Burlar os paradigmas das opiniões, revivendo, remetendo a arte a uma perspectiva de resistência. É o que se pode experimentar através da leitura de textos como este, de Ana Cristina Cesar, no qual o desejo de perder-se, no aberto de possibilidades que o devir do fora representa, é capaz de nos arrebatar para um espaço ao mesmo tempo tão distante e tão próximo de nós.
O poema Fagulha compõe o livro "Ao teus pés", que é o primeiro e único livro de poemas que Ana Cristina Cesar lançou em vida por uma editora, em 1982. Além de material inédito, a obra reunia os três breves volumes que a autora havia publicado entre 1979 e 1980 em edições caseiras: Cenas de abril, Correspondência completa e Luvas de pelica. Desafiando o conceito de "literatura feminina" e dissolvendo as fronteiras entre prosa, poesia e ensaio, o eu lírico e o eu biográfico, Ana logo chamou a atenção de críticos como Heloisa Buarque de Hollanda e Silviano Santiago. Além de poeta, Ana Cristina Cruz Cesar foi tradutora, e é considerada um dos principais nomes da geração mimeógrafo da década de 1970.
*com informações de Companhia da Letras
#ParaTodosVerem Foto com sobreposição de diversos papéis de cartas escritas à mão, uma folha sobre a outra. Ao lado direito da imagem, um trecho do poema Fagulha de Ana Cristina Cesar, do livro "A teus pés":
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas...
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava...
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Sextas de Poesia desta semana homenageia Ana Cristina Cesar, que faria 73 anos hoje. Poeta de privilegiada consciência crítica, para quem a literatura e a vida eram indissociáveis. Ana Cristina destacou-se na década de 1970 com uma poesia intimista marcada pela coloquialidade e com seu talento para vertentes diversas da atividade intelectual.
Sua poética – tal como a sua existência – foi tecida em trânsito e, como nos disse ela mesma em seu poema Recuperação da adolescência: é sempre mais difícil ancorar um navio no espaço.
Leia mais sobre a autora em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/257/ana-cristina-cesar--vida-curta--longa-travessia
#ParaTodosVerem Pintura de um casal, estão com os rostos próximos um ao outro, a mulher coloca a mão no rosto do homem, ele usa terno azul, blusa branca e gravata azul. Ao lado direito da pintura, o poema de Ana Cristina César:
Apaixonada
saquei
minha arma
minha alma,
minha calma,
só você não
sacou nada.
O Sextas de Poesia desta semana traz Ana Cristina Cesar, poeta de privilegiada consciência crítica, para quem a literatura e a vida eram indissociáveis. Ana Cristina destacou-se na década de 1970 com uma poesia intimista marcada pela coloquialidade e com seu talento para vertentes diversas da atividade intelectual.
O poema escolhido para esta edição é "Esvoaça", que foi musicado por Paulo Baiano, e nos leva, como bruma, numa ilusão a perguntar: "Pra que tanta dor? Se o amor que vai sumindo, adelgaça, esvoaça, esvoaça..."
Todo seu acervo pode ser consultado no Instituto Moreira Salles.