Sextas de Poesia desta semana homenageia Ana Cristina Cesar, que faria 73 anos hoje. Poeta de privilegiada consciência crítica, para quem a literatura e a vida eram indissociáveis. Ana Cristina destacou-se na década de 1970 com uma poesia intimista marcada pela coloquialidade e com seu talento para vertentes diversas da atividade intelectual.
Sua poética – tal como a sua existência – foi tecida em trânsito e, como nos disse ela mesma em seu poema Recuperação da adolescência: é sempre mais difícil ancorar um navio no espaço.
Leia mais sobre a autora em: https://revistacontinente.com.br/edicoes/257/ana-cristina-cesar--vida-curta--longa-travessia
#ParaTodosVerem Pintura de um casal, estão com os rostos próximos um ao outro, a mulher coloca a mão no rosto do homem, ele usa terno azul, blusa branca e gravata azul. Ao lado direito da pintura, o poema de Ana Cristina César:
Apaixonada
saquei
minha arma
minha alma,
minha calma,
só você não
sacou nada.
O Sextas de Poesia fecha o mês de maio trazendo a coragem de Guimarães Rosa, escritor da alma do sertão, que, com seu lirismo regional, tornou-se um recriador da linguagem e inventor de mundos.
No romance "Grande Sertão: Veredas", o protagonista Riobaldo narra sua trajetória. O trecho escolhido dessa obra reflete a força do amor, temido e perseguido.
E com esses sentimentos, amor e coragem seguimos!
O Sextas de Poesia faz sua homenagem a Olga Savary, poeta que completaria 90 anos no dia 21 de maio, e, lamentavelmente, nos deixou em 15 de maio de 2020, vítima da Covid-19. O poema escolhido foi, "Pitúna-Ára", ou noite-di em Tupi guarani, no qual a poeta de tantas palavras parece se despedir: "Deixo o mel e ordenho o cacto: cresço a favor da manhã"
Pioneira, avançada, culta e belíssima, Olga também ficou conhecida por ter sido a primeira mulher brasileira a lançar um livro de poemas eróticos. No Brasil, foi a segunda pessoa a publicar haikais*, o primeiro foi um homem. Olga era poeta, e não “poetisa”, termo que ela não gostava.
#ParaTodosVerem Foto de dois pés descalços no chão com piso de taco (de madeira), na foto o poema de Olga Savary, Pitúna-Ára.
Exilada das manhãs,
de noite é que me visto.
Caminho só pela casa
e o viajar na casa escura
faz soar meus passos mudos
como em floresta dormida.
Me vêem, eu que não me vejo,
as coisas — de corpo inteiro.
Aonde me levam estes passos
que não soam e que não vão:
às armadilhas do vôo
como a paisagem no espelho
espatifado no chão?
O escuro é tanque de limo
para minha sombra escolhida
pela memória do dia.
Deixo o mel e ordenho o cacto:
cresço a favor da manhã.
Rio, 1972
In: SAVARY, Olga. Sumidouro. Pref. Nelly Novaes Coelho. Il. Aldemir Martins. São Paulo: Massao Ohno: J. Farkas, 1977.
NOTA: Pitúna-Ára (tupi) = noite-di
O Sextas de Poesia faz sua homenagem a Rita Lee, e a todas as mães que, como ela, querem ser amadas, querem ser felizes!
Rita Lee é uma das maiores cantoras e compositoras da história da música nacional. Ela viveu até 75 anos e, durante seis décadas de carreira, foi referência de criatividade e independência feminina, sem nunca perder a liberdade e a irreverência. Sempre moderna, Rita recebeu o título de “rainha do rock brasileiro” quase naturalmente, mas ela achava “cafona” - preferia “padroeira da liberdade”. Rita Lee Jones nasceu em São Paulo, em 31 de dezembro de 1947, e faleceu em 8 de maio de 2023. Sua história de amor de 47 anos com o instrumentista Roberto de Carvalho originou três filhos e dois netos.
Nesta edição de Dia das Mães, comemorado no próximo domingo, 14 de maio, o Sextas traz trechos de diferentes músicas de Rita Lee que falam sobre o amor materno.
#ParaTodosVerem Banner com uma foto de Rita Lee com seu filho ao fundo, uma mulher branca de franja e cabelos curtos ruivos com um menino de cabelo castanho nos braços, por cima da foto um filtro laranja e letras de música da Rita Lee:
Toda mulher quer ser amada
Toda mulher quer ser feliz…
Rita Lee - Todas as mulheres do mundo, 1993
Estou no colo da mãe natureza
Ela toma conta da minha cabeça…
Rita Lee - Mãe natureza, 1974
Sou representante de uma porção de perguntas, respostas, dúvidas… não há mensagem, apenas procuro ficar junto com eles.
Rita Lee - FSP, 1978
O Sextas de Poesia desta semana faz uma dupla homenagem: aos trabalhadores, em comemoração ao dia 1° de maio; e ao nosso compositor, escritor e poeta Chico Buarque, com a sua composição "Construção". Em 2019, Chico foi o vencedor da 31ª edição do Prêmio Luiz Vaz de Camões de Literatura, mas o ato de entrega não foi assinado pelo então presidente Bolsonaro. Agora, após quatro anos, ele finalmente recebeu o Prêmio, que foi assinado pelo presidente Lula. A premiação é entregue pelos governos de Portugal e do Brasil, e é a mais importante condecoração da língua portuguesa.
"Por mais que eu leia e fale de literatura, por mais que eu publique romances e contos, por mais que eu receba prêmios literários, faço o gosto de ser reconhecido no Brasil como compositor popular e, em Portugal, como gajo [moço] que um dia pediu que lhe mandassem um cravo e o cheirinho de alecrim”.
Na ocasião da entrega, realizada 24 de abril de 2023, Lula destacou que Chico Buarque conseguiu, em suas obras, transformar o cotidiano das pessoas em poesias extraordinárias. “Ele conseguiu sintetizar as paixões e os desejos de tantas Joanas e Joões, de tantas Teresas e Josés Costas, de tantas Genis e Pedros pedreiros, de tantos guris e mambembes de nossa gente”, disse.
Viva os trabalhadores e trabalhadoras! Viva o poeta Chico!
#ParaTodosVerem No fundo do banner tem uma foto de um muro em construção, no topo da imagem há diversos registros detalhados de olhos, bocas e pernas de pessoas.
No centro da imagem um poema de Chico Buarque com o nome Construção:
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima..
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir,
Deus lhe paque..
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir,
Deus lhe pague.
O Sextas de poesia chegou na quarta-feira para homenagear os povos indígenas, neste dia de luta que se tornou o 19 de abril. O texto "A mãe do Brasil é indigena" de Myrian Krexu - primeira cirurgiã cardiovascular indígena do Brasil -, mostra essa força ancestral e a diversidade. "Ele não está apenas na aldeia tentando sobreviver, ele está na cidade, na universidade, no mercado de trabalho, na arte, na televisão, porque o Brasil todo é terra indígena".
Myrian, nascida no município de Xanxerê, no interior de Santa Catarina, viveu os primeiros anos de vida na Terra Indígena Rio das Cobras, maior aldeia em tamanho e população do estado do Paraná, e pertencente à etnia Guarani Mbyá, localizada à margem esquerda do Rio Guarani.
Na voz de Maria Bethânia, a poesia repercutiu com enorme força comunicativa e se transformou em memória viva da nossa história. Aumente o som e viva os povos indígenas. A mãe do Brasil é indígena!
Esta semana, o Sextas recebe a visita de Miguel Torga, importante poeta da literatura portuguesa. Seus poemas mostram o aspecto humanista da obra de um dos principais representantes do Presencismo,
movimento artístico literário que marca a segunda fase do modernismo português.
Com o poema "Bucólica", ele nos traz a vida como uma folha branca, cheia de nadas, que se constrói nos movimentos e nas paradas. De casas, moradias e memórias. Pai, mãe e ninhos. Recomeços e renascimento.
Boa Páscoa!
Neste mês de março, o Sextas traz mais uma poeta brasileira: Suzana Vargas, com "Inscrição". Memória, afeto, paixão e resistência... a escritora que, com as rodas do Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), democratiza a leitura e promove a escrita criativa e poética. "Quanto mais cresço, mais dobro".
Poeta, autora de literatura infantil e juvenil, além de ensaísta. É também mestre em Teoria Literária pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), especialista na área de leitura e orientadora de oficinas de criação literária. Criou e dirige há 23 anos o Instituto Estação das Letras (IEL). Tem 16 livros publicados, entre os quais: Caderno de Outono e outros poemas - finalista do Prêmio Jabuti, em 1999 -, e O Amor é Vermelho e Leitura: uma aprendizagem de prazer.
O Sextas de Poesia desta semana traz "Lotus", poema de Chris Facó, em seu segundo livro, no qual a escritora apresenta seu lado mais poético. "O nascer de todas as coisas" é um belíssimo livro de poemas acompanhado de pinturas de Maria Flexa. Como disse o crítico Saeed Jones, "eu sou um escritor e, como leitor, quero ir para onde está o sentimento, e este livro é essa meca. Vamos para dentro, para o nascer de todas as coisas e possibilidades infinitas. Eu li, aprendi e amei esses poemas por esse mesmo motivo”.
Com informações de Revista Philos
O Sextas de Poesia faz sua homenagem às mulheres, pelo Dia Internacional dedicado a elas, e celebrado em 8 de março, com a poesia "Retrato de uma princesa desconhecida", de Sophia de Mello Breyner Andresen - uma das maiores poetisas lusófonas e a primeira mulher portuguesa a receber o Prêmio Camões de Poesia, em 1999.
Ela diz: "O amor positivo da vida busca a inteireza... a poesia nunca disse a ninguém que tivesse paciência". E as mulheres há muito tempo vêm lutando para ter direito de estarem vivas, de terem seu trabalho reconhecido. Lutam por igualdade de condições, de salário, além do direito de escolherem sobre seu próprio corpo, sua vida e de ser o que quiser e como quiser. Não precisamos ser princesas. "...Solitária exilada sem destino". Como diz a grande Rita Lee, toda mulher quer ser feliz e toda mulher é meio Leila Diniz.