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Informar-se em um mundo de falsas informações: interpretar e produzir conteúdos em um novo ecossistema informacional - 1º Oferta

Unidade/ofertante: Fiocruz Brasília Telefone: (61) 3329-4500 Email: secad@fiocruz.br
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Sobre o curso

Falsas notícias, fatos alternativos, conspiração, pós-verdade: existem inúmeros nomes usados para explicar fenômenos atuais de difusão de conteúdo aos valores informacionais extremamente diversificados (Tandoc, Lim e Ling, 2017). Essa inflação semântica atesta bem a dificuldade dos analistas em identificar e compreender o ecossistema da informação contemporânea (Jouët e Rieffel, 2013), em um mundo marcado por incerteza e dificuldade em manter a confiança em diferentes níveis da sociedade (Laufer e Orillard, 2000). O assunto é complexo, preocupando não só os produtores tradicionais de conteúdo informativos, mas também novos produtores, tanto públicos como privados e assim como os cientistas (Edelman, 2017, 2018). Muitas iniciativas de verificação de fatos são implementadas, mas são frequentemente problemáticas (Bigot, 2018) por pelo menos duas razões. A primeira diz respeito à autoridade que oferece esse tipo de verificação: os especialistas tradicionais. Essas tentativas de restabelecer representações compartilhadas se deparam com os muitos casos em que a expertise tradicional não é mais confiável (Badouard e Mabi, 2015a; Coutant, 2014). Qual o sentido de abrigar uma coluna que disseca as representações que circulam em torno da saúde, quando é a instituição jornalística que a emite que provoca desconfiança entre o público? A segunda é a dificuldade de decidir sobre a verdade de muitos conteúdos. Embora seja concebível controlar a factualidade de certas informações, muitos dos fenômenos agrupados sob o nome de informações falsas são mais controversos, a partir dos quais não surge consenso, conflitos de interpretação, valores ou representações que não são facilmente categorizados nos registros de verdade e falsidade (Badouard e Mabi, 2015b, Origgi, 2006). Essas questões refletem problemáticas tradicionalmente abordadas nas ciências da comunicação (Brétéché e Cohen, 2018, Breton e Proulx, 2012, Chambat-Houillon, 2018). Os referenciais teóricos e abordagens que eles desenvolveram tornam possível entender que não é suficiente pronunciar um discurso ou formalizar um conhecimento, é preciso também ser reconhecido como credível, legítimo, confiável, competente, sincero, benevolente, etc (Quéré, 2001). Além das visões de informação estáticas ainda muito difundidas, elas enfatizam que a comunicação como fenômeno social vai muito além da transmissão de informações, que seriam consideradas como dados pré-existentes aos fenômenos de comunicação. Pelo contrário, são construídos, difundidos e interpretados de acordo com lógicas complexas. A pesquisa permite, assim, compreender os mecanismos pelos quais se chega a conceder credibilidade de um conteúdo, bem como atualizar as regras para a construção de discursos que facilitem seu reconhecimento (Demortain, 2015; Jouët e Rieffel, 2013; Le Deuff, 2006; Quéré, 2005). O objetivo é disseminar essas abordagens para tomadores de decisão, educadores, pesquisadores e produtores de informações afetadas pelas notícias falsas. Atividades em sala de aula conduzirão à apropriação de leituras originais para esses fenômenos, bem como à aplicação de métodos concretos para qualificar a informação ou produzi-la, promovendo seu reconhecimento (Breton, 2015; Catellani, Domenget e Le Moing Maas, 2017; Quéré, 2001). As contribuições serão, portanto, classificadas em duas categorias: teóricas, com a atribuição de chaves de leitura, que nos permitem abordar com precisão os mecanismos subjacentes à atual centralidade das informações falsas; e práticas, fornecendo métodos e técnicas para encontrar seu caminho dentro do ecossistema informacional e produzir conteúdo que possa ser reconhecido. Eles dizem respeito, em primeiro lugar, ao entendimento geral do ecossistema de informação na era digital. Será uma questão de documentar os dispositivos disponibilizados a todos para produzir conteúdos de qualidade e sinceridade variados (Beauvisage e Mellet, 2016, Marwick e Lewis, 2017). Os mecanismos para sua disseminação e visibilidade serão então analisados para se compreender sobre quais avaliações de sua relevância, qualidade, interesse ou centralidade os mediadores humanos e /ou digitais classificam esses conteúdos (Alloing e Vanderbiest, 2018, Beer, 2013; Cardon, 2015; Gillespie, 2014; Rebillard, 2017). O conhecimento acumulado sobre a alfabetização informacional dos internautas e sobre as questões de qualificação dessa informação diversificada será enfim abordado para se apreender a quais elementos estes últimos se fundem quando lhes conferem interesse e/ou credibilidade (Coutant, 2014, Dahlstrom, 2014). Liquète, Delamotte e Chapron, 2012, Méadel, 2015).

Informar-se em um mundo de falsas informações: produzir e interpretar conteúdos no novo ecossistema informacional. Este é o título do minicurso sobre fake news e saúde, que será oferecido pela Fiocruz Brasília, por meio da Escola Fiocruz de Governo, no dia 18 de março, de 9h às 17h.

O objetivo desta formação é auxiliar os participantes a compreenderem como as pessoas dão credibilidade a um determinado conteúdo, bem como atualizar as regras para se construir discursos que facilitem seu reconhecimento. Ministrado pela primeira vez no Brasil pelo pesquisador do Centro de Pesquisas sobre a Comunicação e a Saúde (Comsanté), da Universidade de Quebec em Montreal (UQAM), no Canadá, Alexandre Coutant o curso é gratuito e as vagas são limitadas a 70 pessoas.

O curso será certificado pela Escola Fiocruz de Governo e faz parte da programação do II Seminário Internacional e VI Seminário Nacional As Relações da Saúde Pública com a Imprensa: Fake News e Saúde, que vai até 21 de março.

Clique aqui para saber mais sobre o Seminário. 


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