Depois do sucesso da primeira edição — quase 10 mil inscritos em todo o país — a Fiocruz lança hoje, com conteúdo revisto e ampliado, a segunda edição do curso Autocuidado em Saúde e a Literacia para a promoção da saúde e a prevenção de doenças crônicas na Atenção Primária à Saúde. A formação, online e gratuita, aborda modelos, estratégias e possibilidades de intervenções para a promoção do autocuidado. Assim, tem foco na qualificação de profissionais de nível médio e superior, especialmente os que atuam na APS. Esta edição do curso será oferecida em parceria com a Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), buscando ampliar ainda mais o alcance a abrangência da formação.
A formação é dividida em cinco módulos, tem carga horária total de 60h, é autoinstrucional, e certifica os participantes mediante avaliação dos conhecimentos adquiridos!
O curso surgiu de uma demanda do Ministério da Saúde, e foi desenvolvida por pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceria com o grupo de estudos e pesquisa Promoção em comunicação, educação e Literacia para a Saúde no Brasil (ProLiSaBr), vinculado ao Instituto de Educação, Letras, Artes, Ciências Humanas e Sociais da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). A nova edição conta ainda com a parceria da UNA-SUS, da Coordenação-Geral de Prevenção de Condições Crônicas na Atenção Primária à Saúde, que integra o Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (CGCOC/Deppros/SapsS/MS) e o Departamento de Gestão da Educação na Saúde da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (Deges/SGTES/MS). A formação está sob a coordenação-geral da médica sanitarista Ana Luiza Pavão, pesquisadora do Laboratório de Informações em Saúde (Lis/Icict/Fiocruz) e docente colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde (Ppgics/Icict), além de contar com a coordenação adjunta de Rosane Aparecida de Sousa, da UFTM.
Segundo Ana Luiza, o curso estimula o profissional a se questionar, a pensar, durante a assistência cotidiana do trabalho, sobre o que pode fazer para promover a saúde naquele indivíduo atendido. A ideia, segundo ela, é fomentar uma visão focada na saúde e não na doença e suas complicações. "Ao termos uma visão positiva sobre o cuidado, buscamos novas estratégias para melhorar a saúde, com foco na qualidade de vida, bem-estar, saúde mental, e outros aspectos que influenciam fortemente o dia a dia das pessoas", defendeu ela, destacando ainda que a grande novidade é que nesta edição disponibilizamos também o guia principal sobre Autocuidado e Literacia para a saúde, voltado aos profissionais de saúde, publicado no final de 2023 pela editora do Ministério da Saúde.
A proposta deste curso é trazer uma série de conceitos e reflexões a respeito do autocuidado em saúde e da literacia para a saúde, incluindo também a questão da comunicação em saúde, e a importância da literacia digital em saúde — que é a influência da internet e da capacidade das pessoas de obterem e manejarem informações de saúde provenientes da internet —, além dos fundamentos da promoção da saúde, e da Política Nacional de Promoção da Saúde do Ministério da Saúde.
Para o Departamento de Prevenção e Promoção da Saúde (Deppros/Saps/MS), a proposta do curso é inovadora e estratégica no que diz respeito à operacionalização da gestão colaborativa do cuidado. Acredita-se que a formação possibilita aos cursistas, em especial os profissionais de saúde que atuam na APS, o aprimoramento da abordagem sobre a promoção do autocuidado, com atenção à literacia para a saúde, considerando também os determinantes sociais da saúde e sua relação complexa com a produção de saúde e adoecimento.
"O curso proporciona aos profissionais instrumental técnico que dá ênfase nas habilidades individuais e comunitárias de fazer saúde, fomentando reflexões sobre a atuação na APS, e como os conceitos de território, orientação familiar e comunitária se interrelacionam com o reconhecimento da autonomia e trajetória das pessoas, suas comunidades e pertencimentos. Assim, a partir do curso, o profissional da saúde pode se inserir de forma qualificada em uma relação de cuidado baseada no compartilhamento de decisões. Isso aumenta a probabilidade de adesão ao tratamento e a modos de viver mais saudáveis, fatores fundamentais à melhoria da qualidade de vida e à prevenção das condições crônicas não transmissíveis, com afirmação do direito à vida e à saúde. Trata-se de um convite para pensar a saúde individual de forma ampliada no âmbito da APS, impactando na valorização da pessoa na centralidade do cuidado e de seu autocuidado", detalhou a diretora do Departamento, Gilmara Lúcia dos Santos.
Inúmeros materiais e Recursos Educacionais Abertos
O conceito de literacia para a saúde (LS) versa sobre o conhecimento, as motivações e as competências dos indivíduos para acessar, compreender, avaliar e aplicar informações sobre saúde, a fim de fazer julgamentos e tomar decisões na vida cotidiana relacionadas aos cuidados de saúde, à prevenção de doenças e à promoção da saúde para manter ou melhorar sua qualidade de vida ao longo dos anos. Ana Luiza explicou que a LS vem do termo em inglês health literacy, e que existem outras traduções utilizadas para o conceito, como literacia em saúde, letramento em saúde e até mesmo alfabetização em saúde.
A partir da relevância da temática, foram desenvolvidos inúmeros materiais especialmente para este curso. No total, cinco guias estão disponíveis como material de apoio à formação: um sobre autocuidado e literacia e outros quatro voltados para o manejo de doenças específicas, como hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica e diabetes tipo 2. O curso disponibiliza ainda oito vídeos relativos às características das referidas doenças e suas formas de prevenção e controle, videoaulas e outros recursos educativos; além, é claro, do já citado guia principal sobre Autocuidado e Literacia para a saúde publicado pelo MS.
A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) acaba de abrir inscrições ao processo seletivo do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família (2023/2025), oferecido na modalidade presencial, por meio da formação em serviço. Ao todo, estão disponíveis 28 vagas, que são voltadas a enfermeiros, cirurgiões dentistas, farmacêuticos, profissional de educação física, assistentes sociais, nutricionistas e psicólogos. As inscrições vão até 15 de setembro.
O objetivo do curso é promover o desenvolvimento de competências dos profissionais de saúde graduados para atuar junto às equipes de saúde da família com desempenhos de excelência na organização do processo de trabalho, no cuidado à saúde (individual, familiar e coletiva) e nos processos de educação em saúde, visando à melhoria da saúde e o bem-estar dos indivíduos, suas famílias e comunidade.
Nesta seleção, estão disponíveis 28 vagas, distribuídas por categoria profissional, sendo de ampla concorrência para cada categoria profissional e 30% delas destinadas às Ações Afirmativas (NI
ou PcD).
Esta Residência é realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/RJ) e o Ministério da Saúde (MS), e é regida pelas normas da Comissão Nacional de Residência Multiprofissional e em Área de Saúde (CNRMS) do Ministério da Educação (MEC) e pelo Regimento Interno dos Programas de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde da Ensp/Fiocruz.
Este curso de especialização tem duração de dois anos e é caracterizado por formação em serviço, em regime de tempo integral, com 60h semanais, totalizando 5.760 horas, distribuídas em atividades teóricas (20%) e atividades práticas e teórico-práticas de formação em serviço (80%). O curso acontecerá de 1°/3/2023 a 1°/3/2025.
Acesse aqui o edital de seleção
*imagem montagem/fundo: freepik
Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)*
A vigilância e o controle de doenças transmitidas por vetores, como dengue, malária e leishmaniose, ganharão reforço com uma nova iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) acaba de aprovar o curso de Mestrado Profissional Stricto sensu em Controle e Vigilância de Vetores de Doenças. O objetivo dessa capacitação é contribuir para ampliar o leque de conhecimento de gestores e profissionais de saúde que atuam no controle e vigilância de insetos, moluscos e carrapatos. O curso é voltado para graduados em veterinária, biologia, biomedicina e áreas afins. O início das atividades da primeira turma está previsto para o segundo semestre de 2017.
O diretor do IOC/Fiocruz diz que a estruturação do curso atende a uma necessidade nacional de formação de profissionais especializados na área de vetores, conforme uma demanda da Presidência. O objetivo é preencher lacunas na formação de profissionais que atuam na área da entomologia e malacologia médica, como explica o coordenador adjunto de Pós-graduação da Fiocruz, Milton Ozório: “Levantamentos da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz mostraram a necessidade de ampliar a capacitação de um público amplo de profissionais e gestores. A iniciativa deve priorizar a atualização em conhecimentos sobre a biologia de vetores e novas formas de diagnóstico”.
A proposta de criação do novo curso foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do IOC em reunião no dia 20/4. Segundo a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Elisa Cupolillo, a iniciativa amplia o quadro do Ensino do Instituto, que passará a contar com sete programas de Pós-graduação Stricto sensu. “O desenvolvimento do novo curso está alinhado à missão do IOC de formar e capacitar recursos humanos para a solução de problemas críticos de saúde do país. Estamos contribuindo para fortalecer a relação do Instituto com a sociedade”, avalia.
Formações variadas
A capacitação reunirá temas pertinentes à vigilância e ao controle vetorial. As ações de vigilância permitem recomendar medidas de prevenção e controle de doenças. Já as estratégias de controle vetorial (que pode ser biológico, mecânico ou ambiental e químico) visam controlar transmissores de patógenos causadores de doenças – caso do mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da Dengue, Zika e Chikungunya.
De acordo com o coordenador do curso, Fernando Genta, as disciplinas serão ministradas por professores especializados em diferentes áreas da entomologia, incluindo temas sobre taxonomia, fisiologia e controle, além de tópicos sobre diagnóstico molecular e modelagem matemática. “Vamos discutir o funcionamento e a eficácia das mais modernas tecnologias disponíveis para o controle vetorial, como o uso da bactéria Wolbachia e dos mosquitos transgênicos no combate ao Aedes aegypti, por exemplo, além de abordar a importância do uso correto de ferramentas de controle químico, como inseticidas”, destaca Genta, pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do IOC.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Lagerblad de Oliveira, será responsável por uma das disciplinas oferecidas. “A compreensão dos fenômenos da fisiologia e da biologia dos insetos, como o seu comportamento diante da necessidade de ingestão de sangue, por exemplo, é importante para formular armadilhas e repelentes. As disciplinas do curso, em geral, vão oferecer conhecimentos que baseiam métodos de controle, localização, análise e reconhecimento epidemiológico”.
Os alunos terão o prazo limite de dois anos para concluir a formação.
Sobre o processo de criação de um curso
A avaliação da Capes é um passo fundamental para a abertura de novos cursos de pós-graduação no Brasil. O resultado das avaliações das propostas enviadas por instituições de ensino e pesquisa de todo o país foi divulgado pela Capes após a 166ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada entre os dias 26 e 30/9, em Brasília. A partir deste parecer, cabe ao Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizar e reconhecer os novos cursos. O processo é finalizado com a homologação do Ministério da Educação, conforme o estabelecido pela legislação vigente.
* Edição: Raquel Aguiar (Comunicação, IOC/Fiocruz)