O Sextas de Poesia desta semana homenageia Chico Buarque e seus 80 anos. A canção "O que será" foi escrita em 1976 para o filme Dona Flor e seus dois maridos. A música transborda todo sentimento que não tem cura, medida ou limite. É o amor que não tem certeza, conserto, tamanho, decência, censura, sentido, governo, vergonha nem juízo.
É Chico, compositor do Brasil.
#ParaTodosVerem Foto de um homem e uma mulher de pele negra, o foco da foto está nos perfis dos rostos das duas pessoas, que estão próximos. O homem está de olhos fechados e a mulher possui sardas no rosto. No centro da foto, um trecho da música “O que será (À flor da Terra)” de Chico Buarque:
O que será que será
Que andam suspirando pelas alcovas
Que andam sussurrando em versos e trovas
Que andam combinando no breu das tocas
Que andam nas cabeças, anda nas bocas
Que andam acendendo velas nos becos
Que estão falando alto pelos botecos
Que gritam nos mercados que com certeza
Está na natureza, será que será
O que não tem certeA, nem nunca terá
O que não tem tamanho ….
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: aos trabalhadores, em comemoração ao dia 1° de maio; e ao nosso compositor, escritor e poeta Chico Buarque, com a sua composição "Construção". Em 2019, Chico foi o vencedor da 31ª edição do Prêmio Luiz Vaz de Camões de Literatura, mas o ato de entrega não foi assinado pelo então presidente Bolsonaro. Agora, após quatro anos, ele finalmente recebeu o Prêmio, que foi assinado pelo presidente Lula. A premiação é entregue pelos governos de Portugal e do Brasil, e é a mais importante condecoração da língua portuguesa.
"Por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço o gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como gajo [moço] que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e o cheirinho de alecrim”.
Na ocasião da entrega, realizada 24 de abril de 2023, Lula destacou que Chico Buarque conseguiu, em suas obras, transformar o cotidiano das pessoas em poesias extraordinárias. “Ele conseguiu sintetizar as paixões e os desejos de tantas Joanas e Joões, de tantas Teresas e Josés Costas, de tantas Genis e Pedros pedreiros, de tantos guris e mambembes de nossa gente”, disse.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras! Viva o poeta Chico!
#ParaTodosVerem No fundo do banner tem uma foto de um muro em construção, no topo da imagem há diversos registros detalhados de olhos, bocas e pernas de pessoas.
No centro da imagem um poema de Chico Buarque com o nome Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima..
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe paque..
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
O que há em comum entre um soldado da coroa portuguesa, o alferes Tiradentes, um santo guerreiro, Jorge da Capadócia, e a revolução dos cravos? Abril marca eventos e personagens que lutaram por justiça e ideais. Nossa escolha para esta semana é o poema canção "Tanto mar", de Chico Buarque, que, com tantas léguas a nos separar, lembra que é preciso navegar.
Como disse Rosa Luxemburgo, lutemos "por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”. Sejamos inconfidentes, guerreiros e revolucionários!