No dia 22 de fevereiro, às 13h30, será realizada na Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) a aula inaugural do curso de Mestrado Profissional em Atenção Primária à Saúde com ênfase na Estratégia de Saúde da Família. Neste ano o tema central será O Brasil tem jeito? Sociedade e saúde em tempos de crise. Para debater e questionar o papel de cada um como cidadão, e, também o de aluno, pesquisador e profissional que produz ciência e saúde, a coordenação do mestrado organizou um debate com o sociólogo Jessé Souza. A aula inaugural do mestrado também terá a participação do coordenador do Centro de Estudo Estratégicos da Fiocruz (CEE/Fiocruz), Antônio Ivo de Carvalho, que já dirigiu a Escola. O evento é aberto a todos, não sendo necessária inscrição prévia.
O mestrado profissional é coordenado pelas pesquisadoras da Ensp/Fiocruz, Elyne Engstrom e Virginia Hortale. Para elas, uma sociedade em crise, preocupada com os males instaurados no Estado brasileiro, provoca tensões e inseguranças nas políticas sociais e econômicas, o e que afeta diferentes esferas do país. E a saúde pública, nosso bem maior, fruto de conquistas históricas, não passa longe, muito menos ilesa por essa crise. Como afirma o sociólogo Jessé Souza, em sua publicação mais recente A Elite do Atraso – da Escravidão à Lava Jato: "Quem controla a produção das ideias dominantes que ajudam a interpretar o mundo, também o controla. Hoje é a ciência que decide o que é verdadeiro ou falso".
O mestrado
O curso é uma proposição da Ensp/Fiocruz em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMS/Rio), e tem a finalidade de fomentar a produção de novos conhecimentos e a inovação na Atenção Primária à Saúde na cidade do Rio de Janeiro, integrando parcerias entre instituições acadêmicas e a rede municipal de saúde. O mestrado visa ampliar o desenvolvimento de competências que qualifiquem o trabalho na Atenção Primária à Saúde com Ênfase na Estratégia Saúde da Família e contribuir para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.
O convidado
Jessé Souza é formado em direito pela Universidade de Brasília (UnB), concluiu o mestrado em sociologia pela mesma instituição e realizou seu doutorado também em sociologia pela Karl Ruprecht Universität Heidelberg, na Alemanha, país onde obteve livre docência nesta mesma disciplina na Universität Flensburg. Ele fez ainda pós-doutorado em sociologia na New School for Social Research, em Nova Iorque.
Jessé escreveu como autor e organizador 27 livros, além de mais de 100 artigos e capítulos de livros em diversas línguas, sobre teoria social, pensamento social brasileiro e estudos teórico/empíricos sobre desigualdade e classes sociais no Brasil contemporâneo. Ele foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e atualmente é professor titular da Universidade Federal do ABC.
Ele também publicou os livros A tolice da inteligência brasileira, em 2015, e A radiografia do golpe, em 2016, ambos pela editora Leya. Em 2017 publicou Inequality in capitalist societies, pela editora Routledge, em co-autoria com Boike Rehbein e Surinder Jodkha. Sua última obra foi A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato, publicado em 2017.
Fonte: Ensp/Fiocruz
Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)*
A vigilância e o controle de doenças transmitidas por vetores, como dengue, malária e leishmaniose, ganharão reforço com uma nova iniciativa do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) acaba de aprovar o curso de Mestrado Profissional Stricto sensu em Controle e Vigilância de Vetores de Doenças. O objetivo dessa capacitação é contribuir para ampliar o leque de conhecimento de gestores e profissionais de saúde que atuam no controle e vigilância de insetos, moluscos e carrapatos. O curso é voltado para graduados em veterinária, biologia, biomedicina e áreas afins. O início das atividades da primeira turma está previsto para o segundo semestre de 2017.
O diretor do IOC/Fiocruz diz que a estruturação do curso atende a uma necessidade nacional de formação de profissionais especializados na área de vetores, conforme uma demanda da Presidência. O objetivo é preencher lacunas na formação de profissionais que atuam na área da entomologia e malacologia médica, como explica o coordenador adjunto de Pós-graduação da Fiocruz, Milton Ozório: “Levantamentos da Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação da Fiocruz mostraram a necessidade de ampliar a capacitação de um público amplo de profissionais e gestores. A iniciativa deve priorizar a atualização em conhecimentos sobre a biologia de vetores e novas formas de diagnóstico”.
A proposta de criação do novo curso foi aprovada pelo Conselho Deliberativo do IOC em reunião no dia 20/4. Segundo a vice-diretora de Ensino, Informação e Comunicação do IOC, Elisa Cupolillo, a iniciativa amplia o quadro do Ensino do Instituto, que passará a contar com sete programas de Pós-graduação Stricto sensu. “O desenvolvimento do novo curso está alinhado à missão do IOC de formar e capacitar recursos humanos para a solução de problemas críticos de saúde do país. Estamos contribuindo para fortalecer a relação do Instituto com a sociedade”, avalia.
Formações variadas
A capacitação reunirá temas pertinentes à vigilância e ao controle vetorial. As ações de vigilância permitem recomendar medidas de prevenção e controle de doenças. Já as estratégias de controle vetorial (que pode ser biológico, mecânico ou ambiental e químico) visam controlar transmissores de patógenos causadores de doenças – caso do mosquito Aedes aegypti, que transmite os vírus da Dengue, Zika e Chikungunya.
De acordo com o coordenador do curso, Fernando Genta, as disciplinas serão ministradas por professores especializados em diferentes áreas da entomologia, incluindo temas sobre taxonomia, fisiologia e controle, além de tópicos sobre diagnóstico molecular e modelagem matemática. “Vamos discutir o funcionamento e a eficácia das mais modernas tecnologias disponíveis para o controle vetorial, como o uso da bactéria Wolbachia e dos mosquitos transgênicos no combate ao Aedes aegypti, por exemplo, além de abordar a importância do uso correto de ferramentas de controle químico, como inseticidas”, destaca Genta, pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Fisiologia de Insetos do IOC.
O professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Pedro Lagerblad de Oliveira, será responsável por uma das disciplinas oferecidas. “A compreensão dos fenômenos da fisiologia e da biologia dos insetos, como o seu comportamento diante da necessidade de ingestão de sangue, por exemplo, é importante para formular armadilhas e repelentes. As disciplinas do curso, em geral, vão oferecer conhecimentos que baseiam métodos de controle, localização, análise e reconhecimento epidemiológico”.
Os alunos terão o prazo limite de dois anos para concluir a formação.
Sobre o processo de criação de um curso
A avaliação da Capes é um passo fundamental para a abertura de novos cursos de pós-graduação no Brasil. O resultado das avaliações das propostas enviadas por instituições de ensino e pesquisa de todo o país foi divulgado pela Capes após a 166ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES), realizada entre os dias 26 e 30/9, em Brasília. A partir deste parecer, cabe ao Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizar e reconhecer os novos cursos. O processo é finalizado com a homologação do Ministério da Educação, conforme o estabelecido pela legislação vigente.
* Edição: Raquel Aguiar (Comunicação, IOC/Fiocruz)
Até o dia 24/10 estão abertas as inscrições para o Mestrado Profissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE), que tem o objetivo de formar profissionais de saúde para atuar como preceptores na graduação e residência médica em Saúde da Família. Financiado pelos ministérios da Saúde e da Educação, o mestrado é uma proposta da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Sua implantação em rede nacional, foi aprovada pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em dezembro de 2015. A vice-presidente de Ensino, Informação e Comunicação, Nísia Trindade Lima, comenta os desafios do PROFSAÚDE. "Precisamos conjugar as necessidades de formação impostas por um país da dimensão do Brasil, e, ao mesmo tempo, atender aos critérios determinados pela Capes para a pós-graduação Stricto sensu. É uma construção coletiva que permitirá oferecer formação de alta qualidade a profissionais da rede básica".
Com este objetivo, 19 instituições de ensino e pesquisa se associaram para oferecer 200 vagas. O curso é semipresencial, com aulas na modalidade de educação à distância e oito encontros presenciais.
À frente da Coordenação Acadêmica Nacional estão Luiz Augusto Facchini (Abrasco), Maria Cristina Rodrigues Guilam e Carla Pacheco Teixeira (ambas da Fiocruz). O coordenador lembra que o programa visa favorecer a superação de obstáculos estruturais, para consolidar a Estratégia de Saúde da Família como política pública efetiva e que também está alinhado aos objetivos do Programa Mais Médicos. “Há 40 mil equipes da Estratégia Saúde da Família em atividade no país, mas não temos docentes e preceptores com formação na área em número suficiente para os cursos de graduação, residência, especialização, mestrado e doutorado”, diz Facchini.
Segundo ele, o PROFSAÚDE é um marco na formação dos futuros médicos, enfermeiros, odontólogos e demais profissionais de saúde. “Com uma formação conduzida por docentes qualificados e titulados na área, será possível potencializar as atividades de ensino, pesquisa e extensão em Saúde da Família, tanto na academia, quanto nos serviços de saúde”.
Conheça todas as instituições que integram a Rede Nacional do PROFSAÚDE:
Foto: Araquém Alcântara