Publicação : 06/08/2019
A Presidência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), torna pública a chamada para profissionais que desenvolvem ações de divulgação científica, lotados em unidades/institutos/escritórios da Fiocruz localizados fora do Estado do Rio de Janeiro, no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), edição de 2019.
Patógenos, bacteriófagos e outros nomes esquisitos soavam como música aos ouvidos de Eduardo Volotão. Apaixonado por virologia, o garoto soube cedo que queria ser cientista, passar horas no laboratório, estudar os vírus e as bactérias. Fez isso por 23 anos no Brasil, desde que ingressou no curso de Microbiologia e Imunologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A aprovação em um concurso da Fiocruz, em 2006, o aproximou da epidemiologia e da saúde pública. Foi o momento mais significativo de sua carreira de pesquisador, ele diz. “Mostrou para mim que era possível sonhar cada vez mais alto”. O mais frustrante? “Ver o fim das bolsas de pesquisa em diferentes níveis e o contingenciamento das instituições de ensino e pesquisa no país”.
Há cinco meses, Eduardo trocou o Rio de Janeiro por Montevidéu, no Uruguai. Insatisfeito com a falta de investimento e a destruição das políticas públicas de ciência e tecnologia ligadas à formação de recursos humanos, decidiu acompanhar a esposa também cientista no pós-doutorado dela. Apesar da instabilidade financeir e das saudades de casa e da avó de 99 anos, Eduardo não pretende voltar. Quer tentar carreira acadêmica no exterior e trabalhar com novos projetos aplicados à realidade do Uruguai, país que vem mantendo um crescimento sustentável na sua área de interesse. “Está passando pela descentralização das universidades para o interior, o que permite maior acesso, além do foco na produção científica”, ele analisa. “A diferença maior é que eles estão em crescimento e nós, no Brasil, pegamos o caminho contrário”.
Ainda que não exista um levantamento sobre o número de pesquisadores que, como Eduardo, decidiram arrumar as malas e partir para outros países, são cada vez mais frequentes os relatos de um certo êxodo científico. Assunto recorrente no Brasil, a desvalorização da pesquisa voltou à carga este ano, desde que o Ministério da Educação (MEC) anunciou, em maio, um bloqueio de 30% no orçamento para despesas discricionárias, usadas para custear serviços como água, luz e limpeza, em todas as universidades do país (Radis 201). Ainda que o ministério tenha preferido o usar o termo “contingenciamento” e afirmado que o bloqueio era preventivo, a situação alterou a rotina universitária e atingiu em cheio os centros de pesquisa.
Some-se a isso a ameaça ao corte de bolsas de diversos níveis por parte das principais agências de fomento do país. Em todo o Brasil, cerca de 6 mil bolsas já foram cortadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), enquanto o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) — que responde pelo pagamento aproximado de 80 mil bolsistas, 11 mil projetos de pesquisa, 500 eventos científicos e 200 periódicos — informou o bloqueio de 42% de seu orçamento. Diga-se que o valor das bolsas de mestrado e doutorado estacionou em R$ 1,5 mil e 2,2 mil, respectivamente, permanecendo sem reajuste há exatos seis anos.
Para o professor e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho, ouvido por Radis, enxugar orçamento, em um sistema de reduzida autonomia como as universidades, significa estrangulamento e desmonte. Na sua opinião, cortar bolsas é o mesmo que “matar o futuro”, uma vez que a reprodução de docentes e pesquisadores precisa contar com financiamento prévio para candidatos que irão repor os quadros da educação superior. “A médio prazo, teremos um êxodo de mentes talentosas e dedicadas ao ofício de produzir conhecimento”, calcula. Em alguns setores, é certo que esse êxodo já começou. No longo prazo, o professor enxerga apagões e crises, culminando “com o aumento da dependência política e econômica numa nova ordem internacional que valoriza a ciência, a tecnologia e a inovação”.
Em Montevidéu, Eduardo continua pesquisando virologia, enquanto se prepara para concursos. Estuda pelo menos quatro horas por dia e presta consultoria na área de biossegurança, mantém projetos em colaboração com grupos de pesquisa da Fiocruz-RJ e Fiocruz-AM e sente muita falta do podcast Microbiando — projeto de divulgação científica que ajudou a construir na UFRJ e que traz notícias e atualidades do mundo da microbiologia e imunologia, de maneira divertida e casual. “A grande força acadêmica está nas nossas universidades e nas instituições de pesquisa que cresceram nas últimas décadas”, diz, lamentando que projetos nacionais e internacionais tenham sido interrompidos. “Grupos se desfizeram e linhas de pesquisa foram deixadas de lado”, comenta. “O Brasil já ficou atrás na era da industrialização e corre o sério risco de também perder lugar na era tecnológica”.
Continue a leitura no site da Radis.
Confira também a edição completa de agosto da publicação.
A busca de informações sobre como utilizar as tecnologias digitais em atividades educacionais é cada vez mais frequente entre os professores brasileiros. É o que aponta a pesquisa TIC Educação 2018, divulgada no dia 16 de julho pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). De acordo com o estudo, 76% dos docentes buscaram formas para desenvolver ou aprimorar seus conhecimentos sobre o uso destes recursos nos processos de ensino e de aprendizagem.
Entre os temas de interesse entre os professores na busca por cursos e palestras, os mais citados são o uso de tecnologias em sua própria disciplina de atuação (65%), o uso de tecnologias em novas práticas de ensino (65%) e formas de orientar os alunos sobre o uso seguro do computador, da Internet e do celular (57%). De acordo com a TIC Educação, 90% dos professores afirmaram que aprenderam sozinhos a usar as tecnologias, 87% deles buscaram orientação dos parentes e familiares e 82% procuraram a ajuda dos pares. A busca por vídeos e tutoriais online sobre o uso das TIC nas práticas pedagógicas cresceu 16 pontos percentuais entre 2015 (59%) e 2018 (75%).
Os cursos superiores de formação de professores também têm debatido o uso de tecnologias digitais em atividades pedagógicas. A TIC Educação revela que, em 2018, 64% dos professores até 30 anos tiveram a oportunidade de participar, durante a graduação, de cursos, debates e palestras sobre o uso de tecnologias e aprendizagem promovidos pela faculdade, assim como, 59% realizaram projetos e atividades para o seu curso sobre o tema. Porém, apenas 30% dos professores afirmaram ter participado de algum programa de formação continuada no último ano. Assim como, apenas 21% dos diretores de escolas públicas disseram que os professores da instituição participam de algum programa de formação de professores para o uso de tecnologias em atividades com os alunos.
“A formação permite que os professores estejam melhor preparados para apoiar e auxiliar os alunos na apropriação das tecnologias, enquanto recursos pedagógicos e no que diz respeito ao seu uso crítico, consciente e responsável”, destaca Alexandre Barbosa, gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Entre os professores, 38% afirmam já ter apoiado algum aluno a enfrentar situações incômodas na Internet, como, por exemplo, bullying, discriminação, assédio, disseminação de imagens sem consentimento, entre outras.
Para 44% dos alunos de escolas urbanas, os professores são considerados fontes de informação sobre o uso de tecnologias. Ainda de acordo com a pesquisa, 48% deles afirmam que os professores os auxiliaram a utilizar a Internet de um jeito seguro e 39% que os professores falaram sobre o que fazer se alguma coisa os incomodar na Internet. “As dinâmicas de uso das tecnologias digitais vivenciadas por alunos e professores fora da escola ultrapassam os muros e emergem nas discussões ocorridas também em sala de aula”, reforça o gerente do Cetic.br.
A TIC Educação 2018 revela ainda que 51% dos alunos afirmam que os professores os orientaram a comparar informações em sítios diferentes e 57% que os professores disseram quais sítios deveriam utilizar para fazer trabalhos escolares. “É importante que alunos e professores contem com formas de apoio e fontes de referência para a extração de mais e melhores oportunidades de utilização destes recursos. As políticas educacionais, especialmente públicas, são muito relevantes para a integração da educação para a cidadania digital ao currículo das escolas”, completa Barbosa.
O NIC.br disponibiliza materiais gratuitos que podem auxiliar os educadores a orientarem seus alunos sobre o uso seguro da Internet, com o guia #Internet com Responsa na sua sala de aula e os slides dos fascículos do CERT.br, que também podem ser utilizados durante as aulas. Além disso, oferece em parceria com a SaferNet Brasil um curso de capacitação de educadores para o uso consciente e responsável da Internet.
Outro tema que tem chamado a atenção da comunidade escolar é a proteção de dados pessoais on-line: 59% dos coordenadores pedagógicos buscaram cursos, palestras e fontes de informação sobre a disseminação de dados dos alunos e da escola na Internet – indicador coletado pela primeira vez pela pesquisa.
A presença das escolas na Internet também foi investigada: 67% das escolas públicas possuíam perfil em redes sociais. Entre as escolas particulares essa proporção é de 76%, bem como 47% delas possuem ambiente virtual de aprendizagem. "Além de indicar uma presença significativa das escolas em plataformas online, os dados sugerem a relevância da inserção das tecnologias no currículo também como objeto de debate. O tema da proteção de dados é um exemplo. Embora já tenhamos uma Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entra em vigor no ano que vem, a sua disseminação e o seu conhecimento pelos atores escolares ainda representa um desafio a ser enfrentado pelas políticas educacionais", pontua Barbosa.
A TIC Educação 2018 também aponta que a infraestrutura de acesso às tecnologias ainda é um dos principais desafios enfrentados pelas escolas: 58% dos professores de escolas públicas urbanas utilizam o celular em atividades com os alunos, sendo que 51% deles fazem uso da própria rede 3G e 4G para realizar estas atividades. Já nas escolas rurais, 58% dos responsáveis pelas escolas utilizaram o telefone celular para atividades administrativas, sendo que 52% afirmaram que se tratava de um dispositivo próprio, não custeado pela escola.
Realizada entre os meses de agosto e dezembro de 2018, a pesquisa TIC Educação investiga o acesso, o uso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas públicas e particulares brasileiras de Ensino Fundamental e Médio, com enfoque no uso pessoal destes recursos pela comunidade escolar e em atividades de gestão e de ensino e aprendizagem. Em escolas urbanas, foram entrevistados presencialmente 11.142 alunos de 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 2º ano do Ensino Médio; 1.807 professores de Língua Portuguesa, de Matemática e que lecionam múltiplas disciplinas (anos iniciais do Ensino Fundamental); 906 coordenadores pedagógicos e 979 diretores. Em escolas localizadas em áreas rurais, foram entrevistados 1.433 diretores ou responsáveis pela escola.
Para acessar a TIC Educação 2018 na íntegra, assim como rever a série histórica, visite: http://cetic.br/. Compare a evolução dos indicadores a partir da visualização de dados disponível aqui.
O Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) está com inscrições abertas para o seu Programa de Atividades de Extensão (Cursos Livres) – 3ª chamada de 2019 (setembro a dezembro), uma iniciativa com características de educação não-formal voltada para o enriquecimento curricular, a atualização e a qualificação profissional nas áreas de atuação do IOC. As inscrições vão até 24 de julho.
No total, são 40 cursos teóricos e/ou práticos, que vão do nível médio ao doutorado. Os cursos visam atender demandas da sociedade e integram o Programa de Formação Permanente de Profissionais para Ciência, Tecnologia e Saúde da Fiocruz.
Confira os cursos oferecidos e inscreva-se já, através do Campus Virtual Fiocruz:
A prática musical como promoção da saúde II aspectos biomédicos
A via do óxido nítrico na doença de Chagas implicações na microvasculopatia
Análise da cinética de crescimento de cultura de bactérias redutores de sulfato sob condições experimentais de ação continuada de baixas concentrações de substâncias antimicrobianas
Análises Computacionais e complexos de biomoléculas
Associação da leptina e de Espécies Reativas de Oxigênio no comportamento altamente agressivo induzido pelo estresse social do Modelo Espontâneo de Agressividade (MEA)
Avaliação da resposta imune hepática
Avaliação de peptídeos biologicamente ativos em cultura de mioblastos e no tratamento de camundongos distróficos
Biologia Celular de Parasitos Patogênicos - Módulo I
Capacitação em pesquisa clínica sobre tuberculose (TB) em crianças com formas latentes e ativas de TB.
Capacitação em pesquisa de campo envolvendo a coinfecção parasitoses intestinais e tuberculose em áreas de vulnerabilidade socioambiental
Ciência de animais de laboratório
Citogenética de roedores reservatórios
Compreensão sobre os estudos relacionados a contaminação do solo por HCH e DDT da Cidade dos meninos, Duque de Caxias, RJ
Culicoides (Diptera Cerotopogonidae) estudo morfológico e sistemático e papel na vetoração de arbovirose
Eletrofisiologia Aplicada à Biologia Celular
Estudo da interação de parasitos do gênero Leishmania com fibroblastos de derme de camundongos Swiss Webster e fibrócitos de sangue periférico de sangue humano
Estudo das interações celulares e moleculares no sistema imune em diferentes nichos teciduais
Estudos da biologia da interação Trypanosoma cruzi - células hospedeiras
Estudos de associação de carga e diversidade do parasito no desfecho de alterações clínicas em portadores da doença de Chagas
Estudos epidemiológicos do planejamento à execução
Estudos epidemiológicos longitudinais, garantia e controle de qualidade ao longo da coleta dos dados
Falamos de Doenças de Chagas e Virologia com CienciArte para Cegos
Fisiologia Celular aplicada ao estudo de receptores Púrinergicos
Identificação de moluscos terrestres vetores e pragas no Brasil
Identificação morfológica e molecular de moluscos dulcícolas e trematódeos associados
Inovação, Propriedade Intelectual e Empreendedorismo
Mecanismos de infecção da célula hospedeira pelo Toxoplasma gondii
Microscopia eletrônica aplicada a triatomíneos
Microscopia eletrônica de transmissão como ferramenta em estudos na Virologia
Microscopia Ótica comum de Bacillus e Gêneros Correlatos - Citologia e Métodos de Coloração para a Toxonomia de Espécies
Noções para o enfrentamento das parasitoses intestinais e seus determinantes socioambientais no âmbito do PSE
Oficina de elaboração de proposta educativa dialógica para abordagem da doença de Chagas
Padrão histopatológico de lesões de leishmaniose tegumentar e sua correlação com a carga parasitária
Parasitismo de pequenos mamíferos silvestres em áreas de interesse epidemiológico de transmissão de zoonoses
Propostas coletivas de melhoria da organização do trabalho a partir da restituição de resultados de pesquisa em saúde do trabalhador
Protocolo de testes com produtos candidatos a moluscicidas visando o controle de moluscos vetores
Taxonomia e Diversidade de Adephaga Insecta Coleoptera Aquáticos
Taxonomia e sistemática de Monogenoidea parasitos de peixes
Taxonomia Molecular e Análise Filogenética de Litomosoides spp Nematoda Filarioidea parasitos de roedores silvestres do Brasil
Taxonomia morfológica de pequenos mamíferos silvestres em áreas de interesse epidemiológico de transmissão de zoonoses
Técnicas em biologia molecular e genética bacteriana
Teste de drogas antitumorais in vitro em modelos 2D e 3D de cultivo celular
Até o dia 31 de julho, a Competição de Empreendedorismo Jovem Cidadão recebe inscrições de ideias e projetos concebidos pela juventude para cumprir um ou mais Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, os ODS. Participantes devem ter de 15 a 35 anos de idade. O concurso visa reconhecer iniciativas com impacto social.
Para participar, os interessados devem se registrar no portal da competição. Uma triagem preliminar vai definir quais candidatos poderão ter a sua ideia ou projeto publicado no site do concurso. Uma vez aprovadas pela comissão organizadora, essas ideias receberão comentários e recomendações da comunidade virtual Entrepreneurship Campus. A partir de 15 de maio, será aberta uma votação para que o público geral escolha as suas iniciativas favoritas.
Com base na escolha do público, dez finalistas serão chamados a enviar um vídeo de até três minutos sobre a sua ideia ou projeto. Os jurados do concurso vão selecionar os ganhadores entre esse grupo de finalistas.
Os vencedores serão anunciados na Cúpula de Empreendedorismo em Berlim, em outubro deste ano, e receberão reconhecimento internacional.
A competição é co-organizada pela Fundação Goi Peace e pela Stiftung Entrepreneurship and Digital Experts United.
Experiência internacional? Queremos! O Programa Institucional de Internacionalização (PrInt Fiocruz-Capes) está com duas chamadas abertas: uma para doutores com experiência no exterior, e a outra, para professores visitantes. É mais uma iniciativa da Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz) para estimular Programas de Pós-Graduação da instituição que fazem parte do PrInt Fiocruz-Capes. As inscrições vão até o dia 11 de julho*.
A Chamada nº4/2019* é voltada para doutores com experiência no exterior. As bolsas são para jovens estrangeiros ou brasileiros que residam e tenham experiência no exterior, por pelo menos 12 meses. Os selecionados vão fazer pesquisas nas categorias de pós-doc ou jovem talento.
Já a Chamada nº5/2019* é destinada a professores de renome internacional que residam e trabalhem no exterior, e visam a realização de cursos e atividades que contribuam com a internacionalização da pós-graduação.
Para saber mais sobre as chamadas, acesse a área de documentos do Campus Virtual Fiocruz.
Para conhecer melhor as ações do PrInt Fiocruz, acesse: https://print.campusvirtual.fiocruz.br/
* Atualização em 4/7/2019.
Temas de ciência e tecnologia despertam grande interesse entre os jovens brasileiros, superando assuntos relacionados a esportes e comparável aos de religião. A maioria porém, incluindo os jovens de curso superior, não consegue citar o nome de uma instituição nacional de pesquisa nem de algum cientista brasileiro. A constatação é da pesquisa O que os jovens brasileiros pensam da ciência e da tecnologia?, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (INCT-CPCT).
Realizado pela primeira vez no Brasil, o estudo teve abrangência nacional e emprego da técnica de survey, para aplicação de questionário estruturado, presencial, junto a amostra da população brasileira de jovens entre 15 e 24 anos. A pesquisa quantitativa ouviu 2.206 pessoas e foi conduzida entre os dias 23 de março e 28 de abril deste ano. Envolveu também etapas cognitiva e qualitativa, para saber dos jovens suas opiniões e atitudes sobre ciência e tecnologia.
Novidades da pesquisa
Divulgado no dia 24 de junho na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o estudo mensurou, pela primeira vez no Brasil, acesso ao conhecimento científico, desinformação e percepção sobre fake news. Buscou também medir a influência das trajetórias de vida e do posicionamento moral e político dos jovens sobre as atitudes relacionadas à ciência e tecnologia.
Os jovens manifestaram apoio e confiança na ciência e defenderam investimentos no setor. Em geral, eles possuem uma imagem positiva da figura do cientista e, em sua maioria, acreditam que homens e mulheres têm a mesma capacidade para ser cientista e devem ter as mesmas oportunidades. Outro resultado diz respeito aos movimentos antivacina, que vêm gnhando repercussão. Segundo a pesquisa, 75% dos jovens defenderam que não é perigoso vacinar crianças.
A pesquisadora Luisa Massarani, que líder do INCT-CPCT e uma das coordenadoras do trabalho de pesquisa, diz que ainda há poucos estudos nessa direção no Brasil. "É fundamental entender como os jovens interagem e se engajam em temas de ciência e tecnologia. Nosso objetivo com este estudo — que inclui survey de caráter nacional, entrevistas e grupos de discussão — é justamente trazer luzes para esta questão, o que pode gerar subsídios para desenhar políticas públicas e iniciativas de divulgação científica destinada aos jovens”.
O evento na Fiocruz contou com a presença de especialistas na área da percepção pública sobre ciência e tecnologia do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos. Além da apresentação dos resultados da survey, foram discutidas as contribuições mais recentes do campo e possibilidades de uso dos dados gerados.
Para seleção dos entrevistados, foi utilizada amostra probabilística até o penúltimo estágio, com aplicação de cotas amostrais de sexo, idade e escolaridade no último estágio. O intervalo de confiança é de 95%. As entrevistas, realizadas por equipe treinada, foram feitas em domicílio entre março e abril de 2019.
Principais resultados
Entrevistas e grupos de discussão
Além da realização da survey, foram conduzidos grupos de discussão e entrevistas com jovens entre 18 e 24 anos, residentes nas cidades do Rio de Janeiro (RJ) e Belém (PA). A técnica de grupos de discussão foi selecionada para o estudo por permitir captar não apenas o que as pessoas pensam e expressam, mas também como elas pensam e o porquê. Um dos aspectos analisados foi a forma como os jovens lidam com as fake news (notícias falsas) em especial aquelas relacionadas à ciência e tecnologia. Destacam-se, entre os resultados:
O estudo contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig).
Acesse aqui o resumo executivo da pesquisa.
Estão abertas as inscrições da próxima turma do Curso de Qualificação em Acesso à Informação Científica e Tecnológica em Saúde, oferecido pela gestão acadêmica do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz). É possível se inscrever até o dia 18 de julho.
Realizado em modalidade semi-presencial, o curso visa treinar profissionais das áreas de informação relacionadas à pesquisa acadêmica, serviços e inovação tecnológica em saúde, compreendendo os processos de trabalho de bibliotecas, departamentos de informação, dentre outros, além de ampliação do conhecimento sobre bases de dados especializadas e fontes de informação.
O curso é aberto a profissionais ou estudantes de áreas de desenvolvimento e apoio à pesquisa em ciência e tecnologia em saúde. Há 20 vagas disponíveis e a carga horária total é de 72 horas. As aulas têm acontecem entre os dias 12/8 e 30/9, no prédio da Expansão da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Através da Vice-presidência de Educação, Infomação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) acaba de publicar a lista de propostas homologadas para o edital de Divulgação Científica 2019.
Com esta iniciativa, a Fiocruz busca inspirar cientistas da instituição a protagonizar o processo de mediação entre ciência e sociedade, incrementando seu diálogo com os cidadãos. As propostas de projetos de divulgação científica foram apresentadas por cientistas de níveis acadêmicos diferenciados e distintas áreas do conhecimento. Acesse o edital e saiba mais.
A divulgação das propostas aprovadas está prevista, de acordo com o edital, para o dia 12 de agosto. Acompanhe pelo Campus Virtual Fiocruz!
No dia 13 de junho, a Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) sedia o seminário Vacinas e Vacinação no Brasil: horizontes para os próximos 20 anos. O evento é promovido pela iniciativa Brasil Saúde Amanhã no contexto da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030, e abordará o desempenho do Brasil rumo ao cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, no que diz respeito à saúde. Em dois painéis, especialistas renomados vão abordar o tema pela ótica do desenvolvimento sustentável e em sua perspectiva global. O seminário acontece das 9h30 às 16h45 no Salão Internacional da Ensp, com transmissão ao vivo pelo canal da VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz no YouTube.
Compromisso com o acesso à saúde e o bem-estar de todos
O coordenador da iniciativa Brasil Saúde Amanhã, o pesquisador José Carvalho de Noronha, informa que a importância das vacinas e da vacinação para o cumprimento do ODS 3, relacionado à saúde, está expressa na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável em seu eixo 3.b, que evidencia a necessidade de apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas para doenças transmissíveis e não transmissíveis e de proporcionar o acesso a esses produtos, sobretudo nos países em desenvolvimento. “Por meio de diferentes abordagens, o seminário analisará o desempenho do Brasil diante desse compromisso, a partir de debates no campo da ciência, da tecnologia e da inovação, considerando os obstáculos tecnológicos e regulatórios que o país ainda precisa enfrentar”, apresenta Noronha.
A iniciativa Brasil Saúde Amanhã é uma rede multidisciplinar de pesquisa que investiga e propõe caminhos para o país e o setor Saúde no horizonte dos próximos 20 anos. A prospecção de cenários futuros para a saúde pública brasileira integra os esforços da Fiocruz para consolidar e qualificar o Sistema Único de Saúde (SUS) e garantir melhores condições de vida e saúde para a população brasileira.
Confira o canal Brasil Saúde Amanhã no YouTube.
Autoridade internacional na área de vacinas, o assessor sênior científico e tecnológico do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Akira Homma, é um dos especialistas que compõem o painel da manhã, intitulado Vacinas e Vacinação no Brasil: Agenda 2030 na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Para ele, a reflexão e o debate sobre o tema ‘vacinas e vacinação’ é essencial no momento em que a queda da cobertura vacinal vem desafiando não só o Brasil, mas diversos países. “Além de todos os esforços para produzir os imunobiológicos que a população precisa, há que se desenvolver novas estratégias para que o processo de vacinação seja eficaz. O Brasil é um dos poucos países do mundo que opera um Programa Nacional de Imunizações com ambas as responsabilidades, o que exige um compromisso com a inovação tanto para o desenvolvimento de novas vacinas quanto para a garantia do acesso da população aos imunobiológicos existentes”, afirma.
À tarde, durante o painel Perspectivas Nacionais e Globais em Vacinas, o coordenador das ações de prospecção da Fiocruz, o economista Carlos Gadelha, discutirá as tendências econômicas e de inovação no mercado de vacinas, relacionando a dinâmica global à brasileira. “Discutiremos três cenários para o Brasil até 2030: o de redução de investimentos, que aniquilaria a capacidade produtiva nacional; o de manutenção do nível atual de investimentos, que obrigaria o Brasil a simplesmente seguir o padrão tecnológico global, que não é determinado pelas necessidades de saúde de nossa população; e, por fim, o de dobrar a aposta e ser, de fato, um país inovador, comprometido com a sustentabilidade do sistema de saúde e com a proteção social”, adianta Carlos.