos unidades da Fiocruz, áreas de integração e vice-presidências participando”. Isabella afirmou ainda que a VPEIC buscará também todos os segmentos possíveis, do lato ao stricto sensu, a fim de reunir o máximo de pessoas para contribuírem. Na avaliação dela, a tarde de sábado da oficina foi muito rica, já que a dinâmica da atividade, com os participantes divididos em grupos, ofereceu espaço de fala para todos. “Conseguimos coletar ideias bem interessantes que vão certamente subsidiar a apoiar a construção desse plano que, no final, virou até um programa de formação do sanitarista. Vamos continuar a partir disso. A ideia inicial já não era que a oficina se esgotasse em si, mas que fosse um primeiro passo dessa construção que ainda virá”, detalhou.

Em relação a essa mobilização institucional, Cristiani Machado ressaltou que a Fiocruz tem um papel fundamental nesse processo por ser uma instituição centenária da saúde pública, das mais antigas do Brasil e da América Latina, e pela diversidade de formações que oferece para a saúde coletiva. “Desde os cursos lato sensu, especializações, residências, mestrados profissionais e mesmo nos acadêmicos, nós oferecemos diversas modalidades de formação e qualificação profissional para o SUS. Além disso, há o fato de a Fiocruz estar presente em todo país, em onze estados, e trabalhar em redes de parceria, com universidades, por exemplo”, resumiu.

“A partir de agora a nossa expectativa é poder ampliar essa discussão para todos os lugares onde a Fiocruz está presente hoje, convocando instituições que estão ligadas à formação do sanitarista para que a gente possa estabelecer redes”, afirma Enirtes Caetano, vice-diretora de Ensino da Ensp, alinhada às conclusões das demais organizadoras da oficina. Já de olho no ano que vem, a pesquisadora da Ensp vislumbra “uma série de ações que fazem parte dessa grande discussão do que é formação do sanitarista nos seus vários momentos e, sobretudo, qual é o nosso papel específico”.

Já a coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, Cristina Guilam, destacou alguns pontos que acredita que devem ser observados nos desdobramentos da oficina. Para ela, é necessário, primeiramente, considerar que a academia e a pesquisa trabalham num compasso diferente do serviço de saúde. “Uma pessoa que está na ponta, enfrentando a Covid-19 no cotidiano, por exemplo, tem que dar respostas muito ágeis. Então, a gente tem que fazer um esforço de proporcionar às diversas secretarias e profissionais de saúde, além do próprio Ministério da Saúde, formas de capacitação que possibilitem essa atuação de imediato, no curto prazo”, ressaltou Cristina. Ela aproveitou para lembrar que é preciso valorizar o cotidiano do profissional de saúde, pois ele “pode fornecer ciência”. Segundo a coordenadora-geral de Educação da Fiocruz, trata-se de um ambiente fértil para novas formulações científicas: “não se produz conhecimento somente na academia, mas também no cotidiano de serviço. Isso tem que ser valorizado e a gente tem que encontrar cada vez mais essa conexão entre a academia e os serviços de saúde”.

Publicado em 11/11/2022

Curso sobre História da Saúde Pública será oferecido no Abrascão

Autor(a): 
Lucas Leal*

Pesquisadores da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) oferecerão o curso História da Saúde Pública no Brasil durante o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o Abrascão. A atividade pré-congresso será realizada nos dias 19 e 20 de novembro, e conta com carga horária de 12h. O curso foi desenvolvido por especialistas em História da Saúde no Brasil, que são professores dos Programas de Pós-Graduação Stricto sensu da COC e integrantes do Observatório História e Saúde (OHS). O Campus Virtual Fiocruz lembra que está disponível em sua plataforma um curso sobre essa temática, desenvolvido pelo mesmo grupo. A formação, História da Saúde Pública no Brasil, é online e gratuita e está com inscrições abertas. 

Curso pré-congresso

O curso História da Saúde Pública no Brasil acontecerá nos dias 19 de novembro (9h às 17h) e 20 de novembro (9h às 12h30) no Mezanino A, Sala 100A do Centro de Convenções Salvador. Ao todo, estão disponíveis 50 vagas, voltadas a integrantes de movimento social, estudantes e pesquisadores da saúde coletiva. 

O 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva em Salvador, Bahia, será realizado no período de 19 a 24 de novembro de 2022, com atividades pré-congresso nos dias 19 e 20. Esta edição traz como tema central “Saúde é democracia: diversidade, equidade e justiça social” e pretende ser um momento de reencontro e de reafirmação dos pactos em defesa da vida, do SUS e da Democracia brasileira. 

O evento acontecerá num ano extremamente importante para o futuro do país, portanto, visa estimular reflexões e propostas que possam ser incorporadas à agenda da Saúde, da Educação e da Ciência e Tecnologia dos próximos governos, seja Federal ou Estaduais, de modo a contribuir para a reconstrução e redirecionamento das políticas públicas relevantes e estratégicas para o Brasil.

Veja aqui todas as informações sobre o 13º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva em Salvador

Curso online e gratuito sobre História da Saúde Pública no Brasil

A formação do Campus Virtual Fiocruz é voltada especialmente a alunos de pós-graduação de diferentes áreas do conhecimento, pesquisadores, trabalhadores da saúde pública e coletiva, mas aberta a todo o público interessado na temática. Ele é oferecido em formato autoinstrucional, ou seja, o aluno tem autonomia no aprendizado. Além disso, emite certificado aos aprovados na avaliação final. 

Sua proposta é debater temas relevantes sobre a história da saúde no Brasil ao longo dos séculos, com foco em políticas públicas de saúde, ações filantrópicas e privadas, assim como concepções sobre saúde, doença e cuidado. Ele foi desenvolvido em parceria com especialistas em História da Saúde no Brasil, que são professores dos Programas de Pós-Graduação Stricto sensu da Casa de Oswaldo Cruz e integrantes do Observatório História & Saúde (OHS). O OHS é uma estrutura permanente do Departamento de Pesquisa em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (OHS/Depes/COC/Fiocruz) e também faz parte da Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde (ObservaRH). 

Conheça a estrutura do curso:

Unidade 1 – Do império a primeira República: O surgimento da saúde pública

  • Aula 1 – A saúde e a doença da Colônia ao Império
  • Aula 2 – Saúde, microbiologia e reformas urbanas
  • Aula 3 – Oswaldo Cruz e o saneamento do Rio de Janeiro
  • Aula 4 – Das Cidades aos Sertões

 
Unidade 2 – Do Período Getulista à Ditadura Civil Militar

  • Aula 1 – Saúde Pública no 1º Governo Vargas
  • Aula 2 – O surgimento da Medicina Previdenciária
  • Aula 3 – Previdência e Saúde Pública: um Sistema Segmentado
  • Aula 4 – Saúde Pública e Desenvolvimento entre 1945 e 1964

 
Unidade 3 – Da Ditadura Civil Militar à regulamentação do SUS

  • Aula 1 – O fortalecimento do sistema previdenciário e da rede hospitalar no Brasil
  • Aula 2 – O Movimento pela Reforma Sanitária Brasileira
  • Aula 3 – O processo institucional da reforma sanitária
  • Aula 4 – A emergência do SUS


*Lucas Leal é estagiário sob a supervisão de Isabela Schincariol / com informações da Casa de Oswaldo Cruz

Publicado em 30/05/2022

Formação em Saúde Coletiva na pauta do Esquenta Abrascão

Autor(a): 
Abrasco

Neste mês de maio, a Abrasco inicia uma nova série de eventos virtuais, o “Esquenta Abrascão”, promovendo assim discussões e trocas preparatórias para o nosso Congresso, que acontecerá em novembro. Para a segunda atividade, a Saúde Coletiva e todo o seu potencial de questionamento e conhecimentos agregados, principalmente junto às demais profissões da saúde, estará em debate sob diferentes olhares e vieses. O encontro terá transmuissão pelo Youtube e acontece na terça-feira, 31 de maio, às 16h. 

O ensino da Saúde Coletiva nas graduações da saúde e a educação interdisciplinar e interprofissional

Expositores:

Vinicius Ximenes – Médico do governo do Distrito Federal
Formação em Saúde Coletiva para a graduação em medicina e as DCN de 2014.

Isabela C M Pinto – Docente do ISC/UFBA e presidente do Abrascão 2022
A importância da formação em Saúde Coletiva para as profissões da saúde

Marina Peduzzi – Docente da EE/USP
A educação interprofissional nas graduações da saúde e a Saúde Coletiva

Liliana Santos – docente do ISC/UFBA
A formação das graduações em Saúde Coletiva e a interdisciplinaridade.  

José Ivo Pedrosa – docente da UFPI e da UFDPAR
A experiência do ensino e da prática da Saúde Coletiva na graduação em Parnaíba, Piauí

Coordenadoras:

Eliana Goldfarb Cyrino (UNESP)
Lilia Blima Schaiber (DMP/FM/USP)
Marília Louvison (FSP/USP)

Ative a notificação para não perder o início da sessão e acompanhe:

Publicado em 01/08/2018

Avaliação da pós-graduação em saúde coletiva: que caminho seguir?

Um sistema de avaliação que não se repensa pode nortear os rumos da pós-graduação brasileira? Esta foi a tônica geral da crítica de três grandes pesquisadores sobre o assunto: Rita Barradas Barata, Maurício Barreto e Kenneth Camargo. Reunidos no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão 2018), eles integraram a mesa redonda Avaliação da pós-graduação em saúde coletiva: que caminho seguir? O encontro, que aconteceu no dia 27 de julho, foi mediado por Guilherme Werneck, coordenador da área de Saúde Coletiva na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) entre 2014 e 2018.

A professora Rita Barradas Barata, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa da Casa de São Paulo, presidente da Abrasco (1996-2000) e ex-diretora da Capes, abriu o debate, trazendo questões importantes sobre a Avaliação Quadrienal 2013-2016. Segundo ela, este modelo, utilizado desde 1998, sofreu poucos ajustes, impossibilitando à agência de fomento acompanhar o crescimento exponencial dos programas de pós-graduação (PPG), as mudanças no setor científico e os desafios contemporâneos da ciência.

O principal objetivo da pós-graduação, de acordo com Rita, deveria ser a busca por excelência e qualidade. “Mas o tempo exíguo para a avaliação e o predomínio de indicadores quantitativos fazem com que os coordenadores dos programas usem os indicadores de uma forma ineficiente”, afirmou.

Mais qualidade, menos regulação

Usando o lema “Menos pode ser mais”, Rita disse que a mudança no sistema avaliativo da Capes deve estar calcada em buscar um papel menos regulatório e mais avaliativo, de fato. Além disso, ela comentou questões como a formação insuficiente e deficiente dos doutores e o trabalho mecânico de publicação. A professora destacou, ainda, que a autoavaliação deve mostrar a relevância dos Programas para o campo científico e também sua inserção social. Ou seja: sua contribuição para a sociedade brasileira. “Precisamos de um parecer circunstanciado, contextualizado. A ficha de avaliação produziu um algoritmo, que não funcionou”, disse. 

Neste sentido, apontou para a definição de um conjunto de indicadores qualitativos para as áreas, para mudança de critérios para Programas de Excelência (a partir de candidaturas e com a participação de avaliadores internacionais de forma complementar) e transformações urgentes no Qualis Periódicos.

Criação de órgão multiagencial para transformar um sistema estagnado

Em seguida, o coordenador geral do Centro de Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), Maurício Barreto, expandiu a discussão. Para ele, o sistema nacional de pós-graduação é parte do sistema científico e tecnológico do país, mas opera numa lógica invertida. “A avaliação da Capes passou a ser o instrumento para medir tudo”, criticou. 

Barreto acredita que o Brasil sofre as consequências de não produzir estudos de avaliação do próprio sistema, estagnado por décadas. Além disso, não há no país um plano de longo prazo para avaliar a pós-graduação – atualmente assentada na análise de cada curso. “O principal erro foi manter inalterado este sistema por 30 anos. Afinal, avaliar é uma ciência”, lembrou. Para ele, a mudança depende de modelos de avaliação aplicados aos seus contextos, isto é, capazes de entender como operam as estruturas de poder das comunidades científicas do país.

O coordenador do Cidacs também disse que é necessário criar estruturas para lidar com grandes volumes das avaliações, adotar sistemas que relacionem elementos quantitativos e qualitativos e avaliar o próprio sistema de avaliação da Capes. Para que isso aconteça, Barreto propôs a criação de um órgão multiagencial: “A Capes não comporta mais essa tarefa. A avaliação é autonomia, é independência. O sistema tem que ter a capacidade de se autotransformar”.

Ciência, um empreendimento coletivo

Destacando os pontos de contato de Barradas e Barreto, o professor do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ), Kenneth Camargo iniciou sua apresentação dizendo que a avaliação não acompanhou as mudanças do contexto. “Hoje, a ciência está sob ataque e vivemos num momento de pós-verdade”, afirmou, citando os movimentos antivacinais e outros que questionam o conhecimento científico. O professor atentou para o fato de que o campo da ciência também é altamente influenciado por interesses econômicos, que acabam induzindo seus atores a só investirem na produção do que pode ser financiado e lucrativo, em detrimento de interesses coletivos.

Kenneth acredita que os cientistas precisam se articular politicamente para voltarem a ser legitimados pela sociedade. Para isso, segundo ele, é preciso promover os valores da Ciência, mostrar sua importância e a quem se destina, reduzir a ênfase no modelo de hipercompetição e atuar de forma mais colaborativa e solidária. “Temos que estimular o trabalho cooperativo para disseminar o conhecimento científico, e expressar nossa diversidade como cientistas”.

Debate

O vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Manoel Barral, prestigiou o debate. Durante as intervenções do público, ele comentou sobre a necessidade de repensar o modelo de formação do cientista para que seu olhar seja também o de um cidadão capaz de fazer esta ponte com a sociedade.

Respondendo às perguntas dos participantes, a professora Rita Barradas lembrou que o modelo brasileiro é criticado por avaliadores internacionais. “Eles logo percebem que avaliamos a ciência, mas não a formação dos docentes. Este é um grande ponto de virada. E não se trata de abandonar a pesquisa, mas de agregar a formação para termos professores mais completos”.

Maurício Barreto, por sua vez, comentou a questão da complexidade e diversidade de perfis. “O cientista não é um super-homem”, resumiu. Fora do Brasil, segundo ele, há mais distinção entre os diferentes perfis (professor, pesquisador, profissional etc.), maior valorização da identidade de cada um e, portanto, menos hierarquização entre os diferentes papeis. Além disso, apontou para um componente muito importante: a valorização da missão das universidades. “A Capes pasteuriza as instituições”, criticou.

Outras questões foram levantadas: Como a comunidade da saúde coletiva pode contribuir para liderar a discussão na Capes junto a outras áreas? De que forma os alunos podem se envolver mais na discussão destas mudanças, para que o processo contemple também suas necessidades, já que são diretamente afetados pela avaliação? Como reduzir desigualdades regionais e promover maior articulação entre os programas?

Ao final, numa reflexão coletiva de excelente qualidade, ficou evidente que a avaliação não pode ser um fim em si mesma e que são necessárias mudanças urgentes no sistema da pós-graduação brasileira.


Por Flávia Lobato* (Campus Virtual Fiocruz)
*Com informações de Catarina Schneider, estudante do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/ ICICT/Fiocruz), que participou do projeto de cobertura colaborativa para o Abrascão 2018 – Edição Bruno C. Dias

Publicado em 18/07/2018

Abrascão 2018: confira atividades imperdíveis da programação em educação e saúde!

Está chegando o 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva - Abrascão 2018! De 26 a 29 de julho, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) será a sede do maior evento científico da área da saúde, este ano: serão mais de 200 atividades científicas que acontecerão ao mesmo tempo, em 23 auditórios espalhados pelo campus Manguinhos, no Rio de Janeiro (acesse o mapa). O tema do congresso, organizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), é Fortalecer o SUS, os direitos e a democracia.

conferência de abertura será proferida pela ex-presidente da República do Chile, Michelle Bachelet. Médica e primeira ministra da Saúde, da Defesa e presidente daquele país, ela discutirá Direitos e democracia: sistemas universais e públicos de saúde. A cerimônia acontecerá no dia 26/7, às 8h, em uma das Grandes Tendas (Auditório Marielle Franco – A s/n – 3000 pax), que serão montadas especialmente para o congresso.

Cerca de 800 convidados vão compor mesas-redondas, debates e exposições de trabalhos sobre temas que vão do do direito ao desenvolvimento e à saúde aos processos e práticas de educação e trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é ampliar, a toda a comunidade, a oportunidade de adquirir conhecimento sobre o SUS, permitindo o compartilhamento de visões de diferentes áreas.

A educação — claro — por seu caráter transversal, permeia a programação, já disponível ao público. Para ajudar você a aproveitar ao máximo este grande evento, o Campus Virtual Fiocruz traz um guia, com atividades imperdíveis relacionadas ao ensino e à formação em saúde coletiva no Abrascão 2018. Confira a seguir:


1. Novos sanitaristas para o Brasil – uma construção em rede
Pré-Congresso: 24/7 (terça-feira) e 25/7 (quarta-feira), às 8h
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – Unati – Sala 10.146 – Bloco F (30 pax)

2. Diálogos sobre educação e formação em saúde
26/7 (quinta-feira), às 13h
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Sala 206 – D50 (35 pax)

3. Formação e educação em saúde na escola
27/7 (sexta-feira), às 8h
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Sala 206 – D50 (35 pax)

4. Avaliação da pós-graduação em saúde coletiva: que caminho seguir?
27/7 (sexta-feira), às 10h20
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) - Auditório Térreo – D75

5. Saúde Coletiva e o pós-estruturalismo
Dia 27/7 (sexta-feira), às 10h20
Grandes Tendas – Auditório Victor Valla – Setor A

6. Educação e formação em saúde por meio de outras linguagens
Dia 27/7 (sexta-feira), às 13h10
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Sala 204 – D50 (30 pax)

7. Jovens em movimentos sociais: inovações e estratégias
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h
Centro de Documentação e História da Saúde – Auditório – E36 (57 pax)

8. A questão do doutorado profissional na área da saúde coletiva
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) – Auditório Térreo – D75 (206 pax)

9. Experiências educativas, práticas sociais e participação comunitária: caminhos para a reorientação do agir profissional e social em saúde na perspectiva da superação das barbáries e da construção de horizontes humanizadores
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Pátio Circular – D50 (110pax)

10. Formação em saúde coletiva: integração curricular e articulação entre a graduação e a pós-graduação
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Sala 116 – D50 (90 pax)

11. Os desafios da pedagogia freiriana para a formação em saúde no atual contexto brasileiro: um olhar a partir de três experiências
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) – Sala 410 – D75 (80 pax)

12. Superando a barbárie: ação educativa emancipatória e interculturalidade para uma ecologia de saberes
Dia 27/7 (sexta-feira), às 15h45
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Pátio Circular – D50 (110 pax)

13. Educação, assistência e cuidado em doenças transmissíveis 
Dia 28/7 (sábado), às 8h
Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) – Auditório – B17 (55 pax)

14. Vigilâncias em saúde: educação, informação e comunicação
Dia 28/7 (sábado), às 8h
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) – Salão Internacional – D75 (80 pax)

15. Formação graduada e exercício profissional na saúde coletiva: conquistas e desafios
Dia 28/7 (sábado), às 10h20
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Pátio Circular – D50 (110 pax)

16. Interfaces, SUS, saúde coletiva e ciências humanas e sociais na formação de profissionais de saúde - da sala de aula aos contextos de ação e pesquisa
Dia 28/7 (sábado), às 10h20
Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) – Sala 410 – D75 (80 pax)

17. Educação popular e educação em saúde: movimentos sociais e comunidades
Dia 29/7 (domingo), às 8h
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Sala 212 – D50 (35 pax)

18. Epistemologia em saúde coletiva na América Latina
Dia 29/7 (domingo), às 10h20
Grandes Tendas – Auditório Nina Pereira Nunes – Setor A

19. A mulher na saúde coletiva: ciência, cuidado e resistência
Dia 29/7 (domingo), às 10h20
Museu da Vida – Auditório – E36

20. Modelos de formação e modos de cuidado: educação e saúde na luta por direitos sociais
Dia 29/7 (domingo), às 10h20
Escola Politécnica Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) – Espaço Pátio Circular – D50

Tenda Paulo Freire

Nos congressos da Abrasco a Tenda Paulo Freire é um espaço de integração, marcado pela diversidade e participação de atores populares nos eventos científicos da saúde coletiva e de outras áreas da saúde. Localizada no Museu da Vida (Auditório – E36), a Tenda reafirma a importância da educação popular e crítica para a saúde e o país e abrigará rodas de conversa, atividades culturais desenvolvidas por grupos populares e práticas populares de cuidado. Confira aqui as atividades programadas para este espaço.

Acesse também a programação temática dedicada ao SUS.

Partiu #Abrascão2018!

Por Valentina Leite e Flávia Lobato (Campus Virtual Fiocruz)

Publicado em 23/05/2018

Atenção, estudantes: tem 300 vagas para atuar como monitor do Abrascão 2018!

Estão abertas, até 30 de maio, as inscrições para a seleção de monitores voluntários do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. São 300 vagas voltadas a alunos regularmente matriculados nos cursos de graduação e pós-graduação das instituições de ensino e demais instituições com formações afins à saúde coletiva.

Benefícios

Dentre os benefícios, destaca-se a isenção da taxa de inscrição no evento e gratuidade de um ano na associação à Abrasco, além de auxílio-alimentação. Os candidatos aprovados na seleção terão livre acesso à programação científica do Abrascão 2018, inclusive para apresentar seus trabalhos já submetidos e aprovados.

Requisitos para inscrição dos candidatos

É necessário ser estudante com matrícula ativa, preferencialmente das instituições de ensino/pesquisa e universidades organizadoras do Abrascão (Fiocruz, Uerj, UFRJ, UFF e Unirio). Para se inscrever, os candidatos devem se registrar no site do Congresso e preencher o formulário eletrônico.

Acesse o edital e saiba mais.

Publicado em 20/07/2018

Michelle Bachelet fará a conferência de abertura do Abrascão 2018

“É preciso calcular o custo de não fazermos o que temos que fazer”, disse recentemente a ex-presidente chilena Michelle Bachelet – que é médica, foi a primeira ministra da Saúde, primeira ministra da Defesa e primeira presidente da história do Chile. Bachelet estará na manhã da quinta-feira, 26 de julho, na abertura do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva da Abrasco, com a conferência Direitos e democracia: sistemas universais e públicos de saúde.

A imprensa chilena divulgou a participação de Bachelet: “Ya está confirmado que en fin de julio Bachelet partirá a Brasil. Llegará a Río de Janeiro en compañía de la ex ministra de Salud, Helia Molina. Ahí participará de la conferencia inaugural del Congresso de Brasil de Salud colectiva, en el que están inscritas 10 mil personas. Derechos, libertad, democracia, universidad Pública y el Sistema Único de Salud están sometidos a ataques cerrados. El principal recurso a nuestra disposición para organizar la resistencia e impedir retrocesos a la libertad y a los derechos sociales somos nosotros mismos. El Abrascón 2018 es uno de los medios por los que podemos resonar nuestra voz, dice la convocatoria de la conferencia en Brasil que abrirá la ex presidenta”, publicou o jornal chileno La Tercera.

A ex-presidente do Chile preside atualmente uma comissão de alto nível convocada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) para propor soluções que ampliem o acesso e a cobertura de saúde na região das Américas até 2030, sem deixar ninguém para trás. Para que exista saúde universal, para todos e em todos os lugares, “temos que construir consensos nacionais, pois os desafios são de tal magnitude que requerem o compromisso e o esforço de todos”, alertou Bachelet durante a conferência organizada pela Opas em Washington, nos Estados Unidos, em abril passado.

Para a médica chilena, “a desigualdade é um grande inimigo na América Latina e no Caribe”. Bachelet sustenta ainda que o melhor caminho inclui uma ênfase maior para a promoção de saúde e prevenção de doenças, reduzir a segmentação e a fragmentação dos serviços de saúde, resguardar as condições de trabalho dos profissionais, incluir novas tecnologias e inovação e melhorar a regulação do Estado para a construção de sistemas de financiamento que promovam a solidariedade. “Para isso, não há milagres nem atalhos, o que há é um longo caminho de trabalho coletivo que leva a mais justiça para todas e todos”, concluiu Bachelet.

Quatro décadas depois da Declaração de Alma-Ata, que defendia a saúde para todos até o ano 2000, 30% da população da região das Américas não tem acesso ao atendimento de saúde por motivos econômicos e 21% não recebe atendimento devido a barreiras geográficas.  Nos últimos anos, os países da região conseguiram avanços e implementaram diversas transformações em seus sistemas de saúde para que sejam mais inclusivos e cheguem às pessoas que precisam deles. O trabalho da comissão visa a acelerar essas transformações, incluindo a sociedade civil no desenho, implementação e supervisão das políticas e planos de saúde criados para ela. A expectativa é de que isso contribua para alcançar a saúde universal até 2030, como estabelecido pelos países na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

“Devemos dar resposta com urgência aos principais desafios atuais em saúde”, como o envelhecimento acelerado da população e as doenças não transmissíveis, tem dito Bachelet, chamando a atuar com maior decisão e impulsionar políticas que permitam enfrentar as desigualdades em matéria de saúde e incluir os grupos mais vulneráveis, porque, segundo ela, não abordar esse tema significa renunciar como região à possibilidade de alcançar um desenvolvimento sustentável. A comissão produzirá um relatório com recomendações para melhorar o desempenho dos sistemas de saúde, incluir aqueles que ainda estão excluídos, empoderar as comunidades e melhorar a participação social nas decisões que afetam a saúde, com o objetivo de avançar para a saúde universal na região.


Fonte: Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco)

Publicação : 11/06/2018

Resultado - Chamada de monitores do Abrascão 2018

Este documento apresenta a lista de monitores selecionados para a atuação no abrascão 2018.

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