O curso ‘Gestão Integrada: Processos Riscos e Indicadores’, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), convida a todos para sua aula inaugural. A palestra “Fundamentos das Metodologias Ativas de Ensino com Ênfase na Aprendizagem Baseada em Problema”, proferida pelo professor Renato Matos Lopes, pesquisador do Laboratório de Comunicação Celular do IOC, será no dia 7 de agosto, às 9h. O encontro será na sala 410 da Ensp. Haverá transmissão online pelo canal da Escola no Youtube. Para participar, inscreva-se neste formulário.
Além da palestra de abertura, o evento terá um minisseminário com mensagem de boas-vindas e apresentação do curso. Haverá ainda, apenas para os estudantes e equipe pedagógica, uma apresentação dos participantes e mais detalhes do curso. À tarde, na sala de convívio do 2º andar da Ensp, será realizada a “Oficina de integração: trabalhando com sucata”, apenas com os alunos. Confira a programação aqui.
O curso é oferecido pelo Serviço de Gestão da Qualidade da Ensp e busca contribuir ativamente para a melhoria, eficácia e efetividade da gestão pública. Destinada aos trabalhadores da Ensp e da Fiocruz, a formação pretende capacitar os profissionais para atuarem como facilitadores na gestão integrada de processos, riscos e indicadores.
Sob coordenação de Murilo Barbosa e Carlos Reis, ambos do SGQ/Ensp, o curso tem carga horária de 105 horas e 30 minutos, com 54 horas síncronas e o restante dedicado a atividades assíncronas. As aulas presenciais serão alternadas entre os turnos matutino e vespertino, com término em 13 de novembro.
Nesta nova edição, o curso utilizará metodologias ativas, abordagens pedagógicas que dão protagonismo ao aluno durante o processo de aprendizagem. Os métodos das aulas se basearão na construção da situação-problema, Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL), sala de aula invertida, aprendizagem coletiva e em estudos de caso.
Assista à transmissão ao vivo da aula inaugural:
O seminário, que será realizado no dia 4 de dezembro (manhã e tarde), na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), com transmissão em português e espanhol pelo Youtube da VideoSaúde, reunirá especialistas de seis países. O objetivo é aprofundar o conhecimento da simulação clínica como estratégia de ensino-aprendizagem e a discussão de processos de inserção da simulação na formação dos técnicos em saúde.
O evento é parte de um projeto aprovado no 1º Concurso de projetos para redes inscritas no Registro de Redes Ibero-Americanas da Secretaria Geral Ibero-Americana (Segib) e conta com recursos da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (Aecid).
Além do seminário, aberto ao público em geral e voltado ao compartilhamento de abordagens teórico-metodológicas e experiências de simulação clínica em instituições de formação em saúde, também será realizada, no dia 5 de dezembro, uma Oficina de Trabalho para convidados, na qual serão discutidas as principais estratégias – de ensino, pesquisa, articulação institucional e cooperação - para avançar na implementação de programas de simulação clínica em instituições de formação de técnicos de saúde no contexto ibero-americano.
Nas últimas décadas a simulação clínica vem tornando uma estratégia pedagógica integral nas instituições de ensino de ciências da saúde de diversos países, articulando recursos, oportunidades e conhecimento entre todos os seus membros. Sua adoção como metodologia de ensino proporciona desde o treinamento de habilidades básicas e simples (capacidades cognitivas, afetivas e psicomotoras mobilizadas em determinado contexto para a realização de tarefas) até as mais complexas, envolvendo aspectos organizacionais e comportamentais (trabalho em equipe, atividade global ou conjunto de atos de um indivíduo perante uma situação), o que permite aos aprendizes atuar em ambiente protegido e seguro, com possibilidade da repetição de uma tarefa inúmeras vezes e oportunidade para que todos possam praticar igualmente.
A experiência clínica simulada confere maior suporte ao aprendizado clínico, oferecendo diferentes situações com complexidades variadas, de acordo com os objetivos de aprendizagem e etapa da formação do estudante.
O reconhecimento da relevância do ensino baseado em simulação nas universidades e instituições de ensino tem repercutido na maior oferta de cursos, na ampliação de encontros e congressos da área e na criação de associações e redes ligadas ao tema.
Ainda assim, percebe-se a necessidade de maior articulação e investimento para o fortalecimento dessa prática e a implantação de laboratórios e centros de simulação nas instituições formadores de técnicos em saúde.
Aida Camps Gómez (Espanha)
Enfermeira, com Licenciatura em Psicologia. Responsável pelo Centro Internacional de Simulação e Alto Rendimento (Cisarc), Universidade de Manresa, Espanha. Presidente da Sociedade Espanhola de Simulação e Segurança do Paciente (Sessep).
Gabriel Muntaabski (Argentina)
Especialista em Medicina de Família e Comunidade. Coordenador Nacional da Rede Nacional de Simulação Clínica da Argentina (ReNaSic). Coordenador do Programa Nacional de Formação em Enfermagem (Pronafe) e Coordenador da Area da Saúde do Instituto Nacional de Educação Tecnológica (Inet), do Ministério de Educação da Argentina.
Soledad Armijo Rivera (Chile)
Médica Cirurgiã, Mestre em Educação Médica para as Ciências da Saúde. Diretora de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Unidade de Simulação e Inovação em Saúde da Universidade de San Sebastian, Chile. Presidente da Sociedade Chilena de Simulação Clínica e Segurança do Paciente (Sochisim).
Maria Elena Zuleta Uribe (Colômbia)
Enfermeira, especialista em Cuidados à Criança em estado Crítico. Instrutora do Serviço Nacional de Aprendizagem (Sena) há 16 anos, com experiência em atendimento pré-hospitalar e simulação clínica. Atualmente, está vinculada ao Sena - Valle del Cauca, Cali.
Alessandra Vaccari (Brasil)
Enfermeira, Mestre e Doutora em Saúde da Criança. Professora Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Integrante do Conselho Diretor da Federação Latino-americana de Simulação Clínica e Segurança do Paciente (Flasic).
Gustavo Norte (Portugal)
Médico Anestesiologista. Docente do Laboratório de Competências (LaC) da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Beira Interior, Portugal. Presidente da Sociedade Portuguesa de Simulação aplicada às Ciências da Saúde (SPSim).
9h30 - Mesa de abertura
9h45 - Palestra “Simulação clínica como estratégia de ensino-aprendizagem na formação em saúde: desafios para a incorporação de técnicos em cenários interdisciplinares e interprofissionais”
10h45 - Coffee break
11h - Palestra “Implantação de Laboratórios e Centros de Simulação Clínica: estrutura, equipes e processos”.
12h - Intervalo
14h - Mesa-redonda 1 “Mostra de experiências de simulação no ensino da saúde no contexto Ibero-Americano”
Soledad Armijo Rivera (Chile) - "Integração curricular da simulação na formação de técnicos em saúde: principais aspectos a serem considerados no projeto de um programa de simulação interprofissional".
Maria Elena Zuleta Uribe (Colômbia) - "Inclusão da simulação em programas de formação para técnicos de serviços de saúde com baseados na estratégia de atenção primária à saúde".
15h30 - Coffee break
15h45 - Mesa-redonda 2 “Mostra de experiências de simulação no ensino da saúde no contexto Ibero-Americano”
Alessandra Vaccari (Brasil) - "Construção e validação de cenários de simulação clínica: desafios e possibilidades na formação de técnicos de saúde".
Gustavo Norte (Portugal) - "A simulação como metodologia de aprendizagem: desenvolvimento colaborativo por centros e sociedades de simulação em nível nacional e internacional - A experiência do registro nacional de centros de simulação e o treinamento básico para instrutores de simulação".
17h - Encerramento
O objetivo geral do projeto, apresentado pela Rede Ibero-Americana de Educação de Técnicos em Saúde (RIETS) e aprovado pela Segib em julho deste ano, é fortalecer a capacidade dos membros da Rede de avaliar e projetar a incorporação de metodologias de ensino-aprendizagem baseadas em dispositivos de simulação. No caso dos objetivos específicos, eles podem ser divididos em pedagógicos e estratégicos.
Pedagógicos
Discutir as potencialidades da simulação como estratégia de ensino-aprendizagem na formação de técnicos em saúde;
Reconhecer os múltiplos cenários e estratégias de simulação utilizadas nos cursos da área da saúde, ciência e tecnologia; e
Conhecer a aplicabilidade, a incorporação e os benefícios da simulação no ensino e aprendizagem na saúde.
Estratégicos
Compartilhar conhecimentos, experiências e abordagens teórico-metodológicas sobre a simulação visando o fortalecimento das atividades de ensino, pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico na formação de técnicos em saúde;
Analisar as etapas, requerimentos e desafios de implantação de programas, laboratórios e centros de simulação no ensino;
Estimular o estabelecimento de cooperações técnicas entre as instituições-membro da Rede, especialmente com aquelas que ainda não fazem uso dessa metodologia; e
Promover a ampliação e o fortalecimento da rede na região Ibero-americana por meio da articulação entre os atuais membros e a incorporação de outras instituições e países à RIETS.
Serviço
Evento: Seminário Internacional: Simulação Clínica na formação de Técnicos em Saúde no contexto Ibero-Americano - desafios e perspectivas
Dia: 4 de dezembro de 2023
Horário: de 9h30 às 12h e de 14h às 17h
Local: Auditório Joaquim Alberto Cardoso de Melo
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz
Av. Brasil, 4365 - Manguinhos - Rio de Janeiro
Fotos/Ilustrações: Simulação (EEAAC/UFF - Brasil)
Transmissão em português:
Transmissão em espanhol:
O Campus Virtual Fiocruz acaba de publicar o manual do curso básico de moodle. O material foi desenvolvido a partir da urgente demanda de docentes e alunos da Fiocruz de desenvolverem ambientes virtuais para aprendizado, trocas e compartilhamentos online frente à suspensão das aulas presenciais e a necessidade de isolamento social. Com a plataforma, estudantes e professores podem criar suas próprias experiências de educação. Em breve, o CVF lançará o curso básico sobre a ferramenta. Acesse o material, que foi desenvolvido pela equipe de especialistas do Campus, e assista também ao vídeo do quinto Encontros Virtuais de Educação, que abordou a mesma temática.
A plataforma Moodle é um ambiente virtual desenvolvido em software livre para apoio ao ensino e aprendizagem. O manual foi elaborado para ser um recurso para consulta rápida, pois traz as principais orientações para a criação de cursos, disciplinas e comunidades virtuais na Plataforma EAD do Campus Virtual Fiocruz, baseada no Sistema de Gestão de Aprendizagem Moodle. O novo material está em acesso livre e ficará disponível na Plataforma Educare e no Guia de Recursos Educacionais Abertos: Conceitos e Práticas, lançado pelo CVF e atualizado periodicamente.
A analista de sistemas e especialista em design educacional, Ana Paula Mendonça, responsável pela iniciativa, lembrou que há alguns poucos meses não se poderia imaginar viver tal situação e ter que desenvolver as atividades acadêmicas exclusivamente online. “Com o fechamento das instituições de ensino, tornou-se urgente o uso desses sistemas para dar continuidade aos cursos e disciplinas. Diante deste novo cenário, a equipe do Campus vem apoiando e orientando os docentes da Fiocruz para a utilização dos recursos da Plataforma Moodle na transposição de conteúdos para o ambiente virtual de aprendizagem e a criação de atividades de aprendizagem síncronas e assíncronas”, explicou ela. Além de Ana Paula, Eduardo Xavier e Orlando Terra, integrantes da equipe técnica do CVF, também participara do desenvolvimento do manual.
Ela ressaltou também que o Campus Virtual Fiocruz disponibiliza um canal de suporte aos docentes, pelo email suporte.campus@fiocruz.br. Além disso, em breve, lançará um curso online sobre Moodle. Fique atento e acompanhe as nossas notícias!
Encontro promove treinamento sobre ambiente virtual de ensino e aprendizagem
Nessa mesma linha, a equipe do CVF foi a responsável por um treinamento, em 3/8, também sobre o Moodle, oferecido no âmbito do Encontros Virtuais de Educação. A série de debates online é promovida pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz e tem foco nas ações educacionais e capacidades institucionais.
Antes da pandemia, a equipe realizava oficinas presenciais com os diversos docentes e representantes dos cursos e programas de pós-graduação da Fiocruz no sentido de auxiliar o planejamento didático, o desenvolvimento de recursos educacionais, bem como a utilização da plataforma moodle. “Este é um momento de adaptação, estamos criando de forma urgente alternativas para atender necessidades na área, que aumentaram de maneira exponencial com o isolamento social causado pela Covid-19. Para além disso, a nossa equipe segue dando suporte a demandas pontuais que surgem”, comentou a coordenadora do CVF, Ana Furniel.
A apresentação da plataforma moodle ficou a cargo do especialista em tecnologias educacionais do Campus, Eduardo Xavier, que, detalhadamente, mostrou a experiência do professor na utilização do software, desde o momento em que ele cria um Ambiente Virtual de Aprendizagem até o uso dos inúmeros recursos e possibilidades de edição.
O moodle permite a criação de diversas atividades, como chat, fórum, enquete, envio de tarefas, questionários, glossário, compartilhamento de documentos, vídeos, imagens, podcasts, assim como o acompanhamento e verificação de atividades desenvolvidas pelos alunos. Segundo Eduardo, a ideia da oficina foi apresentar as funcionalidades básicas da ferramenta para que professores e alunos possam construir coletivamente suas experiências virtuais de educação, mesmo em um curso presencial.
Até agora, a série de debates online realizou cinco encontros. Sua realização nasceu da necessidade premente de divulgar e promover as diversas iniciativas e possibilidades de interação entre a comunidade acadêmica, alunos e gestores da Fundação, especialmente voltadas para a continuidade das atividades educacionais neste momento de pandemia de Covid-19.
Assista ao vídeo do encontro:
Imagem: Freepik
O médico responsável pelo departamento de cardiologia de um grande hospital conduz um caso de difícil solução. Ele apresenta a um grupo de internos o histórico do paciente, seus sintomas e pede sugestões de diagnóstico. Para chegar a uma conclusão, os estudantes precisam pesquisar doenças relacionadas, propor exames, interpretar os resultados e os possíveis tratamentos para solucionar o caso. Poderia ser mais um episódio de uma série de TV, mas é apenas um exemplo de aplicação da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), uma estratégia de ensino e organização curricular que estimula a aquisição de novos conhecimentos a partir da resolução de problemas reais ou simulados.
A metodologia é tema central do livro Aprendizagem Baseada em Problemas: fundamentos para a aplicação no ensino médio e na formação de professores. A publicação foi organizada pelos pesquisadores Renato Matos Lopes, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Neila Guimarães Alves, da Universidade Federal Fluminense (UFF), e Moacelio Veranio Silva Filho (in memoriam), da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz). A obra pode ser acessada gratuitamente no Portal eduCapes.
“Além da aprendizagem de conceitos, a ABP desenvolve habilidades e competências que englobam, dentre outros aspectos, o trabalho em equipe, a cooperação, a aprendizagem autodirigida, a capacidade para síntese e apresentação de resultados, a liderança de grupos e a própria competência para resolução de problemas. Os alunos são desafiados a tomar decisões e selecionar as informações realmente relevantes para o objetivo de cada etapa da aprendizagem”, destacou Renato, que atua no Laboratório de Comunicação Celular do IOC.
Com linguagem simples e voltada diretamente para professores, o livro apresenta elementos fundamentais da Aprendizagem Baseada em Problemas, como a formulação do problema, os ciclos tutoriais, o estudo autodirigido e a organização de grupos para a resolução da situação apresentada. “O ensino que busque trabalhar com os fundamentos da ABP na formação de professores, em outros cursos do ensino superior, na educação básica e na educação profissional poderá contribuir significativamente para superar os problemas de modelos tradicionais no que diz respeito ao processo de formação dos alunos”, acrescenta. Entre os autores da obra, dividida em seis capítulos, estão especialistas de diversas áreas do conhecimento que atuam no desenvolvimento de estudos no contexto de estratégias de ensino e aprendizagem.
O primeiro capítulo reúne modelos de organização curricular e possibilidades de aplicação da Aprendizagem Baseada em Problemas. O conteúdo é uma tradução do capítulo Teaching and Learning Today (Ensinando e Aprendendo Hoje), do livro New Curriculum for New Times – A Guide to Student-Centered Problem-Based Learning (Um guia para a aprendizagem baseada em problemas centrada no aluno, em tradução livre), de Neal A. Glasgow, publicado em 1996.
A seguir, são apresentados materiais de apoio, em especial aos docentes da educação básica, para o conhecimento da ABP como estratégia instrucional. O texto inclui um panorama histórico da utilização da metodologia e tópicos relacionados como o ciclo de aprendizagem, papeis desempenhados por professores e alunos e as diferenças básicas do método em relação ao ensino tradicional.
O passo a passo para a construção dos problemas utilizados nos ciclos de aprendizagem pode ser encontrado no terceiro capítulo, que apresenta, de forma detalhada, a proposta de um modelo para elaboração de problemas. De forma complementar, o capítulo seguinte destaca a importância do papel do professor na formulação de metas e objetivos de aprendizagem que estejam alinhados aos componentes curriculares do curso. O texto ressalta, ainda, outros aspectos importantes da Aprendizagem Baseada em Problemas, como o estímulo à participação ativa dos estudantes e a avaliação do desempenho dos alunos.
A aplicação prática da ABP é retratada no quinto capítulo, que tem o objetivo de mostrar o potencial real de utilização do método em salas de aula, tanto na educação básica como no ensino superior. Já no capítulo de encerramento, o leitor encontra um referencial pedagógico, com ideias centrais de educadores e pensadores que dão suporte ao uso da ABP, como John Dewey, Jerome Bruner, Paulo Freire, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Carl Rogers e David Paul Ausubel.
A-ces-si-bi-li-da-de... Como diminuir barreiras que separam cidadãos do direito à saúde? Conectando profissionais de diferentes instituições, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) lança o curso Acessibilidade e os Princípios do SUS: formação básica para trabalhadores da saúde. Disponível através do Campus Virtual Fiocruz, é oferecido pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), e foi organizado pelo seu Grupo de Trabalho sobre Acessibilidade.
O curso é voltado, prioritariamente, a profissionais da área de saúde, para que ofereçam um atendimento mais inclusivo e acessível a pessoas com deficiência (PCD) — em especial a pessoas surdas ou com deficiência auditiva. Apesar do foco nos profissionais da área, o curso é aberto a qualquer interessado em conhecer mais sobre práticas inclusivas. As inscrições já estão abertas aqui e podem ser feitas até o dia 31 de outubro.
A coordenadora do curso é Valéria Machado, integrante do Grupo de Trabalho e responsável pelo relacionamento com o cidadão no Icict/Fiocruz. Ela destaca o processo de construção coletiva. “Envolvemos professores de diferentes trajetórias, campos do conhecimento da Fiocruz e de outras instituições parceiras neste trabalho, sempre pensando na importância de uma formação interdisciplinar”. Segundo Valéria, essas experiências foram fundamentais para produzir uma série de conteúdos e recursos educacionais abertos que abrangem diversos aspectos relacionados aos direitos das pessoas com deficiência no Sistema Único de Saúde (SUS).
Este é mais um projeto financiado pelo Edital de Recursos Educacionais Abertos (REA), iniciativa da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). O curso Acessibilidade e os Princípios do SUS: formação básica para trabalhadores da saúde é fruto de uma parceria do Icict/Fiocruz com a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), a Cooperação Social/Fiocruz e o Centro de Vida Independente (CVI), o Núcleo de Acessibilidade e Usabilidade da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e o Núcleo de Estudos em Diversidade Inclusão de Surdos da Universidade Federal Fluminense (UFF).
A colaboração resulta em sete módulos sobre temas como: tipos de deficiência e diversidade, surdez e Língua Brasileira de Sinais (Libras), acessibilidade, direitos de pessoas com deficiência, tecnologia assistiva e produção de materiais acessíveis. O conteúdo inclui também estudos de caso. E, claro, está tudo disponível respeitando os padrões que garantem a ampliação do conhecimento para todos.
O curso é aberto, gratuito e autoinstrucional, oferecido na modalidade a distância (EAD), online. Assim, apesar de ter foco nos trabalhadores de saúde, qualquer pessoa interessada em saber mais sobre acessibilidade e práticas inclusivas pode participar. Com carga horária total de 72 horas/aula, os módulos estão organizados em sequência para facilitar a compreensão dos assuntos, mas são independentes entre si. Dessa forma, os participantes podem conduzir seu processo de aprendizagem com autonomia, da forma que julgarem mais conveniente. Terminando cada módulo, há exercícios para o aluno consolidar o aprendizado. E uma avaliação final para que o aluno receba o certificado de conclusão, emitido em até cinco dias úteis.
“Nós incentivamos os interessados a fazerem a formação completa. Ao mesmo tempo, essa estrutura foi desenvolvida de modo que o curso possa ser reutilizado por outras iniciativas ou mesmo de forma isolada para o ensino de algum conteúdo específico”, explica Valéria, que é doutora em Informática na Educação pela Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS).
A busca de informações sobre como utilizar as tecnologias digitais em atividades educacionais é cada vez mais frequente entre os professores brasileiros. É o que aponta a pesquisa TIC Educação 2018, divulgada no dia 16 de julho pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). De acordo com o estudo, 76% dos docentes buscaram formas para desenvolver ou aprimorar seus conhecimentos sobre o uso destes recursos nos processos de ensino e de aprendizagem.
Entre os temas de interesse entre os professores na busca por cursos e palestras, os mais citados são o uso de tecnologias em sua própria disciplina de atuação (65%), o uso de tecnologias em novas práticas de ensino (65%) e formas de orientar os alunos sobre o uso seguro do computador, da Internet e do celular (57%). De acordo com a TIC Educação, 90% dos professores afirmaram que aprenderam sozinhos a usar as tecnologias, 87% deles buscaram orientação dos parentes e familiares e 82% procuraram a ajuda dos pares. A busca por vídeos e tutoriais online sobre o uso das TIC nas práticas pedagógicas cresceu 16 pontos percentuais entre 2015 (59%) e 2018 (75%).
Os cursos superiores de formação de professores também têm debatido o uso de tecnologias digitais em atividades pedagógicas. A TIC Educação revela que, em 2018, 64% dos professores até 30 anos tiveram a oportunidade de participar, durante a graduação, de cursos, debates e palestras sobre o uso de tecnologias e aprendizagem promovidos pela faculdade, assim como, 59% realizaram projetos e atividades para o seu curso sobre o tema. Porém, apenas 30% dos professores afirmaram ter participado de algum programa de formação continuada no último ano. Assim como, apenas 21% dos diretores de escolas públicas disseram que os professores da instituição participam de algum programa de formação de professores para o uso de tecnologias em atividades com os alunos.
“A formação permite que os professores estejam melhor preparados para apoiar e auxiliar os alunos na apropriação das tecnologias, enquanto recursos pedagógicos e no que diz respeito ao seu uso crítico, consciente e responsável”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Entre os professores, 38% afirmam já ter apoiado algum aluno a enfrentar situações incômodas na Internet, como, por exemplo, bullying, discriminação, assédio, disseminação de imagens sem consentimento, entre outras.
Para 44% dos alunos de escolas urbanas, os professores são considerados fontes de informação sobre o uso de tecnologias. Ainda de acordo com a pesquisa, 48% deles afirmam que os professores os auxiliaram a utilizar a Internet de um jeito seguro e 39% que os professores falaram sobre o que fazer se alguma coisa os incomodar na Internet. “As dinâmicas de uso das tecnologias digitais vivenciadas por alunos e professores fora da escola ultrapassam os muros e emergem nas discussões ocorridas também em sala de aula”, reforça o gerente do Cetic.br.
A TIC Educação 2018 revela ainda que 51% dos alunos afirmam que os professores os orientaram a comparar informações em sítios diferentes e 57% que os professores disseram quais sítios deveriam utilizar para fazer trabalhos escolares. “É importante que alunos e professores contem com formas de apoio e fontes de referência para a extração de mais e melhores oportunidades de utilização destes recursos. As políticas educacionais, especialmente públicas, são muito relevantes para a integração da educação para a cidadania digital ao currículo das escolas”, completa Barbosa.
O NIC.br disponibiliza materiais gratuitos que podem auxiliar os educadores a orientarem seus alunos sobre o uso seguro da Internet, com o guia #Internet com Responsa na sua sala de aula e os slides dos fascículos do CERT.br, que também podem ser utilizados durante as aulas. Além disso, oferece em parceria com a SaferNet Brasil um curso de capacitação de educadores para o uso consciente e responsável da Internet.
Outro tema que tem chamado a atenção da comunidade escolar é a proteção de dados pessoais on-line: 59% dos coordenadores pedagógicos buscaram cursos, palestras e fontes de informação sobre a disseminação de dados dos alunos e da escola na Internet – indicador coletado pela primeira vez pela pesquisa.
A presença das escolas na Internet também foi investigada: 67% das escolas públicas possuíam perfil em redes sociais. Entre as escolas particulares essa proporção é de 76%, bem como 47% delas possuem ambiente virtual de aprendizagem. "Além de indicar uma presença significativa das escolas em plataformas online, os dados sugerem a relevância da inserção das tecnologias no currículo também como objeto de debate. O tema da proteção de dados é um exemplo. Embora já tenhamos uma Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra em vigor no ano que vem, a sua disseminação e o seu conhecimento pelos atores escolares ainda representa um desafio a ser enfrentado pelas políticas educacionais", pontua Barbosa.
A TIC Educação 2018 também aponta que a infraestrutura de acesso às tecnologias ainda é um dos principais desafios enfrentados pelas escolas: 58% dos professores de escolas públicas urbanas utilizam o celular em atividades com os alunos, sendo que 51% deles fazem uso da própria rede 3G e 4G para realizar estas atividades. Já nas escolas rurais, 58% dos responsáveis pelas escolas utilizaram o telefone celular para atividades administrativas, sendo que 52% afirmaram que se tratava de um dispositivo próprio, não custeado pela escola.
Realizada entre os meses de agosto e dezembro de 2018, a pesquisa TIC Educação investiga o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, com enfoque no uso pessoal destes recursos pela comunidade escolar e em atividades de gestão e de ensino e aprendizagem. Em escolas urbanas, foram entrevistados presencialmente 11.142 alunos de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio; 1.807 professores de Língua Portuguesa, de Matemática e que lecionam múltiplas disciplinas (anos iniciais do Ensino Fundamental); 906 coordenadores pedagógicos e 979 diretores. Em escolas localizadas em áreas rurais, foram entrevistados 1.433 diretores ou responsáveis pela escola.
Para acessar a TIC Educação 2018 na íntegra, assim como rever a série histórica, visite: http://cetic.br/. Compare a evolução dos indicadores a partir da visualização de dados disponível aqui.
A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), estará em Campo Grande (MS) promovendo dois minicursos. A iniciativa ocorrerá durante a 71ª Reunião Anual da SBPC e as inscrições para os minicursos são apenas até o dia 11 de julho.
Lá, a Olimpíada irá ministrar dois cursos: Saúde e meio ambiente nas salas de aulas multimídias, coordenado por Cristina Araripe Ferreira e Wagner Nagib; e Saúde, meio ambiente e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): novas linguagens e novos recursos, coordenado por Renata Fontoura e Carlos José Saldanha Machado. Todos os pesquisadores são da Fiocruz.
Ambos os minicursos acontecem entre os dias 22/7 e 25/7, das 8h às 10h, durante a reunião da SBPC, na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). O público-alvo são alunos de graduação, alunos de pós-graduação e professores do ensino básico ou profissionalizante. Saiba mais, na íntegra:
I. Saúde e meio ambiente nas salas de aulas multimídias
Ementa: As tecnologias digitais têm assumido papel preponderante nas salas de aulas, favorecendo mudanças significativas no processo de ensino-aprendizagem. O minicurso abordará temas e apresentará estratégias pedagógicas que visam preparar professores e alunos de licenciaturas para os novos desafios do ensino de ciências na educação básica. Com ênfase no uso das novas tecnologias da informação e da comunicação, discutiremos o desenvolvimento de projetos de ciências a partir dos temas transversais Saúde e Meio Ambiente.
Valor: R$20,00 para sócios da SBPC e R$40,00 para não sócios
II. Saúde, meio ambiente e Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): novas linguagens e novos recursos
Ementa: As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) têm sido, frequentemente, utilizadas por professores e alunos nas escolas de educação básica de todo o país como forma de tornar o ensino mais atraente e interessante. Além disso, o acesso a recursos educacionais abertos tem propiciado uma enorme mudança em relação aos conteúdos e estratégias de ensino. A partir dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável/Agenda 2030 da ONU e com ênfase nos temas transversais saúde e meio ambiente, apresentaremos experiências e aprofundaremos reflexões sobre as relações entre o ensino de ciências e as novas linguagens e tecnologias na educação.
Valor: R$20,00 para sócios da SBPC e R$40,00 para não sócios
As matrículas nos minicursos podem ser feitas online através do link. Participe!
A Universidade Aberta (UAb), de Portugal, lançou um livro para assinalar o 10º aniversário de seu Repositório Aberto. Com o título Acesso Aberto: da Visão à Ação: contextos, cenários e práticas, a obra reúne reflexões de responsáveis institucionais de diferentes áreas, como educação à distância, internacionalização, locais de aprendizagem, repositórios, rede, tecnologias e ensino. Um dos capítulos do livro trata da experiência da criação do Campus Virtual de Saúde Pública (CVSP/Brasil).
Assinado por Ana Furniel, coordenadora geral do CVSP/Brasil, e Ana Paula Mendonça e Rosane Mendes, coordenadoras adjuntas do CVSP/Brasil, o capítulo explica como o espaço serve de exemplo de uma iniciativa bem sucedida em acesso aberto. De acordo com as autoras, o espaço foi desenvolvido para expandir a cooperação interdisciplinar no campo de formação em saúde pública.
Criado em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), elas explicam que o CVSP/Brasil é uma rede de instituições que compartilham cursos, recursos educacionais e aulas virtuais de forma aberta – e, por isso, integra a discussão sobre rede de conhecimento e formação, trazida pelo livro da Universidade Aberta.
Em trecho do capítulo, elas destacam: "Podemos afirmar que a utilização das redes e das tecnologias educacionais e comunicacionais podem colaborar para um ambiente de compartilhamento de ideias, podendo gerar processos de formação e educação permanente baseados em aprendizados específicos (...)".
Para saber mais, acesse o capítulo completo.
Bons professores são também aqueles que nunca perdem a vontade de aprender, não é? Sempre em busca do conhecimento, 23 docentes e gestores da educação experimentaram o papel de alunos no curso Tecnologias e Metodologias para a Docência na Saúde, na modalidade híbrida. As aulas terminaram em novembro do ano passado e, agora, eles estão recebendo seus certificados. E o curso também recebeu o aval dos participantes: cerca de 95% se sentem mais confiantes na inclusão de tecnologias para promover a aprendizagem ativa e 90,5% deles recomendariam a formação para outro professor ou colega. Um resultado excelente!
O curso é uma iniciativa do Programa de Qualificação de Docentes Fiocruz, conduzido pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz). O objetivo da formação é capacitar professores e gestores do ensino para utilizar e promover o uso de tecnologias digitais no contexto da educação, estimulando a reflexão crítica. Na prática, os profissionais se desenvolvem para elaborar e atuar como multiplicadores de projetos de mudança na educação presencial e online.
Seguindo o Plano de Ensino e Aprendizagem, os professores-alunos participaram de atividades que refletem a própria metodologia do curso. Eles tiveram aulas on-line, por web conferência, no Ambiente Virtual de Aprendizagem do Campus Virtual Fiocruz, e dois encontros presenciais. Os docentes e gestores, também puderam, claro, se integrar mais, trocar experiências, contribuir com ideias e até ajudaram a atualizar a plataforma Moodle Fiocruz. Além disso, trocaram de papeis, contando, eles mesmos, com orientação pedagógica individual. Tudo isso a fim de desenvolver projetos inovadores.
Avaliação do curso: uma experiência positiva para os docentes
Ao final do curso, os participantes responderam a uma pesquisa. A turma reuniu, majoritariamente, mulheres (95,2%) com mais de cinco anos de experiência na área de educação (85,7%). Uma consulta preliminar com os participantes do curso, mostra que quase 70% dos profissionais têm experiência na área de saúde, presencialmente, mas apenas 44,2% na modalidade EAD.
O professor José Moran, que é também um dos coordenadores do curso, conta que a intenção era justamente a de que os profissionais se familiarizassem com as tecnologias e tivessem mais contato com ambientes virtuais e aplicativos. A pesquisa mostra que 52,4% dos profissionais concordam totalmente sobre o alcance deste objetivo e os outros 47,6% concordam. "Minha avaliação é positiva, porque o curso surtiu o efeito desejado", diz Moran. A professora Dênia Falcão de Bittencourt, que também coordena a iniciativa, reforça este aspecto: “Após esta primeira experiência, com os indicadores e processos avaliativos dos participantes, teremos bons subsídios para que o curso seja qualificado como um importante instrumento de formação para a docência na saúde. Por isso, recomendo que seja disseminado para todos os professores da Fiocruz”.
A pedagoga e pesquisadora em saúde pública Silvia Helena Mendonca de Moraes, que atua na área de educação da Fiocruz Mato Grosso do Sul, aprovou a iniciativa: “Para mim foi superimportante ter a oportunidade de conhecer novas tecnologias e saber como utilizá-las nos processos de ensino-aprendizagem”, conta. Ela também elogia a qualidade dos textos e do material disponibilizado. “Achei excelente. Os temas foram bem distribuídos, com uma bibliografia muito adequada”. Silvia também considera que a experiência com educação à distância (EAD) também foi positiva, porque a modalidade possibilita que diversas pessoas possam fazer o curso. Como pontos de melhoria, a pedagoga sugere que os tutores ofereçam mais feedbacks sobre as atividades desenvolvidas e que haja mais tempo para a instrumentalização no uso das tecnologias. “Desenvolvemos um blog (webportfolio), tivemos a oportunidade de gravar vídeos, enfim, entramos em contato com diversas tecnologias. Mas fiquei com o gostinho de ‘quero mais’”, diz.
Este foi, aliás, um dos resultados mais expressivos da avaliação: todos os participantes demonstraram interesse em realizar novos cursos oferecidos pelo programa. E 90% dos docentes recomendariam a formação para outro professor ou colega.
A demanda por novas turmas é grande. Para atendê-la, a VPEIC está discutido novas iniciativas junto ao Fórum EAD Fiocruz. Ana Furniel, que é uma das coordenadoras da Vice, há a possibilidade de uma nova versão do curso. "Vamos ampliar o escopo, para tratar de temas como conteúdo para EAD, montagem de equipes, fluxos de construção de cursos e outros", comenta. "Desta vez, vamos desenvolver o curso num formato autoinstrucional, pensando numa escala maior, com oficinas presenciais nas unidades”. Então, que venham novos cursos e outros profissionais da educação!
Em mensagem sobre o Dia Internacional da Educação, comemorado pela primeira vez nesta quinta-feira (24/1), o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a educação é essencial para a luta contra o discurso de ódio, a xenofobia e a intolerância, além de promover o desenvolvimento sustentável dos países. Ele enfatizou a necessidade de levar para a escola os 262 milhões de crianças e jovens que estão fora das redes de ensino.“Essa situação constitui uma violação do seu direito fundamental à educação. O mundo não pode se permitir privar uma geração de crianças e jovens dos conhecimentos de que precisarão para ter um lugar na economia do século 21”, disse Guterres, ressaltando que as meninas são a maior parte dos jovens que não recebem escolarização. Guterres contou que trabalhou como professor, muito antes de ocupar cargos oficiais em Portugal, seu país de origem, e de servir à ONU. “Foi nas favelas de Lisboa que descobri que a educação era um motor da luta contra a pobreza e uma força para a paz”.
O secretário-geral lembrou que a promoção do ensino está no centro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a agenda da ONU para 2030. Ele destacou que, por meio da educação, é possível reduzir a desigualdades, melhorar a saúde das pessoas, alcançar a igualdade entre homens e mulheres. Guterres também falou sobre a necessidade de acabar com o casamento infantil, de proteger os recursos do planeta e de lutar contra os discursos de ódio, a xenofobia e a intolerância, e de cultivar uma cidadania mundial. Disse, ainda, que a educação também pode romper e reverter ciclos de pobreza intergeracional. “Estudos mostram que 420 milhões de pessoas poderiam sair da pobreza se todas as meninas e todos os meninos completassem o ensino secundário (que inclui o ensino fundamental II e o ensino médio)”.
Lembrando a frase famosa da ativista e mensageira da Paz da ONU, Malala Yousafzai, para quem “uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo”, Guterres pediu que a educação seja vista como um bem comum e uma prioridade pelos países.
Também por ocasião da data, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, ressaltou que a edução é um direito humano e uma responsabilidade pública, além de ser fundamental para o desenvolvimento sustentável dos países. Ela ressaltou que o custo de não investir na educação resultará em exclusão e divisões nas sociedades.
Um relatório recente da Unesco revela que 617 milhões de crianças e adolescentes não sabem ler nem resolver equações básicas de matemática — destes, dois terços são jovens que frequentam a escola, mas não estão aprendendo. “Sem uma educação inclusiva e equitativa de qualidade e com oportunidades para todos ao longo da vida, os países não conseguirão quebrar o ciclo de pobreza que está deixando milhões de crianças, jovens e adultos para trás”, ressaltou Audrey. "A educação é a força mais poderosa em nossas mãos para garantir melhorias significativas na saúde, para estimular o crescimento econômico, para liberar o potencial e a inovação de que precisamos para construir sociedades mais resilientes e sustentáveis”, acrescentou.
Ressaltando que a educação é um direito humano, um bem público e uma responsabilidade pública, a dirigente pediu mais cooperação em nível global para o cumprimento do ODS nº 4. Essa meta da ONU prevê a universalização até 2030 da educação pré-escolar e dos ensinos fundamental e médio. Também determina que, ao longo dos próximos 12 anos, as nações terão de alcançar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, profissional e superior de qualidade, a preços acessíveis.
Na avaliação de Audrey, o mundo não está no caminho certo para atingir essa agenda. Além dos números de meninos e meninas fora da escola ou que não estão aprendendo, “menos de 40% das meninas na África Subsaariana concluem o ensino médio, e cerca de 4 milhões de crianças e jovens refugiados estão fora da escola, com suas vidas interrompidas por conflitos e perdas”, lembrou.
A dirigente da Unesco disse: “Nosso desafio é fazer a educação funcionar para todos, promovendo inclusão e equidade em todos os âmbitos, para não deixar ninguém para trás. Isso exige atenção especial às meninas, aos migrantes, às pessoas deslocadas e aos refugiados, (além de) apoiar os docentes e tornar a educação e a formação mais sensíveis às questões gênero”. O problema, segundo ela, também requer urgentemente recursos internos ampliados e ajuda internacional. "O custo de não investir resultará em divisões, desigualdades e exclusões nas sociedades”.
Por fim, Audrey afirmou que “não conseguiremos mitigar a mudança climática, adaptar-nos à revolução tecnológica, muito menos alcançar a igualdade de gênero, sem um compromisso político inteiramente engajado com a educação universal”. E convocou todos os governos e todos os parceiros do organismo a fazer da educação uma de suas prioridades.