O Sextas de Poesia desta semana traz Sérgio Gramático Júnior, poeta, jornalista, escritor e produtor cultural. Pesquisador colaborador do Instituto Cravo Albin de MPB, Gramático Junior é autor dos livros de poesia: “São só poesias”, “Palavras que se amam e formaram versos”, “Eu, a poesia e vício-versa”, “Carnaval de Poesias” e “Poeticidade Maravilhosa”. Pós-graduado em História Contemporânea do Brasil e mestre em Bens Culturais e Políticas Sociais com a dissertação ‘O samba contando a história republicana do Brasil’, ele também é vencedor de vários concursos literários. No poema escolhido, "Sem brevê", nos convida a "transversar o mundo, da brisa fazer ventania...e voar até nunca mais...".
#ParaTodosVerem Foto de uma paisagem, um rio com diversos barcos, na linha do horizonte o céu está amarelado entre nuvens, em primeiro plano, do lado direito da imagem, um coqueiro. Por cima da imagem, um trecho do poema de Sérgio Gramático Júnior:
… Vem logo
que o tempo assopra
a vida
de nossas mãos
Os erros
são quase certos
Os certos
São todos vãos
Se os barcos
só querem deriva
Poetas
não querem cais
Me enlace
em tuas asas
e voe…
até nunca mais.
O Sextas desta semana traz o poeta e tradutor Rui Caeiro, natural de Vila Viçosa, no Alto Alentejo, em Portugal, onde nasceu em 27 de Junho de 1943. Rui Caeiro, ao longo de trinta anos de publicações, "fez do seu modo de ser, discreto e sóbrio, uma prática literária, apresentando grande parte de sua obra em edições próprias ou em editoras independentes.
Caeiro, mais do que da imaginação, é um poeta da atenção, da pedra de toque que inadvertidamente inverte o sentido que parecia previsto desde o princípio. O poema escolhido para hoje faz parte da obra "O quarto azul e outros poemas".
O Sextas de Poesia desta semana traz Arnaldo Antunes e Marisa Monte com a canção 'Sou só', que compõe seu último álbum "Novo mundo", lançado no primeiro semestre de 2025.
A canção escolhida traz, segundo o próprio autor, em entrevista ao site Rimas e Batidas, o sol como narrador. Assim, ela é cantada na primeira pessoa do sol: "Eu sou o fogo ancestral, o avesso da escuridão".
A música fala sobre a solidão e a busca por um sentido, abordando o sentimento de estar sozinho, mas também a reflexão sobre a própria existência, especialmente a capacidade de ser luz, mesmo na solidão.
Conhecido pela sua multiplicidade nas artes, que passeia entre performances, poesia e música, Arnaldo Antunes tem na palavra escrita seu lugar de existência. Ele é herdeiro do concretismo na MPB, e explora a linguagem “verbivocovisual”, ou seja, a dimensão verbal, vocal e visual da palavra, ocupando diferentes funções, incluindo a de cantor e compositor. Aos 64 anos, Antunes ainda mantem uma postura combativa para enfrentar os desafios do novo século.
O Sextas de Poesia faz uma homenagem a um dos mais brilhantes compositores brasileiros, o poeta e sambista Arlindo Cruz, que morreu em 8/8, no Rio de Janeiro. Em 36 anos de carreira, lançou 23 álbuns, sendo 9 enquanto era integrante do Fundo de Quintal, 5 em parceria com o sambista Sombrinha e 9 em carreira solo.
Exímio instrumentista, com o cavaquinho e seu banjo ajudou a criar, durante a década de 1970, o bloco carnavalesco Cacique de Ramos. Arlindo também era integrante da ala de compositores da escola de samba carioca Império Serrano.
Na canção escolhida para este sextas, "O bem", o autor reforça a ideia de praticar o bem como um ato de resistência e esperança.
Valeu Arlindo, e o show tem que continuar!
#ParaTodosVerem Foto de um homem tocando um banjo, o foco da foto está no instrumento e nas mãos que o seguram, a roupa é em tons claros, na parte inferior da foto há uma ilustração de notas musicais, no centro está um trecho da música de Arlindo Cruz, "O Bem":
O bem, ilumina o sorriso
Também pode dar proteção
O bem é o verdadeiro amigo
É quem dá o abrigo,
é quem estende a mão.
O homenageado desta semana no Sextas de Poesia é Caetano Veloso. Nascido em 7 de agosto de 1942, em Santo Amaro da Purificação, o baiano completou, em 2025, 83 anos. Cantor, compositor e escritor, ele é poeta de pensamento múltiplo que se completa nas próprias canções, que encantam gerações.
A música escolhida "Trem das Cores", de Caetano Veloso, é uma viagem poética e sensorial que celebra a diversidade e a beleza do Brasil, utilizando cores e paisagens como metáforas para o afeto e vivências.
“A franja da encosta cor de laranja, capim rosa-chá. O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar... O oliva da nuvem chumbo ficando pra trás da manhã. E a seda azul do papel que envolve a maçã”.
Caetano Veloso faz do som do seu estribilho, os traços e memórias de nossas vidas.
#ParaTodosVerem Foto de um trem entrando em um tunel, do lado direito da foto há diversas árvores em tons alaranjado, no canto inferior da foto um trecho da música Trem das Cores, de Caetano Veloso:
... os átomos todos dançam,
madruga, reluz neblina
Criança cor de româ
entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
ficando pra trás da manhã
E a seda azul do papel
que envolve a maçã...
O Sextas de hoje traz Julio Cortázar, escritor, tradutor e intelectual argentino. Sem renunciar à nacionalidade argentina, ele optou por adquirir a nacionalidade francesa, em 1981, em protesto contra a ditadura militar argentina. Julio é considerado um dos autores mais inovadores e originais de sua época, mestre da história, prosa poética e conto em geral, além de criador de romances importantes que inauguraram uma nova maneira de fazer literatura no mundo hispânico, quebrando os moldes clássicos através de narrativas que escapam à linearidade temporal. Como o conteúdo de seu trabalho viaja na fronteira entre o real e o fantástico, ele geralmente é colocado em relação ao realismo mágico e até ao surrealismo.
#ParaTodosVerem Banner com uma imagem ilustrativa, no fundo há diversas cores em tons claros, como rosa, azul, verde e lilás, no centro há silhuetas de dois rostos de perfil, eles se sobrepõem, um está virado para a esquerda e o outro para a direita, por cima da ilustração está o poema de Julio Cortázar:
Não
pode ser
que
estejamos
aqui para
não poder
ser.
O Sextas de Poesia essa semana apresenta o poema "Nostos", de Louise Glück. A palavra grega “nostos”, recorrente na literatura antiga, significa retorno, regresso à casa após uma longa viagem. “Nostos” foi a palavra escolhida por Louise Glück para o título do poema do qual extraímos os versos de hoje, publicado na coletânea de poemas ‘Meadowlands’ (1996).
“Aqueles de nós que escrevem livros supostamente desejam alcançar muitos. Mas alguns poetas não buscam alcançar muitos em termos espaciais, como em um auditório lotado. Eles buscam alcançar muitos de modo temporal, sequencialmente, ao longo do tempo, no futuro. Por alguma razão profunda, esses leitores sempre chegam individualmente, um por um” – discursou Glück, quando premiada com o Nobel de Literatura de 2020.
Na ocasião, ela destacou o teor íntimo e privado de sua poesia – como aquele tipo que mais a atraiu também como leitora –, em que o papel de quem a lê é essencial.
Nascida em 1943, a novaiorquina recebeu ainda o Prêmio Pulitzer, em 1993, por ‘The Wild Iris’.
#ParaTodosVerem Fotografia de duas crianças de costas, um menino que usa uma blusa azul e bermuda clara, e uma menina que usa um chapéu bege, blusa branca e saia escura, os dois manuseiam folhas em uma árvore, ao fundo há uma casa com janelas e plantas na frente da casa. No canto inferior direito há um trecho do poema "Nostos", de Louise Glück:
...Nós olhamos
para o mundo
uma vez, na
infância.
O resto é
memória.
Sextas celebra o Nobel da Paz, Nelson Mandela, que, desde 2009, foi homenageado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com a criação do Dia Internacional de Nelson Mandela. A data celebra a jornada do maior líder político da África do Sul – e um dos maiores nomes pela paz e liberdade no mundo. A efeméride é celebrada anualmente em 18 de julho, data de nascimento de Mandela.
Carinhosamente chamado de Madiba por seu povo, Mandela ganhou notoriedade quando entrou para a política na África do Sul e lutou ativamente contra o Apartheid, sistema de segregação racial entre negros e brancos que perdurou entre 1948 e 1994 no país africano. Durante 27 anos de prisão, Mandela se tornou o prisioneiro político mais conhecido do mundo.
Em tempos de guerra, o Sextas traz as palavras de Mandela - que dedicou sua vida a serviço da humanidade, como advogado de direitos humanos, prisioneiro de consciência, pacificador internacional e o primeiro presidente democraticamente eleito de uma África do Sul livre: "É tão fácil quebrar e destruir. Os heróis são aqueles que fazem a paz e constroem".
*Com informações da ONU Brasil.
#ParaTodosVerem Banner com as cores amarelo, vermelho e verde, no centro do banner uma foto de Nelson Mandela em preto e branco, uma pessoa idosa, de pele negra e cabelos grisalhos, seus lábios estão fechados e sorrindo, no canto direito inferior uma frase dele:
É
tão fácil
quebrar e
destruir.
Os heróis
são aqueles
que fazem
a paz e
constroem.
Hoje, o Sextas de Poesia faz uma homenagem a Pablo Neruda, um dos maiores poetas contemporâneos, que emprestou sua sensibilidade e amor à América Latina.
No poema desta semana, Soneto LXVI, Neruda mostra a força e a dor do amor.
"Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo".
Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, nascido na pequena cidade de Parral, em 12 de julho de 1904, no Chile, ficou conhecido pelo seu pseudônimo: Pablo Neruda. O poeta ganhou o prêmio Nobel de Literatura em 1971. Além disso, foi diplomata, representando seu país como cônsul na Espanha e no México, e abandonou a carreira para se tornar senador em 1945. Neruda morreu em Santiago, no dia 23 de setembro de 1973. Apoiador do presidente chileno Salvador Allende, o escritor faleceu poucos dias após o golpe militar comandando pelo general Augusto Pinochet, que colocaria o Chile em uma ditadura de 17 anos.
#ParaTodosVerem Banner com uma ilustração, nela há duas pessoas de perfil, apenas as suas sombras, há coraçoes ao redor e no rosto de cada um há um coração rachado, no centro do banner um trecho do poema de Pablo Neruda, Soneto LXVI:
Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo
Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego...
O Sextas de Poesia desta semana traz o "Beijo", de Mia Couto. O poema integra o livro "Tradutor de Chuvas", e aborda a intensidade do momento que antecede o beijo, buscando a essência do desejo e da expectativa antes do contato físico de fato. O autor fala sobre o "instante antes", e explora a tensão e o tremor que precedem o beijo, mais do que no ato em si.
Nascido em 7 de julho de 1955, o poeta africano Mia Couto recebeu inúmeros prêmios literários ao longo de sua carreira. Entre eles o Prêmio Neustadt, em 2014, tido como o Nobel Americano, e o Prêmio Camões, em 2013. O poeta também foi homenageado com a criação do Prêmio Literário Mia Couto, pela Cornelder de Moçambique e a Associação Kulemba. A iniciativa pretende estimular a produção literária de qualidade em Moçambique, distinguindo as melhores obras publicadas anualmente no país.
#ParaTodosVerem Foto de dois lábios muito próximos, quase se beijando, há um contorno de luz no queixo das duas pessoas. No lado direito da foto um poema de Mia Couto, "Tradutor de chuvas":
Beijo
Não quero o
primeiro beijo:
basta-me
o instante antes do beijo.
Quero-me
corpo ante o abismo,
terra no rasgão
do sismo.
O lábio ardendo
entre tremor e temor,
o escurecer da luz
no desaguar dos corpos:
o amor
não tem depois.
Quero o vulcão
que na terra não toca:
o beijo antes de ser na boca.